Lembro bem do dia que o conheci, ele segurava uma taça de vinho e sorria para mim fazendo um brinde.

Ele usava um terno preto e gravata borboleta eu usava um vestido preto longo com um decote nas costas e meu cabelo estava preso com um coque.

Eu ficava tão sem graça quando ele olhava para mim e quando ele se aproximou, que desastrado! Derrubou o vinho em meu vestido.

Mas lembro de eu não ter ficado brava na verdade eu ri, ele ficou tão sem graça que acabou ficando vermelho até as orelhas.

No dia seguinte lembro-me de tê-lo encontrado novamente quando ia à padaria, ficamos conversando por um tempo até ele ter coragem para me chamar para sair.

Nosso primeiro encontro foi um desastre mais eu nunca tinha me divertido tanto.

Um ano se passou até você me pedir em casamento foi um dia inesquecível, os músicos a lua e a varanda com o jantar.

Lembro-me do dia que ele recebeu a carta, isso foi uns dias depois de ele me pedir em casamento.

Era uma convocação para a guerra.

No dia seguinte ela já havia ido.

Eu rezava todos os dias para que ele ficasse bem, lia os jornais a guerra estava cada vez pior.

Os dias passavam e eu me desesperava mais.

Eu ficava todos os dias no andar de cima de minha casa trancada em meu quarto encostada na janela, torcendo para ele voltar, mas nada.

Dois meses se passaram e da minha janela avistei dois soltados se aproximando, eu torcia para que um deles ser Edward.

Ouvi a campainha tocar e desci correndo abrindo a porta com um sorriso no rosto, mas Edward não estava ali, e o pior a expressão dos soldados não era nada boa eu sentia meu estomago embrulhar sabia que não viria nada de bom.

- Senhorita Rachel Woodson? – Perguntou o soldado.

- Sim. – respondi.

Naquele momento senti que algo ruim iria acontecer eu sabia que o que ele iria-me dizer seria algo terrível, algo que eu não poderia suportar e eu estava certa.

Aquele dia eu recebi a pior noticia de minha vida Edward havia morrido na guerra, cai em um poço profundo me afundando em uma solidão quase sem fim.

Dias se passaram até chegar o funeral.

Eu não conseguia olhar, não conseguia acreditar.

Um companheiro de guerra dele se aproximou de mim em silêncio ele me entregou um pacote onde havia um cartão junto que dizia ser de Edward.

Lembro que demorei dias para abrir o pacote, eu não conseguia abri-lo até que um dia eu tomei coragem e abri.

La dentro havia varias cartas que ele havia escrito para mim, mas tinha esquecido de enviar.

Peguei uma carta e a abri, lembro que minhas mãos tremiam ao ver sua letra me emocionei e coloquei uma das mãos em meu rosto e segurei o choro e comecei a ler.

“ Olá Rachel, estou assustado e sinto sua falta, me arrependo de não ter deixado você me acompanhar até a estação do metrô, mas eu tive medo de ver suas lagrimas e me arrepender de minha decisão me perdoe, Edward Mitchell “

Na hora senti meu coração apertar e abracei a carta com toda a força e senti as lagrimas escorrerem em meu rosto.

Dias se passavam e eu só saia do meu quarto para tomar banho e comer não falava com ninguém, ficava trancada o dia todo apenas lendo as cartas de Edward.

“Sinto saudades de você, não vejo a hora da guerra acabar e eu poder voltar pra casa

E te abraçar e girar como nos velhos tempos e prometo que desça vez eu  não vou te derrubar, Ei.. Espere por mi. Edward Mitchell”.

Eu sorri por um instante mais logo comecei a sentir as lagrimas caírem em meu rosto, eu não conseguia acreditar ele havia mesmo partido e aquelas cartas eram a única coisa que eu tinha que me fazia sentir viva era a única coisa que havia sobrado dele.

Os dias se passavam e a cada carta que eu lia eu sentia como se ele estivesse por perto até sobrar uma ultima carta.

Eu não queria abrir não queria ler a ultima carta sentia que se eu lê-se eu iria esquecê-lo para sempre e eu não queria esquece-lo não queria me afastar da doce lembrança dele.

Mais um dia se passou sem eu poder esquecê-lo e sem abrir a ultima carta eu ficava no meu quarto encostada na janela imaginando um mundo de fantasia onde ele passaria pela porta e entraria em casa com um sorriso no rosto como todos os dias.

Mas eu sabia que isso nunca mais aconteceria.

Lembrei-me do primeiro dia que nos beijamos, como sempre ele era um atrapalhado.

Estava frio e estávamos na praça da cidade, estávamos caminhando enquanto conversávamos.

Até pararmos de andar e ficarmos em silencio observando os pássaros no céu.

Até ele se aproximar para me beijar e acabar pisando no meu pé, ele ficou tão sem graça que eu me aproximei e o beijei.

Lembrar dele me fazia sorrir.

Um ano se passou e minha família estava começando a se preocupar comigo, eu não fazia nada além de ficar no meu quarto observando as pessoas lá fora da minha janela, eu não falava com ninguém e nem queria saber de ninguém.

Até que um dia resolvi abrir a ultima carta eu não sabia se eu estava pronta para saber o que estava escrito lá, mas eu precisava saber.

“Rachel, quero que saiba que a pessoa eu mais amo nessa vida é você e por isso eu preciso deixa-la ir.

Sei que hoje será o meu ultimo dia nessa vida, sei que o que acontecera hoje não trará felicidade a ninguém, mas me promete uma coisa? Me promete que não importa o que acontecer comigo hoje você vai seguir a sua vida? Promete que ira me esquecer? Não quero que se prejudique por mim não quero que sofra, por isso eu estou deixando-a ir.. Adeus..  Rachel Woodson.  

Com Amor: Edward Mitchell”

Naquele momento senti algo ir embora e eu pude respirar, peguei a carta e fiz um aviãozinho abrindo a janela do meu quarto e a jogando para longe a vendo voar como um pássaro livre como Edward Mitchell meu grande e único amor.

Adeus...