Comfortably Numb escrita por makkori


Capítulo 3
Terceiro




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/126152/chapter/3

Estranho e inesperado, Takanori concluiu.

Uns dias atrás, o garoto teve a felicidade de encontrar o caminho para o terraço e se deleitou quando percebeu que era o único frequentador do lugar. Agora sempre o usava para fugir.

Mas hoje, nesse dia qualquer e nublado, o encontraram.

Suzuki estava ao seu lado, sentado e comendo como se fosse já um hábito, uma parte tão crucial de sua rotina quanto acordar. O que ele fazia ali, o garoto não sabia e nem perguntaria, mesmo querendo muito saber a resposta. Se fosse para chutar, talvez Suzuki estivesse lá porque ele queria. E chutar, nesse caso, e apenas na mente do mais novo, significava desejar.

Takanori acordou de seus devaneios quando um “O que foi” dito por uma voz abafada por comida o assustou. O tom não tinha violência, era apenas pura dúvida verbalizada de repente.

O menor só riu e respondeu “nada” enquanto percebia os vários tons de cinza da cidade e o vento que movimentava levemente os cabelos.

E Akira apenas observou maravilhado o estar de Takanori. Ele conhecia muito bem esse sentimento que estava borbulhando no momento, que tremia e ameaçava derrete-lo ao mais singelo ato do outro.  Nada disso era o suficiente, ele queria mais e mais e muito mais. E era o que ele mostrou ao loiro menor quando selou os lábios desprevenidos com os seus próprios num beijo desajeitado e intenso.

                                                                                                                               

No começo,  Takanori ficou sem reação, no meio, começou a entrar no clima. Mas deu fim a tudo quando sentiu suas costas batendo no chão e perceber que já estavam perigosamente na posição horizontal e Suzuki parecer maior quando sua silhueta encobriu toda a visão do pequeno loiro.

Seria mentira dizer que foi apenas por isso que Takanori saiu correndo, deixando um Suzuki frustrado e culpado no terraço. Ele sabia muito bem que queria aquilo, queria ter alguém, queria se sentir amado de alguma forma, de qualquer forma, não importava, contanto que fosse amor.

O problema é que ele já tinha passado por tudo aquilo.

O que estava trancado e guardado tão cautelosamente acabou vindo à tona. E aquela pendência o sufocou e o alertou.

Não, não e não, ele prometeu a si mesmo naquele hospital que nunca mais reviveria aquele drama e angústia e lágrimas no travesseiro.

Não adiantava mais. A ferida latejava de novo.

Takanori ignorou novamente.

E tudo voltaria a ficar bem.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Quase no final de tudo. Se eu fosse o Takanori não seria tão covarde. Ficar sozinha não é válido como escolha de vida, é mais uma consequência (?). Eu mentiria se afirmasse o contrário. Enfim.