– O que você faz aqui? – disse Edward me encarando, ainda na forma de gato. Rolei no chão deixando a barriga à mostra e fazendo cara de fofinha. – Tem certeza que é ela? – Ele chegou mais perto de mim, lambi o nariz dele. Eca, era doce, mas um doce estragado. Fiz uma careta. Abri mais os olhos e olhei bem dentro dos dele.
– Tenho sim! Eu vi ela se transformar e... EDWARD!!! – Bella gritou enquanto Edward fazia carinho na minha barriga por livre e espontânea vontade... Ta bom, talvez não fosse sua vontade, e sim a minha, mas quem se importa? – Ela está te enganado! – ela me empurrou de um jeito que fez eu me distrair e ele caiu na real. Respirei fundo e voltei à forma original.
– Como a criatura adivinhou? – sorri mostrando todos os meus dentes para parecer o mais assustador o possível e ela deu um passo para trás.
– Ele não gosta de animais.
– A não ser que seja para alimento. – Edward completou.
– É uma pena. Animais são ótimos para conversar.
– Animais não falam. – Bella falou como se eu fosse uma idiota.
– Não, mas eles pensam. - respondi no mesmo tom.
– Não dá. Eles são irracionais. – ele falou, se gabando.
– Eles. Não. São. Irracionais. – falei brava para ele. Como alguém que tem mais de cem anos pode ser tão idiota?!
– Então como é que eu não consigo ler as mentes deles? – Ah, entendi. Uma vez um urso me disse que eles sabem quando tem alguém que pode ler suas mentes e só não davam à mínima e não deixavam ler, fingindo que eram completamente irracionais.
– Eles estão curtindo com a sua cara, eles só fingem que são irracionais. – falei rindo.
– Ou seja, eu sou uns dos motivos de piada do mundo animal? – comecei a rir mais ainda e balançar a cabeça dizendo que sim. – Que ótimo. – ele bufou.
Consegui parar de rir e, logo depois, me joguei no sofá para assistir TV.
– Como você consegue ser tão insuportável? – Bella disse, desligando a TV.
Nesse momento, Charlie entrou pela porta e, automaticamente, eu me transformei
em gata. Ele me viu e me pegou no colo.
– Eu trouxe comida pra você! – Ração não, ração não, ração não, ração não! Era só o que eu pensava. Ele me colocou no chão perto de uma vasilha de comida que comprou. – Aqui está. – Ele pegou um saco enorme de ração sabor fígado! Nunca
provei, mas isso não parece bom. Engoli em seco. Edward riu. Pulei em cima dele.
– Kate pare!!! – Bella gritou enquanto me tirava da cara de Edward.
– Ah! Vocês já deram um nome para ela? – Charlie falou chateado.
– Em que nome você estava pensando, pai?
– Em Jozicleide. – ele baixou a cabeça. Mas logo ficou feliz quando eu comecei a comer a droga da ração bem rápido para acabar logo aquela tortura. – Nossa, ela
adorou a comida e deve estar faminta! – E ele teve a coragem de colocar mais! E, é lógico, eu tive que comer tudo, mas devagar, para Edward não tirar satisfação.
À noite, o Charlie foi dormir e eu fiquei no sofá brincando – rasgando – com as
anotações importantes com matéria de prova de Bella. Lá pela meia noite eu ouvi
Edward entrar no quarto dela. Subi as escadas silenciosamente e fiquei escutando a conversa dos dois pombinhos.
– Você tem que se livrar dela. – Bella disse, se referindo, obviamente, a mim.
– Como? – Edward bufou – Toda vez que eu tento, ela acaba ganhando ou ameaçando
você. Não posso arriscar. – Ele tirou uma mecha de cabelo do rosto dela e se beijaram. Eles juntos parecem o Stefan e a Elena. Eca.
Eu estava conseguindo espiar eles sem vomitar até Charlie sair de seu quarto,
provavelmente para ir ao banheiro, tropeçou em mim fazendo muito barulho. Bella
saiu do quarto para ver o que tinha acontecido.
– O que aconteceu? – ela perguntou assustada com o barulho.
– Nada. Foi só a Katezinha no caminho. – Charlie respondeu. Que bosta de nome é
“Katezinha”?! Ele me pegou no colo colocando minha cabeça perto de seu pescoço,
senti minha garganta queimar e ficou mais difícil de manter a forma de gato.
Ele entrou em seu quarto e encostou a porta. Esperei ele dormir para sair do quarto e entrar no quarto de Bella, que já estava dormindo.
– Sai daqui! – Edward, que estava deitado ao lado de Bella, sussurrou para não
acorda-la.
Voltei a minha forma original e sentei em uma cadeira do lado de Edward. Ele ficou
tenso.
– Relaxa, estou fraca demais para te atacar.
– Sede?
– Muita. – Relaxei para ele ver minhas presas, que pareciam mais afiadas do que
nunca, minha visão estava mil vezes melhor.
– Amanhã eu e meus irmãos vamos caçar, se você quiser ir junto...
– Pode ser. Vai que eu encontro caçadores.
– Você não bebe sangue de animais?
– Não. – abri minha bolsa a procura de um certo frasquinho. – Me deixa fraca. –
peguei o frasquinho cheio de sangue humano e bebi. Ele fez uma careta para o
frasco. Bocejei.
– Você dorme?
– Durmo. – Bocejei mais uma vez. – E estou morrendo de sono.
Olhei para a cama de Bella. Certamente eu caberia ali, afinal aqueles dois estavam bem confortáveis. Levantei da cadeira, puxei Edward para o chão e deitei na cama no lugar onde ele estava. Ele levantou e foi me tirar dali.
– Faça isso e eu arranco sua cabeça e só devolvo no próximo Natal. – falei, fechando os olhos.
– O Natal foi duas semanas atrás! – exclamou.
– Exatamente. – e dormi.