PRÓLOGO

Não sabia mais o que fazer, não sabia nem mesmo quem eu era e como eu poderia estar tão confusa, tão estranhamente pensando naquele garoto que por mais que tenha responsabilidades, ainda sim ele era só um garoto (com um sorriso que jamais vi antes e que mesmo diante de qualquer coisa ainda assim iluminava a todos a sua volta com aquele simples gesto, com o abraço mais maravilhoso e quente que me fazia sentir completamente inteira).

Como eu poderia estar pensando nele quando eu tinha um ‘’noivo’’ lindo que parecia um “Deus” bem ao meu lado, que me dizia milhares de vezes que me amava, que para ficar comigo lutava contra seus instintos para permanecermos juntos e ainda assim eu não me sentia confortável o bastante ao lado dele, e eu só me perguntava sempre o porquê?! 

Eu agora estava em minha casa, em minha cama me sentindo inteiramente sozinha, Edward estava caçando e agora eu já não tinha ‘’babás’’ para tomar conta de mim, pois já não havia mais ameaças de vampiros sádicos ansiando para me matar e beber meu sangue (por enquanto) e o pior é que já não havia a possibilidade de eu fugir para uma reserva que era tão chuvosa quanto Forks e que ainda assim eu me sentia quente protegida e em casa. Eu não poderia sair correndo porque por mais que eu quisesse a pessoa que me fazia sentir assim não estava lá e por minha causa. Eu me sentia completamente culpada, pois foi por mim que ele estava afastado de seu pai, dos seus irmãos, da sua origem, e morria de saudades, pois além de ser meu melhor amigo ele foi a única pessoa capaz de me salvar de mim mesma, a única pessoa que me conhecia só com um simples olhar e sabia como eu me sentia, enfim que fazia eu me sentir inteira, ele era e é meu  porto seguro. Eu sentia que estava enganada, que o meu sentimento não era só uma dúvida e algo dentro de mim gritava que eu estava enganada esse tempo todo, mas também tinha Edward, sua família e minha dívida com os Volturi. Toda vez que eu pensava nisso (o que era constante) era como se a dor que senti quando Edward me deixou não parecesse nada diante desta que agora me assombra a cada segundo dos meus dias desde a nossa última conversa, nosso último momento juntos.

-Quando será que vai acontecer? -eu disse- Quando a garota certa vai colocar os olhos em você?

-Não fique tão esperançosa  Bella. (Será que já tinha acontecido? Será que eu me conformaria em vê-lo feliz ao lado da sua escolhida?) – Mas tenho certeza de que será um alívio para você.

-Talvez sim, talvez não. Fico me perguntando se vou sentir muito ciúme. (Hoje eu realmente não saberia e pensar nisso fez meu sangue ferver em minhas veias. Senti medo, muito medo de que isso se tornasse realidade ou já fosse uma realidade).

-Essa parte pode ser meio divertida. – admitiu ele. (Mas que espécie de pessoa eu era? Porque eu tinha que ser tão egoísta em relação a ele, ele tem que ser feliz... Ou o que? Eu esperava que ele ficasse sozinho pela eternidade e sofrendo a dor que eu tinha lhe causado?)

-Me diga se quiser que eu volte, eu estarei aqui. – prometi.

Com um suspiro ele virou o rosto para mim.

Eu me inclinei e lhe dei um beijo suave na bochecha.

-Eu te amo Jacob.

Ele riu levemente.

-Eu te amo mais. 

Ele me viu sair do quarto com seus olhos negros insondáveis. (Aquela lembrança era a pior da minha da vida, pois eu via nos seus olhos a dor imensa que eu estava lhe causando e eu nunca me perdoaria por isso).

Eu não queria pensar, ou melhor, me obrigava a bloquear meus pensamentos quando minhas lembranças me levavam para os momentos que passamos juntos, na sua garagem abarrotada de peças de carros, naquela pequena casinha vermelha, nos nossos passeios pela praia com nossas mãos entrelaçadas, nas nossas conversas diante do mar sentados no tronco tão particular, nas nossas brigas e em como nos divertíamos.

-Isso não está acontecendo. - Eu repetia para mim mesma.

-É só a falta da sua amizade que eu estou sentindo. - Suspirei e tentei banir meus pensamentos e quando rolei na cama me virei e vi o relógio.

-Nossa isto está ficando complicado, não posso continuar assim. - Não era justo com Edward. -Passando todo o meu tempo pensando nele e tentando relembrar todos os nossos momentos juntos, simplesmente não posso.

-Foi você quem escolheu Bella... – Suspirei e repeti para mim mesma e obriguei-me a levantar, pois tinha que preparar o jantar de Charlie que estava para chegar.

Desci querendo completamente banir meus pensamentos e obrigar-me a me distrair preparando o jantar. Pois hoje era só mais um dia e eu sabia que amanhã os meus sofrimentos seriam exatamente iguais.