-Não exagera miolo mole.

-Eu não estou exagerando.

Rupert falou com uma voz lenta e extremamente nervosa. Ele estava tentando se acalmar. O fato é que ele estava sim exagerando.

-Você precisa é me agradecer.

-Sabe, eu lembrei porque eu e Miguel começamos a brigar.

-Então? –levantei uma sombracelha.

-Ele confessou para mim que gostava da sua amiguinha chata. Da Livvie –arregalei os olhos, fingindo uma cara de espanto, até porque era uma coisa bem óbvia.- E eu comecei a rir dele. Nas palavras de Miguel eu “desrespeitei uma garota bela e doce que é a Livvie”.

Só acenei com a cabeça. Então, o Miguel começou uma revolução contra a personalidade do Rupert porque ele fez o que sempre faz com o “amor secreto” dele. Coisa meiga, hein?

-O Miguel deve ser muito burro também, para revelar seu maior segredo para você.

-Nossa, obrigado. Muito obrigado.

-E ainda por cima lida com isso de um jeito infantil.

-Ele negou que era por causa da Livvie. Mas é mentira.

-Óbvio! -falamos em um coro perfeito. Aquilo foi estranho.

-Então, deixa-me entender essa sua idéia, –ele falou após um momento em silêncio- você quer que eu sobreviva a uma luta?

-Basicamente.

-VOCÊ É LOUCA!

-Eu?

-É, você. Você precisa de remédios, e um bom psiquiatra. Uma camisa de força ia bem.

-Eu disse que você estava exagerando... Deixa-me terminar de falar?

-Eu não estou exagerando, quem está exagerando é você. É só uma briguinha comum. Agora eu vou voltar a ser um bom menino.

-Então vou avisar a Miguel.

-Não, espera... Você vai falar para ele que eu desisti e ele vai se sentir vitorioso.

Suspirei. Ô menininho indeciso.

-Tá, então o que o senhorio pretendes fazer?

-Vou aceitar. Duh!

Ele fez uma careta para mim.

-Quando você estiver agoniando na enfermaria, não venha me chamar!

-Agoniando na enfermaria, puuuf, até parece.

Eu já ia saindo até que ele deu um grito. Infelizmente, era novamente seu instinto de me irritar com uma de suas ideias.