O Sorriso de Kunimitsu escrita por Kori Hime


Capítulo 1
Capítulo unico


Notas iniciais do capítulo

Kori é uma personagem criada por mim, quem me conhece sabe que ela pode aparecer em todas as minhas fics.



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Tezuka desceu as escadarias do prédio e foi em direção a biblioteca assim que as aulas acabaram. Os treinos estavam suspensos por três dias para manutenção das quadras e vestiários. Por isso, tinha um bom tempo livre para estudar, ler alguma coisa nova.

A biblioteca estava movimentada, até. Mas aquele era o horário de maior movimento mesmo, depois da aula, quando os demais alunos iam buscar ou entregar os livros, mas poucos realmente ficavam ali. Talvez por terem que fazer outras coisas, ir para casa, treinar, etc.

Tezuka escolheu o livro da vez, e acomodou-se numa das cadeiras no canto da mesa.

Não era um livro de história fictícia, era um de biologia, que iria ajudar para a prova da outra semana.

Quando percebeu, os alunos iam desaparecendo aos poucos dali, porque o silêncio tomou conta do lugar. Isso fez Kunimitsu relaxar mais na cadeira, sem perder a posição ereta de sempre.

Mas o silêncio não durou muito.

– Boa tarde, Naoko-san. – A voz feminina ecoou por entre os corredores das estantes abarrotadas de livros, até a mesa no canto da parede.

– Kori-chan, chegou aquele livro que você queria. – A bibliotecária girou a cadeira de rodinhas, até uma mesa atrás dela, e abriu uma gaveta. – Eu guardei porque me disse que era urgente. Mas ninguém veio procurar o mesmo livro, então não vi problemas.

– Ah!!! você é um anjo Naoko-san. Obrigada! – A ruiva fez uma mesura exagerada, e pegou o livro.

Kori caminhou devagar, abrindo o livro no meio, e passando as paginas, olhando as imagens, títulos e outras coisas que lhe chamava atenção. Ela parou, lendo um trecho interessante em voz alta. O que fez Tezuka desconcentrar-se de sua leitura.

Ele pigarreou, discretamente, mas deveria saber que aquilo não iria afetar muito a garota.

– Kori-san? – ele ergueu a cabeça, olhando para cima.

– Buchou. Oi.

Tezuka respirou calmo, esperando que ela continuasse seu caminho. Mas não foi o que aconteceu. Kori se instalou na mesma mesa que ele, e jogou a mochila sobre a mesa, com o livro.

Por alguns minutos eles ficaram em silêncio, apenas lendo. Mas depois de um tempinho um barulho começou a incomodar. Era a chuva. Mas ela estava prevista para somente o final de semana, dali três dias.

Tezuka deu uma breve olhada para a janela, e constatou que era mesmo a chuva. E ela aumentou gradativamente, até as luzes da biblioteca se apagarem.

Uma queda de energia. Que retornou um minuto depois, mas foi embora novamente. O gerador do colégio não suportou uma pane e acabou queimando.

Estava dia, mas como chovia, as nuvens carregadas tamparam o sol. Deixando a biblioteca mais escura. Assim não dava para ler com atenção um livro.

A mulher responsável pela biblioteca recebeu uma chamada da diretoria. Eles queriam saber como estava o lugar, ela informou que só dois alunos estavam ali, e que tudo estava bem.

Naoko se levantou para confirmar se estava tudo bem. Encontrou Tezuka organizando sua bolsa com os livros, e Kori na outra cadeira de olhos fechados com fones no ouvido. Ela retornou para a cadeira, dizendo que logo a chuva passava e eles poderiam ir embora.

A mulher os conhecia bem, já que eles frequentavam muito aquele lugar.

– Ai que tédio. – Dez minutos depois, Kori já estava entediada. – Acabou a bateria, não dá pra ouvir música. – Buchou, seu celular toca música?

– Hmm. – Tezuka parou um minutinho para pensar. – Sim.

– Liga aí pra gente ouvir. – Kori sorriu, fechando os olhos.

– Mas não tem músicas, eu não ouço músicas pelo celular.

– Não?! – mexeu nos cabelos ruivos, soltos do rabo de cavalo costumeiro para os treinos.

– Não. – Tezuka afirmou.

– Então... vamos conversar. – Mais um longo minuto, até Kori perceber que não havia muitos assuntos. Mas ela poderia muito bem improvisar. – Que tipo de música você gosta?

Kunimitsu ficou um pouco confuso, ele não sabia exatamente como responder. Ouvia músicas calmas, nada dessas bandas atuais. Gostava de música clássica.

– Acho que não temos os mesmos gostos.

– Conhece Kazuki Kato? – Kori pôs as pernas na outra cadeira, ficando mais a vontade.

– Não.

– Eu amo ele! – Ela deu um sorriso, de fã apaixonada. – Acho que ia gostar. Eu te passo umas músicas dele depois.

Tezuka não respondeu. Continuou sentado ali, sério. Ou melhor, calado. No seu estado natural. Enquanto Kori, começou a batucar a mesa, cantando uma das músicas que mais gostada de Kazuki.


 

– Eu preciso de ajuda em biologia, peguei esse livro pra ver se consigo estudar. – Eles finalmente acharam um assunto que poderiam dividir. Escola.

– Essa matéria não é difícil, se quiser ajuda...

– Oba!!! Eu quero sim. – ela pulou na cadeira, fazendo depois um barulho de cansaço com a boca. – Buchou, essa chuva não passa. Que tédio.

– Aham. – ele ainda na mesma posição. Mudando apenas a perna apoiada na outra.

– Conta uma piada?

– Piada?

– Sim, você conta uma e eu conto outra. – Kori esperou a tal piada mas não veio. – Ok! Então eu conto. Vejamos... – fez uma cara de pensativa. – Já sei. Você sabe qual a diferença do poste, da mulher grávida e do bambu? – Ela fez aquela carinha de quem queria rir, antes da hora.

– Poste, mulher grávida e bambu? – Tezuka realmente não sabia nada de piadas, além das que seu avô contava durante as pescarias. – Não sei.

– O poste da a luz em cima, a mulher da a luz embaixo... – ela parou de falar, observando a expressão nula do rapaz.

– E o bambu? – Tezuka perguntou inocente.

– O bambu? – Kori ia responder, mas não aguentou, caiu na risada batendo a testa na mesa, e as mãos também. Tezuka continuava sem entender a piada. – Buchou, você com essa cara me desconcentrou, não consegui finalizar a piada.

– Mas eu não disse nada, você que começou a rir sem parar.

– Tá, vou contar outra. – Ela se ajeitou melhor na cadeira, dobrando uma das pernas e sentou em cima. – Conhece a história do Urso sem bunda?

– Não. – Tezuka balançou a cabeça negativamente.

– Ele foi sentar e deitou. – Kori jogou a cabeça para trás, com os cabelos, rindo sem parar.

Kunimitsu continuou confuso e sem entender bem. Digo, claro que ele compreendeu que o urso não tinha nádegas, é ele não ia pensar em bunda, mas isso não tinha a menor graça.

Ao contrário da ruiva, que estava engasgando de tanto rir, até chorou um pouco.

A chuva então deu uma trégua, e Naoko os chamou, dizendo que poderiam ir, porque a energia elétrica não ia voltar tão cedo.

Kori colocou a mochila nas costas e foi na frente, Tezuka a acompanhou. Ela normalmente ia com Fuji para casa, mas pelo visto, não teria companhia dessa vez. Ou até ela perguntar para que lado Tezuka ia.

– Vou pegar o ônibus logo ali na frente. – Ele apontou, e a ruiva sorriu, indo junto, também pegava o ônibus ali.

– Buchou. Você não é muito de sorrir né? – Ela percebeu, depois de quase morrer de tanto rir de suas próprias piadas. Mesmo que sem graças, Fuji sempre ria. Vai ver era diferente.

– Não muito.

– Ah! Buchou, quero ver você sorrir, nem que seja um pouquinho. – Eles chegaram ao ponto, e esperaram o ônibus que não demorou muito. Kori se sentou na janela e Tezuka como um bom rapaz que era ao seu lado, para não deixá-la sozinha. – Me fala, o que te faria rir?

– Não sei.

– Deve haver alguma coisa. – insistiu.

Tezuka se deu por vencido, porque não era fácil lidar com aquela garota, ela não iria parar tão cedo de falar e perguntar. Desde que não contasse mais piadas, estava bom.

– Não me lembro de nada que me faça sorrir.

– Filhotinhos? Desenhos? Aqueles vídeos de pessoas se machucando?

– Isso não é engraçado.

– Tem razão. Mas e os desenhos?

– Não gosto de assistir.

– E os filhotinhos?

– O que tem de engraçado neles?

– Ah! São fofinhos, e sempre estão brincando. Fazendo bagunça. Todo mundo gosta de filhotinhos.

– Hmm. – Todo mundo, menos ele.

– Vou descer. – Kori se levantou, e Tezuka a imitou, para dar passagem. – Quer ir na minha casa? – ela perguntou, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Mas não era? – Minha gata teve filhotes, tenho certeza que você vai rir quando vê-los.

Ele precisava estudar para a prova da semana que vem, mas isso não foi argumento suficiente para que Kori desistisse. Ela o puxou pela mão, quando o ônibus parou, quase fazendo-o cair. Então desceram do ônibus um ponto depois do que ela descia, porque demoraram muito para se decidir.

Andaram alguns minutos, até chegarem a casa. Kori puxou-o novamente, e Tezuka já estava quase avisando ela que não precisava daquilo, ele não ia fugir.

– Mãe! Cheguei. Mãe? – ela sumiu para dentro de casa, após tirarem os sapatos, e pedir para que Kunimitsu esperasse um pouco. Ele ficou em pé, feito um poste. – Minha mãe deve ter ido ao mercado. Vem ver a minha gata.

– Onde ela esta?

– No meu quarto, dentro do meu guarda roupa. Ela se escondeu lá no meio das cobertas, quando fui ver, tinham nascido os filhotes. Perdi uma manta mas ganhei mais gatinhos.

Ele não estava nem um pouco a vontade no quarto da garota. Era um lugar particular. Pelo menos pensava assim. Mas Kori sequer tava preocupada com isso, puxou a porta do guarda roupa e apontou para um embolado de pano com uma gata branca e quatro filhotes mamando.

Tezuka se aproximou, e recuou quando a gata arranhou a mão da própria dona por ter pego um de seus filhotes. Ela se sentou na cama, e pediu para ele sentar também.

– Já pôs nomes? – Perguntou, sentado na pontinha da cama, quase saindo dela.

– Não. Me ajuda? – Kori pulou para mais perto do rapaz, colocando o gatinho na mão dele. Foi la e pegou os outros três, levando uns arranhões feios, e fechou a porta, deixando a gata louca la dentro. Colocou os bichanos na cama e brincou com eles, passando os dedos nas barriguinhas ainda pouco peludas. – São dois machos e duas fêmeas. Pensei em chamar um de Kazuki. – ela riu. – Brincadeira.

– Hmm.

– Esse aqui é todo agitado, ele não para um minuto. Vou por o nome dele de Kaidoh. – Kori achou engraçado e sorriu. – Essa aqui é bravinha, gosta de pisar nos irmãos, vou chamar de Mariko.

– Mariko?

– Sim, minha amiga. Lembra? Da Hyotei.

– Ah! Sei. – ele fez uma cara de pouco caso, ou foi apenas impressão da ruiva.

– Essa outra vai ser Kayami. Esse aqui é todo sério, não gosta de brincar. Sabe como vou chamar?

– Não.

– Tezuka. – Kori gargalhou, vendo que não agradou. – Calma, eu estou brincando Buchou. Escolhe você o nome dele.

– Hmmm. – Ele pegou o gato na mão, e olhou bem na carinha do bichinho. – Miura.

– Tezuka Miura. Adorei.

– Não, só Miura.

– Ok! Só Miura. Também é bonitinho.

Os gatinhos voltaram para sua mãe, dentro do guarda roupa. Kori caiu na cama, jogando o corpo para trás, cansada. Deitou ali. Imediatamente, Tezuka se levantou, achando que já estava na hora de ir embora, já que até dera nome a um dos gatos. Mas antes disso, ainda aceitou o suco que foi oferecido, porque estava mesmo com sede, e ate chegar a sua casa, iria demorar um pouquinho.

A mãe de Kori retornou, e o que era para ser uma boa notícia, e deixá-lo mais a vontade, piorou. Porque a mulher fez milhões de perguntas. Inclusive sobre Syusuke, se ele não acharia ruim. Kori reclamou, dizendo que não tem que pedir autorização para ninguém, e levava qualquer amigo seu para sua casa.

No portão, quando Tezuka já ia embora, a ruiva pediu desculpas pela mãe. Ele muito educado, não disse nada que não devia. Manteve-se calado.

– Buchou, não teve nem um pouco de vontade de sorrir com os filhotinhos da minha gata? Você não gosta de gatos?

– Gosto, mas não é por isso que vou sorrir assim, como você faz. – ele já estava quase admitindo que tinha algum problema. Kori tinha certeza. Ela correu para dentro de casa, deixando-o sozinho. Tezuka já ia embora, acreditando que a garota ficou chateada, mas ela gritou o nome dele.

– Espera. – Estendeu a mão, fazendo-o pegar algo peludo. – Fica com o Miura. Ele pode ajudar você a sorrir, nem que seja sozinho no quarto.

– Obrigado. – Ele poderia recusar, mas... Ah! Ele foi com a cara do Miura.

– Buchou, mas eu não desisti de te ver sorrir. Nem que eu tenha que te prender no meu quarto de novo. – Kori deu uma piscadela, sorrindo maliciosa. E depois que viu Tezuka sair todo envergonhado com o gato, começou a gargalhar. Sua mãe perguntou o que houve. – Nada Mãe! Eu assustei um gato aqui.

Já em seu quarto, Tezuka trouxe um prato com leite para Miura. Pegou jornais também e deixou no cantinho do quarto, levando o bichano para lá. Depois iria numa petshop comprar alumas coisas para ele. O gato era mesmo calmo, talvez um pouco preguiçoso, ele se esticava todo para depois rolar pra fora do jornal.

Kunimitsu estava estudando, na escrivaninha, quando ouviu um miado. Miura estava com a patinha presa no assoalho, vai ver tava explorando o novo lar.

Ele sentou-se no chão, ajudando o gato a se soltar. Alguns minutos depois, Miura já dormia no seu colo e assim ficou até ele ir dormir também. Deixou o gatinho no jornal e foi para a cama, mas durante a noite os miados de Miura aumentaram, talvez fosse saudades da mãe.

Tezuka tentou dar mais leite para ele, só que não era isso. No final de uma hora, tentando fazer algo, levou-o para cama também. Assim, Miura se acalmou e dormiu finalmente.

Naquele breve momento, Tezuka sentiu-se até animado pelo bichinho ter se acalmado e dormido, sem perceber deu então um sorriso, cobrindo-o com um pedaço de lençol.

Não iria contar para Kori que sorriu com o filhote, não fazia sentido isso. Guardaria isso pra si mesmo.


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