“Eu sei que me tornei um caso impossível quando
você se torna minha resposta para cada pergunta.”

            Ludwig tentava voltar a conversar comigo. Eu, às vezes, o respondia. Outras vezes eu simplesmente ignorava. Desde o dia do soco que não paro aqui. Durmo, acordo, arrumo minha cama e saio com Matthew. Às vezes, até Francis saia conosco, então Arthur e Alfred iam também. Até que os dois últimos não eram tão chatos... Fora de uma sala de reunião.

            Bem, voltando ao assunto, eu ainda estou com raiva de Ludwig. E hoje o dia não será diferente só porque ele está me seguindo pela casa desde as 8h da manhã. Tenho um piquenique com a “família feliz” – é assim que os chamo – e não vou desmarcar isso por causa da culpa dele.

            – Nunca pensei que veria Gilbert Weillschmitd participando de um piquenique. – Você precisa de um olho roxo para acompanhar a boca machucada, West.

            – E não vai ver. O convite é apenas para mim, West, e não tinha nenhum comentário falando que eu poderia levar um alemão idiota – Sim, sou curto e grosso com ele.

            – Não sabia que você fazia parte do country club, Gilb. – Parei de andar pela cozinha e o olhei.

            – Faço. E é muito melhor do que fazer parte de uma pseudo-família deturpada, West. Pelo menos não tem um austríaco metido, uma húngara com tendências masculinas e um alemão traidor – Bufei e voltei a guardar as coisas dentro da minha cesta.

            – Espere, o que é isso...? – Ele observou a embalagem em minha mão – Desde quando você gosta de maple syrup? – Revirei os olhos.

            – Desde quando isso é da sua conta, Ludwig? – Me virei novamente. Ele estava pedindo por mais uma marca, sério.

            – Quem te deu essa coisinha doce de garotinhas, Gilbert? – Ele segurou o riso. Maldito.

            – Para sua informação, West, foi Matthew. E não, ele não é uma garotinha – Virei-me novamente e guardei o resto da comida na minha cesta – Não venho para o jantar hoje, vou ver um filme com Matthew depois do piquenique.

            – Você já percebeu, Gilbert, que você só fala desse canadense? Quer dizer, quando você resolve falar. – Poupe-me, irmão – Até parece que o prefere à sua família.

            – É, talvez eu seja um caso perdido, West.

            Saí daquela casa, deixando-o sozinho. Ele não tem nada haver com a minha relação com Matt.