Apenas Um Piquenique. escrita por Anny Andrade


Capítulo 1
Apenas um Piquenique.




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- Eu tenho uma idéia! – Ela exclamou se levantando da poltrona confortável em que se encontrava.

            - Ah... Mais uma idéia brilhante de Rose Weasley! – Ele exclamou sem se mover.

            - Sim... Minhas idéias são sempre ótimas. – Rose falou irritada voltando a se sentar. – Pelo menos não sou eu que fico reclamando o dia inteiro, não é mesmo Malfoy! – Ela falou com aquele tom de sua mãe. Aquele jeito de “você sabe que eu estou certa e você errado”.

            - Por que precisa dizer o Malfoy? – Scorpius falou aborrecido. – Todos aqui odeiam meu sobrenome, acham que eu deveria ter ido para a Sonserina e você sempre me lembra disso quando usa somente o sobrenome. – Scorpius reclamou fechando a cara.

            - Oras... Quer que eu te chame como se seu nome é Scorpius Malfoy? Quer que eu te chame de Tiago Potter? – Rose sabia que aquele era o ponto certo para irritar ele. – Se quiser eu te chamo...

            - Rose? Por que eu ainda converso com você? Se o seu querido primo perfeito e idolatrado é melhor que eu deveria está lá sentada com ele. – Scorpius apontou para uma rodinha de meninas que riam das piadas de Tiago e seus amigos.

            - Talvez eu devesse fazer isso... Pelo menos ele não é mal-humorado. – Rose disse indignada.

            - Santo Tiago! – Scorpius falou olhando para cima.

            - Pare de ser chato. – Rose se ajoelhou na frente dele. – Sabe que eu não ligo para se você tem sobrenome de Malfoy. Poderia se chamar Tom Ridley que eu ainda assim seria sua amiga. – Rose sorriu. Daquele jeito encantador, um sorriso torto que ela herdara do pai. – Meu pai me mataria é claro, mas poderíamos ser fantasmas amigos. – Rose falou rindo alto, mas Scorpius não escutava mais nada, o primeiro sorriso dela já havia o hipnotizado.

            - Rose... Você é doida! – Scorpius falou sorrindo.

            - Dizem que puxei um pouco dos genes dos meus tios Fred e Jorge... – Ela gargalhou. – E tem a tia Gina, ela é demais... – Ela sorriu. – Não te chamo mais de Tiago Potter se você ao reclamar mais do seu lindo nome. – Rose segurou nas mãos do loiro.

            - Atrapalho priminha? – Tiago sentou na poltrona que antes pertencia a Rose.

            - É. Na verdade atrapalha sim. – Rose falou se levantando.

            - Não entendo como podem ser tão amigos. Sabia que os parentes dele torturaram sua mãe? – Tiago falou apontando para Scorpius.

            - Sabia. Como disse foi os parentes e não ele. – Rose falou irritada.

            - O tio Ron te mataria se soubesse que passa tanto tempo com um Malfoy.

            - E quem contaria a ele? – Rose desafiou.

            - Calma Rose... É melhor continuarmos a conversa em outro momento. – Scorpius falou se levantando.

            - Então ele sabe falar? Achei que só entendia de poções e plantas. – Tiago ria.

            - Pensei que você só entendia de trasgos, afinal fala como eles, para você ver como nos enganamos. – Scorpius disse. – Te vejo outra hora Rose. – O loiro saiu pelo quadro. Andando com as mãos no bolso.

            - Tiago? O que quer comigo? – Rose falou impaciente.

            - Queria só te salvar dele.

            - Quem disse que eu precisava ser salva? Sou capaz de me proteger. – Rose falou irritadíssima.

            - Rose... É melhor ficar longe de um Malfoy. Eles são pessoas ruim. – Tiago falava sério. – Se fosse minha irmã não deixaria você nem falar com ele. Mas o Hugo e o Alvo também são amiguinho dele né? – Tiago falava como se aquilo fosse ruim.

            - Scorpius é uma ótima pessoa. E eu, Hugo e Alvo sabemos disso. Pare de se meter com a minha vida Potter... O Scorpius é... É... É... – Rose sorriu, ela sabia o que o loiro era. – Quase me esqueci! Tchau! – Ela deixou Tiago confuso.

            - O que ele é? – O moreno gritou.

            - Ele é simplesmente um Malfoy. – Rose respondeu rindo. – Meu Malfoy! – Ela saiu pelo quadro.

            Rose correu todo o corredor, viu Scorpius no fim da escada, continuou correndo caindo em cima dele quando não conseguiu frear. Ela estava por cima dele com as mãos sobre os olhos azuis do garoto.

            - Adivinha quem é? – Ela falou rindo.

            - Bom... Para me atropelar desse jeito e ainda rir de mim... Deve ser... Não sei... A Cris... Não é... A Violeta também não... – Scorpius foi falando.

            - Todas essas meninas fazem isso com você? – Rose disse em um tom bastante raivoso.

            - Talvez... – Scorpius falou sorrindo.

            - Raam... – A menina fez indignada.

            - Mas com essa risada, esse perfume e esse “raam” só existe uma pessoa. – Scorpius falou sorrindo novamente.

            - Então quem é? – Rose perguntou se animando.

            - A Rosa mais linda de Hogwarts. – Scorpius falou retirando as mãos da menina de seus olhos. Rose o encarava surpresa, ele nunca tinha falado aquilo. Jamais tinha escutado uma única palavra que indicasse que Scorpius a achasse bonita. – Rose?

            - Sim? – A ruiva de cabelos cheios e enrolados falou distraída.

            - Pode sair de cima de mim agora? – Scorpius disse rindo.

            - Claro... Desculpa! – Rose se levantou rapidamente arrumando a roupa e o cabelo que estava realmente bagunçado por causa da correria.

            - Tudo bem... Até que seu priminho super protetor te deixou sair rápido. – Scorpius falou ironicamente.

            - Não ligue para o Tiago! Ele é um implicante infantil! – Rose disse magoada.

            - Mas ele acertou né? – Scorpius falou recomeçando a andar agora com Rose ao seu lado.

            - Certo? Quando? Sobre o que? – Rose perguntou.

            - Se seu pai descobrir que somos amigos ele surtará. – Scorpius pareceu triste.

            - Papai é meio implicante também. – Rose parou na frente do loiro. – Mas minha mãe gosta da idéia da nossa amizade. Como ela mesma diz: “Passado é passado... Que bom que você e o Hugo apreenderam isso! Ótimo serem amigos de todos. Não escute seu pai, ele é complicado.” – Rose riu.

            - Sua mãe sabe que somos amigos? – Scorpius falou sem acreditar. – E não acha isso um absurdo?

            - Minha mãe sabe de tudo, ela foi a melhor aluna de Hogwarts na época dela. E claro que ela não acha um absurdo. Ela sabe que eu... – Rose corou e parou de falar.

            - Que você o que?

            - Que eu sei escolher meus amigos.

            - Que bom! – Scorpius sorriu. – Pelo menos alguém além de você, do Hugo e do Alvo não me odeia por um simples sobrenome.

            - Lily também não te odeia. – Rose falou triste.

            - Não... Mas também não é fã da nossa amizade. – Scorpius falou dando de ombros. – É sempre a mesma coisa.

            - Quase esqueci! – Rose gritou fazendo outros alunos olharem para eles.

            - O que? – Scorpius falou preocupado.

            - Minha brilhante idéia. – Ela falou sorrindo.

            - Ah... Não... – Scorpius gemeu.

            - Por quê? Ah... Não?

            - Lembrei da sua idéia. – Scorpius falou suspirando.  Vamos acampar na floresta proibida... Ninguém vai descobrir. Todos dizem que lá é legal. – O loiro falou imitando a amiga.

            - Ah... Isso foi diferente. Éramos crianças, foi no nosso primeiro ano aqui. Agora estamos no sexto. Sou uma pessoa mais madura. – Rose falou sério. E recebeu um olhar de “eu não acredito nisso” de Scorpius.

            - Preciso falar algo?

            - Para de ser chato. Minha idéia é especial. E não tem nada haver com aventuras. Só quero uma tarde diferente. – Rose falou implorando.

            - Tenho escolha? Acho que não né? – Scorpius disse sem resistir aos olhos de Rose era uma mistura de castanho com verde ou azul que resultou em um mel encantador.

            - Eba! – Rose abraçou Scorpius. Aquele perfume fez ela se arrepiar e sentir o coração batendo mais forte. Afastou-se com o rosto em chamas. – Vou pedir para o Hugo me ajudar com o piquenique.

            - Com o que? Vamos pegar o Nick quase sem cabeça e brincar com ele? – Scorpius perguntou confuso.

            - Não... – Rose ria. – Parece meu pai que não entende nada dos trouxas. – A ruiva continuou rindo. – Piquenique é uma atividade trouxa.

            - Como assim? – Scorpius perguntou confuso.

            - Os trouxas fazem piquenique em dias como esse. Quando está quente demais para ficar trancado em casa, e a brisa de fora faz com que tudo se torne agradável. Eles pegam uma toalha xadrez e uma cesta cheia de comidas gostosas. Escolhem uma sombra de uma arvore e passam o dia conversando e comendo. Sempre fazemos isso nas férias. Mamãe gosta de relembrar da sua infância no mundo trouxa e papai gosta das comidas e de agradar a ela. – Rose sorriu ao ver que os olhos de Scorpius brilhavam de expectativa.

            - Parece legal...

            - É perfeito... Você vai gostar! – Rose falou animada. – Não é uma idéia brilhante?

            - Confesso que estou mais animado! – Scorpius sorriu.

            - Ótimo! Então escolhe uma árvore e uma sombra que eu já volto com a cesta e a toalha! – Rose falou gritando, pois já corria.

            - Onde vai conseguir tudo isso? – Scorpius perguntou.

            - Só confia em mim. – Rose sorriu.

            - Sempre! – Ele sorriu de volta. Ela voltou a correr.

            Eles sempre falavam aquela frase.

            Quando estavam começando o segundo ano Rose se perdeu no beco diagonal, pois ficara encantada olhando a vitrine da Dedosdemel. Quando percebeu que estava sozinha entrou em desespero e começou a chorar. Scorpius estava lá com a mãe dele e quando viu a garota correu para cumprimentá-la.

            - Oi Rose! – Ele falou sem perceber as lágrimas.

            - Scorpius! – Rose pulou em seu pescoço soluçando. – me perdi. Por Favor, não me deixa sozinha aqui!

            - Calma Rose... Eu te ajudo! – Scorpius falou enquanto a menina ainda o abraçava. – Onde disseram que iriam?

            - Não sei... Talvez na loja de logros do tio Jorge... – Rose falou se afastando e tentando limpar as lágrimas.

            - Adoro essa loja... Vem comigo que eu te levo lá.

            - E se a gente se perder? – Rose falou triste.

            - Só confia em mim... – Scorpius falou dando a mão para a menina e conseguindo a levar até a loja.

            - Rose! – Hermione exclamou desesperada. – Como sumiu assim? Seu pai está desesperado. Tio Harry também!

            - Desculpe mamãe... Fiquei olhando os doces e não vi vocês se afastarem. – Rose choramingou.

            - Tudo bem querida. Só não faço isso novamente. – Hermione a abraçou.

            - Prometo mamãe! – Rose disse sorrindo. – Espera só um pouco. – Hermione olhou a filha andando em direção de Scorpius.

            - Obrigada. – Rose sorriu. – E sempre! – Ela disse.

            - Sempre o que Rose? – Scorpius falou sem entender.

            - Você disse: “Só confia em mim”... Bom eu estou respondendo. Sempre. Sempre vou confiar em você. – Rose beijou a bochecha do loiro e saiu correndo para os braços da mãe.

            Por tudo que Rose falou Scorpius teve certeza que a sombra em frente ao lago era a melhor. A árvore estava cada dia maior e conseguia produzir a sombra perfeita.

            - Isso! – Scorpius falou sentando-se de frente para o lago.

            Rose demorou a aparecer, o loiro já estava desistindo de esperar, se fosse qualquer outra pessoa ele já teria se levantado. Mas não era qualquer pessoa, era ela.

            - Scorpius! Pare de sonhar e me ajude. – Rose falou se aproximando carregando uma cesta enorme e uma toalha xadrez, exatamente como ela descreveu. O sorriso da garota era radiante.

            - Rose? Como conseguiu tudo isso? – Scorpius disse enquanto pegava a cesta das mãos dela.

            - Segredo de família. Um dia eu te conto. – Rose sorriu. – Gostei da sombra.

            - Sei que é seu lugar preferido. – Scorpius falou corando.

            - Só porque eu vim pra cá quando aquele idiota do Will estragou o que seria o meu primeiro beijo por ser um completo retardado. Ou porque quando você namorou aquela chata da Diandra e parou de falar comigo eu passava o tempo todo aqui? – Rose falou rindo.

            - Tem aquela vez que você largou o baile de natal e estava aqui contando estrelas. – Scorpius sorriu também. – Sempre que você sumir eu sei onde te encontrar.

            - Por isso que sempre confio em você! – Rose falou o abraçando.

            - É melhor arrumarmos o tal de pega Nick! – Scorpius disse sério e vermelho.

            - Piquenique. Você deveria está no estudo sobre os trouxas! – Rose disse séria.

            - E ser expulso da família? Já bastou o susto deles quando no terceiro ano apareceu uma mini coruja carregando um presente de natal de uma Weasley. Meu pai engasgou e ainda taca isso na minha cara. – Scorpius falou.

            - A Pichí está realmente velhinha. Papai a aposentou depois daquela viagem. Acho que foi traumatizante para as duas partes. – Rose disse séria. – Hora do Piquenique.

            Ela estendeu a toalha. Era tanta coisa gostosa. Suco de abobora, bolos, tortas, chocolates.

            - Como conseguiu tudo isso? – Scorpius disse novamente. Era inacreditável.

            - Eu já disse... Tenho contatos. – Rose falou triunfante. – Só faltou uma coisa.

            - O que? – Scorpius falou intrigado, para ele estava tudo ótimo.

            - Um violão... Minha mãe fez meu pai aprender a tocar, porque ela ama músicas. E ele sempre leva o violão no piquenique e fica tocando as músicas preferidas dela. – Rose disse sonhadoramente.

            - Isso não é problema. – Scorpius falou.

            - Como assim? Não tenho um violão... Você sabe o que é um violão? – Rose o olhou curiosa.

            - Sei... O Alvo me explicou o que era. E bom... Ele tem um. – Scorpius disse constrangido. – Ele me ensinou a tocar. E o Hugo é bom nisso também.

            - Quase esqueci que o Alvo tocava. Papai o ensinou e o Hugo em muitas das férias na Toca. Acho que entendo como o senhor Potter tímido consegue namoradas tão bonitas e populares. – Rose riu.

            - Por quê?

            - Meninas gostam de violão, de músicas. Acho que foi assim que a minha anta que chamo de irmão conseguiu conquistar a Lily, mesmo que amos neguem a relação e o sentimento. – Rose riu.

            - Não sabia que meninas gostavam de violão. – Scorpius riu.

            - Só quando elas gostam de música. – Rose sorria.

            - Então vou fazer uma surpresa! – Scorpius falou se levantando.

            - Aonde vai? – Rose falou sorrindo.

            - Só confia em mim. – Foi à vez de ele sorrir.

            - Sempre! – E dela rir.

            Eles estavam no quarto ano. Scorpius brigou feio com Tiago. O moreno estava falando mal dos Malfoy e Scorpius não agüentou calado como sempre fazia. Voou para cima do primo de Rose sem se importar com varinha, com nada. Queria resolver tudo nos punhos.

            Ele conseguiu bater em Tiago, mas também apanhou, a ponto de ter seu nariz quebrado. Ele não poderia procurar a “enfermeira” da escola, pois no mínimo ficaria de castigo sem visitas a Hogsmead. Procurou a única pessoa que poderia lhe ajudar.

            - O que aconteceu com você? – Rose perguntou desesperada.

            - Briguei.

            - Com quem? – Ela estava assustada.

            - Com seu adorável primo. Tiago Potter! – Scorpius disse com raiva.

            - De novo? – Rose parecia triste.

            - Ele estava falando mal da minha família. Apesar de tudo eles são a minha família, Rose. – Scorpius disse também triste.

            - Eu sei... Agora deixa eu resolver isso. – Rose ergueu a varinha.

            - O que vai fazer?

            - Só confia em mim! – Rose sorriu.

            - Sempre! – Scorpius disse fechando os olhos e logo depois sentindo uma dor, seu nariz voltava ao normal. – Como ficou?

            - Com a mesma cara arrogante de sempre. – Rose falou rindo.

            - Você é genial...

            - Obrigada!

            Scorpius voltou com o violão de Alvo na mão. Ele sorria satisfeito ao observar a cara de surpresa que Rose fazia.

            - Não acredito nisso! – Ela falou ao ver o loiro sentando-se a sua frente.

            - Bom... Acho que Alvo não vai me matar por pegar o violão emprestado por algumas horas né? – Scorpius sorriu.

            - Acho que não... Mas você é louco, se alguém ver?

            - Rose... Isso não é uma arma ou algo assim. É só um violão... – Scorpius riu. – E a idéia foi toda sua. Esse tal de pega Nick.

            - Piquenique! – Rose o corrigiu. – Mas não precisava de tudo isso.

            - Ah... Eu queria ajudar. E você disse que seu pai sempre tocava quando você fazia isso com a família. – Scorpius parecia decidido.

            - Eh... Mas... – Rose apenas sorriu. – Tá certo... Você conseguiu, como sempre, me convencer!

            - Pensei em tocar uma música que alguém me mandou durante um verão inteiro. A mesma letra sempre, com a mesma voz berrante. – Scorpius sorriu.

            - Jura? Eu amo essa musica!

            - Nem desconfie disso depois das 25 primeiras cartas. – Scorpius começou a tocar o violão. Rose observou um monte de meninas parando para olhar a novidade. Scorpius era muito popular entre as meninas, pelo jeito misterioso dele ser e pela beleza herdada pelo pai que embora arrogante e egoísta sempre fora extremamente bonito. Rose odiava entrar em qualquer lugar e ouvir as meninas suspirando por Scorpius, e era bem pior quando alguma delas pedia sua ajuda por ela ser a melhor amiga dele. Naquele momento, por exemplo, Rose queria expulsar todos do jardim.

            - Rose? Está escutando? – Scorpius perguntou.

            - Desculpa... Mas é estranho ver todas essas pessoas olhando. – Rose disse irritada.

            - Relaxa... Quando a chuva chegar elas vão. – Scorpius olhou para o céu encoberto por nuvens.

            - E nós também! – Rose exclamou.

            - Nada disso. Eu vou tocar e você precisa escutar. – O loiro falou retomando as notas. – Ignore o fato de essa música ser cantada por uma mulher e eu ser homem!

            - Tudo bem Scorpius. – Rose sorriu sem tirar os olhos do amigo.

            - Então ta... – Scorpius começou a tocar no instante que pequenas gotas começavam a cair do céu.

Eu e você
Não é assim tão complicado
Não é difícil perceber...

Quem de nós dois
Vai dizer que é impossível
O amor acontecer...

           

            Muitas meninas davam gritos histéricos com medo da chuva, e todos começavam a correr para dentro do castelo. Quase todos. Scorpius e Rose continuavam ali, sentindo as gostas geladas sobre suas peles sem realmente sentir.

            Rose sorria enquanto ouvia a voz de Scorpius passando pelo seu ouvido e chegando a seu coração. E mesmo que a voz dele não fosse linda, ela a escutava assim. Escutava como se ele fosse o melhor cantor do mundo. Scorpius continuava tocando sem conseguir desgrudar os olhos de Rose, alo nela o prendia e ultimamente isso se tornava mais forte e mais intenso.

Se eu disser
Que já nem sinto nada
Que a estrada sem você
É mais segura
Eu sei você vai rir da minha cara
Eu já conheço o teu sorriso
Leio o teu olhar
Teu sorriso é só disfarce
O que eu já nem preciso...

           

A chuva já molhava eles intensamente. Os cabelos de Rose estavam murchos e colados em seu rosto. E mesmo molhado o violão que Scorpius tocava soava belas notas. Era um momento louco, unico e especial.

Tudo tinha perdido o sentindo, o som. Rose sentia o coração batendo no mesmo compasso da voz do loiro que tinha os fios do cobelo caidos sobre os lindo olhos azuis acizentados, a camiseta estava colada no corpo magro, porém forte dele, e o sorriso dele a cada fim de frase fazia com que ela viajasse em sonhos dourados e doces.

Sinto dizer que amo mesmo
Tá ruim prá disfarçar
Entre nós dois
Não cabe mais nenhum segredo
Além do que já combinamos

            E o que Rose gostaria de dizer estava sendo cantado por Scorpius. Ela queria dizer que o amava, desde o momento em que o viu pela primeira vez. Naquela estação de trêm movimentada e animada. Rose queria dizer que o amava desde da hora que ouviu o pai dizendo para não se tornar muito amiga dele.

            Scorpius cantava, mas era apenas por saber que aquela música era a preferida dela. Ela. Aquela garotinha que sempre esteve ao seu lado. Que sempre o tratou como Scorpius e não como o filho de um vilão. Rose sempre estava lá, com seu sorriso de lado, seu jeito mandona e engraçado, com suas ideias loucas e com sua paixão por doces. Ela sempre ela.

No vão das coisas que a gente disse
Não cabe mais sermos somente amigos
E quando eu falo que eu já nem quero
A frase fica pelo avesso
Meio na contra mão
E quando finjo que esqueço
Eu não esqueci nada...

            Rose sempre tentava esquecer o que sentia, sempre tentava se lembrar que eram apenas amigos. Mas ela não conseguia. Sempre que dormia sonhava com declarações do loiro, sempre que o via com alguma menina sentia o coração quebrando e sempre que tentou sair com alguém sofreu decepções enormes. E era sempre ele que estava lá... Dando o ombro amigo para as mais diversas lágrimas.

            Scorpius se lembrava do primeiro abraço que ela havia o dado. Foi quando ela se perdeu no Beco Diagonal. Ele se sentiu tão importante em ajudá-la, se sentiu tão feliz em vê-la agradecida. Provavelmente desde daquele momento seu coração acelerava sempre que ela aparecia, sempre que falava oi, sempre que sorria, sempre que fazia ele se sentir importante em sua vida. Sempre foi Rose.

E cada vez que eu fujo, eu me aproximo mais
E te perder de vista assim é ruim demais
E é por isso que atravesso o teu futuro
E faço das lembranças um lugar seguro...
Não é que eu queira reviver nenhum passado
Nem revirar um sentimento revirado
Mas toda vez que eu procuro uma saída
Acabo entrando sem querer na tua vida

            O chuva continuava caindo e eles já estavam totalmente enxarcados. Não que algum percebesse isso. Os olhares estavam conectado de tal maneira que nem mesmo um furacão seria capaz de separá-los. Os olhos mel de Rose tinham um brilho especial. Ela no fundo sabia que era o momento certo. Ela saiba que mesmo que procurasse mil saidas o destino dela era ficar ali. Sempre fazendo parte da vida de Scorpius. Provavelmente seus caminhos estavam traçados antes mesmo deles nascerem. Ela sabia... Sempre foi Scorpius.

           

Eu procurei qualquer desculpa pra não te encarar
Pra não dizer de novo e sempre a mesma coisa
Falar só por falar
Que eu já não tô nem aí pra essa conversa
Que a história de nós dois não me interessa...
Se eu tento esconder meias verdades
Você conhece o meu sorriso
Lê o meu olhar
Meu sorriso é só disfarce
O que eu já nem preciso...

            Scorpius sorria como nunca. Normalmente ele era muito mal humorado e vivia reclamando de Tiago e de muitas pessoas, e ela sempre o escutava e sempre o defendia. Ela sempre foi perfeita. A mais inteligente, a mais engraçada, a mais louca, a mais... O unico amor da sua vida. Rose era seu destino e por isso eles se entendiam, por isso sempre liam o olhar um do outro. Por isso sempre foram Rose e Scopius.

E cada vez que eu fujo, eu me aproximo mais
E te perder de vista assim é ruim demais
E é por isso que atravesso o teu futuro
E faço das lembranças um lugar seguro...
Não é que eu queira reviver nenhum passado
Nem revirar um sentimento revirado
Mas toda vez que eu procuro uma saída
Acabo entrando sem querer na tua vida

            A música chegou ao fim e mesmo sem cantar ou tocar Scorpius continuava encarando Rose como se a vida dele dependesse disso. Rose sorria contente, nunca sua múscia tinha sido tão perfeitamente tocada.

            Eles se levantaram sem desviar os olhares. Se aproximaram. Olharam para o céu finalmente sentindo a chuva.

            - Parece que não vai parar tão cedo. – Scorpius falou timido.

            - Amo chuva. Parece que lava a alma. – Rose falou sorrindo.

            - Rose... Eu preciso... – Scorpius falou voltando a encarar.

            - Scorpius... – Rose suspirou.

            - Mas...

            - Só confia em mim! – Rose disse colocando as mãos sobre a face do loiro.

            - Sempre! – Ele suspirou.

            Rose encostou seus labios sobre os de Scorpius, eles estavam molhados e parecia que jamais poderiam voltar a se separar. O beijo começou leve, tranquilo, com medo e expectativa com o tempo ganhou paixão, ansiedade e ternura. Era uma mistura calma e impulso, de sonho e realidade, era uma mistura de sol e chuva. A chuva continuava a cair sobre eles fazendo seus corpos se colarem mais intensamente e fazendo o beijo começar a se desfazer. Eles se separaram ofegantes, e com sorrisos nos rostos.

            Rose encostou sua testa na de Scorpius e sorriu olhando no fundo dos olhos do loiro. Ele sorriu de volta puxando ar. Os dois riram.

            - Scorpius... Eu esperei tanto por isso. – Rose sussusrrou.

            - Não tanto quanto eu. – Scorpius sorriu e abraçou. – Eu te amo Rose.

            - Eu também te amo. – Ela disse passando os braços pelo pescoço do loiro.

            - Esse foi o melhor piquenique da minha vida. – Ela riu.

            - Esse foi o melhor dia da minha vida. – Ele ergueu ela e a girou. Cairam sobre a grama molhada. – Você sempre foi e sempre será a Rosa mais linda de Hogwarts.

            Rose sorriu voltando a beijá-lo.

            - Por isso eu sempre confio em você. – Ela sussurou no ouvido dele.

            - Sempre! – Ele disse sorrindo.


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