Caminhei rapidamente ao encontro de Jake. Com ele ali e La Push tudo parecia perfeito.

            - JAKE! – gritei eufórica e saltei sobre, derrubando-nos no chão.

            - Nessie! Cuidado garota ou assim você me quebra não sou de pedra. – ele repondeu aos risos.

            Fiz uma careta.

            - E o que faremos? Temos uma tarde. – perguntei.

            Ele sem hesitar disse.

            - O que quiser!

            Bati palma animada e dei o primeiro palpite que me veio a cabeça.

            - Saltar do penhasco!

            Ele hesitou e fiz uma careta.

            - Acho melhor não, imagina a cara que seu pai faria quando se deparasse com você toda encharcada como da última vez que você veio?

            Epa.

            Papai detesta quando venho a La Push, acho que é porque aqui tenho mais liberdade faço o que quero. O Jake faz de tudo para me fazer feliz, acabo tirando proveito disso. E quando sugiro algo que está ao alcance de Jake, sendo seguro e divertido para mim, ele cede. Mas, nem tudo é seguro para o papai principalmente quando Jake está no meio. Da última vez que vim a La Push (um mês atrás) resolvi pular do penhasco, papai ficou bravíssimo enxotou Jake para fora de casa, de novo, e me deixou de castigo, sem La Push e caçadas em Goat Rocks. Fiquei furiosíssima, afinal eu sou mais perigosa para a água do que ela para mim. Papai as vezes é protetor ao extremo até parece que sou feita de cristal. Mas subestimar o papai estava fora de cogitação.

            - Verdade. – concordei.- Então a gente pode ficar na praia...?

            - Claro, claro... – nos dirigimos ao eu carro e partimos para a praia.

            Daí em diante me reservei ao silêncio. O comportamento da Tia Alice ainda não saía da minha cabeça. Ela foi estranha mais do que estranha. Seu silêncio repentino após a saída do shopping e de repente a necessidade de levar a La Push. Ela sabia do meu castigo, e ela nem gosta quando venho aqui. Havia algo oculto. Uma visão que perdi? E o que não era para eu saber? Com certeza não era nada bom. A essa altura estavam lá em casa todos reunidos na sala de jantar discutindo. Mas discutindo o quê? O que deixaria tia Alice tão nervosa? A vi poucas vezes assim. Da última vez foi quando...Preferi não completar minhas suspeitas, senti minha garganta se fechar.

            - Chegamos Nessie. – Jake já estava na minha frente com a porta aberta para mim.

            - Hummmm... – foi só o que consegui dizer.

            Nos sentamos sobre as rochas. O dia estava como em todos os outros em Forks, céu nublado. Com certeza vou dormir com chuva, é tão gostoso chuva me deixa mais sonolenta. O vento batia forte sobre nossos rostos, o mar estava agitado. Quando me sentia mal sempre buscava a companhia do Jake ele era como se fosse meu ombro amigo, me acalentava sem muitas palavras. Mas, para mim era o suficiente. Deitei minha cabeça em seu ombro. E fiquei absorta tentando pensar nas mais mirabolantes teorias sobre o comportamento da tia Alice.

            Jake afagava minhas costas. Depois segurou meu rosto a modo que eu ficasse com minha face inclinada a ele. Ele ficou a me olhar, e por mim ficaria assim por um bom tempo. As vezes ele me olhava com tanta intensidade, seus olhos pareciam me dizer tantas coisas. Coisas que não sei, mas que gostaria de saber.

            - Algo ta te incomodando... – e quando fiz menção de interrompê-lo ele estendeu a outra mão livre para que me calasse. Seus dedos tocaram suavemente no espaço entre as minhas sombracelhas. – E não venha me dizer que é impressão. Essa ruguinha aqui não me engana.

            Realmente. Não engano ninguém, respirei fundo duas vezes e resolvi desabafar.

            - A tia Alice...tá me escondendo alguma coisa...sei lá agindo estranha desde que saímos do shopping e depois veio com o súbito desejo de me levar a La Push...

            Jake escutou atentamente e depois simplesmente disse.

            - Estranho é, mas lá todos são.

            - Você me entendeu. – fechei a cara.

            Ele soltou uma gargalhada.

            - Que piada perdi? – perguntei azeda.

            - Nada é que...te vendo assim... – Jake não completou o que ia dizer, em seguida assumiu uma postura séria. – É sim Nessie você tem razão é estranho esse comportamento vindo da Alice, bem quando formos em casa veremos.

            Ele deu nos ombros.

            - E a piada qual era?

            - Nada é que você as vezes seu jeito é tão Bella... – ele sorriu.

            Não havia comentário melhor para Jake melhorar o meu humor. Todos dizem sobre os olhos são iguais aos da mamãe quando humana. As vezes dizem que me pareço, mas as vezes sinto que são comentários limitados. Para mim ela é como um anjo, linda tão linda quanto seu próprio nome. Ela deu a vida por mim. A amo tanto que meu coração chega a doer quando penso que algo ruim possa acontecer com ela. Mas só a vejo como a bela e poderosa vampira. Com certeza linda ela sempre foi. Mas como teria sido Isabella Swan?

            - O que você te pensando? – perguntou Jake.

            Me limitei a sorrir antes de responder.

            - Tava pensando na mamãe...Eu a conheço tão pouco. Jake como ela era antes?

            - Do jeito que sempre foi sabe o jeito dela não mudou muito. Diferente do que eu pensei ela continuou sendo ela mesma.

            - Mas como você a conheceu? Ah me conte Jake por favor por favor me conte me conte me conte.

            - Bem ela era um figura. Não podia andar numa superfície lisa sem tropeçar, tinha um ímã para tudo que era perigoso. Ela nos deu muito trabalho enquanto ainda era humana. Mantê-la viva foi quase que um milagre. Mas no fim ela virou o que é hoje. Mas não sinto rancor, ela é o que sempre quis ser e está feliz.

            - A mamãe era tão desastrada assim? – perguntei incrédula.

            - Desajeitada é a melhor palavra. Mas ela é incrível e estranha também. – ele franziu o cenho.

            - Por quê?

            - Bem os humanos geralmente tem repulsa a vampiros. E ela se sentiu incrivelmente atraída por eles. Casou-se com um. Definitivamente Bells era uma exceção à regra geral.

            Papai era lindo na minha opinião. Então achei o comentário estranho.

            - Ela veio de Phoenix há 8 anos atrás para Forks.

            - Phoenix é ensolarada e seco também. – fiz uma careta.

            - Verdade, mas ela gostava muito de clima assim. – ele deu nos ombros.

            - Estranho, por que alguém como ela viria para Forks, onde chove em 90% dos dias do ano?

            - Não sei bem, acho que foi o seu pai que a fez mudar de idéia.

            Bem provável o papai não ia viver encerrado em quatro paredes, mamãe devia achar injusto. E ela não viveria longe dele.

            - Conhecia ela desde criança, mas tanto tempo sem se ver...então demorou para se lembrar de mim. O Charlie comprou um carro de Billy para ela, uma caminhonete, era velha, mas o motor era muito bom, era dos anos 80...

            Fiz uma careta.

            - O que foi? – indagou ele.

            - Mamãe gosta de correr. Não consigo imaginar ela a 60 km.

            - Ela amava aquela caminhonete e seguia as leis, seu avô Charlie é um chefe de polícia. Além do mais Bella sendo um ímã para perigo, num carro veloz, bem o pior poderia acontecer.

            Essa coisa de ímã para perigo deve ser séria, era como se um raio procurasse cair sobre sua cabeça. Ainda bem que ela virou vampira, não ia durar muito humana.

            - Bells sempre foi linda. Mas seu rosto tinha cor. Os olhos eram idênticos aos seus. Só a via quando Billy ia visitar Charlie. Não éramos muito próximos. Ela conheceu sei pai na escola e se apaixonou. Eram uma coisa só. Meu pai nunca gostou dos Cullen por causa dessa coisa de vampiro e tudo mais. Me pediu para alertá-la sobre o perigo que corria...mas foi em vão. Tanto é que se casou e transformou-se uma Cullen.

            - Espera ai. Mas por que perigo? Que perigo o papai poderia oferecer? – perguntei sem entender.

            - Vampiros e lobisomens não se cruzam Nessie. Alguns vampiros são maus. Se nós e os Cullen nos damos bem é uma trégua que temos... – Jake disse sombriamente

            - Essa coisa de pacto, trégua, brigas de lobisomens e vampiros eu não entendo...Para mim você é Jake e eles a minha família, e amo a todos e ponto final. – cruzei os braços um pouco chateada. Pra mim essa coisa de pacto e trégua era uma grande baboseira.

            - Sua mãe também não. Nunca entendeu na verdade. Afinal amiga de lobisomens e de vampiros também. Mas a trégua surgiu porque eu quis assim. Amo a Bells, ela é uma grande amiga. Teria você, mas não iria sobreviver, não tive escolha. Pacto é pacto, se um humano for mordido por qualquer um dos Cullen, uma guerra se iniciaria.

            Refleti por uns instantes. Então se não houvesse eu. Mamãe iria se transformar seu destino estava traçado. Mas daí haveria uma batalha. E era o que mamãe não queria afinal Jake ou papai se machucariam, com certeza isso ela não queria. Mas por amor a mamãe, como o alfa que ele é abriu uma exceção.

            - Nossa... Em que confusão a mamãe se meteu. – disse impressionada.

            - Ela é um ímã de perigos esqueceu? Bells é uma figura. – Jake disse.

            A noite ia lentamente se mostrando no céu. O que significava que teríamos que ir para a casa. Papai não gosta que fique até tarde fora de casa, ou melhor, em La Push. Isso me fez pensar numa dúvida.

            - Jake a mamãe vinha a La Push?

            Ele franziu o cenho.

            - Bem no começo não. Mas após algumas fugas da Bells para cá e algumas discussões, ele cedeu.

            Mamãe fugindo do papai? Tinha que aprender uns truques com ela.

            - Vamos para a casa pequenina, tem uma lasanha deliciosa a nossa espera. – ele sorriu pretensioso.

            - Nossa não vejo a hora. – respondi ironicamente.

            - Tá amarelando Nessie?! Só porque sabe que como lasanha muito mais rápido que você... – ele zombou.

            - Isso é o que veremos lobinho. – disse lançando um olhar ameaçador.

            Jake soltou uma risada.

            - Você é uma figurinha Nessie. – disse ainda rindo.