Innocenza escrita por medusa


Capítulo 1
Um aluno novo.


Notas iniciais do capítulo

Um capítulo simples mas obviamente obrigatório. Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/124489/chapter/1

O despertador tocou. Beatriz acordou.

Esticou-se um pouco para alcançar o botão daquela coisa. Que saco. Todos reclamam das segundas-feiras, mas Beatriz odiava ter de acordar cedo todos os dias. Para ela não havia tanta diferença entre uma segunda-feira e uma quarta, por exemplo.

Sua mãe, Vilma, já estava acordada, e lá na cozinha um copo de leite já esperava pela garota. Sim, seus pais a mimavam muito. Para eles ela era a “princesinha” da casa, e sempre a chamavam de “Biazinha”, mesmo na frente de outras pessoas. Filha única, tinha todas as atenções voltadas para ela. Isso a irritava, mas por outro lado quem não gosta de sempre ganhar os presentes que quer no Natal, aniversário, e até no Dia das Crianças?

– Bom dia – ela disse, ao entrar na cozinha. Foi até a mãe e a deu um beijo na bochecha, depois sentou na cadeira e tomou seu leite.

Ela cursava o segundo ano do Ensino Médio em um colégio particular no subúrbio da cidade. Um colégio cheio de pessoas falsas, idiotas, chatas, exibidas, mas além de tudo, adolescentes. E do mesmo jeito de que nada é perfeito, nada é completamente desastroso. Be, como gostava de ser chamada, encontrou lá umas boas amigas e amigos.

– Vamos? – Falou ao acabar o laço de seu tênis Adidas. Em sua opinião, era o que dava uma cara diferente ao uniforme ridículo.

– Sim – respondeu a mãe enquanto pegava as chaves do carro.

A essa hora o pai da garota, Osvaldo, estava dormindo. Ele trabalhava de tarde e chegava em casa à noite.

– Te amo, mãe – disse ao chegar na frente de seu colégio. Deu um beijo nela.

– Também te amo. Boa aula!

– Obrigada – respondeu enquanto fechava a porta do carro e colocava a mochila nas costas. – Oi gente – falou ao chegar à portaria, colocando sua mochila e seu fichário em uma cadeira com uma mão enquanto acenava com a outra.

– Oi – responderam alguns, enquanto outros conversavam.

A galera se encontrava todo dia de manhã na portaria antes de começar a aula. Geralmente jogavam papo fora ou se uniam para copiar uma lição que puts!, era para aquele dia. Hoje o assunto era os alunos novos, pois nessa escola as aulas começavam sempre no final de janeiro e os alunos novos que entraram pelas vagas remuneradas só chegavam em abril.

– Quantos vão entrar na nossa sala? – Perguntou Carol. Ela era magra, um tanto alta e com cabelos longos e lisos, cor de caramelo. Seus olhos eram azuis.

– Acho que esse ano vão ser três – respondeu Matheus. Ele jogava futebol e era até um tanto musculoso, mas não era muito bonito.

– Nossa, e isso só na nossa sala?

– Lógico, reprovaram vinte no ano passado! – Julie falou, rindo. Ela era super animada e amiga de todos, principalmente de Beatriz. Seu cabelo era preto e ondulado, quase sempre preso em um rabo-de-cavalo baixo caído no ombro. Tinha um corpo bonito, que Beatriz secretamente invejava.

Beatriz sentou perto da conversa.

– Quem sabe não entra nenhum gatinho para te fazer companhia – Julie disse rindo e olhando para Beatriz. Isso a fez corar. Todos sabiam que ela nunca namorou, e que sempre ficava tímida ao falar desse assunto mesmo sendo considerada super extrovertida e engraçada em outros.

– Gatinho, para mim? Claro, os que fazem “miau” – ela desconversou. Todos riram. Ela olhou no seu relógio branco cheio de pedrinhas em volta. Seu preferido – ignorando o fato de que ela só tem esse. – Ei, faltam vinte minutos para começar a aula, vamos para a sala?

– Ah não, quando faltar dez a gente sobe. O papo está bom – disse Matheus.

– Ei, tem uma gatinha sem o uniforme da escola andando lá fora – falou Gabriel, enquanto os meninos se viravam para a parede de vidro da portaria. Gabriel era mulherengo e só pensava em “ficar”. Era bonito, pois tinha cabelos loiros, olhos escuros e era malhado.

Julie revirou os olhos e riu.

– O que eu menos queria aqui era uma “gatinha”. Todos os bobões vão ficar babando para ela quando ela desfilar pelo corredor e a concorrência pelos garotos vai aumentar.

– Concorrência por quem? – Be riu. – Por esses garotos? – Apontou para um grupo de garotos nerds que estavam entrando na escola.

– Pelos garotos novos. Minha fé é neles.

– Nossa, está bem então, obrigada – ironizou Gabriel.

– Ah fica com suas “gatinhas” aí que nós ficamos com os nossos – Be riu.

Julie pegou o braço da amiga e olhou o relógio.

– Agora sim faltam dez minutos... Vamos?

As meninas levantaram e colocaram as mochilas nas costas.

– Vamos lá quando faltarem cinco minutos – grunhiu Matheus.

– Ah deixe de ser gay, Math – Ju pegou em suas duas mãos e o levantou, pegou a mochila e jogou no garoto.

– Obrigada pela delicadeza.

– Disponha.

Para chegarem à sala tinham que atravessar o pátio e subir no prédio do Ensino Médio. Uma caminhada considerável, sendo que a sala deles era no quarto andar e não havia elevadores.

Todos chegaram rindo na sala por causa de uma piada que Gabriel contou. Beatriz entrou na sala com a mala em um ombro só, e percebeu que havia um garoto sentado na sua carteira. Um aluno novo.

Se aproximando mais ela pôde ver melhor suas características. Tinha cabelos pretos, arrepiados de uma forma que parecia tão correta. Pele clara. Olhos escuros e expressivos. Estava um tanto esparramado na cadeira, suas pernas esticadas estavam cruzadas. Estava de braços cruzados e seu olhar estava vago, em direção à janela enorme do lado direito da sala de aula.

– Com licença – Beatriz parou em frente a ele. Ele mal a olhou. – Você está sentado no meu lugar. – Ela sorriu.

– Ah... Sim... Me desculpe. – Ele começou a arrumar o pouco material que estava espalhado pela carteira. Levantou-se. Olhou um pouco a sala, que estava quase cheia. – Em qual lugar eu posso sentar? – Ele parecia tomar cuidado para não olhar a garota, sempre com o olhar voltado para baixo.

– Hum, acho que você pode sentar atrás de mim, essa carteira está vazia.

O garoto olhou para a carteira com desdém.

– Não tem outro lugar? – Ele frisava as sobrancelhas ao falar. Continuava olhando para o chão. Beatriz se chateou com a educação dele.

– Receio que não. Vai ter que ficar aqui mesmo.

Ele passou por ela e se sentou na carteira de trás. Voltou à posição que estava antes. Ela não pôde deixar de sentir o perfume dele que pairava pelo ar. Lembrava Carolina Herrera.

Beatriz se sentou e organizou o material na carteira, inquieta com essa – se é que é possível chamar assim – conversa. Cheirou seu cabelo, arrumou a blusa e verificou a maquiagem do rosto. Talvez por pura vaidade – questões estéticas não era motivo para ele ter tanto nojo dela. Pelo menos era o que ele parecia ter.

Enquanto colocava o espelho de volta ao estojo, Beatriz viu pelo canto do olho alguém sorrindo. Olhou para Julie, que estava escrevendo em seu caderno.

– O que é? – Perguntou com um pouco de irritação.

– Ai meu Deus – Julie disse enquanto começava a rir, sem tirar os olhos do caderno.

– Comeu palhacitos? – Revirou os olhos.

– Nada, só acho que alguém aqui já não está mais encalhada.

Beatriz arregalou os olhos. Antes de falar qualquer coisa olhou o reflexo da janela. O garoto parecia não ter escutado, pois estava na mesma posição de antes.

Ela se aproximou da carteira ao lado direito e sussurrou um tanto alto demais.

– Do que você está falando? Você está louca?

– Ah não se faça de desentendida. – Finalmente olhou para Beatriz. – Ele é um gato. E quando ele passou entre a gente para ir na carteira de trás eu senti um perfume delicioso. Aposto que sentiu também. – Droga. Beatriz tinha até esquecido que Julie estava lá durante toda a coisa.

– Não inventa. – Voltou para a própria carteira. Dessa vez foi Julie quem se inclinou para a carteira da amiga.

– Eu estou inventando? Está bem então. Mas admita que ele está super sexy com essa blusa de manga comprida apertadinha com as mangas puxadas. Já dá para ver que ele tem um bração...

– Não esqueça de que ele é super educado também. – Disse irônica. – Olha, não crie esperanças. Ele é só um rebeldezinho idiota e não sei de onde você tirou essas idéias.

– Ok, já não está mais aqui quem falou. – Julie voltou à própria carteira. – Não sei por que você ficou tão nervosa... Quem não deve não teme! – Deu uma risadinha.

Beatriz revirou os olhos. Às vezes Julie tinha cada idéia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Talvez para alguns fique algo óbvio do tipo "no final da história ela vai namorar com ele". Mas posso avisar uma coisa? Tem tanto, mas tanto chão pela frente que vocês vão até esquecer disso (ou pelo menos eu espero)!
Beijo,
M.