O Cativeiro escrita por Paola_B_B


Capítulo 22
XXI.


Notas iniciais do capítulo

Olá :D

Obrigada pelo carinho. Espero que gostem do cap de hoje ^^



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XXI.

A noite foi ficando cada vez mais fria conforme o passar das horas. Alguns grilos faziam sinfonias no silêncio da mata. Os guardas do cativeiro cochilavam apoiados na mesa em que jogaram uma empolgante partida de poker. Garrafas de cerveja ficaram espalhadas pelo chão. E apenas o ressonar de roncos passeavam pelo local. A casa também estava silenciosa, os membros do GTCCS dormiam sem nem ao menos sonhar no inferno que tudo viraria ao amanhecer quando descobrissem que Marcus havia fugido.

Mas uma conversa baixa ainda soava dentro da casa. O casal preso em um dos quartos que fora especialmente ajeitado sem nenhum móvel continuava a falar.

O tom não era mais alto que um sussurro. Risadinhas escapavam pelos dentes. Estavam em um clima completamente oposto ao ambiente. Mas o que mais poderiam fazer enquanto aguardavam o resgate do FBI? Chorar, se bater contra a porta, tentar passar pela grade da janela? Não. Isso só iria irritar aqueles perigosos homens.

Edward faria tudo diferente se estivesse sozinho. Com certeza já teria arranjado um jeito de sair de lá. Provavelmente seduziria a única mulher do grupo que fora incumbida da alimentação dos reféns – tarefa que ela esqueceu completamente de fazer – a prenderia de alguma forma, roubaria sua arma e silenciosamente escaparia. Mas Isabella estava junto a ele. Uma mulher que apesar de estar lidando muito bem com tudo não possuía um treinamento como o que ele tivera. Se tentasse escapar com a morena, provavelmente estaria a colocando em um risco muito grande.

- O que aconteceu no FBI antes de você parar aqui? – perguntou a mulher tomando uma expressão séria.

A conversa sobre seus antigos relacionamentos havia se estendido por um bom tempo, porém logo o esquecimento sobre onde estavam começou a desaparecer. E as olhadelas para o espaço em que se encontravam entre uma risada e outra foi trazendo a realidade para os dois jovens, até que finalmente a tensão retornou.

Masen suspirou e olhou para a sua frente sem nada realmente enxergar.

Isabella inclinou um pouco a cabeça para tentar ler a expressão do ruivo.

- Tem um cara. – começou o agente. – Que nós prendemos juntamente com os traficantes no porto. Achamos estranho que ele estivesse naquele meio, pois não tinha perfil nem de traficante e nem de usuário. Descobrimos que ele se separou da esposa após seu pai ter prendido sua amante.

A morena franziu a testa em uma careta. Com o canto dos olhos viu sua expressão e deu um sorriso amargo.

- Sim, um verdadeiro rolo. Descobrimos que essa cara, Garrett, estava envolvido com esse grupo daqui. Eles se intitulam GTCCS. Grupo Terrorista Contra Charlie Swan, o que convenhamos é um nome ridículo. O fato é que eles querem vingança contra seu pai. Todos foram presos por ele. Então eles a seqüestraram.

- Mas o que esse Garrett tem com a história?

- Ele foi o cara que me deu a idéia para esse plano grotesco que acabou por dar certo. Ele achou que estava me enganando durante o interrogatório, mas eu consegui guiá-lo exatamente para onde eu queria. Ele tentou jogar com a minha mente, me confundir, me irritar. E confesso que ele conseguiu me irritar bastante. Mas acabou deixando o plano de seu grupo exposto nas entrelinhas de suas frases. E aqui estou eu. Mas não pense que foi fácil. Os nervos estavam a flor da pele no FBI.

Swan estremeceu levemente imaginando o que seria dela se não fosse a competência do agente ao seu lado.

- Hey, você está bem? – perguntou preocupado ao notar o rosto de quem está prestes a vomitar em Isabella.

- Mais ou menos. – murmurou. – Não sei se é o medo ou a fome que me deixa assim.

A frase da garota o alertou.

- Não estão lhe dando comida?

- Me deram no primeiro dia, mas eu não tive coragem de comer. E água só daquela torneira do banheiro.

O agente arregalou os olhos. Por Deus! Mal sai água daquela torneira! Iria fazer 3 dias que Isabella não comia. Não era a toa que seus lábios estivessem tão ressecados e seu corpo tão magro.

- Agüente mais um pouco, dentro de algumas horas você estará em casa junto a sua família. – disse Edward com uma súbita vontade de consolá-la.

Ao ver os olhos da morena se enxerem tratou logo de passar um braço sobre seus ombros e trazê-la para junto de seu corpo.

- Eu prometo. – sussurrou com ênfase.

Porém ele não precisava fazê-lo. Isabella sabia que o agente faria qualquer coisa para tirá-la daquele horrendo lugar.

- Eu gostaria de saber como Alice está. – murmurou preocupada se apertando ainda mais contra o agente em busca de calor, só agora percebera que seus dentes batiam de frio.

- Ela ficou arrasada depois que você foi levada. Mas Rose a está ajudando. Soube que ela iria levar Alice para visitar Jasper.

Isabella sorriu levemente com a menção dos nomes.

- Conheci Rosálie. Conversamos por um tempo, ela pareceu uma mulher de personalidade.

- Muita personalidade. – concordou o agente risonho. – A loira fica louca quando dão em cima dela no FBI, mas parece que Emmett conseguirá amansar o coração da fera.

- O grandão também me parece um cara legal.

- McCarty é sem noção na maioria das vezes, mas possui um coração enorme.

- Tenho certeza que sim.

Masen então começou a contar histórias de sua infância com seu melhor amigo. Brincadeiras que costumavam fazer, enrascadas nas quais costumavam entrar. Confusões que o amigo se metia por se interessar pela bandida da história. Isabella riu desta parte, pelo visto ela e o agente não eram os únicos com péssimos antigos romances.

Contou então para ele do relacionamento que possuía com Alice. A cumplicidade imensa que compartilhavam. Sem saber porque, contou também ao agente que a pedido da baixinha ela deu uma de detetive atrás da mãe biológica. Contou de como Alice ficara arrasada pela mãe de sangue ser o que era e como escondera de seus pais o que ocorrera.

Edward passava a admirar ainda mais a mulher ao seu lado.

- Qual foi a pior coisa que você já teve que enfrentar? – perguntou o ruivo em uma busca desesperada por conhecimento em relação a morena.

Isabella ficou pensativa por alguns instantes e então fez uma careta.

- Uma lésbica que queria me agarrar. – respondeu e Edward arregalou os olhos. – Coisas de minhas amigas. Elas me arrastaram para uma boate GLS por que estavam revoltadas com os homens... Eu meio que fiquei traumatizada quando a mulher completamente bêbada foi para cima de mim. Saí correndo do lugar e quase fui presa por não pagar a conta.

Edward riu somando mais uma história bizarra da qual a filha de seu chefe foi protagonista.

- Não brincadeira. Essa pode ter sido uma coisa desagradável de se passar, mas acho que a pior coisa mesmo foi ver a mãe biológica de Alice. Minha cabeça girou sabe? Eu ficava com a mesma questão em minha cabeça. Como contar a Alice? Ela vai sofrer. Não posso fazê-la sofrer.

- Você a ama demais. – não era uma pergunta.

Ela assentiu sorrindo levemente.

- Pensei que responderia que estava vivendo o pior momento de sua vida.

- Talvez responderia sobre o cativeiro se não estivesse aqui comigo e me perguntasse depois de sair. – deu de ombros. – E para você? Qual foi o pior momento?

Edward não queria contar sobre aquilo, mas não conseguia segurar sua língua. De repente estava desabafando com a pobre mulher que fazia parte de sua vida efetivamente há apenas algumas horas.

Swan escutava tudo com atenção e horror, pois Masen contava a ela alguns de seus pesadelos pós guerra. Sentiu-se mal por ele, mas também se sentiu importante por ele estar compartilhando essa fase de sua vida com ela, por mais difícil que tivesse sido.

Com toda a bondade que tinha em seu coração pensou em alguma forma de consolar o agente, mas então percebeu que somente o escutar era grande coisa.

- Desculpe... Eu não deveria estar lhe contando isso.

- É proibido?

- Não. É que não é justo encher sua cabeça com essas merdas. Já é ruim suficiente para mim. Não quero que você sofra com isso também.

- Não vou sofrer. Não me importo que compartilhe suas dores. Na verdade eu quero que o faça.

A conversa não passava de um sussurro e era sincera como o amor de mãe. O cansaço já estava a puxando não deixando espaço para vergonha ou acanhamento. Edward resolveu contar histórias mais amenas. Escolheu episódios passados com seus pais.

Isabella apenas sorria com seus olhos já fechados. Edward sorria de volta querendo do fundo de seu coração que a morena descansasse pelo menos um pouquinho. E para ele estava ótimo o fato de ela estar o fazendo deitada em seu peito.

Resolveu calar-se a apenas observá-la.

Preocupo-se imensamente com as enormes olheiras embaixo de suas pálpebras fechadas. Sua magreza aparente também o deixava apreensivo. E por mais confiança que tinha no FBI seu coração se apertou em medo.

Não temia por sua vida e sim pela de Isabella. Precisava tirá-la dali o quanto antes ou a pobrezinha acabaria morrendo de fome.

E ali, velando o sono da moça, o agente Masen se concentrou em um novo plano. Se o FBI não chegasse até o meio dia do dia seguinte ele agiria por conta própria.


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Notas finais do capítulo

Então? Sentiram que as coisas vão ficar agitadas no próximo cap quando o dia amanhecer né?