Percy Jackson, depois do Fim escrita por dudsandrade


Capítulo 3
Nico vê coisas demais


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que demorei DEMAIS pra escrever esse capítulo. Mas eu prometo que vou escrever mais periodicamente agora ok? :D



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A primeira coisa que eu pensei quando entrei foi que somente eu e minha mãe devíamos alugar aquele chalé no verão. O lugar estava com uma camada grossa de poeira no chão, assim como as toalhas que cobriam os móveis, para não sujarem. Tentei ligar a luz, mas pelo jeito a tempestade deve ter feito a energia cair.  O vento sussurrava na rua, e fazia uma brisa gelada entrar pelas frestas da janela.

Foi somente quando um trovão iluminou a sala, que eu pude ter um vislumbre do rosto de Annabeth, que me procurava na escuridão. Ela tremia, não sei se de medo ou de frio. Sem saber o que fazer, peguei a mão dela, fui apalpando seu braço até chegar no seu rosto, e dei um beijo na sua bochecha:

– Com frio sabidinha?

– Pergunta um tanto quanto retórica a sua, cabeça de alga. – e me abraçou. – Não tem nada pra nos esquentar?

E ficamos abraçados um bom tempo no escuro, até eu sentir o calor dos nossos corpos aumentando. Peguei a mão de Annabeth e pensei. Pelo que eu me lembrava do chalé, - e eu lembrava muito bem, depois de tantas vezes vir aqui – tinha uma lareira no quarto que minha mãe costumava dormir, e que eu por vezes dormia com ela, quando mais novo. Tateando a casa no escuro, chegamos a uma escada que rangia a cada degrau que subíamos, e Annabeth apertava minha mão como se ela quisesse esmagá-la. Chegando ao segundo andar, pus a mão na maçaneta, e entramos no quarto escuro.

Como o resto da casa, o lugar estava escuro, poeirento e com um leve cheiro de mofo. A cortinas na frente da janela se mexiam, devido ao vento que continuava soprando fortemente na rua, com a tempestade. Tinha algumas teias de aranha nas vigas que seguravam o teto, mas tive o bom senso de não informar esse detalhe à Annabeth: ela detesta aranhas. Aquela velha briga de Athena com Aracne, sabe? Annabeth sentou na cama, e eu me dirigi à lareira, que, obviamente, não tinha nenhuma madeira.

– Vou descer e pegar madeira para fazer fogo, Annabeth. Você espera? – mas descobri a resposta antes de ela responder, pelo pouco que eu conseguia de enxergar a cara de susto dela.

– E eu vou ficar aqui sozinha? E se tiver alguma aranha? – dizia ela, tão vermelha que quase podia iluminar o quarto. – Digo, vá, pegue de uma vez. – e cruzou os braços irritada.

Desci de novo as escadas quando outro trovão enorme iluminou a sala. E, na luz produzida pelas frestas da janela, via-se uma sombra – humana, provavelmente – mas que desapareceu antes mesmo do clarão do trovão sumir. Instintivamente saquei Contracorrente do bolso, e ao tirar a tampa, uma espada de 90 centímetros de puro bronze celestial apareceu em minha mão. Com o fraco brilho dourado emitido pela lâmina, pude ver que não havia nada, nem ninguém no aposento que pudesse ter produzido sombra qualquer. “Devo estar vendo coisas”, pensei. Não seria a primeira vez, afinal. Peguei as únicas três toras de madeira ao lado do fogão à lenha, e me dirigi novamente para o quarto, recebido por reclamações de Annabeth, de “que demora”.  Ela havia tirado o lençol de cima da cama, e estava sentada em cima dela, abraçando as pernas.

Me ajoelhei junto à lareira e arrumei de qualquer jeito a lenha, e com uma caixa de fósforos que tinha ao lado da lareira tentei, inutilmente, fazer com que as toras pegassem fogo.

– Ah, deixa que eu faço isso! – disse Annabeth, depois da minha terceira tentativa - sem sucesso - de acender a lareira. Ela pegou sua faca de bronze e lascou uns pedaços menores de madeira, e fez uma fogueira menor, por assim dizer. Colocou em baixo das toras agora organizadas, e acendeu as lascas de madeira. Elas pegaram fogo rapidamente, e, pouco a pouco, as lenhas maiores começaram a queimar.

Ainda tremendo de frio, ficamos olhando as pequenas chamas tornarem-se grandes, sem falar um com o outro. Foi quando Annabeth tossiu que eu propus algo que, em outra circunstância, teria me rendido um bom soco.

– Sua roupa está toda molhada, – disse – é melhor que você tire sua camiseta.

– O QUE? – escandalizou-se ela – você acha que eu vou ficar semi-nua na sua frente?

E, tirando minha própria camiseta e arrumando-a em cima da lareira, disse – você vai acabar ficando doente assim. Está muito gelada – disse colocando minha mão no braço dela – e eu não vou olhar! – disse com uma voz pouco convincente.

Annabeth hesitou, mas por fim me mandou sentar de costas na cama enquanto tirava sua camiseta laranja do Acampamento Meio Sangue. Assim que me sentei, senti um peso na cama, e Annabeth se sentou apoiada nas minhas costas. O fecho do sutiã dela incomodava, mas não ousei dizer isso.

– É bom que você não olhe para trás, cabeça-de-alga, ou eu juro que...

Mas ela não terminou a frase. Tudo que ela fez foi berrar “ARANHA”, e, de repente, eu havia sido jogado de costas para a cama, com uma Annabeth abraçada em mim, tremendo, de frio, de medo, de nervosa. “Mata Percy, MATA” dizia ela, deitada em cima de mim, enquanto praticamente quebrava todos os meus ossos no seu abraço.

– Não tem nenhuma aranha Annabeth!

– Tem sim, eu vi! – dizia ela aos soluços, com os olhos fechados fortemente, assim como seu abraço. Foi então que eu vi, uma aranha que não deveria ser maior que minha unha descendo sua teia do teto. Assoprei-a, e ela novamente sumiu na escuridão.

– Pronto Annie, não tem mais aranha.

– Não mesmo? Disse ela, se apoiando em uma mão me olhando nos olhos.

Foi quando nós dois nos demos conta da nossa situação: Eu estava sem camiseta, deitado na cama, com uma Annabeth apenas de sutiã, deitada em cima de mim. Por causa do choque, devemos ter ficado meros 10 segundos encarando um ao outro, mas que pareceram, no mínimo, 30 minutos. Então, sabe-se lá por que, Annabeth mais uma vez me abraçou.

– SEU TARADO! – berrava ela, enquanto tentava me bater – PARA ONDE QUE VOCÊ ESTAVA OLHANDO?

– TARADO, EU? – respondi – FOI VOCÊ QUE ME ABRAÇOU DO NADA! E CONTINUA ME ABRAÇANDO!

– ORAS, FOI POR CAUSA DAQUELA ARANHA ESTÚPIDA – dizia ela, me empurrado. – E É PRA VOCÊ NÃO CONTINUAR ME OLHANDO!

E num desses empurrões, ela caiu no chão, e, numa tentativa de não cair, segurou no meu braço, e me levou junto ao chão.

Eu estava agora com todo meu corpo apoiado em cima do de Annabeth, com nossos narizes quase encostando. Eu podia enxergar, por causa da luminosidade da lareira, o rosto completamente vermelho dela. Fosse por estarmos tão perto um do outro, por estarmos praticamente seminus, fosse pela cara de extrema vergonha de Annabeth, ela estava mais linda do que eu jamais a vira.

E, antes que ela pudesse reclamar por eu estar em cima dela, a beijei.

Pega de surpresa, ela soltou uma exclamação “Ah!” e virou o rosto, numa expressão que misturava surpresa e vergonha. Me levantei e ofereci uma mão pra ela, e, quando ela aceitou, puxei-a em uma abraço,e  voltamos a nos beijar.

Não sei quanto tempo passou naquele beijo, mas de repente estávamos de volta à nossa posição inicial: Eu deitado na cama, Annabeth em cima de mim, mas dessa vez nos beijamos com tanto desejo, que eu me surpreendi. Não imaginava que Annabeth tinha toda essa... vontade. Logo tínhamos que fazer pausas para poder respirar, e nesses vislumbres que eu via o rosto de Annabeth, eles continuavam muito vermelho, mas ela tinha uma expressão de pura luxúria, e eu tinha certeza que eu expressava o mesmo. Voltamos a nos beijar cada vez mais desesperados, como se o mundo dependesse disso. Eu passava a mão na cintura de Annabeth, e a puxei para dessa vez eu ficar por cima. Foi então que Annabeth olhou fixamente nos meus olhos por alguns segundos, e sussurrou no meu ouvido:

– Eu também amo você, cabeça de alga.

 Voltamos a nos beijar instantaneamente, e Annabeth, involuntariamente ou não, começou a arranhar minhas costas. Comecei então a descer meus beijos em direção ao pescoço de Annabeth, e ela gemia a cada mordida que eu dava. O fogo da lareira já havia apagado a tempo, e o quarto jazia no escuro absoluto, mas nem sequer prestamos atenção nisso. Nós estávamos completamente entregue ao prazer, e foi quando eu voltei a beijar os lábios dela, que um outro trovão iluminou completamente o quarto, e eu vi de novo uma sombra pela luz da janela.

Obviamente nos levantamos assustados, Annabeth levou a mão à sua adaga de bronze, mas ela havia deixado ao lado da lareira. Puxei Contracorrente, e pelo brilho da minha espada, pude ver a figura de um garoto de 12 anos, de rosto pálido e cabelos muito pretos e compridos, olhando em choque para a cama.

Nico di Angelo estava parado em frente à porta, encharcado, segurando sua espada de ferro estígio, com uma cara que mesclava surpresa e desespero.


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