14 de Fevereiro de 2017, em algum lugar do oceano, Narkóvia. 10:29

Um grupo de centenas de helicópteros sobrevoavam o oceano em direção à costa leste da Narkóvia, escoltados por esquadrões da força aérea, aquele era o maior assalto que Borávia já fizera em uma guerra, apresentando uma excelente estratégia para confundir o país inimigo, todos os bombardeiros que entraram no espaço aéreo narkoviano estavam disfarçados como aviões da Narkóvia, e a primeira cidade a ser atacada teria todo o tipo de comunicação com o resto do país cortada minutos antes da invasão, proporcionando assim um ataque surpresa e sem que as demais cidades e o governo do inimigo soubessem que estariam sendo atacados.

Dentro de um dos CH-47, soldados estavam sentados nos bancos, preparando suas armas e esperando a hora de desembarcar em solo inimigo, um deles carregava um rádio e tentava pegar alguma transmissão de rádio que não fosse militar, estava tentando fazia vários minutos e tudo o que conseguia pegar era estática.

- Ray! Desliga isso! Não vai conseguir ouvir nada aí além de estática! - Disse William sentado no banco segurando sua M4A1, a maioria dos soldados ali riram.

- Calma, estou quase lá... Consegui! Aí, consegui! O que você disse sobre eu não pegar nada? - Perguntou Ray para William que pegou o seu capacete e o jogou no chão, rindo.

Uma música começou a ser ouvida no helicóptero, o estilo da música lembrava os anos quarenta, os soldados ficaram surpresos por uma música parecendo ser tão antiga estar tocando numa rádio.

- Que raio de música é essa? - Perguntou um dos soldados.

- Peraí, eu conheço essa música! - Disse outro soldado.

- Conhece? Você gosta desse tipo de música?

- Nem tanto... Minha avó ouvia muito essa música, se não me engano chama-se I Don't Want to Set the World on Fire, essa voz... Acho que é da Vera Lynn.

- Vera quem?! Pra mim, a voz das cantoras daquela época são todas iguais! - Disse Ray, enquanto a maioria dos soldados riram em conjunto novamente.

- Da onde tá vindo essa música? - Perguntou William.

- Noroeste. Acho que de alguma cidade da Narkóvia. - Respondeu Ray, checando na tela do aparelho.

- Peraí, as transmissões não eram pra estar bloqueadas lá? - Questionou outro soldado.

- Não, as transmissões só serão cortadas lá durante o bombardeio.

* * *

Aquarius City, Narkóvia. 11:12

Todos estavam em pânico naquela casa, um ônibus parou em frente à casa da senhora Smith e pegou todos os civis ali, incluindo os pais de Gabriel, os navios na baía afundavam lentamente e as instalações do porto estavam em chamas, produzindo enormes e extensas colunas de fumaça negra nos céus, explosões eram ouvidas a todo momento e gigantescas bolas de fogo subiam no céu da cidade.

Rafael estava correndo pela rua, se protegendo em meio ao caos e olhando para o céu, observando a rota dos aviões, um SU-27 passou em altitude baixa em meio aos prédios e Rafael pôde ver o emblema em sua asa, mas aquilo não fazia sentido algum, o que confundiu-o.

- N.A.F.¹?!

* * *

- Puta merda! - Gritou Heberth vendo as explosões no horizonte. - Que merda foi essa?!

- Eu não sei... Temos que sair daqui agora! - Disse Gabriel correndo para dentro do supermercado.

- Hey, espera aí! Pra onde você vai?! - Perguntou Heberth correndo atrás de Gabriel.

- Eu tenho que tirar minha família da cidade, não vou deixar eles morrerem!

- Mas como é que eles vão morrer? O ataque é no porto!

- Heberth! É óbvio que vão bombardear a cidade também!

- Peraí, eu vou com você!

Gabriel e Heberth correram até uma escada rolante que estava parada, a escada dava acesso ao subsolo do supermercado, onde havia o estacionamento, houve mais um abalo e algumas luminárias caíram no chão.

- O que vamos fazer lá embaixo?! - Perguntou Heberth.

- Tá de brincadeira? Vou pegar o meu carro! - Respondeu Gabriel descendo as escadas apressado.

- O que?! Se formos lá embaixo corremos o perigo de tudo cair em cima da gente!

- E aí em cima também, não é mesmo?! - Disse Gabriel já no estacionamento, Heberth olhou para as portas do supermercado e viu elas serem destruídas por um objeto enorme ser arremessado contra elas, um caminhão ou algum veículo, filhos da mãe, disse ele, descendo as escadas depressa.

Gabriel estava correndo pelo estacionamento vazio, os abalos aumentavam cada vez mais e rachaduras começavam a aparecer no teto e nas colunas do subsolo, foi quando viu uma pequena moto vermelha no chão, ele conhecia aquela moto, então correu até ela e viu Alicia caída no chão, no primeiro abalo, um cano de água se desprendera e caíra na frente da moto em movimento, derrubando Alicia.

- Alicia...? Alicia! - Gritou Gabriel até ela. - Meu Deus! Heberth, me ajude aqui! Abra a porta do carro! - Disse Gabriel jogando as chaves para Heberth.

Heberth correu até o Chevelle e abriu a porta, moveu o banco do motorista e Gabriel trouxe Alicia em seus braços, deitando-a no banco traseiro. Heberth entrou no carro e Gabriel continuou por alguns segundos fora do veículo, um abalo mais forte ocorreu e algumas colunas cederam, pedaços de concreto começaram a se desprender e a cair.

- O que tá esperando aí?! Entra logo! - Gritou Heberth. Gabriel entrou no Chevelle e acelerou, desviando do concreto que cedia, entrou em uma rampa para fora do subsolo do supermercado e finalmente chegou à rua.

*Lá fora, o caos era total, uma multidão de pessoas corriam desesperadas de um lado para o outro, prédios estavam em ruínas e haviam vários incêndios em carros e ônibus, caças voavam a todo momento no céu e imensas bolas de fogo subiam no horizonte, o céu parecia estar vermelho, as colunas de fumaça não só agora vinham do porto, mas também do centro da cidade, o Chevelle andava lentamente em meio à multidão enquanto as janelas dos prédios explodiam e pegavam fogo, parecia mais o fim do mundo.