Kate’s POV

Depois de toda aquela cena com o padre, de tirar o poder de Jesse e deixar a magricela desesperada, o dia meio que perdeu a graça. A única parte que teve mais graça foi a hora do almoço com todos aqueles humanos babando por mim ou com inveja de mim.

Eu estava dormindo feliz na minha cama quando senti alguém me cutucar.

– Me deixa dormir, Gi! – Murmurei.

– Acredite, essa você vai querer ver. – respondeu.

Resmunguei algo inteligível e abri os olhos, irritada. Gi estava ao lado da minha cama e, na porta, Suzannah e Jesse.

– O que é tão importante para os futuros habitantes do inferno me acordarem às 3 da manhã? – perguntei.

Eles deram um passo para o lado, revelando outro fantasma.

– Olha quem foi atrás de mim hoje. – disse Suze.

O fantasma, na verdade, era uma garotinha de uns oitos anos, com cabelos pretos, longos e ondulados, olhos castanho-claros e pele muito clara. Ela vestia roupas de quando eu estava viva (N/M: que nós, autoras, não fazemos a menor ideia de como eram, então usem sua imaginação.), reconheci aquele rosto. Era a minha filha, que eu havia matado milhares de anos atrás. De repente senti uma coisa me abraçando na cintura.

– Procurei tanto você! – ela me disse chorando. Peguei-a no colo. O queixo de todos caiu.

– O que foi? Nunca viram mãe e filha, não? Vão arranjar o que fazer babacas! – eles saíram do meu quarto.

– Por que você fez isso comigo mamãe?

– Não foi por querer. – a abracei mais forte. – Você com certeza já ouviu sobre vampiros.

– Foi você que começou tudo não foi?

– Foi.

– Eu vi você transformando aquele outro fantasma em humano de novo. Você poderia fazer isso comigo?

– Desde quando você vem me observando?

– Desde que te achei na Idade Média. – não acredito que ela poderia ter falado comigo e não falou!

– Por que não falou comigo antes?

– Eu precisava de um mediador.

– E só agora você achou?

– É... – ela pareceu arrependida.

– Tudo bem, pelo menos você conseguiu.

Uma cabeça apareceu na porta, era a Gi.

– Kate? – soltei minha filha. – O Damon está aqui.

– Como ele está aqui?

– Não sei. E... – ela hesitou – Qual o nome da sua filha?

– Seria um nome na minha primeira língua. Você não conseguiria pronunciar. – Virei-me para a minha filha. – Que nome você quer ter?

– Luna. É mais ou menos do mesmo significado do meu antigo nome. – ela sorriu. – Quem é Damon?

– Um encosto que não larga do meu pé. – Respondi com um suspiro colocando-a de volta no chão.

– Mamãe, não fale assim.

– Uau! – Suze e Jesse apareceram na porta também e falaram ao mesmo tempo.

– A filha da Kate é um amor de pessoa. – Suze comentou.

– Os babacas não tem nada melhor para fazer? – perguntei irritada. – Sumam da minha casa!

– Eles me trouxeram até você, deveria agradecê-los ao invés de expulsá-los! – Luna interferiu.

Respirei fundo e abri meu melhor sorriso falso.

– Obrigada, seus inúteis, por trazerem a minha filha até mim, não fazendo mais que o seu trabalho. Agora voltem para a sua casa que já são 3:30h da manha e eu não quero ninguém aqui a não ser ela e a Gi.

Eles reviraram os olhos, mas saíram do quarto e se dirigiram para a saída.

– E lembrem-se: como tivemos alguns problemas hoje, amanha terei que apresentar Jesse ao padre Dom, formalmente. – falei antes de eles saírem.

Gi os apresou para a saída. Continuei indo para a sala para resolver umas coisinhas com o Damon. Uma mãozinha segurou a minha.

– Quero conhecer seu amigo. – ela falou para mim com seus olhos brilhando.

Se não fosse minha filha, ou teria recusado e matado o ser por segurar na minha mão ou só mataria, mas, como eu não conseguia dizer não a ela, apenas continuei andando em direção à sala.

Chegando lá, me deparei com um Damon fraco e machucado, pegando um copo de sangue das mãos da Gi. Eu nunca o vi tão mal, nem quando ele virou humano (N/M: para quem não leu todos ou nenhum livro de Diários do Vampiro, tem um momento que ele vira humano, mas depois volta ao normal). Ele estava praticamente sem poder e não percebeu a minha presença.

– O que houve com ele? – Perguntou a fantasminha preocupada.

– Eu o prendi em uma dimensão qualquer como castigo por umas coisas ruins que ele fez.

– Kate? – Chamou Damon com a voz fraca.

– Por favor, não diga que você foi estúpido o suficiente para tentar voltar usando o próprio Poder! – exclamei me aproximando.

– Foi... O único jeito.

– Eu ia te tirar de lá daqui a alguns dias, seu idiota!

– Mamãe, não grite com ele. Está machucado! – Luna exclamou, soltando a minha mão e se colocando entre nós.

Ele arregalou os olhos e abriu a boca, chocado.

– Você... Você acabou de chamar a Kate de “mamãe”?

– Sim. – ela respondeu, se virando para o vampiro idiota. – Pensei que vocês eram amigos. Ela nunca te contou que tinha uma filha?

– Não. Ela é um ser muito fechado. – Ele estava quase caindo de tão fraco. – Mas eu acho que ela já tinha comentado uma vez e ela falou também que te matou... – Isso me atingiu. Lembrei-me do dia em que a matei, era fraca e inexperiente e estava morrendo de sede. Arrependo-me amargamente desse momento.

Fiz uma barreira em volta de mim. Todos que estavam a menos de dois metros de mim foram arrastados para mais longe, até mesmo a minha filha. Peguei minha faca e abri uma fenda, sem pensar muito para onde estava indo. Entrei.

Sai da fenda e reconheci imediatamente onde eu estava. Em casa, literalmente, minha casa, minha dimensão. Senti um cheiro familiar. Bonnie e Meredith estavam lá, mas antes de ir implicar com elas, fui até a cozinha e coloquei um pouco do sangue da minha geladeira profissional para armazenamento de sangue roubada do hospital em um copo e me direcionei para o porão, onde elas estavam. Em menos de um milésimo de segundo eu estava atrás delas observando o que estavam fazendo. Sentiram minha presença e olharam devagar para minha direção. Levaram um susto.

– O que vocês estão fazendo na minha casa? – Falei encarando o altar que elas tinham feito.

– Elena falou que você não voltava mais. – Meredith disse. – E precisávamos descobrir onde Damon está, ele sumiu e Elena esta preocupada.

– Ele está em outra dimensão.

– Isso explica porque ele estava tão desesperado e com medo. – Bonnie arranjou coragem para falar, ela morre de medo de mim.

– Ele estava falando alguma coisa?

– Ele falou que ia morrer e que alguém ia mata-lo e também que tinha que voltar para algum lugar. – Meredith falou. – Você sabe quem vai matar ele?

– Claro que sei.

– Quem?

– Eu.

– Por quê?

– Ele merece. – Me lembrei automaticamente do que ele tinha dito.

– O que ele fez?

– Pediu para morrer. – dei um longo gole no meu copo com sangue. – E dá para vocês saírem da minha casa? – Elas começaram a andar em direção a escada. – Antes limpem esse altar. – Elas limparam e depois foram embora.

Usei a faca para criar a mesma proteção que fiz na dimensão de Crepúsculo em volta da casa, mas impedindo a entrada de qualquer ser vivo ou morto.

Sentei-me no sofá encolhida e, num acesso de raiva, taquei o copo na parede. Ele se estilhaçou.

Eu não estava nada bem. A volta de Luna trouxe minha vida e meus primeiros dias como vampira de volta, uma época que eu fiz de tudo para enterrar, e que agora foi como um soco no estomago.

Nesse momento uma das criancinhas que brincavam no quintal vizinho foi tentar pegar uma bola que havia caído no meu jardim e bateu a cara na proteção. Comecei a rir.

– Fazia tempo que eu não te via sorrir assim. – olhei para um canto do quarto e lá estava Josh, meu ex-namorado.