Sexta-feira. Enfim, dia de saber o que a Hannah queria. Estranhamente Kamai não apareceu no trabalho hoje.

- E aí Hannah, pronta pra hoje a noite?

- Estou sim. E quanto a você?

- Ah, se não estiver eu me aprontarei até a hora de sair.

- E sem impecílios, certo?

- Sem impecílios. Sabe onde a Kamai está?

- Kamai não apareceu. Será que ela está bem?

- Espero que sim, acho que ela viu números demais essa semana. Deve estar confusa com os algoritmos. Hehe – disse rindo, Hannah riu junto.

- E quanto ao caderno? Alguma notícia dele?

- É, ele apareceu mágicamente na minha gaveta. Acho que eu deveria ir pro teatro fazer a parte de mágicos. – Disse Eu, colocando um tempero de sarcasmo na minha voz.

- É! O conjurador de caderninhos! – Disse ela rindo. – Pelo menos você ja pode escrever mais poesias, né? – Ela continuava rindo. Não acredito que ela realmente achasse graça. Provavelmente ela só queria implicar comigo. Mostrando meu lado um pouco mais sensível.

- É verdade. Vai dar pra escrever mais coisas. Isso é, se bater alguma inspiração.

- Ah, fala sério. Pra quem escreve nesse nível, inspiração uma vez ao ano é o suficiente! – ela continuava rindo.

- Pois é Hannah. Volte ao trabalho.

- Tão sensível... Tão responsável... Um doce. Quase um caramelo.

Me sentei na minha cadeira, para evitar escutar a Hannah. Precisa me focar ou ia me distrair. Alguma coisa estava estranha hoje. Especialmente na hora do almoço. Quando Chris entrou na sala para dar um ótimo comunicado.

- Pessoal, vocês estão dispensados. Podem ir almoçar no aconchego de suas casas.

Um outro funcionário foi falar com o Chris.

- Tá brincando né chefinho?

- Se quiser trabalhar mais. Por mim tudo bem, mas hoje eu não pago hora extra. Se fizerem vai ser por exito, que não será reconhecido por mim. Está bem claro que todos estão dispensandos.

É. Como eu pensei, foi uma correria geral. Estranho que a Hannah não me avisou nada de onde seria o encontro nesses dois dias. Ela deve ligar, eu espero.

Mas ela não ligou. Ela preferiu aparecer na minha casa as 20:00, arrumada com um vestido preto com um decote um pouco exagerado, salto alto, escova, unhas pintadas, e seu namorado, que era um tanto quanto alto. Abri a porta do meu apartamento uma vez que eu estava de banho tomado e com algumas roupas. Só não estava vestido para sair.

- Hã? Hannah, não era mais fácil você ter me ligado?

- Não. Queria que fosse surpresa aonde iríamos. Senão você poderia resolver desmarcar por um motivo bobo.

- Entrem, por favor. Eu vou me arrumar em um instante.

Convidei-os a entrar e servi-lhes um copo de água com uns biscoitinhos. Fui me vestir logo em seguida. Como ela e o namorado dela estavam extremamente arrumados. Acho que eu devia me arrumar a caráter também. Fiquei com vontade de colocar um paletó, mas achei desnecessário. Coloquei uma roupa social, vestido num caráter de esporte fino. Uma camisa rosa com listras de giz brancas, bem espaçadas, uma calça social preta e sapatos, que eu não uso com frequência, mas sempre os tenho guardado. Terminei de escovar os dentes e passar fio dental. Que eu não levei em viés de esconder meus hábitos.

- A propósito, esse é o Roberto. – Disse ela quando estávamos saindo. – Roberto, esse é o meu amigo, Jolly.

- Prazer, Roberto. – Ele estendeu a mão

- Prazer, Jolly. – Apertei. Como manda a ética. – Então, aonde vamos, Hannah?

- Você verá quando chegarmos lá.

- Tem noção de onde iremos, Roberto?

- Ela também não me falou, Jolly. Essa mulher é cheia de surpresas.

- O Roberto me conhece bem. Hehe. – Sob tantos risos, deve realmente se esconder muitas surpresas. Preferi manter o comentário para mim. Fomos conversando enquanto andávamos.

- Então o Jolly programa e você testa?

- É. No caso, tanto eu quanto a Hannah programamos. Mas ela geralmente tem uma facilidade maior pra encontrar os erros mais sutis.

- Mas eu devo parabenizar o Jolly por conseguir optimizar todos os improvisos que ele faz. É incrível.

- O improviso ja é optimizado, Hannah. Hehe – Disse eu, rindo.

- Não se preocupe Jolly, eu estou acostumado com o fato dela achar erros sutis, ela consegue encontrar os menores problemas em tudo! – É. Estavamos debochando com a cara da Hannah. Pelo fato de ela ter um namorado, não faz sentido nenhum que ela quisesse controlar meus passos. Isso está muito estranho.