Till Dawn Comes escrita por Yukari-chan


Capítulo 1
Always. All ways.


Notas iniciais do capítulo

Fanfic do desafio que eu e a Miti (Mituski-san) fizemos. Ela escreveu 'Naraku' pra mim e eu escrevi 'Till Dawn comes pra ela.
É toda sua shushuzinho.

Estava escrita há tempos, mas só estou postando agora ~



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It's a beautiful lie
It's a perfect deny
Such a beautiful lie to believe in
So beautiful, beautiful that makes me

(30 seconds to Mars)

-Bom dia, Mizaki-san. Como ele está hoje?

Akira fez a pergunta enquanto se encaminhava calmamente para o interior da já conhecida clínica. Fechou o guarda chuva, fazendo com que algumas gotas escorressem molhando o chão. Deixou-o ao lado do balcão.

Finalmente voltou sua atenção para a jovem moça que lhe sorria de modo... Reconfortante.

Akira conhecia aquele sorriso. Como conhecia as palavras que ela diria a seguir. O rosto dela era bondoso, assim como a voz, mas as palavras dela sempre o quebravam um pouquinho mais.

-Ele é muito doce, Akira-san. – a mulher baixinha respondeu. – Nunca me lembro de ter desejado tanto o bem de um paciente.

-Ele é mesmo. – Akira sorriu.

As palavras mudavam, dia após dia, mas o sentido era sempre o mesmo.

-Está chovendo. Ele deve estar feliz. – o loiro sorriu gentilmente. – Se me dá licença.

A enfermeira apenas balançou a cabeça positivamente. Akira sabia o caminho, ela não precisava acompanhá-lo. Ele ia àquele mesmo lugar todos os dias. Já era conhecido por quase todo o pessoal do hospital.

O loiro andou até o final de um corredor bem iluminado, encontrando uma sala ampla, com várias janelas vítreas. Haviam algumas pessoas lá dentro, elas liam, pintavam com giz de cera, algumas delas apenas encaravam o nada.

Mas a atenção de Akira se prendeu em um moreno. O único próximo das janelas de vidro. Ele parecia observar a chuva caindo pela janela com um interesse genuíno.

-Boa tarde, Yutaka. – o loiro se aproximou dizendo de forma carinhosa.

-Boa tarde! – o moreninho abriu um lindo sorriso, respondendo de forma feliz. – Você é um dos médicos?

-Não. – Akira sacudiu a cabeça. – Eu não sou.

-Então quem é você? – ele parecia confuso.

-Eu sou alguém que veio lhe fazer companhia.

-Então você pode me contar uma história? – Yutaka perguntou de maneira empolgada. – Uma história com chuva! Pode?

-Você sempre amou a chuva, não é mesmo? – Akira perguntou e Yutaka confirmou com a cabeça. – Acho que eu posso fazer isso então.

-E qual o seu nome?

-Meu nome é Akira.

-Meu nome é Yutaka. Mas você sabe isso... Eu quero escutar sua história, Akira!

O moreno pegou a mão do loiro, puxando-o de forma infantil, até que ele se sentasse ao seu lado em uma das cadeiras próximas.

-Bom, vamos ver, Yu-chan... – Akira sorriu após se sentar, ganhando completamente a atenção do outro, que o escutava como se fosse a coisa mais importante do mundo. – Ela começa assim...

-o-

Estava chovendo muito em Tokyo. Reita odiava chuva. Sempre que chovia, ele nunca podia sair de moto, o que significava andar de metrô, ou ficar preso em congestionamentos completamente irritantes em seu automóvel.

Desde que, naquele dia em especial, ele estava com pressa, resolveu optar pela primeira opção. Quem inventou a chuva, não sabe o que é um dia atarefado em Tokyo! Sinceramente...

Bastava que o dia amanhecesse chuvoso para que Reita ficasse de mau-humor. O emprego dele exigia mobilidade. Se ficasse trancado em um escritório, não reclamaria tanto. Mas fazia parte do seu trabalho ir até os clientes para tratar direto com eles, isso lhe dava um adicional sem tamanho no final das contas.

Reita era um sujeito estressado. Um dos seus passatempos preferidos acabava sendo maldizer a vida e o quanto ela conspirava contra ele. A parte interessante é que quando mais ele tentava fugir do azar, mas o azar parecia ficar na cola dele.

Como naquele dia. Horário de almoço. O sol finalmente despontou no céu. Ele teria que almoçar em um lugar próximo, de onde estava. A próxima parada ainda demoraria. Teria que estar em Yoyogi apenas perto das quatro horas da tarde. Ia almoçar e descansar um pouco. Teria que pegar o metrô de novo de qualquer forma.

Claro, que aquilo era apenas pra que ele se distraísse. Logo o destino voltaria a aprontar.

Porque é claro que enquanto ele atravessava o parque até a estação de metrô, a chuva voltou a cair. Além de tudo ainda ia chegar atrasado e encharcado. Ótimo. Se abrigou debaixo da primeira árvore que achou, agora ele ainda poderia ser atingido por um raio, além de morrer resfriado, porque obviamente que a chuva ainda dava um jeito de atingi-lo.

Tinha mesmo era que mudar de emprego. Maldita idéia essa hein? Terapia ocupacional além de não dar dinheiro ainda colocava sua vida em risco. Devia ter escutado sua mãe, teria virado advogado, médico ou sabe-se lá mais o que uma mãe deseja que um filho seja. Ao menos ele estaria seco agora.

Abrigou os braços mais próximos do corpo. Roupa molhada e vento frio, péssima combinação.

-Parece que a chuva te pegou hein? – inicialmente Reita se assustou, e só então notou que a chuva não o atingia mais.

Um moreno sorria ao seu lado. Ele segurava um grande guarda-chuva azul escuro, acima das cabeças dos dois.

-É, ela adora me pregar peças... – respondeu de maneira mal-educada.

-Mas você não ama a chuva? – O outro pareceu ignorar o tom empregado pelo loiro. – Ela é sempre paciente e singela. Com seu jeito imponente, ela faz com que não nos sintamos sós. Com suas lágrimas, ela leva embora a nossa tristeza e a nossa solidão.

“A chuva sempre me deu a idéia de que Kami-sama chora e perdoa nossos pecados.”

Reita voltou a se virar para o moreno sorridente. Ele tinha um sorriso gentil e sincero, que fazia com que covinhas se formassem em sua face e seus olhos se fechassem levemente.

Por algum motivo, ele soube que não esqueceria aquele sorriso.

-o-

-Eh! Que bom que Reita-san encontrou alguém pra dividir o guarda-chuva com ele, ‘né? – Yutaka exclamou empolgadamente.

-Sim, ele encontrou, não é mesmo? – Akira respondeu com um sorriso gentil.

-Hai. – Yutaka confirmou. – Eu concordo com o que essa pessoa disse sobre a chuva, Akira. Quem era ele?

Claro. Ele concordava. Por que Yutaka podia se lembrar da chuva, e não dele?

-o-

Kai era, provavelmente, o completo oposto de Reita em todos os sentidos. Enquanto o loiro exibia uma carranca eterna para tudo na vida, Kai era um poço de paz e serenidade, como se nenhum dos problemas do mundo pudesse atingi-lo.

Em pouco tempo ele passou a funcionar como uma espécie de terapia para Akira.

De uma conversa despretensiosa embaixo de uma árvore, até uma “carona” de guarda chuva até o metrô, eles já haviam se visto mais algumas vezes. Conversas aleatórias e uma ou duas idas a um café qualquer, por simples oportunidade do destino.

Coisa que Reita pretendia mudar.

-Então, eu queria saber se amanhã você se interessaria em jantar comigo. – soltou de uma vez, no meio da fala de Kai, só então notando o que havia feito e se estapeando mentalmente.

Kai apenas sorriu. Não parecia nenhum pouco ofendido com a ‘falta’ de tato de Reita.

-Mas não seria só um jantar. Seria?

-Bom... Não.

-Você está me chamando para um encontro.

-Eu... Acho que tudo bem se você não quiser e...

-Eu adoraria. – Kai colocou o cotovelo na mesa a sua frente, apoiando o queixo sobre a mão e inclinando o rosto levemente.

Isso o deixava com um adorável ar infantil. Reita gostava daquilo. Dos sorrisos, do ar infantil, da doçura, a preocupação latente. Kai era uma pessoa fascinante.

-o-

-Então, Reita chamou o Kai pra sair? – Yutaka comemorou.

-Chamou. – Akira riu confirmando. – Ele estava morrendo de medo, pensou que Kai nunca iria aceitar.

-Claro que iria! Reita gosta tanto dele não é? Quer dizer... – Yutaka parou pra pensar por um instante. – O jeito que ele... O que ele pensa do Kai. Embora ele seja desajeitado, dá pra perceber que ele se importa muito, e que quer sempre a companhia dele, não é?

-Ah, ele quer. Pra sempre.

-Pra sempre? Então eles vão ficar juntos?! – Yutaka parecia feliz com a possibilidade.

-Bom... Reita nunca, nunca deixaria o Kai...

-o-

Fazia mais de um ano que estavam juntos. Mas naquele dia, Reita se sentia tão nervoso quanto no primeiro encontro que tiveram. Tinha receio de ser rejeitado, de falar a coisa errada. Até agora, por algum milagre, havia conseguido fazer as coisas da maneira correta, mas...

Mas e se ele estivesse sendo apressado demais?

Respirou fundo, olhando para Kai que encarava o menu com uma careta indecisa. Ele sempre ficava na dúvida e acabava pedindo a mesma coisa, de novo e de novo. Aquilo fazia Reita rir. Só que naquele momento, ele só conseguia se concentrar na própria ansiedade.

Esperou que o moreno fizesse seu pedido e escolhesse a bebida. Foi então que, sem dizer nada, retirou uma caixinha vermelha do bolso e colocou-a a frente do namorado. Kai ergueu a sobrancelha.

-O que é? – perguntou curioso.

Reita apenas riu, como quem diz: vá em frente.

Kai pegou a caixinha de veludo com cuidado. Tirou seu laço delicado o mais rápido que pode, queria saber o que tinha dentro. Mas não esperava aquilo.

-Reita... Isso é...

-A chave do apartamento novo que eu comprei. – Reita disse. – Ele pode ser nosso se você quiser.

-Você está dizendo que...

-Aceita morar comigo Kai?

E Kai não disse nada. Apenas voltou a abrir um sorriso, antes de se debruçar sobre a mesa, selando os lábios do namorado. Não se importava com os olhares que receberia, não se importava com o resto do mundo. Estava feliz demais pra nisso naquele momento.

-o-

-Então eles vão mesmo ficar juntos!

-Você acha?

-Eles se amam, ‘né?

-Amor basta, você acha? – Akira perguntou e Yutaka voltou a acenar positivamente com a cabeça. – Então você quer que eles fiquem juntos? – mais um aceno positivo. – Que bom que está gostando da história.

Yutaka sorriu, apoiando o cotovelo no braço da cadeira e deitando o rosto sobre a palma da mão.

Akira suspirou com a cena. Mas foi apenas isso.

-o-

Era uma noite chuvosa. Tudo bem, Reita tinha aprendido a gostar da chuva. Ela sempre parecia alegrar Kai de um jeito único, e Reita não podia deixar de se contagiar com aquilo. Ainda mais naquele dia.

Data especial. Os dois estavam saindo pra comemorar o aniversário de 3 anos juntos. O jantar seria no restaurante favorito dos dois, depois, Reita havia planejado uma surpresa para Kai. Iriam se mudar do apartamento, para uma casa modesta, mas com um pequeno jardim.

Kai poderia cuidar de suas flores e olhar a chuva, sentado na varanda. Reita sorriu com o pensamento enquanto dirigia pela estrada conhecida.

E aquele caminhão, veio de lugar nenhum.

Reita tentou virar, tentou manobrar. Mas o caminhão era enorme e seguia na contramão em uma velocidade absurda.

O resto havia ficado nublado na mente do loiro. Quando alguma consciência voltou a sua mente, estava preso em uma maca e... Kai! Tentou gritar de todas as formas, mas os para-médicos ignoraram.

Quando Kai acordou no hospital, Reita estava ao seu lado. Mas o brilho do reconhecimento não surgiu em suas íris ao olhar para o loiro.

-Quem é você? – Kai perguntou enquanto sorria.

E foi assim dia após dia. Sempre que Kai dormia, esquecia de tudo. Até mesmo de Reita. Não importa o quanto Reita voltasse, para vê-lo: primeiro no hospital, depois na clínica para onde ele foi encaminhado. Sempre, sempre que Kai fechava os olhos, esquecia-se dele.

E de todo o resto.

E para Reita, sobrou voltar todos os dias. Não importando o que acontecesse. Todos os dias ele ia ali. Nunca faltando nenhum. Sempre contava aquela mesma história para Kai, esperando que algum dia, ele se lembrasse e eles pudessem finalmente se mudar para sua casa com jardim.

-o-

-Eu não gosto mais dessa história! – Yutaka exclamou, com lágrimas nos olhos.

Akira esticou o braço, acariciando os fios negros.

-Sou eu, não é? Eu sou o Kai. Você, você é o Reita.

-É. Você é o Kai.

-Eu não quero esquecer de você!

-Você vai, quando fechar os olhos e dormir. – Akira murmurou calmamente, sempre terminava assim. – Mas eu prometo que sempre vou voltar.

-Eu não quero dormir, nunca mais então! – exclamou abraçando o loiro.

Akira sorriu, retribuindo o abraço e continuando a acariciar os cabelos de Kai. Era tudo que lhe restava: Esperança. Nunca deixaria de acreditar que um dia teria seu Yutaka de volta.

-o-

-Boa tarde, Yutaka.

-Boa tarde! – sorriu. – Você é um dos médicos aqui?

-x-x-x-x-


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Notas finais do capítulo

Obviamente baseado em "Diário de uma paixão" e com alguma coisa de "Como se fosse a primeira vez".
Estava com preguiça de betar...
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