Normal escrita por EmyBS


Capítulo 24
CAÇA E CAÇADOR


Notas iniciais do capítulo

Olha eu aqui trazendo mais um capítulo, eu sei que prometi para ontem, mas acabei não conseguindo atualizar... Beijinhos...



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Não era a primeira vez que eu e Vincent saiamos para caçar juntos, mas invariavelmente acabávamos nos afastando, como se isso fosse nos privar daquilo que tentávamos evitar.

Eu não podia dizer que estávamos bem, pois nem parecíamos os mesmos.

Era claro que eu ainda perdia o controle do meu corpo cada vez que ele estava por perto. Meu coração disparava descontroladamente como da primeira vez que o vi e meu rosto esquentava pela percepção que todos podiam perfeitamente notar a minha pulsação desigual pela simples presença de Vincent no ambiente.

Apesar de todos esses sintomas nossa relação estava distante.

Estava tão distraída com minhas próprias frustrações e sentimentos que levei alguns segundos para me dar conta do que acontecia na minha volta. Estava tudo muito quieto, quieto demais para ser verdade. Nesse momento a suave brisa me trouxe um aroma delicioso e já tão familiar de violetas amadeirado me fazendo virar instintivamente para a sua direção.

Eu não entendi muito bem o que acontecia, mas Vincent corria em minha direção.

Deixei minha cabeça cair de lado numa expressão interrogativa ao vê-lo parar perto de uma arvore ainda distante. Ele estava terrivelmente lindo com sempre e eu senti uma necessidade assustadora de tocá-lo mais uma vez e sentir a textura da sua pele em minhas mãos.

Vincent agora caminhava lentamente na minha direção sua posição era de caçada e seu rosto estava transtornado de raiva e desejo. Senti meu coração disparar mais uma vez no meu peito fazendo com que Vincent se movimentasse mais rápido.

Uma sensação de déjà vu se apoderou de mim.

Eu estava estática não conseguia mover um músculo sequer com a brisa suave balançando meus cabelos soltos levando meu aroma tão modificado para aquele vampiro que continuava a correr como se estivesse me caçando. Era isso ele estava fazendo, estava me caçando, mas dessa vez eu estava forte e me coloquei o correr dele pela floresta.

- " Acha que pode escapar de mim? " - a mente de Vincent gritou nos minhas costas. - " Seu cheiro já não é mais tão apetitoso, mas ainda assim me fascina. "

Vincent mantinha o olhar fixo nas minhas costas na nossa corrida, eu podia sentir seus olhos negros me analisando como um predador antes do ataque, ele analisava minhas chances e meus movimentos. O caçador estava solto e ficava cada vez mais próximo e eu me irritei por aquele vampiro ser tão rápido e então tudo ficou ainda extremamente rápido e distorcido na minha visão.

Meu corpo foi arremessado violentamente pela lateral a metros de distancia preso no chão em cima de algumas raízes entre as árvores. Respirei fundo, meu coração disparado pela adrenalina da situação parecia que ia sair do meu corpo.

Vincent estava sobre o meu corpo, prendendo meus pulsos firmemente no chão com uma das mãos sobre a minha cabeça, tão firme como dá primeira vez, mas dessa vez não me machucava e ele olhava intensamente para o meu pescoço.

- "Tão macia! Tão cheirosa!" – ele passava o nariz pelo meu pescoço sentindo meu cheiro e meu corpo tremia levemente com seu toque gelado.

Eu não pensei em me mover, enquanto sentia as mãos dele passeando pelo meu corpo e me deliciava com as sensações que ele me fazia sentia por estar tão perto. Era estranho. Fazia tanto tempo que ele não me tocava daquele jeito.

Vincent percorria a língua pelo meu pescoço até encontrar a minha clavícula.

Meu coração batia alucinadamente no peito e eu o senti rindo junto a minha pele.

- Vincent – minha voz saiu rouca e muito baixa.

- Eu adoro suas reações. – a voz dele também era rouca e estava próxima ao meu ouvido, uma voz deliciosa que me fez estremecer junto ao corpo dele fazendo-o se encaixar melhor sobre o meu corpo.

Ele me encarou com seus olhos negros de desejo e sua expressão se alterou drasticamente para uma angustia profunda.

- Precisamos conversar. – Vincent passou a mão pelo meu rosto demoradamente ao falar isso.

- Ótima maneira de iniciar uma conversa. – eu quase não tinha fôlego para falar, mas ele soltou meus pulsos rindo indo perigosamente em direção aos meus lábios num beijo suave mais cheio de desejo.

- Josh faz seu coração ficar assim? – Vincent perguntou casualmente com a cabeça apoiada com uma das mãos e não me olhava nos olhos, tinha seu olhar fixo no seu próprio dedo que percorria meu braço.

Vincent não moveu nem um milímetro do seu corpo de perto do meu, na verdade ele conseguiu se acomodar ainda mais próximo de mim e meu coração não parecia que iria sossegar tão cedo.

- Você sabe que não. – respondi olhando naqueles olhos negros como os meus apesar dele continuar a não me olhar.

- Eu não entendo. – a voz dele era levemente irritada e isso me fez sorrir.

- Eu também não entendo. – Vincent encarou meus olhos ao ouvir minhas palavras. – Ele sempre foi meu melhor amigo, ele sempre estava com meu pai, sempre esteve presente na minha vida.

- Você gosta dele?

- Gosto. – mordi meu lábio e senti o corpo dele pesar ainda mais sobre o meu.

- Eu não pretendo participar de nenhum triangulo. - Vincent se escondeu nos meus cabelos e falou no meu ouvido com uma voz fria e sem emoção aparente.

- Triangulo? – eu não agüentei segurar o riso e isso o fez bufar no meu pescoço – Vincent, não existe nada entre eu e Josh. Ele é muito importante para mim, mas como um irmão e amigo. – ri ainda mais sentido o seu rosnado no meu pescoço, Vincent mantinha o rosto escondido de mim. – Eu sei que ele gosta de mim, mas não posso evitar e ele sabe que... – perdi minha voz fazendo-o erguer o rosto para voltar a me encarar.

- O que ele sabe Sam? – os olhos negros dele estavam a centímetros dos meus.

- Que eu estou perdidamente apaixonada por você.

Vincent me segurou pela nuca e me beijou de um jeito que eu nunca poderia imaginar ser possível, a cada beijo parecia que ele conseguia se superar ainda mais me deixando completamente sem fôlego, e para uma meia-vampira isso era realmente difícil. As mãos dele percorriam o meu corpo numa urgência desesperadora e minhas mãos também procuravam o corpo dele com tamanha pressa que em poucos segundos conseguimos nos livras das nossas roupas.

As sensações que passavam pelo meu corpo eram indescritíveis, eu nunca tinha estado naquela situação com alguém, nunca havia sentido tanto desejo, nunca havia me sentido tão desejada como Vincent me fazia sentir. Meu coração cadenciava uma musica própria que seguíamos como se fosse nossa própria melodia. Nada mais me importava naquele momento, apenas o toque levemente gelado dele na minha pele, os seus beijos e o calor absurdo que eu começava a sentir até me levar a estremecer junto ao corpo dele.

- Eu tinha acabado de conseguir sair de uma guerra – Vincent começou a falar depois de um tempo em que ficamos contemplando um ao outro em silencio e se acomodando mais uma vez sobre o meu corpo.

Eu tentei perguntar de que guerra ele estava falando, mas Vincent colocou seus lábios levemente nos meus me calando.

- Me deixe contar tudo, depois você faz suas perguntas. – eu assenti sentindo meu coração a mil com os lábios dele sobre os meus enquanto ele falava.

- Eu estava perdido, confuso... Então Jully surgiu na minha vida, sua visão era única, despreocupada, ela não tinha aquele medo habitual dos humanos, foram os melhores seis meses da minha existência – me mexi desconfortável com aquela declaração e ele riu.

– Você vai ficar com ciúmes de alguém que já morreu há três décadas? – ele não desgrudou seus olhos dos meus.

- Eu.. – mas eu não sabia o que falar, pois eu realmente tinha ficado com ciúmes.

- Acho que eu tenho mais motivo, não? – Vincent deslizou sua mão pelo meu corpo me fazendo soltar um gemido involuntário pelo seu toque.

- Talvez. – eu murmurei voltando a abrir meus olhos – mas somente porque ele ainda está vivo.

- Hummm... Eu posso resolver isso rapidamente então. – eu podia sentir todo o divertimento na voz dele ao apoiar a sua testa na minha.

- Vincent Berdinazze! Nem pense numa coisa dessas, ele É importante para mim. – falei sem pensar e vi rosnar irritado antes de continuar a falar.

- Então pare de sentir ciúmes de uma mulher que eu matei! – toque seu rosto para tentar acalmá-lo um pouco e ele buscou meus lábios mordendo-os delicadamente enquanto eu me perdia na profundeza dos seus olhos negros.

Quando ele voltou a falar sua voz era mais calma.

- Eu estava caçando. Era uma noite quente e eu estava escondido num beco escuro. Eu não queria matar, começava a me arrepender das atrocidades que já tinha visto acontecer, das atrocidades que eu já tinha cometido. – acariciei seu rosto mais uma vez dando apoio, eu conhecia aquele sentimento.

- Eu cheguei a pensar em maneiras de morrer naquela época. – Vincent se aproximou do meu rosto e manteve seus lábios sobre os meus.

- Eu tentei ser humana. – disse fazendo meus lábios roçarem gostosamente nos dele.

- Não consigo imaginar você caçando humanos.

- Mas eu nunca cacei. Pelo menos não humanos.- suspirei virando o meu rosto enquanto os pensamentos de Vincent tomavam rumos confusos.

- O que você caçava? – Vincent sussurrou rouco no meu ouvido me fazendo arrepiar.

- Vampiros. – eu não encarei seu rosto e fechei minha mente ainda mais, pois não queria saber o que ele pensaria disso.

- E os outros? – Vincent puxou meu rosto me fazendo olhar nos seus olhos que apenas mostravam uma curiosidade aparente.

- Não. Eles caçam humanos, mas eu não devo falar mais nada sobre isso, por favor. – eu pedi sabendo que ele continuava curioso sobre o assunto, mas ele apenas arqueou uma sobrancelha e voltou a sua narrativa como se eu nunca tivesse falado.

- Eu tinha sede e estava num beco escuro esperando, esperando por um erro de um humano, um deslize, por alguém que cometesse o azar que cruzar aquela rua sem iluminação. – ele suspirou – então senti seu cheiro, não era doce, era um cheiro normal, sem grandes atrativos, como todos os outros. – Vincent inspirou no meu pescoço – apenas o seu cheiro me deixou descontrolado até hoje e apesar de mais suave ainda deixa um pouco.

Sorri com essa afirmativa, tinha receios da minha mudança de aroma para ele.

- Ela entrou naquela rua escura sem olhar em volta, entrou como se fosse normal não haver luz no seu caminho, como nada pudesse lhe causar mal por passar ali. – Vincent tinha um olhar perdido para longe de mim e acompanhava suas lembranças daquela noite.

- Eu continuei analisando aquela figura frágil se aproximar de mim na escuridão e quando eu me movi para atacá-la ela falou. – "Olá!" - Eu parei o movimento descrente, não tinha como ela ter me percebido ali, mas ela estava falando e não existia mais ninguém ali.

- Ela não tinha medo, nem receio, mas também não podia me ver na escuridão. Era uma postura estranha estar parada no meio de um beco escuro a alguns passos de um predador letal. – "Qual o seu nome?" – Eu não sei o que me fez responder, mas a sede naquele momento não era maior que o interesse que aquela estranha me despertava.

- "Eu me chamo Jully" – ela sorriu como se fosse normal se apresentar a um estranho, como se estivéssemos numa praça ou em qualquer outro lugar menos um beco escuro e deserto.

Ela continuou o seu caminho sem olhar para trás uma única vez e eu não sei o que me fez permanecer parado observando-a ir embora. Foi a primeira vez que me alimentei de animais, mas a verdade é que a imagem daquela mulher não saia da minha cabeça e eu não sabia o que fazer. Eu lembrei que Charlotte uma vez havia me dito que Jasper estava se alimentando de animais e pela primeira vez eu tentei.

- Foi estranho! – Vincent suspirou na minha bochecha.

- É horrível no inicio, eu sinto a diferença do sabor na mente deles... – falei sem pensar e vi dois olhos negros sobre os meus quando abri os olhos – é difícil pra mim estar perto deles por esse motivo também. – sorri fracamente e Vincent continuou sua narrativa.

- Jully virou uma obsessão e em poucos dias estávamos sentados frente a frente conversando, ela era diferente, natural, mas nunca tive coragem de contar o que eu era para ela. Foi a primeira vez que eu me senti humano, eram tantas sensações diferentes, eu queria ficar sempre junto dela, era quase doentio.

- Você me lembrou ela, aquela sensação de querer estar perto. – Vincent acariciou meu rosto.

- Por isso você fugiu? – eu não olhava para ele.

- Eu não fugi, eu apenas não queria repetir os mesmos erros e Edward estava extremamente preocupado, assim como Jasper e Alice. Alice estava paranóica tentando ver o futuro sem conseguir, mas ela achou que tivesse algo haver com Nessie e os lobos a principio.

- Não gosto dessa história de saberem meu futuro. – fiz uma careta de desagrado.

- Mas ninguém sabe. – Vincent me beijou e voltou a encarar a floresta.

- Eu estava tão feliz com ela, mas sabia que ela começava a reparar nos detalhes, minha ausência quando fazia sol, minha pele gelada, minha falta de apetite, a cor dos olhos, quando se está muito próximo de um humano, eles percebem coisas que preferimos ocultar.

- E no fundo eu queria contar a ela, queria revelar o que era, queria me abrir...

- Mas ela não aceitou tão bem quanto você imaginou. – sussurrei lembrando.

- Não, ela ficou assustada, fugiu...

- O acidente não foi culpa sua. – segurei o rosto de Vincent com as minhas mãos, ele tinha a expressão amargurada.

- Eu podia ter evitado, eu não devia ter deixado-a ir...

- Vincent... – sussurrei.

- EU A MATEI! – a expressão dele era de puro ódio e eu o abracei apertado.

- Eu te amo, Vincent... – sussurrei em seu ouvido enquanto nos deixamos ficar ali abraçados até que ele conseguisse controlar aquela dor que ele nunca ia esquecer, vampiros não esquecem.


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