Happy Birthday...? escrita por Sparky


Capítulo 2
Soifon merece um bom presente! Ou será que não?


Notas iniciais do capítulo

Segundo capítulo postado!!
Às 23:46 do dia 11, mas ainda assim no dia 11
Espero que gostem!!

HAPPY B-DAY, TIA SOI!!



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Dia 11 de Fevereiro.

Já não estava mais tão irritada. Um pouco emburrada talvez, mas nada que se aproximasse do nervoso que sofreu há algum tempo atrás. Os onze dias que se passaram serviram muito bem para abrandar a fúria da capitã, que naquele momento se sentava numa das quase infinitas mesinhas de vidro enfeitadas que se espalhavam pela Mansão Kuchiki. É claro que ela ainda não estava completamente calma; obviamente, existiram outras razões para estressá-la durante essa semana e meia. Começando pelo fato de que quase instantaneamente se arrependera de ter aceitado a proposta do Kuchiki.

Viajando mais ou menos 270 horas para o passado, assim que a Comandante voltara para seu esquadrão após a agradável visita à mansão do nobre, reencontrara a “origem” de todo o problema: Yoruichi Shihouin. E tudo ficou ainda mais esquisito, se é que o fato de ela ter concordado em celebrar seu aniversário junto ao de Byakuya já não fosse suficientemente bizarro.

- Yoruichi-sama? Achei que já havia voltado para o mundo dos humanos - gaguejou a shinobi, quase caindo da cadeira de susto quando viu a mentora surgindo do nada mais uma vez.

- Achou mesmo? - riu a mulher-gato, sentando-se a beirada da janela. Soifon escolheu-se, ainda um pouco magoada com o “acontecimento” daquela manhã. - Eu realmente disse que ia embora, mas resolvi voltar para ver como você estava.

A mais jovem franziu o cenho, sem entender o que a morena quis dizer. Yoruichi deixou escapar mais uma risada, em seguida apoiando o queixo em uma de suas ligeiras mãos.

- É que achei estranho você não ter dito nada sobre o que aconteceu hoje. Sobre eu ter me esquecido do seu aniversário.

- Como assim...? - engasgou-se a atual capitã, sentindo seu cérebro enregelar-se como se tivesse engolido uma bola inteira de sorvete de uma vez. Por que de repente uma sensação de que a Shihouin havia apenas fingido não se lembrar da data tomara conta de sua alma?

- Fiz uma brincadeira descarada com você, esperando uma reação destrutiva ou algo do gênero. Estranhei você não ter surtado, gritado ou ido matar o moleque Byakuya - esclareceu a nobre, deleitando-se com a cena que se formara em sua mente enquanto jogava para trás seus longos cabelos arroxeados. A outra engoliu em seco, lembrando-se do batalhão de ofensas que lançara contra o Kuchiki. - Então pensei que havia algo de errado com você. Mas parece que está tudo bem.

Soifon fez um esforço monstruosamente épico para engolir o grito - não se sabe se de horror, de raiva ou de pura surpresa - que quis subir por sua garganta.

Isso queria dizer que toda aquela idiotice com Byakuya fora em vão!

Reajustando nossos relógios para as tais 270 horas depois, ela repensava as verdadeiras razões para ter aceitado o “presente” do Kuchiki. Essa preocupação foi o que mais ocupou seus pensamentos até aquele momento. Talvez isso tenha sido o porquê de ela não ter se irritado com os exagerados e complicados preparativos da festa em que se encontrava agora. Sentira-se até um pouco perseguida - os empregados de Byakuya não desistiam de simplesmente surgir do nada querendo saber coisas como a cor dos guardanapos ou a altura em que se pendurariam os lustres -; no entanto fora incapaz de enfurecer graças às incomuns circunstâncias de tudo aquilo.

Observando o movimento dos convidados, após finalmente se sentar depois de cumprimentá-los na totalidade, ela insistia - mentalmente - na idéia de que toda aquela patota fora um plano de Yoruichi. Ela sabia que a ex-Comandante não dava ponto sem nó e não faria uma brincadeira daquelas sem motivo nenhum. Fechou a expressão enquanto seus olhos acompanhavam a irmã adotiva do Kuchiki - Rukia - arrastando o tal shinigami substituto de cabelos alaranjados - Ichigo - por uma das orelhas.

Ao mesmo tempo em que atribuía parte da culpa para sua mentora, indagava-se, então, por que exatamente cedera à ideia de Byakuya. Depois de todos esses dias pensando, tinha certeza de que, em seu estado “normal”, jamais, nunca, nunquinha, nem sob tortura, aceitaria uma proposta daquelas. Por que então estava ali, sob confetes, serpentinas e balões, vestindo um quipao vermelho de estampas douradas? Não fazia o menor sentido.

No entanto, pensando por outro lado - entenderemos “outro lado” como uma parte sórdida e obscura de seu subconsciente - ela bem que poderia ter, por um mísero instante, cedido aos incríveis poderes de sedução de Byakuya Kuchiki - cuja existência era desconhecida até por ele próprio. Enquanto sua parte lúcida insistia que NÃO, ISSO NÃO PODE TER ACONTECIDO, aquela vozinha insuportável que ecoava no fundo de sua mente rebatia com um SIM, SIM, FOI EXATAMENTE ISSO QUE ACONTECEU. Sentia-se horrorizada ao pensar nessa possibilidade, contudo parecia impossível não ser essa a verdade.

Tinha uma queda por Byakuya Kuchiki.

Grunhiu aborrecida, desviando finalmente seu olhar dos convidados e sentindo suas bochechas esquentarem intensamente. O pior de tudo é que não gostava de festas. Nunca gostara, e por isso jamais tivera uma. Essa seria outra razão para acreditar que realmente pirara na batata por concordar com essa proposta maluca. Recebera muitos presentes - provavelmente mais do que recebera em toda a sua vida - mas ainda assim tinha uma sensação ruim a respeito de tudo aquilo. Já havia perdido a conta de quantas pessoas convidaram-na para dançar, pediram que ela se animasse mais, reclamaram por ela estar infeliz tendo uma celebração daquelas.

Não, aquilo não era o pior de tudo. O que mais a incomodava era que não via Byakuya desde o começo da festa. O aristocrata - depois de saudar todos os visitantes junto a ela - desaparecera sem deixar vestígios. De início, ela atribuíra sua ausência a algum tipo de tentativa de fuga de uma Matsumoto já em estado avançado de bebedeira; porém, àquela hora, a Tenente já estava caída inconsciente aos pés de seu capitão, que tentava sem sucesso reanimá-la. Portanto não poderia ser esse o motivo do desaparecimento. Quem sabe ele estaria tentando ignorar o fato de que a relação entre Rukia e Ichigo já não era apenas amizade, e pensou que, evitando os dois, poderia evitar essa verdade? Ou será que ele próprio havia se rendido ao sake e estava desmaiado em algum canto da casa?

Ela riu internamente, imaginando a cena.

Levantou-se, ainda que relutante, e resolveu procurar o anfitrião. Estava confusa demais a respeito de seus sentimentos e precisava falar com ele para tirar isso a limpo. Não estava mais brava com ele, e sim consigo mesma. E isso era um problema.

Com dificuldade cruzou a pista de dança que fora montada nos jardins da mansão, enfiando-se no meio das pessoas que, de tão embaladas em sua diversão dançante, sequer a notaram. Concentrou-se em perceber a energia espiritual do outro capitão, logo sentindo uma fraca oscilação numa das edificações mais afastadas. Certamente ele estava camuflando sua presença. Deu uma olhadela para trás, checando se não estava sendo seguida, e, ao constatar que não, usou shunpo para alcançar a origem da pesada reiatsu.

A música parecia apenas um lamurio distante longe do centro da festa. Até o cricrilar dos grilos ela podia distinguir. Mas, dentro de onde o Kuchiki estava, o silêncio era dominante. Nem a respiração dele ela conseguia ouvir. Mais uma vez verificou sua retaguarda e em seguida deslizou cuidadosamente para o lado a porta que a separava do nobre.

Byakuya estava ajoelhado diante do que parecia um altar. Mudo, imóvel e impassível. Não estranhando esse comportamento, os olhos dela desceram diretamente para um objeto que repousava ao lado do homem, no chão. Uma garrafa de sake.

Uma garrafa de sake? O Byakuya? Que porcaria de dimensão alternativa era essa?

- O que está fazendo aqui? - ele indagou, com a voz levemente embargada. Tudo bem, agora as coisas estavam passando do nível de absurdamente estranhas para esdruxulamente engraçadas.

- O quê? Espere aí, eu não... - ela começou a se desculpar, porém logo liberou a si mesma dessa obrigação - Por acaso você bebeu?

- Eu... Sim... Não. Sim. Não bebi. - ele respondeu, completamente dissimulado, virando a cabeça para encará-la. Soifon sentiu vontade de rir, mas por pouco se conteve. - Esse aposento é privado e não consta nos limites da festa. - Um de seus olhos piscou involuntariamente - Retire-se imediatamente.

Ela olhou além do ser digno de pena em que se descrevia o Kuchiki naquele momento e encontrou um porta-retrato, que emoldurava uma mulher, relativamente jovem, assustadoramente semelhante à irmã do nobre.

- Essa... É a Hisana? - perguntou, tarde demais percebendo que havia adentrado território proibido. O homem calou-se novamente, e deu-lha as costas, voltando a fitar a imagem. - Perdoe-me, eu...

- Sim, é ela. - ele a interrompeu, levantando-se. A shinobi entrou em alerta, esperando que ele iniciasse um combate, porém frustrou-se em suas expectativas. O shinigami sequer se moveu, apenas voltando a falar com a voz um pouco mais descontrolada. - Já são mais de vinte e cinco anos desde que ela morreu. E não consigo parar de pensar nisso um dia sequer.

Soifon identificou-se com ele por um momento, lembrando-se da época em que Yoruichi estivera exilada; imaginou que fosse um sentimento semelhante, porém muito pior da parte dele. E sentiu-se mal por ter pensado estar atraída por ele - porque ainda estava tentando convencer a si mesma de que aquilo era invenção de sua mente.

- Quantos anos você fez? - ela mudou de assunto, intentando acabar com o clima pesado que baixara sobre eles.

- Cento e trinta e oito.

- É sério? - exclamou, estática. Por essa ela não esperava. - Eu também. É exatamente onze dias mais velho que eu. Que estranho.

- De fato. - ele baixou sua cabeça, focando a garrafa tombada a seu lado. Empurrou-a suavemente com a ponta do pé, vendo-a rolar vazia. Pareceu tristonho por um instante. - Acabou.

- Bebeu uma garrafa inteira, sozinho - ela atestou, num tom de reprovação. Byakuya soltou um suspiro mínimo, enquanto ela cruzava os braços. Provavelmente ele logo começaria a passar mal, visto que geralmente não costumava beber tanto - não de uma vez só, pelo menos. Isso se refletia claramente em seus olhos e no ângulo estranho que sua boca formava. Soifon mais uma vez sentiu aquela vontade quase incontrolável de rir. - Creio que seja melhor você voltar para a festa. Embriagado desse jeito, vai acabar desmaiando por aqui. Venha, eu te ajudo.

Ofereceu seu ombro, amigavelmente, e, por mais absurdo que pareça, com um sorriso no rosto. Um sorriso de pena. Ele fitou-a por alguns segundos, com os olhos estreitos, parecendo desconfiado.

- Está me cortejando? - ele grunhiu em meio a um soluço. Antes que ela pudesse sequer reagir, o que inevitavelmente causaria uma morte ali, ele rapidamente emendou - Ah, não importa. Estou com uma dor de cabeça horrível, e meu estômago não para de se revirar. Aceito sua ajuda.

Deixou-o apoiar-se em seu ombro, passando o braço forte em volta de seu pescoço. Os primeiros passos foram fáceis, porem a cada metro percorrido ele soltava mais seu peso sobre ela. Parecia estar perdendo o controle de suas pernas. Era pesado e uns bons trinta centímetros mais alto, o que dava a Soifon certa dificuldade para ampará-lo.

- Tem alguma coisa errada aqui - ele comentou, quando seu joelho esquerdo falhou pela segunda vez.

- Suas pernas estão bambeando. - ela disse o óbvio - Concentre-se e tente se controlar, porque não vou te aguentar caso você caia em mim.

Ela mal havia proferido essas palavras quando as duas pernas dele se inutilizaram ao mesmo tempo, jogando todo o seu peso sobre a colega que, no susto, não foi capaz de segurá-lo. Foram-se então os dois para o chão, com um baque pesado.

- Kuchiki! - ela bradou, empurrando os ombros dele para longe. Ele caira direto em cima dela. Literalmente. - Eu avisei! Controle-se!

- Hm, perdoe-me... - ele sussurrou, bafejando álcool na cara dela. Pareceu confuso por um instante, talvez devido à proximidade. Ela o encarou profundamente, mais uma vez ruborizando fora de controle. - Hoje é seu aniversário, não é?

Ela riu.

- Você está realmente bêbado. Sim, é meu aniversário.

- Entendo. E por acaso eu lhe dei algum presente?

- Está brincando, certo? - ela sorriu novamente. Apenas uma garrafa de sake não faria aquilo, mesmo se fosse a primeira vez que ele bebesse na vida. Continuava segurando-o pelos ombros largos, esperando que ele saísse logo dali.

- Não dei? Não me recordo... Mas quero lhe presentear. Está sendo tão prestativa. Merece, definitivamente, uma recompensa.

Era muito engraçado. Ao mesmo tempo em que aquele homem a sua frente - quer dizer, acima dela - não parecesse nem um pouco com o Byakuya Kuchiki que ela conhecia, ele era exatamente como o Byakuya Kuchiki que ela conhecia. O homem levantou o olhar para o céu, vendo a lua cheia brilhante que refletia um brilho estranho em seus olhos.

- Estive tão sozinho nesses últimos anos. - lamentou. No instante seguinte, tornou a encará-la, como se não tivessa acabado de dizer alto tão deprimente, porém ainda com aquele estranho fulgor no olhar, o que Soifon estranhou demais.  - Você, decididamente, é digna de um presente.

Ela não teve tempo nem de pensar. Os lábios, que ela sempre imaginara frios e vazios, eram quentes e intensos, e dançavam contra os seus com uma força que ela jamais esperaria. O gosto de álcool era banal diante do desejo contido ali. Antes que pudesse prever, já estava entregue a ele, num turbilhão de emoções que ela não sabia a quem pertencia, se a ele ou se a ela própria. O ar já começava a faltar, porém nenhum dos dois dava sinais de estar satisfeito ainda. As mãos pousadas sobre os ombros dele agarraram-se fortemente ao tecido fino, causando a aproximação que antes buscavam evitar.

Foi ela quem finalmente separou o beijo, ofegando de uma maneira até languida. Aquelas emoções tão ardentes ainda pairavam no ar após o fim do contato. Ambos os corações martelavam, pulsações altas como bumbos de uma fanfarra. Os dois mudos, sem saber o que dizer.

- Feliz aniversário, Soifon - Byakuya arquejou, depois de um longo tempo, parecendo até um pouco mais sóbrio do que antes.

- Obrigada - ela arfou de volta, com o rosto mais vermelho do que os cabelos de um certo tenente. - Para você também, Kuchiki. Parabéns.

Mal sabiam eles que, detrás de uma moita não tão distante, havia um gato. E nem que esse gato era preto e atendia pelo nome de Yoruichi Shihouin. E muito menos que ela acabara de ter certeza de que seus dois pupilos haviam gostado muito do presente que preparara com tanto cuidado.

- Happy birthday, Byakuya e Soifon. - ela murmurou para o nada, esboçando um sorriso e logo desaparecendo entre as sombras.

Então, como num conto de fadas qualquer, eles viveram felizes para sempre.


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Notas finais do capítulo

La End.
Tradução: La Fim.

Nota: eu não sei a idade exata do Byakuya, nem a da Soifon. Só achei que seria engraçado colocá=los com a mesma idade.

Ah, e acreditam que eu escrevi esse capítulo ouvindo Bach?

*quem acredita levanta a mão!*

Bem, se você levantou a mão, errou. Eu estava ouvindo Tchaikovsky.

Por favor deixem um review!! *--*

Parabéns, Tiu Bya e Tia Soi!! Amo vocês demais!! /capota
Espero que eles tenham gostado do presente...



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