Normal escrita por EmyBS


Capítulo 1
MUDANÇAS




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Forks era exatamente como eu imaginava e isso não era exatamente bom. Era úmida e fria. O céu estava encoberto por expressas nuvens e caia uma suave garoa, mas os cheiros do novo ambiente me puxavam de maneira assustadora.

Mal tínhamos entrado na cidade e eu podia sentir tudo muito atentamente, o ar negro, úmido e doce de Forks, um aroma inebriante que fez minha garganta queimar e o que mais se destacava eram o pulsar daqueles corações desconhecidos.

Suspirei com o pensamento, realmente tinha sido uma péssima idéia a mudança, mas minha mãe não me escutava fazia alguns anos e eu simplesmente desisti de tentar argumentar.

Mary estava radiante ao meu lado totalmente alheia aos meus problemas. Ela decidira sozinha o local da mudança e comprara uma casinha próxima a floresta e bem longe dos olhares curiosos dos vizinhos da pequena cidade.

Seus pensamentos flutuavam longe, ela era enfermeira e tinha conseguido emprego no pequeno hospital e estava muito animada pela vida no interior.

Eu sabia que em nenhum momento ela havia pensado em mim e isso era extremamente comum, ela não se importava e queria me lembrar sempre de parecer normal. Era difícil parecer normal quando nunca se envelhecia ou se alterava qualquer coisa na minha aparência e sempre que as pessoas começavam a reparar ela se irritava e nos mudávamos.

Era a primeira vez que ela estava extremamente feliz com a mudança, mas também era a primeira vez que nos mudávamos desde a sua nova regra: eu não deveria me alimentar de sangue e esse pequeno detalhe estava me tirando os raros cochilos que eu tirava todas as noites. Eu tinha duvidas de como eu iria reagir a aromas tão desconhecidos e o fato da minha garganta estar ardendo não ajudava nem um pouco.

Eu tinha convencido-a a não me matricular na escola de imediato principalmente por estarmos no inicio das férias e ela estranhamente resolveu me escutar, o que me deixava um pouco mais relaxada, mas sabia que para continuarmos ali por mais tempo eu deveria ir para a escola de maneira normal.

Estávamos numa antiga estrada meio abandonada quando ela estacionou e eu olhei para a minha nova residência e tive que admitir, era perfeita. A casa tinha dois andares e era linda, parecia um pouco velha, mas pelo cheiro a madeira era forte e resistente. A pintura estava um pouco gasta, mas isso era algo que podíamos arrumar e pela primeira vez nos últimos meses eu sorri para a minha mãe.

- Que bom que gostou! – "Finalmente uma reação agradável" - eu quase ri do seu pensamento eu sabia que ela não gostava do meu mau humor.

- Vamos entrar e depois levamos as malas – ela disse enquanto saia do carro, seus pensamentos a mil por hora – Acho que vamos ter que dar uma pintura por fora e eu espero que por dentro esteja tudo bem. – "Espero principalmente que tenha água quente" - eu ri do seu ultimo pensamento, realmente ela não tinha pensado em tudo antes de conseguir a casa.

Subimos juntas os três degraus que davam para a estreita varanda e abrimos a porta. A sala era ampla e a cozinha também e por nossa sorte a pintura da parte de dentro estava muito melhor que na parte de fora e eu reparei que a casa era extremamente aconchegante.

No andar de cima tinham dois quartos e para meu grande alivio dois banheiros. Isso garantiria toda a privacidade que nós duas precisávamos. Eu nunca iria conseguir entender como minha mãe tinha tantos perfumes e cremes, mas ela tinha trazido duas malas com todos os apetrechos de banheiro e eu estava agradecida de não precisar competir por espaço ali.

- Qual você prefere? São iguais em tamanho, mas um dá para frente da casa e o outro pra floresta atrás. – "Eu sinceramente prefiro o da frente, parece tão mais claro" – eu obviamente nem iria discutir isso, pois realmente preferia o da floresta.

- Eu fico com o de trás. – ela me olhou meio desconfiada.

- Tem certeza? – perguntou, mas eu abri meu sorriso mais amplo e respondi:

- Absoluta! – ela riu antes de entrar no seu quarto enquanto eu entrava no meu.

Caminhei lentamente até a grande janela no fundo do quarto e a abri completamente sendo envolvida por todos os aromas que vinham de fora, agradeci pela distancia da cidade, pois não reconheci o cheiro humano, mas outro cheiro muito doce e conhecido alertou os meus sentidos. Respirei fundo para ter certeza e passei meus olhos pela floresta.

Sim, eu estava certa e não apenas um. Havia um clã por perto e não só de vampiros, se meu olfato não estivesse enganado havia também "Lobos?" – pensei comigo mesma. Mas não eram os mesmos que eu havia conhecido na Europa, o cheiro era mais suave.

E então eu o vi correndo, claro que um humano não conseguiria vê-lo, mas eu não era humana. Ele era alto, forte, cabelos negros e pele pálida, extremamente pálida, como todos da sua espécie e olhos, seus olhos eram realmente lindos, de um dourado magnífico. Eu sabia que ele também tinha me visto na janela, mas eu era apenas uma humana para ele.

Bloqueei a minha mente, conhecia o suficiente os dons vampirescos para me manter aberta, teria que bloquear a mente da minha mãe também eu sabia o número de vezes que ela pedia mentalmente para eu ser normal e isso não era um pensamento considerado normal.

Ela não sabia que eu podia escutá-la e por isso não se importava em pensar livremente e me deixava tranqüilo saber que expressava quase sempre aquilo que pensava. É claro que embora ela nunca falasse sobre meu pai ela pensava nele freqüentemente e ele não era normal.


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