The Cullens escrita por Nina Guglielmelli, mulleriana


Capítulo 28
Trégua


Notas iniciais do capítulo

Leiam a nota final, é importante.



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Edward’s POV.

Permaneci sentado numa tábua que por ali chamavam de cama. Enterrei o rosto nas mãos e fiquei imóvel, respirando o mínimo possível. Poderia ter passado horas ali. Só ergui um pouco a cabeça quando Jacob entrou na cela, já com um curativo no nariz.
Ele sentou ao meu lado, olhando as mãos.
- Desculpe. – Murmurei, quase pra mim mesmo.
- Tudo bem. – Ele respondeu, ainda mais baixo.
Ambos erguemos a cabeça para analisar os movimentos do policial do lado de fora. O garoto ao meu lado ficou em pé e começou a andar de um lado para o outro, passando as mãos na cabeça. Finalmente parou, segurando-se na grade, e demorou alguns minutos para falar.
- Ela ama você.
Virei para encará-lo, achando que ouvira errado.
- O quê?
- Ela ama muito você. – Jacob disse num tom triste.
Encarei o chão por algum tempo, sem saber exatamente o que devia responder.
- Naquela noite... – Ele começou, mas parou para engolir em seco antes de continuar. – Ela não parava de chorar. Depois de tudo... – Minhas mãos se fecharam em punhos quando algumas imagens se formaram em minha mente. – Ela não conseguia parar. E eu fiquei em sua casa até que dormisse. – Ele fez uma pausa, e eu esperei em silencio. – Ela fala seu nome enquanto dorme. O tempo todo.
Percebi o quão doloroso era para Jacob assumir isso, assumir que a garota que amava não retribuía seus sentimentos – ou, pelo menos, não da mesma maneira. Ainda assim, me doía imaginá-los juntos, e doía lembrar que, para ela, estar com ele sempre fora muito mais fácil do que comigo. Porque Jacob não lhe oferecia nenhum risco. Ele e Bella juntos seria algo simples, tão fácil quanto respirar, mas continuávamos insistindo no caminho mais complicado.
Olhei em volta com um suspiro. O policial estava sentado, lendo o jornal daquela manhã.
- Acho que passamos dos limites. Não é?
Ele riu baixinho antes de responder.
- É. É, acho que sim. – Virou o rosto para mim, pela primeira vez me olhando com uma diversão sincera. Eu dei os ombros.
- Deixando de lado que... A garota que você quer é minha... Eu admiro sua perseverança.
Ele riu novamente, olhando para fora de relance, e então novamente para mim. Estendi a mão para que a apertasse. Jacob se aproximou e o fez.
- Ei! – O policial gordo chamou, se aproximando da cela com as chaves. Fiquei em pé quando vi Emmett e Carlisle vindo logo atrás. Meu pai parecia desapontado e preocupado. Já Emmett ria, como sempre.
- Não acredito que perdi isso! – Meu irmão exclamou, batendo de leve nas costas de Jacob quando nos aproximamos. Veio até mim em seguida, passando o braço em volta de meu ombro.
- Consegui falar com Charlie para que saísse mais cedo, pagando a fiança. – Meu pai me olhou, calmamente sério. Entendi o motivo quando vi de relance o relógio, estava quase na hora do almoço. Logo teria que tomar meus remédios. Emmett diminuiu um pouco seu sorriso, mas eu consegui animá-lo lhe dando um croque e tentando derruba-lo, brincadeira que fazíamos desde criança.
O policial não expressou nenhuma emoção quando nós quatro saímos. Abracei Emmett, rindo, percebendo um sorriso tímido no rosto de Jacob quando nossos olhares se encontraram. Eu entendia os motivos do garoto. Entendia que lhe doía perder a garota que amava. Ele não era tão ruim, afinal de contas. E não importava tanto, de qualquer forma, porque o vencedor fora eu.

                                                

                                                       ***

Eu queria ver Bella logo, mas meu pai implorou que passasse no restaurante e falasse com minha mãe. Entrei no The Cullen’s com Jacob e Emmett e cada um foi para um lado. Me dirigi ao escritório. Quando abri a porta, Esme ofegou e veio até mim.
- Não sabe o susto que me deu! Está tudo bem? – Ela passou a mão na mancha roxa em minha testa, fazendo uma careta. – Vou cuidar disso quando chegar em casa. Vá pra lá e descanse. Diga para Jacob ir pra sua casa, também.
Assenti, dando um beijo em sua testa antes de sair. Era verdade que às vezes ser superprotegido me irritava, mas eu era sortudo até demais pela mãe que tinha.
O restaurante estava lotado, e essa era outra coisa pela qual agradecia. Passei por várias mesas, acenando para alguns conhecidos. Entrei na cozinha, à procura do garoto. Jacob estava lá atrás, conversando com Sam, o outro entregador.
- Cara! – Ele riu ao ouvir o acontecido. Desci a pequena escadaria e fui para perto deles.
Jacob riu; tudo já havia passado.
Ia simplesmente avisar a ele para ir pra casa, e também iria para a minha. Mas nós três acabamos perdendo tempo demais, paralisado, com os olhos vidrados na moto que se aproximava. Foi estacionada próxima a nós. Uma garota desceu e tirou o capacete, passando a mão pelos cabelos castanhos.
- Essa é Leah. – Sam murmurou para nós. – A nova entregadora.
Ergui as sobrancelhas, medindo-a. Era uma morena realmente bonita, e a calça jeans colada ressaltava seu corpo. Leah guardou o capacete na moto e passou por nós em silêncio, não sem antes abrir um belo sorriso. Se eu estava simplesmente gostando do que via, Jacob ao meu lado parecia prestes a babar.


Bella’s POV.

Ele não fazia o tipo violento. Não mesmo. Senti-me lisonjeada, de certa forma, e protegida. Que mulher não gostaria disso? Mas essas discussões inúteis passaram dos limites quando ele e Jacob foram parar na delegacia de Forks. Fiquei preocupada, e bastante. As piadinhas de Emmett só serviram para me irritar. Apesar disso, fora ele quem conseguira tirar meu namorado da cadeia. Não sei se foi grande coisa, porque acabamos do mesmo jeito de sempre. No meio da madrugada, em sua casa, eu andando com muletas por conta do pé engessado e travando uma péssima discussão costumeira. Eu sabia que em alguma hora teríamos que discutir aquilo, mas a conversa estava ficando pesada demais.
- Você é tão hipócrita! – Ele exclamou.
- HIPÓCRITA?
- HIPÓCRITA, SIM! – Já estávamos berrando. – HIPÓCRITA E EGOÍSTA! É ABSURDO, VOCÊ NÃO CONSEGUE PENSAR EM NINGUEM QUE NÃO SEJA VOCÊ MESMA!
- AH, EU SOU EGOÍSTA? – Perguntei com ironia. Ele ergueu as sobrancelhas. – Devo lembrar a você tudo o que eu fiz, todas as vezes que fiquei no hospital com você, todas as vezes que tentei te ajudar?
- ESSE É O PROBLEMA! – Ele socou a mesa enquanto falava. – VOCÊ FAZ TUDO ISSO, SIMPLESMENTE PRA DEPOIS JOGAR NA MINHA CARA...
- NÃO É VERDADE!
- É VERDADE, SIM! VOCÊ NÃO PERDE UMA CHANCE DE DIZER COMO EU PRECISO DE VOCÊ, COMO MINHA VIDA ERA UMA DROGA ANTES DE VOCÊ APARECER, COMO SOU SORTUDO POR TER TE ENCONTRADO. PASME, ISABELLA, EU CONTINUO DOENTE!
Respirei fundo, resistindo ao impulso de cair sentada no sofá.
- Eu posso ser tudo, Edward. Mas de egoísta eu não admito que me chame.
- Qual seria o adjetivo, então?
- É esse o ponto? Você quer me criticar de alguma maneira?
Ele franziu a testa.
- O que eu deveria fazer? – Perguntou. – Você foi embora. Enquanto eu ficava mal, achava que você também estava, mas descobri que tinha alguém pra me substituir!
- NUNCA! Jacob e meus sentimentos por ele nunca chegariam aos seus pés, e sabe disso! – Minha voz soou irritada. – Eu não te traí, Edward.
- Não. Não traiu.
- Então por que ainda estamos discutindo?
- Por que? A discussão é sempre a mesma! Desistimos de algumas batalhas, mas a guerra continua, e sempre voltamos ao mesmo ponto!
- E QUAL É?
- VOCÊ NÃO TEM QUE ESTAR COMIGO! VOCÊ O FAZ POR PENA, O FAZ PORQUE QUERIA ACREDITAR QUE TEM UM NAMORADO SAUDÁVEL!
- EU REALMENTE QUERIA! – Berrei em resposta. – SE EU PUDESSE PEDIR ALGO, EU PEDIRIA POR VOCÊ, PEDIRIA QUE TODO ESSE PESADELO EM NOSSAS VIDAS ACABASSE!
- QUAL É O PROBLEMA, ENTÃO? – Algumas lágrimas discretas brotaram em seus olhos. – Aquele garoto que eu arrebentei hoje tá lá fora! Ele te adora, seria o namorado dos sonhos pra você, e você nunca vai parar num hospital porque simplesmente ficou gripado! POR QUE NÃO CORRE DE VOLTA PRA ELE?
- PORQUE ELE NÃO É VOCÊ!
O silêncio em seguida foi tão intenso e repentino que minha voz continuou ecoando pelo quarto. Minhas palavras pesaram em nossos ouvidos e corações.
- Eu cansei. – Edward disse após uma longa pausa.
- O que? – Minha voz estremeceu.
- Da outra vez, era você quem não queria mais lutar. Agora sou eu. Já chega, Bella. Já chega dessas discussões infinitas, já chega de tentar correr atrás de algo que nunca vai dar certo! Você tinha razão: Eu tenho pena de mim mesmo! Sempre tive, e isso não vai acabar tão cedo. Se não consegue conviver com esse fato, não consegue conviver comigo. Eu olho nos seus olhos, e vejo o mesmo sentimento que sempre vi.
Ele parou e passou as mãos pelo rosto, espalhando as lágrimas.
- Chega de lutar em vão, Bella. Olha pra nós. Somos como cão e gato. E desafiamos a natureza ficando juntos. Agora, você não entende como é. Saber... Que não sou suficiente pra quem amo. Que alguém lá fora pode ter dar muito mais do que eu! Você nunca teve obrigação de me ajudar, e eu agradeço por tudo o que faz. Mas agora eu... Eu estou confuso. Só isso.
Sua voz ficou mais baixa quando terminou a frase, e então sentou no sofá, enterrando o rosto nas mãos. Eu deixei as muletas de lado, pulando num pé só para alcançá-lo. Tremia um pouco. Sentei e passei o braço em volta de seus ombros. Edward não se mexeu.
- Posso ir embora, se quiser. – Murmurei.
- Não. – Ele me cortou, afastando as mãos da face para me abraçar. – Quero que fique. Desculpe por isso, eu... Nada disso é em vão. Desculpe.
Uma última lágrima escorregou por sua bochecha, e ele riu baixinho.
- Não foi nossa última briga, Bella. E eu quero lutar. Por mim e por nós. – Ele sussurrou contra meu cabelo. Eu fechei os olhos a ponto de chorar e o abracei com todas as minhas forças.



                                                             ***


Estava de licença do restaurante. E era desesperador. Eu me obrigava a não pensar no que Lauren estava fazendo lá. Tudo deveria estar um caos, e eu via isso refletido em Edward – sempre que o via, estava uma pilha de nervos. Felizmente, havia um ponto positivo: Ele e Jacob tiveram uma trégua. Não soube o que aconteceu na delegacia e nas vezes que conversaram depois disso. Não eram melhores amigos, mas pelo menos não ficavam prestes a se matar toda vez que se viam. Ainda assim, Edward não aprovava muito bem que eu me encontrasse com Jacob, e eu respeitava isso. Só que estava começando a ficar realmente entediada.
Era dia 20 de Dezembro quando Alice e Emmett resolveram me visitar. Sentamos na mesa da cozinha com um bolo que eu mesma fizera. Meu cunhado já estava no terceiro pedaço quando eu e Alice estávamos terminando o primeiro.
- E quando vai tirar o gesso? – Ela perguntou.
- Vai demorar. – Respondi. – E, quando tirar, vou usar uma robofoot.
Emmett fez uma pequena careta.
- E a cabeça? – Ele perguntou após engolir.
- Ah, já está bem melhor... – Dei os ombros. – Fiz outro exame há pouco tempo. Sem seqüelas. Vou passar o Natal com muletas. Não é a primeira vez que quebro o pé, certamente... – Ri, mas sozinha.
Eles ficaram estranhamente quietos. Franzi a testa, mastigando um pouco mais de bolo e engolindo antes de falar. Meus olhos passaram por toda a cozinha, até focalizar o jornal em cima do balcão. Puxei ele pela ponta e li uma pequena reportagem.


                                          FORKS SE PREPARA PARA O NATAL
Começaram ontem os preparativos para a mais importante confraternização universal. O prefeito está orgulhoso não somente das ruas coloridas, mas também do empenho da população. “É uma tradição muito antiga.” Disse Mary, cujo telhado conta com um imenso Papai Noel sentado em sua chaminé. Em todas as ruas podemos ver crianças correndo animadas com seus casacos. O tempo cada vez pior não desanima. “Ele vai dar um jeito de vir.” Disse o garoto que flagramos colocando sua carta na caixa do correio. “As renas são resistentes.” Esperamos que os habitantes de nossa cidade também sejam, porque a meteorologia não nos dá notícias muito animadoras.

- Como vão passar o Natal? Charlie ficaria lisonjeado de receber vocês aqui, e...
- Bella, nós... – Alice olhou para seu irmão como se pedisse ajuda. – Nós não comemoramos o Natal.
Eu ri automaticamente. Emmett suspirou.
- Como assim? Todo mundo comemora o Natal.
- Nós, não. – Emmett continuou o que a garota dizia. – Era 24 de dezembro quando Edward descobriu sua doença. Ele passou a noite no hospital. Ele odeia essa data.
- Ele não pode... Odiar o Natal. – Parei um pouco para refletir. - E nem proibir vocês de comemorá-lo! – Retruquei. – E se fosse o dia do aniversário de sua mãe? Ele nunca mais daria parabéns a ela?
Os irmãos se entreolharam, e eu juntei todos os três pratos vazios para levar até a pia.
- O The Cullen’s terá uma festa. Uma festa imensa! A cidade toda ficará com vontade de passar o Natal conosco. Ele querendo ou não!


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Notas finais do capítulo

É a Carol aqui, outra vez.
Eu só queria dizer que fiquei um pouco... Triste com vocês. No capítulo passado, eu postei o link de uma outra fanfic minha, e uma pessoa ou duas, no máximo, pelos menos abriram a fic pra ver do que se tratava.
O problema nem é ela, exatamente, porque é antiga e uma das minhas primeiras - não a considero muito boa.
A questão é que eu e a Nina já estamos preparando outra fanfic, porque logo The Cullen's entrará em sua reta final. Já temos o primeiro capítulo e a capa prontos, mas ver que vocês nem ligaram pra minha divulgação desanimou um pouco.
Bem, acho que é só isso.
Talvez o próximo capítulo saia ainda hoje, de madrugada. (: