- Não vai dizer nada? - Um sorriso sacástico no rosto do homem que segurava a câmera portátil.

Uma garota se contorcia na cadeira, inútilmente, as mãos atadas por fita isolante, enquanto ele havia a amordassado com um lenço, diferente dos braços e punhos, as pernas haviam sido presas por uma espécie de corda, a pele pálida coberta de hematomas. Ela não parecia estar realmente sóbria; as pupilas diziam isso claramente.

E, o que mais a humilhava era aquilo. Estava completamente nua.

Um fio de sangue lhe escorria dos dedos, enquanto os olhos se arregalavam ao ver o que o homem tinha em mãos.

- Eu prometo, - Ele disse. - não vai doer nada.

A câmera parecia ter sido colocada num tripé, o ângulo exato para filmar toda a cena.

Tudo meticulosamente planejado.

~~ x ~~

- Entrega para você. - Disse Sara, enquanto atirava um envelope de espessura grande, na mesa de Grissom.

Há dois minutos atrás, ele lia sobre abelhas, a física não explicava o fato dessa espécie curiosa voar, o que o intrigava ainda mais sobre o assunto. O fato sobre o assunto era: como um animal de corpo tão gordinho e rechunchudo, conseguia ter um voo de longo duração, com asas tão pequenas e frágeis?

Fora interrompido da leitura ontem, assim que ouviu um som de heavy metal ecoar pelos corredores, e ver Greg passar por sua sala cantarolando algo, e fingindo ter uma guitarra em mãos. E hoje, Sara havia lhe entregue aquilo.

- Obrigado. - Ele susurrou, enquanto virava o envelope. - Sem remetente.

Sara ainda estava na sala, o observando tirar os olhos do livro e analisar o envelope. Após uma breve análise, o abriu e retirou um estojo de dvd.

- Vamos assistir. - Grissom disse, levantando-se da cadeira, com o estojo em mãos.

Dirigiram-se a sala de convivência em silêncio completo.

- O que é isso? - Catherine perguntou, enquanto bebia o café, sentada no sofá em frente á televisão.

- É o que vamos descobrir. - Disse Grissom, inserindo o cd no dvd-rom.

Grissom continuava de pé, estava tão aflito com aquilo que nem lembrou-se em se sentar, Sara estava ao lado de Catherine, as sobrancelhas franzidas, e os braços cruzados sobre o peito, antes que o vídeo começasse Catherine sentiu o celular vibrar me seu bolso, o pegou e saiu do ambiente.

- Willows? Lindsay? Sim, querida. Eu disse que iria tentar! - Ela exclamou, ainda com o copo de café em mãos, o líquido ameçando transbordar com seu movimento brusco.

Os olhos do laboratório se voltaram para ela.

- Eu sei que é véspera de natal. - Agora ela murmurava, constrangida. - Está bem, estou indo te buscar. Tchau. - Desligou o aparelho e virou-se em direção a sala de convivência. - Grissom, eu...

Parou assim que entrou na sala. As imagens haviam a chocado de tal forma que mal conseguia dizer algo.

A sequencia do vídeo era rápida demais para os olhos se acostumassem e vissem algo nitidamente, porém o aúdio era claro, gritos e diversos sons, eram perfeitamente ouvidos. Então, uma imagem, dessa vez, completamente visível, congelou na tela: uma mulher, aparentemente na faixa de vinte e um anos, cabelos loiros ondulados, amarrada em uma cadeira, o sangue cobrindo o corpo, completamente despida.

Para desespero de todos ali presentes, depois dessa imagem, o endereço, do respectivo local do crime, apareceu na tela, depois disso, só restou o silêncio.

~~ x ~~

O aroma de álcool exalava por todos os cantos do bar, apesar, de ter um leve toque de perfume importado.

Greg estava sentado no balcão há pouco mais de três minutos, e havia repetido a dose de whisky cerca de duas vezes. Hoje era o dia em que, geralmente, ele estaria aquecido sob a lareira, o cheiro de biscoitos frescos imundando a casa, a árvore natural enfeitada por bolas vermelhas, e, e sua mãe insistindo em fazer a troca de presentes após a meia-noite.

Mas, aquilo era completamente o contrário.

Virou o copo num só gole, e não pôde deixar de piscar, assim que sentiu o líquido descer quente por sua garganta. Ok, haviam sido três doses agora, mas mesmo assim ele estava sóbrio.

Ouviu o barulho de uma banqueta ao seu lado ser arrastada pelo chão, porém não tirou os olhos do copo vazio. Uma moça sentou-se ao seu lado e comprimentou o bartender com um sorriso famíliar, abriu sua bolsa-carteira e colocou uma nota de vinte doláres ao lado do drink.

Finalmente levantou os olhos.

Oh-oh. Acho que bebi demais, mas ainda assim estou sóbrio. Ele pensou, observando a moça com certa curiosidade. Não. Devem ter colocado alucinógino nessa bebida, ou isso é uma ilusão de bêbado. Greg pensou, assentindo.

A mulher aparentava ter a idade de Greg, talvez, um pouco menos, os cabelos negros ondulados cobriam seus seios, ela vestia um vestido dourado, brincos de safira se envolvendo nos cachos, os olhos verdes, as maçãs do rosto um tanto coradas em contraste com a pele clara. Bebericou o drink e então, dirigiu o olhar ao moço que a olhava.

- Greg? - Disse ela, surpresa e sorrindo. - Oi.

- Oi, Demi. - Ele respondeu, colocando o copo no balcão e esticando a mão para cumprimentá-la. - O que faz em Vegas? - Agora ele sorria.

- Proposta de emprego. - Demi bebeu um gole do cosmopolitan. - Mas, e você? Mora aqui?

- É. - Greg disse, se inclinando contra o mármore da mesa. - Forence.

- Oh. - A moça suspirou. - Investigadora particular. - Ela piscou, como quem acaba de contar um segredo.

- Uau! - Greg sorri. - Dia ruim? - Pergunta, enquanto, o bartender traz outro drink à Demi.

- O acontece em Vegas fica em Vegas. - Ela diz, agora desmanchando o sorriso. Um dos dedos da mão direita comportando um anel de pedra lázuli.

Essa vai ser uma noite longa, Greg pensa, pouco antes de pedir outra dose.