A garota corria, corria muito, mas não sabia pra onde ia, estava perdida.

   Perdida? Sim, aquela floresta por onde ela corria, ela não conhecia. Também não podia conhecer, era tudo quase um sonho, mas parecia pesadelo.

   - Onde eu estou?! – Berrou segurando seus cabelos com força, quase arrancando os fios quase loiros, e um pouco ondulados que possuía. Mas quem não faria isso? Ela estava mesmo desesperada.

   Lagrimas corriam por sua face igualmente ao que ela corria antes, pois agora ela já havia desistido e estava no chão, com a cabeça entre os joelhos, escondendo o rosto como se tivesse vergonha de algo.

   - Ah! – Seu grito forte, agudo e alto podia ser ouvido à quilômetros, se houvesse alguém nessa distancia.

   Sangue escorria por seus pés descalços, e por sua perna coberta por uma calça jeans, que não ajudava em nada no ferimento.

   Sua face estava molhada e seca ao mesmo tempo, pois lagrimas secas estavam ali junto com as novas que teimavam em escorrer.

   A menina chorava e chorava, pois não sabia como havia chegado ali, e talvez fosse melhor não saber mesmo.

   “É só um sonho.” Resmungava, mesmo sabendo que não era um sonho, era a realidade, e temia que a mais pura realidade acabasse num fim trágico, o fim de sua vida, e o inicio de uma historia de terror. A qual acabava no inicio.

   Olhava pros lados agora, mesmo sabendo que isso nada adiantaria, pois pra onde olhasse só havia árvores, os galhos que a cortavam ficavam marcados com sangue, e mais sangue, as não era somente o sangue dela que havia ali, havia o sangue de varias outras vitimas.

   Vitimas de quem ou de que? Da Morte. A própria, não era ninguém cumprindo o serviço dela, e sim ela mesma. Levando vidas e se tornando mais forte e maligna a cada vez.

   Olhava, e sentia, o horror da menina, inocente e indefesa que aos poucos perdia sua vida e sua força junto com o sangue que escorria por sua perna e outras partes de seu corpo.

   A menina em seu desespero, já pensava em acabar com sua dor, se matando de uma vez e se deixando levar, mas quando esticou a mão para pegar um galho afiado, tudo sumiu.

   Será que havia morrido? Não. Pois a morte é suave e calma, apesar de maligna e perversa, já a vida é dolorosa, doentia e dura. Ela ainda sentia dor, apesar de não ver nada ela sentia. Então estava viva ainda. Isso aos seus olhos agora era péssimo, já não queria mais viver, o objetivo da Morte já estava cumprido, mas ela queria mais, queria mais agonia, não só o desejo de morte da menina.

   - AH!- Gritou mais uma vez quando sentiu uma dor mais forte em sua perna, e esse foi seu ultimo som, pois não conseguia mais falar, além de querer morrer estava muda, isso já não era demais? Para Morte não. Quanto mais dor, melhor.

   A menina cada vez mais desesperada tentava gritar, ver ou se mexer, mas não conseguia, já não conseguia mais nada.

   Esta apenas se rendeu em seus momentos de nostalgia, fechou os olhos e pensou: “A vida não é boa, mas pense antes de dizer, quero morrer.”

   E esse foi o fim de mais uma vitima, dando o inicio concreto ao fim, o fim da vida, o inicio do poder da Morte.