Nós estávamos simplesmente conversando, e eu não podia estar mais feliz por isso. Eu estava – finalmente – conversando com Hannah Baker. E o tempo todo ela ria, o riso mais lindo do mundo. E de repente, ela me beijou.

     E ficamos ali, nos beijando. E tão de repente quanto começou, ela parou.

     Sem conseguir tirar o sorriso do meu rosto, perguntei:

     - Por que você parou?

     Ela resondeu:

     - Você é tão bobo!

     E nos beijamos mais.

     Até que acabamos fechando a porta e entrando mais para o fundo do quarto. Ficamos de um lado da porta. E o resto da festa,com aquela musica alta, agora abafada, ficou do outro. Então nos deitamos na cama. Não, não fizemos nada demais, só deitamos. Eu fiz meu braço de travesseiro para ela, enquanto minha outra mão estava apoiada suavemente no quadril dela. Ela me abraçava. E novamente nos beijamos.

     E eu sussurrei: - Sinto muito.

     No sentido literal das palavras. Eu sentia muito. Sentia tristeza por nào ter tentado falar com ela antes. Sentia felicidade por estarmos finalmente juntos. Eu apenas sentia. Os beijos pareciam primeiros beijos. Beijos de pura felicidade.

     E então ela disse: - Pare.

     Ela fechou os olhos, com tanta força que parecia que ia quebrar. E repetiu:

     - Pare.

     Eu estava estático.

     Ela empurrou meu peito.

     Ela enterrou o rosto no travesseiro e gemeu.

     - Hannah?? O que houve??

     - Clay, vá embora. Por favor.

     - Eu... Eu fiz alguma coisa errada??

     Então ela gritou. E eu parei de falar.

     Mas eu não fui embora. Não, eu nunca iria. Eu finalmente estava com ela, e não ia deixá-la ir tão facilmente.

     Eu apenas fiquei ali. Olhando para ela.

     Ate que alguém abriu a porta.

     Eram Justin e Jessica. Nós havíamos visto os dois no sofá mais cedo. Bebados. Jessica estava quase verde, mas ainda assim ria.

     - ... te disse, nós podemos... – Justin se interrompeu quando me viu. – Oh, desculpe, Jay. Não sabia que o quarto já estava ocupado.

     - Clay. – corrigi. – Dê o fora.

     Finalmente ele pareceu ver Hannah.

     - Oh, o que voce está fazendo com ela, Jay?? Ela é só uma vadia, voce sabe.

     Um som estrangulado saiu da garganta de Hannah quando Jessica riu.

     Me levantei da cama, as molas rangendo.

     - Meu nome é Clay. Saia daqui, Justin. E leve ela junto com voce.

     Ele sorriu: - Não é como se eu fosse deixá-la em algum lugar, não é mesmo?? Não terminamos ainda, não é querida??

     - Saia daqui, Foley, antes que eu lhe faça sair. – falei de punhos cerrados.

     Ele me olhou divertido, e depois sério enquanto saia pela porta.

     - Tudo bem, Jay. Mas não diga que eu não avisei. Ela é só uma vadia.

     E fechou a  porta.

     E Hannah começou a chorar.

     Eu me desesperei. Ignorando os pedidos dela para ir embora, eu a abraçei novamente. Ela não recuou.

     - Ei, não ligue pra ele. Ele é um idiota. Bebado. Ele não sabia o que estava dizendo.

     - Porque voce ainda está aqui?? – ela falou, tremula. – Porque não vai embora??

    Sem nem pensar, eu falei: - Porque te amo.

     Ela olhou pra mim chocada.

     Corei: - Eu... Eu demorei demais pra ocnseguir falar com voce. Para conseguir ficar com voce. Não vou embora tão rápido.

     E ela me beijou.

     - Clay??

     Saí de meus devaneios e olhei para ela.

     Minha esposa. A mulher que eu amava.

     Hannah Baker.

     - Em que estava pensando?? – perguntou sentando do meu lado.

     - Eu não estava pensando em nada – falei. Ela não gostava de lembrar daquela noite.

     Ela me olhou cética: - Clay, voce estava olhando para lugar nenhum...

     - Mas não estava pensando em nada.

     - ... e estava babando.

     O que?? Ai, droga. Toquei meu queixo e sim, eu estava mesmo babando.

     - Porcaria. – murmurei.

     Ela riu.

     Ouvimos um grito estridente seguido por um ‘’papai!!’’.

     - É melhor ver o que ela quer. – falei, sorrindo para ela.

     Subimos as escadas, e vi algo que não sei se me fez querer rir ou gritar. David estava correndo pelo quarto com uma almofada, e tentava bater na irmã.

     - Karen!! David!! Parem!!! – gritou Hannah. Os dois pararam.

     Karen imediatamente começou: - Ele começou!! Eu estava quietinha, e ele veio com o Doddy e me bateu!!

    ‘’Doddy’’ era o ursinho de pelúcia dela. Na verdade o nome dele era ‘’Robby’’, mas ela era muito pequena quando ganhou, começou a chamá-lo de Doddy e ficou assim.

     - Eu estava brincando!! – reclamou David. Ele era dois anos mais velho que a irmã, mas às vezes parecia ser muito mais novo.

     - Karen, não seja muito dura com seu irmão. E David, voce não devia bater na sua irmã!!

     - Eu estava brincando!! – repetiu – E nem machucou!

     - Voce não sabe! – rebateu Karen.

     - Eu...

     - Parem!! David, peça desculpas a sua irmã. – falou Hannah.

     Os dois estavam de cara emburrada e permaneceram quietos. Nesse meio tempo, eu mesmo peguei um travesseiro e joguei na cara dela.

     - Pelo amor de Deus!! Clay!! – ela gritou, brava. Mas eu via que ela queria rir.

     - Uhuuuu!! – gritou David, e jogou outro travesseiro na mãe. Karen gritou e desceu as escadas correndo.

     - Karen, não corra!! – gritou e saiu atrás dela. Eu e David fomos atrás, jogando travesseiros nela.

     Não demorou muito para estarmos todos brincando de guerra de travesseiros na sala. Nossos gritos nos fazendo continuar com a brincadeira, nossas risadas selando a felicidade de nossa família.