Hogwarts estava um caos, estátuas caídas, crianças chorando... a guerra final estava cada vez mais próxima e todos podiam pressentir isso.

Hermione andava desesperada de um lado para o outro, nervosa.

– Mione, para quieta! Esta me deixando nervoso aqui!

– Quem você pensa que é para falar assim comigo?! Você não sabe o que é ficar nervosa!

Rony abaixou a cabeça e murmurou um perdão novamente. Não tinha qualquer outro momento que se arrependesse tanto quanto o dia em que abandonou Harry e Hermione na barraca.

– Eu não sei o que fazer! Temos a taça, vamos pegar a diadema, mas... e depois? Já não temos a espada!

– Vai ficar tudo bem – disse dando um abraço desajeitado na garota.

Rony gostava de ficar perto da menina, ela podia ser uma sabe-tudo irritante, mas era a sua sabe-tudo irritante, embora nem mesmo ela soubesse disso.

– Rony – a garota murmurou se apertando mais a ele.

Rony fechou os olhos apreciando o momento. O que ele tinha com Mione? Ela era sua melhor amiga, certo, mas não era a mesma sensação que ele tinha ao estar com Harry, tinha algo a mais.

Sera que Harry abraçava Hermione assim quando ele fugiu da barraca e largou os dois? Sentiu suas orelhas ficarem vermelhas. Não, balançou a cabeça, Harry jurou que eles nunca tinham tido nada. Precisava acreditar nisso, e não no Harry e Hermione de olhos cinzentos do medalhão

“ E quem iria querer você quando se tem o Menino-que-Sobreviveu? – a Hermione pálida sussurrou sedutora”

A imagem de Hermione e Harry se beijando veio-lhe na mente. Não, balançou a cabeça novamente, ele tinha que acreditar na palavra de Harry.

O calor da menina junto ao seu o ajudou a se acalmar. Mas, o medalhão tinha razão, o que ele poderia oferecer a ela? Ele era só Ronald Weasley, o pobretão que só dava mancadas com Hermione. Não era bonito, não era inteligente, não era corajoso...

Aquela voz de cobra sussurando em seu ouvido... estancou. Era isso!

– Mione, eu ja sei. O basilisco, Câmara Secreta – disse enrolando-se no processo.

Mas Hermione entendeu, e se soltou dele com um sorriso enorme:

– Você é um gênio Rony!

O menino sentiu sua pele ficar vermelha. Saíram correndo em direção ao banheiro feminino. Murta, como sempre, estava lá:

– Você não pode entrar aqui. É so para meninas.

– Ah, cala a boca Murta!

A fantasma ficou com os olhos com um estranho brilho perolado. Sentimental demais, foi o que Rony pensou.

– Olha o que você fez – Mione murmurou zangada – Oh, Murta, nos desculpe, ele não disse por querer.

– Disse sim!

– Rony!

– Não, quer dizer, sim, ou... é, isso aí – respondeu atrapalhado ao ver o olhar furioso da amiga.

– Eu nem posso ser útil para a guerra, me mandaram ficar aqui, esperando – murmurou a fantasma choramingando.

– Rony é assim meio tapado as vezes, mas não fala por mal.

Murta a olhou com um tanto de curiosidade:

– Por que é que você o defende? Ele mesmo ja fez você chorar muitas vezes, eu vi.

– Mas foi diferente...

Rony pôs a cabeça entre as mãos. Era verdade, tinha magoado Mione tantas vezes, como podia pensar que poderia ter uma chance com ela? Era melhor esquecer essa coisa que estava sentindo pela menina.

Agora a prioridade era ajudar Harry, então passou um bom tempo até conseguir imitar a voz de cobra, e finalmente a Câmara surgiu. Era melhor assim, só se preocupar com a guerra.

Tudo lá dentro estava igual a cinco anos atrás, exceto por um enorme cadáver de cobra largado no chão.

Arrancaram as presas da cobra e Rony deu os dentes a garota.

– Acho que como eu quem terminei com o medalhão, você deve acabar com a taça.

E a partir dai tudo ficou muito confuso, só conseguiu reparar que Hermione estava a uns cinco metros dele, agachada no chão chorando enquando um... Rony com olhos cinzentos a encarava perversamente.

“ Por que eu iria querer uma sabe-tudo irritante? Como achou que eu teria algo com você? Eu tenho Lila, uma garota de verdade, uma que se arruma, passa maquiagem, usa salto alto. Por que eu escolheria você que parece um homem?”

Hermione se agachou mais ainda, e cada vez mais lágrimas saiam de seus olhos.

– Hermione – Rony berrou – é mentira! Destrua a taça!

“ Quem iria querer a sabe-tudo?”

– Hermione! Eu te amo!

Hermione levantou a cabeça e o olhou assustada.

– Sempre amei - murmurou, a verdade o abatendo.

E tudo fez sentido para Rony, por que odiava vê-la com outros caras, porque pensava nela mais do que qualquer um. E entendeu os sorrisinhos do pai, dos irmãos, de Gina, de Harry... todos sabiam o que ele sentia. Por Merlin, por que não contaram para ele que estava apaixonado por ela? Economizaria muito tempo.

Um grito agudo soou e viu que Hermione tinha por fim destruído a taça, ela o encarou ainda com lágrimas nos olhos.

– É verdade? – murmurou.

Rony se aproximou e respondeu com as orelhas vermelhas:

– Sim – mas parou, e se ela não gostasse dele? – mas se você não, eu retiro o que disse e...

– Me beije Rony Weasley.

Não esperou duas vezes antes de encostar os lábios com os da menina. Dessa vez parecia ser a coisa certa, não se comparava em nada com Lila Brown.

Quando se soltaram, sorriram.

– Acho que a gente precisa ir – Mione murmurou.

– Uh-hum.

Começou a andar mas parou, onde estava Hermione que não andava ao seu lado?

– Rony! Venha me ajudar a levar os dentes!

– Mas, por quê?

– Um pouco de cavalheirismo não faz mal, sabia?

Chegou perto dela e pegou logo todos os dentes.

– Feliz?

– Muito.

Rony sorriu, quem diria que terminaria com Hermione? A sabe-tudo irritante? E dessa vez não deixaria ninguém o passar para tras. Não perderia Mione.

– E que pelas barbas de Merlin, que Gina não seja lésbica e tente roubar Mione de mim!