After The Storm escrita por Manu Potter


Capítulo 1
The call


Notas iniciais do capítulo

Esse cap vai ser a única songfic. É só um prefácio. A música é The call da Regina Spektor.



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It started out as a feeling,



Gina lembrava-se exatamente da primeira vez que viu ele. Ele que dali pra frente seria o primeiro menino, o primeiro rapaz, o único homem que amaria. Uma pequena centelha se acendeu dentro dela logo que Fred e Jorge disseram que o tinham encontrado no trem e era ele quem tinham ajudado a atravessar a plataforma, e então ela começara a chorar, pois não iria para Hogwarts junto com Harry Potter e seus irmãos. Durante aquele ano não conseguira deixar de pensar no menino com cicatriz de raio. E então, de forma assustadora, certa manhã ele apareceu na cozinha de sua casa. Ela vestia sua pior camisola e ainda estava descabelada, mas no momento que viu ele não pensou em nada disso. Algo terrível acontecia. Suas pernas tremiam e seu coração parecia apostar corrida com alguém de tão forte que batia. Sentiu uma gota fria de suar brotar na sua testa. Ela arregalou os olhos e absolutamente não sabia o que fazer. Achou que cairia ali mesmo. Foi quando ele olhou pra ela que ela descobriu o que fazer. Deu um gritinho e saiu correndo escada acima. Enquanto corria ouviu a voz de Fred, debochada:


- É, ela vai querer o seu autógrafo, Harry – droga, Rony com certeza havia contado que ela falara dele durante suas férias inteiras. Gina, lembrando que pediu a Merlin que ele não percebesse nada, deu um sorrisinho, lembrando de sua ingenuidade extremamente infantil. Harry talvez não percebera naquela hora, mas do modo que ela se comportava perceberia qualquer hora. E agora, sentindo a brisa leve no rosto, sentada em frente ao lago e observando um dos tentáculos da lula gigante se movimentar acima da superfície, ela continuou resgatando suas memórias.



which then grew into a hope,



Então ela se lembrou de seu primeiro ano. O diário de Tom Riddle, a sensação de ser possuída pelo pior bruxo das trevas (da qual na verdade ela não se lembrava muito bem). Até que começaram a ocorrer as petrificações. E então todos achavam que a Câmara Secreta havia sido aberta novamente. Gina ficara muito confusa na época, pois tinha lapsos de memória. Então correu pela escola o boato que o alvo de sua afeição, Harry, podia ser o herdeiro de Slytherin, pois ele era ofidioglota. Ela se desesperou, pois sabia que de alguma forma tinha alguma coisa a ver com isso. E a única maneira de despejar sua infelicidade era escrever no diário. Então percebeu que o diário tomara conta de sua vida totalmente. Ela jogou-o fora. Mas Harry pegou-o, ela viu. Ela o resgatou das coisas de Harry, deixando tudo uma bagunça, com medo que ele descobrisse alguma coisa. As lembranças correram e então ela se lembrou de acordar, numa câmara escura, com Harry a chamando. Não lembrava direito como chegara até ali, mas confessou tudo, que ela havia aberto a câmara. Mas ele estava ferido, ela não ouviu o que ele dizia, só sentia algo dilacerar no seu peito. Tudo era culpa dela, mas mesmo assim ele estava ali a salvando. Gina balançou a cabeça para afastar as memórias ruins, porém trazendo a tona outras, mais constrangedoras.Ainda havia o cartão de dia dos namorados que ela havia mandado para ele. (Teus olhos são verdes como sapinhos cozidos Teus cabelos, negros como um quadro de aula Queria que tu fosses meu, garoto divino, Herói que venceu o malvado Lord das Trevas) E começou a rir sozinha lembrando-se do anão se agarrando nas pernas de Harry para lhe “entregar” o cartão. Até hoje não acreditava que havia feito aquilo. Rondava todos os lugares do castelo a procura dele, enquanto não estava em aula. Um dia Hagrid percebeu e ela desviou o assunto falando como as abóboras dele estavam grandes. Ele não acreditou na sua desculpa.


which then turned into a quiet thought,


which then turned into a quiet word,



Então, com o tempo ela parou de ser tão infantil. Porém o sentimento no seu peito só crescia e crescia cada vez mais, até que ela sentisse que ia explodir. Mas não explodiu e ela o guardou no peito e se tornou menos óbvia enquanto ia crescendo. Mas não podia deixar de olhá-lo, de admirá-lo, de amá-lo. Isso nunca aconteceria, nunca esqueceria ele. Mas ele nem ao menos olhava para ela. Sabia, intimamente, que ela era apenas a irmãzinha de Ron, para ele. Sorriu tristemente, lembrando do fato. Até hoje ela era apenas isso para ele. A irmãzinha.



and then that word grew louder and louder


'til it was a battle cry:


I'll come back when you call me,


no need to say goodbye



Então finalmente aconteceu, o grande Harry Potter, seu amado, estava apaixonado por alguém. Cho Chang. Gina não se sentia nem próxima do chão que a Chang pisava. Era essa a hora. Ela viu a chance de desistir de tudo. Ela não agüentava mais aquilo gritando dentro dela cada vez que punha os olhos no menino - que – sobreviveu. Esperara inutilmente que ele a chamasse para o Baile de Inverno, mas nada aconteceu. Ele foi com Parvati, mas não tirou os olhos da Chang a noite inteira. Ela não sabia por que ainda se torturava com aquele amor impossível. Torturava-se até hoje. Então decidiu, no seu quarto ano que esqueceria ele. Que namoraria outros rapazes e tiraria Harry Potter do seu coração e de seus pensamentos. Seu amor por Harry que antes era tão perceptível como seus cabelos ruivos, passou a ser novamente a centelha que um dia se acendeu no seu peito. E era fácil ignorar a centelha, pois ela não falava muito com Harry. Começou a sair com os meninos que gostavam dela e sua auto estima aumentava muito. Nessa época, ela lembrou, ela começou a se sentir melhor, se sentir bonita. Arrumava-se mais e se dedicava mais a tudo que tinha que fazer. E então, agora lá estava ela. Havia se aproximado um pouco mais de Harry do quarto pro quinto ano. Sentia que ele tinha algo pesando em seus ombros. Mas isso só a prejudicou, de certa forma. A centelha começou a ganhar vida, aos poucos sem que percebesse. E quando viu, saia com Dino Thomas, mas não era com ele que realmente queria estar. Novamente sentia algo arder em seu peito, algo que ela sinceramente não precisava novamente. Decidiu guardar para si. E tudo, então ficaria bem. Dali pra frente seria ela e ela. Harry era apenas seu amigo agora. Ela se sentia bem olhando em seus olhos, estava confortável por fora, e isso era tudo que precisava demonstrar, nada mais. Era isso que demonstraria.



Just because everything's changing


doesn't mean it's never been this way before



         Percorreu os olhos pelo salão comunal. Não havia ninguém ali. Sentou-se para pensar, espairecer por um momento. Voltara de sua primeira aula particular com Dumbledore que graças aos céus o livrou de uma noite de detenção com Snape e ficou lembrando-se das imagens da memória de Beto Ogden que vira na penseira do professor. Na verdade sua mente rodava por vários assuntos, como uma “Roda da Fortuna”. A recente descoberta da “família” de Voldemort, a batalha contra o Lord das Trevas que ele sabia que chegaria mais cedo ou mais tarde, o anel que vira tanto com Servolo Gaunt na memória quanto na mão de Dumbledore e agora na mesa de sua sala, e agora ainda o sentimento super estranho que o “atacava” toda vez que via Gina. Lembrou-se dela entrando no quarto de Ron reclamando de Fleur Delacour, dizendo, o ciúme impregnado no fundo da voz:


         - Suponho que você goste do jeito com que Fleuma diz “Arry”, é isso?


         Deu uma risadinha lembrando do momento. Sentiu um aperto no peito quando lembrou da profecia. Um não poderá viver enquanto o outro sobreviver. Uma sentença da morte para um dos dois. Ele esperava que para Voldemort.



All you can do is try to know who your friends are


as you head off to the war.


Pick a star on the dark horizon


and follow the light.



Agora ele sabia o que era aquela criatura reclamando alto em seu peito. O ciúme o dominava cada vez que via Gina com Dino. De mãos dadas, tomando café juntos, ele acompanhando ela até as aulas ou a biblioteca. Revirou-se na cama tentando achar um jeito melhor pra dormir. Ou pra tentar dormir. Harry sabia que Gina tinha namorado e que mais cedo ou mais tarde ele rumaria em direção a uma guerra, uma batalha da qual não sabia o resultado. Não fazia sentido começar algo que não sabia se teria futuro. Precisava se preparar para combater Voldemort. Rumar para a guerra.



You'll come back when it's over,


no need to say goodbye



You’ll come back when it’s over,


no need to say goodbye



         Estavam andando pelos jardins. Harry puxou Gina pela cintura para aproximá-la de seu corpo. Estava feliz pela vitória de Grifinória, apesar de não ter participado do jogo por causa da detenção com Snape, mas estava mais feliz por si mesmo. A criatura em seu peito não sabia se rugia de felicidade ou ficava tranqüila, pois conseguira o que queria. O sorriso no rosto dele ia de orelha a orelha e ele nunca se sentira tão bem na vida.


         - Desde quando? – a voz doce e curiosa de Gina o tirou da linha de pensamento


         - O quê? Desculpe, estava distraído – ele respondeu encabulado. O sorriso dela se alargou


         - Desde quando você gosta de mim? Você gosta de mim né? – Harry riu do olhar assustado que ela fez ao completar a pergunta. Ele parou e fixou seu olhar nos olhos castanhos dela. Nunca vira olhos mais lindos. Colocou as mãos em cada lado do rosto dela.


         - Claro que gosto de você. Como eu nunca gostei de ninguém. Nem da Cho. – Gina sorriu com a resposta e colocou seus dois braços ao redor do pescoço de Harry, colocando-se nas pontas dos pés para alcançá-lo. Harry tirou as mãos do rosto dela, abraçou sua cintura e a puxou para cima, aproximando suas bocas. Eles se encaravam, maravilhados com a beleza que irradiava do outro. Seus lábios se separavam por milímetros e Harry decidiu acabar com a distância. Encostou seus lábios nos dela suavemente. Foi um beijo suave, mas sedento. Ambas as partes o desejavam a muito tempo. Harry a apertou mais junto de si e aprofundou o beijo. Suas línguas se massageavam devagar numa dança conjunta. Aos poucos foram separando seus lábios, não querendo nunca que isso acontecesse.


         - Você ainda não me respondeu. – Um sorriso cintilava em seus lábios. Harry colocou uma mecha de seu cabelo atrás da orelha.


         - Não sei exatamente. Acho que ano passado já comecei a te enxergar de outra forma. E durante o verão também. Mas achei que fosse apenas um sentimento fraternal. Eu soube realmente depois daquele dia que eu Rony vimos você e Dino na tapeçaria. Eu quase dei toda a razão a seu irmão. – Harry riu ao lembrar-se da cena, porém seu sorriso morreu ao se lembrar de um fato não tão agradável – Gina, você está certa que quer ficar comigo?


         - Está me pedindo em namoro Harry Potter? – brincou ela, mas viu que ele continuava sério.


         - Tem uma guerra se aproximando. Voldemort se fortalece cada vez mais. Destrói cada vez mais. Uma hora ou outra vai haver um fim e eu não sei qual vai ser. – O olhar dela se tornou sério também.


         - Eu quero estar ao seu lado, independente do que virá. – Ela sentiu vontade de dizer que o amava, mas teve medo de assustá-lo. – E sempre vou esperar por você – Ela não sabia por que acrescentara aquilo. Mas ficou feliz ao ver que ele sorriu. E eles se beijaram novamente.



Now we're back to the beginning


It's just a feeling and no one knows yet,


but just because they can't feel it too


doesn't mean that you have to forget


Let your memories grow stronger and stronger


'til they're before your eyes



         Na barraca ele pensava em tudo que tinha deixado para trás. As memórias se faziam em frente aos seus olhos como se estivessem ali à sua frente, diante de seus olhos. Sirius, Dumbledore, Rony, Gina, a família Weasley, Hogwarts, sua cama quente e aconchegante, Gina...


         Sentia-se na estaca zero. Tudo que de certa forma possuíra não estava junto dele. Ou ele perdera ou deixara para trás. Sentiu como quando ela namorava Dino. Ele não podia estar junto dela. Não podia tocar sua pele, nem beijar seus lábios, não podia ao menos olhar nos seus olhos. Parecia novamente o início quando ele sentia, mas não agia. Ele sabia que não tinha como agir. Não tinha como abraçar sua Gina. Só podia relembrar os doces momentos que tivera com ela em Hogwarts e esperar o desfecho de sua luta, de sua busca. Ele jurou a si mesmo que destruiria todas as horcruxes, por Gina e por todos que amava.



You'll come back when they call you,


no need to say goodbye



You’ll come back when they call you


no need to say goodbye



         Enfim venceram. Enfim Voldemort jazia morto pela própria Maldição da Morte que ricocheteara. Enfim Harry conseguiu, mas não sem o esforço dos seus amigos. Ele não conseguiria sozinho, nunca. Mas não pensava apenas nisso. Pensava naqueles que pagaram com a própria vida para ver o mal cair do seu pedestal. Tantos inocentes, corajosos que se deram por ele. Não podia deixar de se sentir culpado. Harry não enxergava que não havia outra maneira de acontecer. Mas agora acabara. O pesadelo acabara. Gina tirou Harry de seus devaneios. Sentindo as lágrimas quentes rolar pelo seu rosto. Ele abraçou Gina forte, para sentir que ela estava mesmo ali. Ele voltara. Estava de volta entre os seus.


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