Comfortably Numb escrita por makkori
Estranho e inesperado, Takanori concluiu.
Uns dias atrás, o garoto teve a felicidade de encontrar o caminho para o terraço e se deleitou quando percebeu que era o único frequentador do lugar. Agora sempre o usava para fugir.
Mas hoje, nesse dia qualquer e nublado, o encontraram.
Suzuki estava ao seu lado, sentado e comendo como se fosse já um hábito, uma parte tão crucial de sua rotina quanto acordar. O que ele fazia ali, o garoto não sabia e nem perguntaria, mesmo querendo muito saber a resposta. Se fosse para chutar, talvez Suzuki estivesse lá porque ele queria. E chutar, nesse caso, e apenas na mente do mais novo, significava desejar.
Takanori acordou de seus devaneios quando um “O que foi” dito por uma voz abafada por comida o assustou. O tom não tinha violência, era apenas pura dúvida verbalizada de repente.
O menor só riu e respondeu “nada” enquanto percebia os vários tons de cinza da cidade e o vento que movimentava levemente os cabelos.
E Akira apenas observou maravilhado o estar de Takanori. Ele conhecia muito bem esse sentimento que estava borbulhando no momento, que tremia e ameaçava derrete-lo ao mais singelo ato do outro. Nada disso era o suficiente, ele queria mais e mais e muito mais. E era o que ele mostrou ao loiro menor quando selou os lábios desprevenidos com os seus próprios num beijo desajeitado e intenso.
No começo, Takanori ficou sem reação, no meio, começou a entrar no clima. Mas deu fim a tudo quando sentiu suas costas batendo no chão e perceber que já estavam perigosamente na posição horizontal e Suzuki parecer maior quando sua silhueta encobriu toda a visão do pequeno loiro.
Seria mentira dizer que foi apenas por isso que Takanori saiu correndo, deixando um Suzuki frustrado e culpado no terraço. Ele sabia muito bem que queria aquilo, queria ter alguém, queria se sentir amado de alguma forma, de qualquer forma, não importava, contanto que fosse amor.
O problema é que ele já tinha passado por tudo aquilo.
O que estava trancado e guardado tão cautelosamente acabou vindo à tona. E aquela pendência o sufocou e o alertou.
Não, não e não, ele prometeu a si mesmo naquele hospital que nunca mais reviveria aquele drama e angústia e lágrimas no travesseiro.
Não adiantava mais. A ferida latejava de novo.
Takanori ignorou novamente.
E tudo voltaria a ficar bem.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Quase no final de tudo. Se eu fosse o Takanori não seria tão covarde. Ficar sozinha não é válido como escolha de vida, é mais uma consequência (?). Eu mentiria se afirmasse o contrário. Enfim.