Apocalipse; o Começo do Fim. escrita por XYZ


Capítulo 12
09012013 - O teste, caçada




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Rabiscado por cima:-----------------------------------------------------------------------------------------------

02012013- Acordei cedo, com a sirene, a Clarisse também, levantamos com os adultos, comemos, e fomos treinar, nada de interessante.

03012013- A mesma coisa, Clarisse e eu brincamos como sempre, e teve o treinamento, ando cansado, meu braço está melhorando.

04012013- Cla falou que é melhor eu só escrever quando tivesse algo legal pra contar. Se não eu ia fazer como vários outros e desencantar do diário e o por de lado, acabando por esquecer de escrever quando tiver algo bom, então até mais.

 09012013- Nos dias que vem se passando eu tenho vivido um verdadeiro videogame vivo, no caso de tiro ao alvo, hoje é nosso teste, se passarmos vamos poder ir para a patrulha, que segundo eles é mais perigosa e importante do que nossa tarefa. Como sempre fomos acordados pela sirene irritante eu enrolei na cama, que era verdadeiramente uma cama agora que dormíamos junto dos adultos, e como de habito, Clarisse subia na minha cama com uma única finalidade sádica. Me empurrar pro chão.

Desta vez não fiquei quieto, o momento em que comecei a cair e virei e a segurei pela blusa ela veio ao chão comigo e começamos a brigar. Nada sério, mas somos crianças apesar de tudo, e Cla estava preenchendo o vazio que eu tinha sempre em pensar em Pricilla, agora sempre que eu via uma oportunidade de importunar alguém não pensava em minha irmã, mas sim nela. Bem, rolavamos no chão entre socos até que ela ficou pro cima de mim e a nojenta quase cuspiu na minha boca se não fosse por minha heroína.

-Os dois, se arrumem, hoje vocês vão caçar depois do café! Não podem se atrasar.

Era Megan.  Me sinto cruel agora que estou tão habituado, cruel por ser quase um “menino perdido”, e nas palavras de Wendy:

 “João! Você está esquecendo de sua família!”, “Não estou não!” “Então quem é a nossa mãe?” “Oras, fácil! É você Wendy.” “Pedro! Quem é o nosso pai?” “Peter!”

Comigo não era diferente, quem é minha mãe? Eu sei, Angelina, que morreu próximo ao natal, mas eu juro que Megan é minha mãe... Quem é meu pai? Edmund, que morreu junto a mamãe, mas o Travis, é mais que um pai, o meu ficava trabalhando o tempo todo, e ele embora reclama de que somos pirralhos incompetentes, brinca conosco, nos ensina coisas, e embora não admita, ele se importa, eu sei. A coisa de Priscilla e Clarisse é mais difícil. Cla me seduz as vezes para eu lhe fazer favores, coisa que não costumava acontecer com a Pri, além de que, eu sei, ou ao menos espero, que minha irmão esteja viva.

Pois bem, Megan nos separava com meras palavras e um ar de mãe, quando diz escovem os dentes, troquem de roupa e se arrumem pra escola. Fizemos tudo prontamente, estando no refeitório. Deve se perguntar que tipo de caçada vamos fazer, mas o que pensou é mais que certo, nós vamos pegar carne pro almoço.

Durante toda a refeição falamos nisso, e depois partimos armas dos e prontos para o trabalho! Travis disse que não se responsabilizaria se fossemos devorados por alguma coisa, ele ia supervisionar. E então fomos os três. Ele simplesmente nos guiou por uma trilha na floresta e mandou que fizéssemos o resto.

- Fique quieto Caleb! – Repetia Clarisse insistentemente enquanto andávamos, estava um tédio, todos em silêncio com as armas em mãos.

Ainda era fofo vê-la atirando, agora sua mãos e apenas essas ficavam envoltas em ataduras, mesmo sem machucado, para amenizar o coice da arma, o mesmo com meu ombro. Não precisávamos mais dos tapa-ouvidos, embora fosse mais agradável atirar quando os usávamos.

E quando eu ia voltar a me mover e falar alguma coisa, dois sons estridentes simultaneamente invadiram meus ouvidos. O da bala abandonando a Colt, e o ganido sôfrego de uma raposa. Pude vê-la de relance, atingida na perna, mas mesmo assim, tentando fugir mancando.

Entendam, sempre fui um bom garoto apesar de ter desligado a maquina da professora. Sempre fui bom aluno, e ouvia aquelas repetidas coisas sobre o meio ambiente atentamente, não se deve machucar os animais ou cortar arvores, o planeta fica cada vezmais próximo da morte quando o fazemos. Talvez a idéia de tirar uma vida quando nem eu , nem aquela vida precisavam disso, era que me machucava. Tenho certeza que empalideci, pois senti meu corpo caindo no chão.

- Agora Caleb, acabe com ela.

Clarisse falava sem olhar para mim, Travis apenas observava. Ao perceber minha falta de resposta, ela estendeu a mão para mim, me pedindo algo, não entendi, ela roubou algo de minha mochila e correu, sumiu entre as árvores.

Talvez ela acreditasse que tudo era um vídeo-game, que nada não passasse de um jogo, é, era isso, só desse jeito para ela, aquela com aquele indo sorriso infantil, puro e inocente que só nos dois sabemos dar juntos, ainda mais nesses tempos, só nós crianças que não desistiram podemos dar, só desse jeito para ela ser a pessoa mais assustadora que eu já cheguei a conhecer. O modo com que ela mata, nunca pensando duas vezes, sem hesitar nenhum pouco, sempre precisa, com golpes quase cirúrgicos, aquilo me assustava a um ponto impossível de se calcular, ela não dava valor a vida, por isso, para ela devia ser um jogo.

Ainda no chão, ouvindo outro ganido da raposa foi que me vinha a imagem a mente, uma meninha de vestidinho leve esvoaçando ao vento, um facão na mão, as vestes inundadas de sangue, e um sorrisinho invisível brotando no canto de seus lábios. Clarisse quando matará para me salvar, parecia gostar de ter feito aqueles cortes cirúrgicos sob a pele nogenta e repulsiva do monstro.

-Travis! Não consigo carregar!

Falava a vozinha. Travis riu gostosamente, me erguendo pela mochila e pondo de pé, me empurrando mata a dentro, junto a ele, e ali estava ela, de perninhas cruzadas, como um índio, mas montada sobre a raposa, girando minha navalha na mão, como um mero brinquedo, algumas manchas de sangue em seu rosto, mas a raposa inerte sob si.

- Caleb, você tah legal? – Perguntava, se levantando enquanto pegava minha mochila, e Travis me ajudava a segurar direito o corpo do animal, em outras situações teríamos de nos virar sozinhos, por isso, ele não podia carregar por mim.

Clarisse passou o resto do dia dizendo que se não fosse por ela eu teria sido reprovado, e eu passei o resto do dia, depois de me recuperar do choque, dizendo que ela era só uma menininha, e que tinha tido sorte.  Brincamos como sempre, comemos carne de raposa no almoço e treinamos.

Deus, se você existe mesmo, obrigado por Clarisse ser minha amiga.


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Notas finais do capítulo

Não sei se ficou claro, mas a ultima frase, tem o tom de medo.