Seus dedos percorriam o rosto pálido da esposa, a preocupação estampada no rosto ainda jovem de Draco. Aqueles que não o conheciam diriam que ele a amava muito, mas aqueles que realmente o conhecem sabem que o seu interesse nela nada mais é que seu próprio filho, que saiu do ventre da esposa adoentada.

Ele ouviu o som de passos vindos do lado de fora do quarto de hospital, aonde sua esposa residia desde a virose ter-lhe pego, ele inclinou a cabeça para ver quem estava adentrando o quarto e viu a cabeleira loira de seu filho, Scorpius.

- Papai, como está a mamãe? – Perguntou o pequeno garoto.

- Ela vai melhorar querido, ela vai. – Falou, tentando mais convencer a si mesmo do que seu filho.

A criança ao seu lado direcionou-lhe um sorriso verdadeiro, mostrando todos os dentes de leite que estavam escondidos atrás de seus lábios finos. Draco não pode evitar sorrir ao olhar para o filho e reconhecer o sorriso verdadeiro de Astoria estampado em seu rosto infantil. O Malfoy passou a mão pela cabeça do filho, fazendo um leve cafuné na cabeça pequena.

As horas, os dias, as semanas e logo os meses passavam e Astoria não acordava. Isso preocupava Draco, pois mesmo não retribuindo ao amor que a esposa oferecia-lhe ele não queria vê-la definhando em uma cama, doente por culpa dele.

Os medibruxos falaram-lhe que eram remotas as chances de Astoria acordar, mas ele insistia em mantê-la ali o maior tempo que conseguisse, porque nele residia uma chama de esperança, a mesma que foi acesa por Astoria quando seu filho nasceu.

Seu filho crescia com o decorrer dos anos, mas a figura materna fazia uma grande falta e ele, assim como o pai, visitava a mãe todos os dias até que foi para Hogwarts. Agora Draco estava completamente sozinho, a não ser pelo corpo desacordado de Astoria.

Mais anos se passaram e agora não era só sua mulher que estava definhando, era ele próprio também que finalmente percebeu que realmente amava Astoria Malfoy, sua esposa tinha uma doença rara e ele estava doente de amor.

Quando Draco finalmente acordou para o mundo a sua volta doze anos já tinham se passado e seu filho agora tinha dezesseis anos e estava em seu penúltimo ano em Hogwarts, seu comportamento era idêntico ao do pai, talvez porque o mesmo nunca fora muito presente na sua vida por conta da doença de Astoria, que não demonstrara nenhum progresso ao longo dos anos.

A chama de esperança estava se apagou dentro do Malfoy quando a esposa finalmente morreu, ele agora seguiria sozinho. Draco não podia aguentar a falta da mulher que deu-lhe carinho e amor, lançando no espelho de frente para ele um Avada Kedrava ele se matou.

Seu filho desmoronou com a morte dos dois e aí ele soube o tamanho da besteira que tinha feito, mas não podia fazer nada além de observar seu filho passando pelo mesmo sofrimento que ele passou.

Draco sabia também que Scorpius era forte o suficiente para sobreviver, diferente dele e que a sua figura de pai ausente jazerá eternamente na mente de seu filho.

A doença consumiu Astoria e Astoria consumiu Draco.