“27-05-2011.

         Querido Uruha...

         Como pode ‘ver’ hoje é meu aniversario e não estou nem um pouco feliz! Sabe por quê? Por que sempre te amei e sinto saudades!

         Vou começar do inicio! (Irônico não!?)

         Lembro quando nos conhecemos. Era primavera, você estava sentado embaixo de uma arvore, observando eu e o pessoal jogarmos futebol.

         Gostava de você desde o tempo do colégio, mas eu, que mantinha a pose de machão e durão da escola, não poderia falar com você, ou minha ‘reputação’ iria por água a baixo.

         Sim, fui muito estúpido naquela época e me arrependo muito... Mas continuando...

         Eu estava prestes a fazer o gol da vitória; Se eu o acertasse iria dedicá-lo a você e que se fude-se o resto. Se eu errasse, bem... Todos iriam querer me matar. Havia driblado o goleiro, e quando fui chutar, vi um cara mexendo com você e tentando te puxar para algum ligar (culpa sua, que sempre manteve esse estilo ‘afeminado’ seduzindo todos que não sabiam que você era homem.) Meu sangue ferveu.

         Fiquei vermelho de tanta raiva, Larguei o jogo e não fiz o mínimo esforço de fazer o gol, Só queria socar a cara do imbecil que estava te perturbando.

         Cheguei por trás dele, o virei, e o acertei com um soco bem no meio da cara. Vi seu sangue em minha mão. Ele foi revidar, mas quando viu que era, resolveu apenas ir embora. Perguntei se você estava bem, e me ofereci para levá-lo para casa. Você agradeceu e disse que estava tudo bem, que não precisava, e totalmente tímido se apresentou.

         Achei uma graça! Depois de alguns meses se conhecendo melhor, resolvemos formar uma banda... Lembra como foi difícil encontrar um baterista descente!? Nossa... Cada um que aparecia... Até que encontramos o Kai, e junto com ele, vieram o Ruki e o Aoi. Sujeitinho engraçado esse Ruki né!? Baixinho, adorava exagerar nas roupas e maquiagens, vivia pintando os cabelos e ficava brabo quando nós o chamávamos de ‘chibi’... Era uma graça...

         Lembro também que, logo que a banda começou, eu lhe pedi em namoro. Você aceitou, e toda a branda comemorou. E para me provocar, você usava aqueles ‘shortinhos’ super curtos com uma ‘cinta-liga’ nos shows... Nossa, eu ficava totalmente excitado só de olhar...

         Nossa primeira vez então... Foi meio tensa e engraçada, mas muito romântica... Te levei para jantar e enquanto isso o meu cúmplice, Ruki, arrumava meu apartamento com velas e rosas, para quando voltássemos. Quando estávamos no quarto, se despindo, tivemos nossa primeira ‘briguinha boba’. A questão era: ‘Quem ia ser o uke!?’ Depois de meia hora, chegamos a um acordo. Na primeira ‘rodada’ eu seria o seme, na segunda, eu seria o uke. Após atingirmos o orgasmo, você deitou sobre meu peito, e com um sorriso bobo nos lábios disse que eu não precisava me preocupar, que na ‘segunda rodada’ eu seria o seme de novo.

         Estávamos juntos há quase oito anos, quando pedi sua mão em casamento. Foi uma grande surpresa para todos, principalmente para os fãs, já que esperei acabar o show, e no palco mesmo, na frente de todos e principalmente das câmeras, te fiz o pedido. Você me olhou espantado, assim como os demais, e com algumas lagrimas de emoção escorrendo pelo seu rosto, você disse que sim e me beijou. Aquilo foi inesquecível. Porem, a mais ou menos onze meses, nós começamos a brigar... E muito...

         Há cinco meses atrás eu já não agüentava mais brigar, eu iria querer fazer as pazes, se não tivesse visto aquela cena... Um idiota o pegando, e lhe dando um beijo.

         Coisa que apenas EU poderia fazer! Num ato de fúria misturado com meu ciúmes, o peguei pelo braço o arrastando para casa. Lembro que deixei seu braço roxo... Me desculpe por aquilo. Você chorava, apertava meu coração ver aquilo, porem meu ódio falava mais alto. Você dizia que faria qualquer coisa para eu parar, mas foi em vão! E foi nesse momento que eu fiz a pior burrada da minha vida... Fui até a cozinha, peguei a maior e mais afiada faca, e lhe entreguei. ‘Se mate’ foi à única coisa que saiu de minha boca. Você me olhou apavorado, e disse que não. Então eu ameacei a matar sua família e todos que você amava.

         Tive que fazer isso, pois sabia que seria a única forma de continuarmos juntos, na eternidade.

         Todos ficaram espantados quando falei, chorando, que você havia se matado. E ninguém desconfiou de mim....

         Só que, a mais ou menos três meses atrás, eu venho sonhando com você me chamando ao seu encontro. Você estava em um lindo campo, cheio de flores, mas a cada vez que eu me aproximava você se afastava. Tudo ia ficando escuro e frio e a cena de você se matando se repetia.

         Eu acordava na noite, suado, começava a chorar... A saudade batia em meu peito, a cama de casal vazia, ninguém para alegrar meus dias, me fazer um carinho, me esquentar, me chamar de ‘cacatua faixuda’ para me ver brabinho e depois me encher de beijos... Não havia mais ninguém... Não havia você!

         Hoje eu iria fazer trinta anos, mas não tinha você ao meu lado para me fazer feliz e comemorar. Resolvi então me da um presente...

         Por mais que o Kai, Aoi e Ruki fossem importantes na minha vida, não poderia fazer isso na frente deles. Já separei a corda, o banco, e o lugar (A arvore onde nos conhecemos). Agora espere mais um pouco que logo irei para o ‘vale dos suicidas’ te encontrar, para passar o resto da eternidade com você!

         Te amo muito, meu Kouyou.

                            Beijos Reita, ou melhor...

                            Seu Akira.”

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- Isso foi tudo o que você encontrou Sr. Yutaka? - Falou o delegado em sua sala.

- Sim senhor, posso me retirar agora? - respondi.

- Sim, pode ir, e... Meus pêsames!

Apenas o olhei e fiz um sinal de positivo com a cabeça. Fora da sala, Ruki chorava desesperadamente, enquanto Aoi tentava reconfortá-lo. Nada mais continuaria sendo igual depois de hoje.