- Argh, vamos lá Itachi, sorria! - Deidara me pertubava puxando meu cabelo e fazendo pose pra mais uma foto. - Você virou um velho chato e parado no tempo, un. Temos que comemorar!

- Comemorar o que, só me digam isso!

- Ora seu ingrato, Kami-sama te fez passar mais um ano vivo, só isso! - Konan crusou os braços, sentada no braço do sofá. Crusei os braços e continuei na minha poltrona. - Kisame, pare de devorar o pernil antes da hora! - Konan foi socorrer a ceia, e Deidara desistiu de tirar fotos comigo e foi procurar sua namorada pela mansão. Francamente, até mesmo o tonto do Deidara havia arranjado companhia, uma amiga do meu irmão. Sasori, Kisame, Kakuzu, Zetsu, até o idiota do Hidan está saindo com uma garota. Pein e Konan sempre estiveram juntos e assim permanecem. É, parece que só eu estou sozinho esta noite. Esta noite de comemorações idiotas. Hmf.

Levantei da poltrona, peguei a chave e me dirigi à porta.

- Aonde vai, Itachi? - Perguntou Pein, surgindo do corredor abraçado à Konan.

- Só te garanto que eu não sei que horas eu volto, Pein. Tchau. - Acenei, trancando a porta. Saí pela rua, passando por vielas e finalmente encontrando um restaurantezinho aberto aquela noite. Achei meio estranho, mas por fim, entrei e me sentei à uma mesa. Nisso, surge uma garçonete.

- O que vai querer, senhor? - Olhei para ela de relance. Estava com o rosto emburrado, e era um rosto bastante familiar.

- Um uísque, por favor.

- Sr. Uchiha? Itachi Uchiha? - Ela questionou com a voz mansa. Olhei para o rosto dela novamente. Os cabelos ruivos estavam presos com um elástico e um lápis estava preso em sua orelha. Dois grampinhos prendiam sua franja e os olhos permaneciam verdes do mesmo jeito que da última vez que nos vimos...

- Tanaka? - Sim, me lembrei imediatamente de minha antiga namorada de infância. Tanaka era minha vizinha e ia sempre em minha casa pois adorava brincar com meu irmão. Um dia nós fomos levar Sasuke para passear num lago próximo às nossas casas, e enquanto ele brincava... Bom, aconteceu o nosso primeiro beijo.

- Não sabia que agora você bebia. - Ela sorriu. - Claro, fazem oito anos que não nos vemos, não é mesmo? - Ela se mudou com os pais quando seu pai foi promovido no trabalho, e precisou ir para outro estado.

- De volta à Tokio? - Eu sorri. - Você não mudou nada, só cresceu de tamanho. E ainda nem me alcança. - Brinquei, levantando e mostrando nossa pouca diferença de altura. Ela riu.

- Eu voltei quando, hmmm... Meus pais sofreram um acidente de avião, sabe? Faz alguns meses... Aí minha tia ficou de pagar as despesas do hospital, e eles tiveram que ser transferidos para cá. Com isso, eu tive que vir morar com a minha tia. E acho que você conhece a minha prima, ela é namorada do seu amigo. - Me lembrei que a namorada de Deidara tinha os olhos muito parecidos com os de Tanaka.

- Sayuri? A namorada do Deidara?

- Ela mesmo!

- E o que você faz aqui à esta hora da noite?

- Trabalho e mais trabalho. O sr. Akimichi foi legal em me dar esse emprego, mas... Bom, ele quer que todos os empregados dele trabalhem a todo momento. Ele quer que a gente feche o restaurante hoje às 4:00. Sorte que vou trocar de turno às 23:30. Mas mesmo assim, não dá pra chegar na casa da minha tia nesse meio tempo.

- Ah... E porque a Sayuri não me disse que você estava aqui?

- Ela não sabia que éramos amigos de infância. E eu não sabia que você morava no mesmo lugar que o namorado dela. Só fiquei sabendo de você há alguns dias, quando Deidara mencionou você. É que quando Deidara vai lá, geralmente eles ficam no quarto da minha prima. Na verdade, quando eu fui embora meus pais me manteram muito ocupada indo à vários lugares, durante um mês. E depois, tentei de todas as formas ter algum contato com você, mas nada parecia adiantar... Telefone, e-mail, nada. O que havia acontecido?

- Meus pais... Bom, eles sofreram um acidente de carro e... Morreram. - Os olhos dela se arregalaram. - Eu e Sasuke fomos obrigados a morar com um parente nosso, o Madara. Mas ele não era bom para nós, na verdade nos maltratava e nos fazia trabalhar em casa enquanto ele cuidava da empresa.

- Por Kami! O Sr. e a Sra. Uchiha... Oh meu...! - Ela não tinha nem palavras.

- Eu também tentava maneiras de encontrar, mas nunca te achava. Então, me dei por derrotado... Mas parece que nos encontramos, e Kami, como você está bonita. - Segurei sua mão, fazendo-a dar uma volta.

- Obrigada. Você também está um partidão. - Brincou, com um sorriso nos lábios. - É claro que deve estar namorando alguma super modelo e deve estar esperando por ela pra passarem o ano novo juntos, certo?

- Errado. Não gosto de festas de Reveillon. E nem namoro uma super modelo. Na verdade, eu não estou namorando.

- Por quê? Antigamente, você adorava! A gente brincava a noite inteira, lembra? E depois, ficávamos no seu jardim admirando os fogos de artifício... - Ela parou por um momento, admirando as memórias. - E por que você não namora? Alguém como você deveria estar com alguma garota muito bonita.

- Porque, na verdade... Bom... Mesmo quando eu beijo alguém, quando eu estou na cama com alguém... Eu me lembro do... - Cocei a cabeça, vermelho. - Do nosso primeiro beijo. - Ela sorriu.

- Engraçado, porque... Eu também. Um fim de tarde ensolarado, um Sasuke pequenininho brincando com um carrinho próximo ao lago, uma ponte, nós dois nela, uma conversa, e... um beijo. - Ela riu, tirando o lápis da orelha e colocando em cima da mesa, junto com o caderninho, para prender o cabelo novamente. - Acho que nunca esqueci meu primeiro amor.

- Eu também não. - Ela olhou ao redor de repente. Olhou para o relógio. 

- Já são 23:30! - Tirou o avental, guardando-o num armário atrás do balcão. - Estou livre, Itachi.

- Que tal nós irmos pra minha casa? Bom, não é só minha, mas tenho certeza de que sua presença vai ser muito agradável.

- Ah, que isso, não precisa. - Disse, estendendo a mão na minha frente.

- Eu faço questão. - Me aproximei dela. Ela me empurrou gentilmente com as mãos delicadas.

- Já que você insiste... - Ela deu de ombros enquanto recolhia as coisas no armário. Se despediu do cozinheiro e da substituta e fomos andando pela rua, até chegar em casa. Abri a porta, todos estavam dançando ao som da Ke$ha, e perceberam a minha presença.

- Finalmente voltou Itachi, achamos que não vinha antes de meia-noite. - Sorriu Kisame.

- Prima? - Sayuri olhou para nós dois na porta, enquanto eu trancava a mesma.

- Oi prima. É uma incrível coincidência o meu amigo de infância ser amigo do seu namorado, não é mesmo? - Ela disse pra prima, que sorriu em resposta.

- Gente, essa é Tanaka, minha amiga de infância e ex-vizinha. Esses são Kisame, Kakuzu, Hidan, Konan, Pein, Sasori, Zetsu e suas namoradas, e o Deidara você já conhece. - O loiro acenou sorrindo pacíficamente. - Esbarrei com ela, pois ela estava trabalhando no restaurante do Sr. Akimichi.

- Ah, sim... Trabalhando hoje? Então deve estar cansada, querida! Senta aí enquanto eu pego alguma coisa pra você comer, fique à vontade, a casa é sua. - Konan foi logo fazendo as honrarias da casa, enquanto eu coloquei um braço sobre ela, como num abraço, espantando os olhares maliciosos de Kakuzu e Hidan, que nem se importaram se suas namoradas estavam lá.

- Ah, Konan, não precisa...

- Precisa sim, vamos, sente-se e se acomode! - Ela puxou Tanaka para o sofá, enquanto Kisame ligou o som de novo e todos voltaram a dançar, agora ao som da Beyoncé. Era assustador o jeito que Deidara imitava a mesma em Single Ladies, até Sayuri o parar dando uns tapinhas em seu ombro, e logo ele a puxou para um beijo. Eu e Tanaka assistíamos tudo do sofá, e eu ainda estava com o braço sobre ela. Logo Konan veio com um prato que tinha de tudo, de petiscos à frutas vermelhas. Ela voltou a dançar e ficamos ali beliscando a comida e assistindo todos se divertirem.

Então, a meia-noite se aproximou. Todos foram nos buscar no sofá, e fomos para o terraço ver o espetáculo de fogos de artifício que viriam a preencher o céu na exata virada do ano. 10 segundos para o ano, e todos começaram a contar. Tanaka me animou e até mesmo eu contei.

- 10! 9! 8! 7! 6! 5! 4! 3! 2! 1! Feliz ano novo! - Todos fizeram ao mesmo tempo. Nos abraçamos, os casais se beijaram - todos menos eu e Tanaka - e tudo o mais. O fogos de artifício preenchiam o céu com todo seu esplendor, trazendo a esperança de mais um ano. Konan nos trouxe champagne numa bandeja e todos brindamos.

- Itachi, depois de ter encontrado a garota, ficou bem mais alegrinho, heim? Tem certeza que vocês se encontraram no restaurante mesmo? - Hidan levantou uma sobrancelha, sorrindo maliciosamente.

- Cale a boca, só reencontrei uma velha amizade, o que me deixou feliz. Dá licença. - Entrei para a casa, descendo as escadas que levavam ao terraço e entrei para o corredor escuro, me direcionando para a sala. Sentei no sofá, ao meu lado Tanaka segurava a taça de champagne com uma das mãos, a outra apoiada sobre as pernas cruzadas no vestido branco que ia até os joelhos.

- Você não estava lá em cima? - Ela perguntou, tomando um gole da bebida e direcionando o olhar para mim.

- Digo o mesmo. Desci um pouco. - Também tomei um gole da minha bebida.

- Eu sei que é ano novo, mas... Queria retomar uma velha vontade, mas que nunca mudou de intensidade... Um velho momento... - Ela se aproximou de mim, apoiando os braços no sofá, mais e mais. Senti o calor de sua respiração no meu rosto, e logo um beijo preencheu meus lábios, como na primeira vez...

Tomei o controle do beijo, largando minha taça na mesinha de centro, ela fez o mesmo, fui me movendo para cima dela intensificando o beijo, que no começo era carinhoso e lento, logo se tornou mais sensual e rápido. Passei a língua sobre seus lábios, logo sendo permitida a minha entrada. Segurava a cintura dela, mantendo nosso beijo, na verdade havia se tornado uma batalha de línguas. Ela envolvia minha cintura com amor. Nos separamos do beijo, ofegando, e nos encarando. Saí de cima dela, voltamos à posição inicial, mas não estávamos sozinhos. Deidara e Sayuri nos encaravam, ambos com um sorriso nos lábios, ele a envolvia pela cintura e com a outra mão segurava em sua própria, e ela estava com os braços cruzados, encostada nele. Coramos imediatamente.

- Há quanto tempo vocês estavam aí? - Perguntei, passando a mão sobre a nuca, e olhando pra baixo.

- Tempo suficiente. Pein pediu pra gente trazer mais champagne, bom... Talvez a gente não voltasse. - Ambos se entreolharam com um sorrizinho que variava entre o engraçado e o malicioso.

- Bom, mas... Não queríamos atrapalhar. Podem prosseguir. - Sayuri o puxou para a cozinha entre risos, e sussurrou algo como "Vai que é sua, prima!" pra Tanaka.

- É hora de resolver as coisas, certo? - Ela se virou para mim.

- Estava com saudades de você. - Sorri para ela.

- Eu também. - Ela se dirigiu para a janela da sala. - Somos adultos agora, não mais duas crianças.

- O que você quer dizer com isso? - Segui na mesma direção que ela.

- Eu ainda amo você. Eu ainda preciso de você. - Ela se apoiou na janela. - Eu quero estar com você.

- Eu também. - Deslizei o polegar pela bochecha dela.

- Mas não é tão fácil...

- Se nós quisermos, é sim. - Puxei ela pra um abraço, ela enterrou a cabeça no meu peito. - Eu nunca quis me desencontrar de você. E se o destino quis que nos encontrássemos hoje, é porque ele planejava algo mais.

- Então, que esse novo ano traga toda a felicidade que está reservada para nós. - Ela olhou pra janela, os fogos de artifício brilhando no céu. - Feliz ano novo, Itachi-san.

- Feliz ano novo, Tata. - Chamei ela pelo antigo apelido, ela corou um pouco, e a puxei para mais um beijo.

****

Mordi mais um pedaço da minha maçã, enquanto Tata estava encostada no meu peito lendo uma revista, Deidara e Sayuri do nosso lado fazendo o mesmo, Konan e Pein no chão abraçados vendo um filme, os outros ainda não haviam acordado.

- Ei, Itachi, depois de ontem, você passou a gostar do Reveillon, né? - Deidara riu ao meu lado.

- Sabe que sim, baka? - Ele fechou a cara com o "apelido carinhoso". - Ele me trouxe de volta algo que eu havia perdido há muito tempo. E que eu não quero perder nunca mais.

- Se é assim, que venham muitos anos novos com as nossas garotas, un. - Ele riu, beijando a namorada.

Sabe que ele tinha razão? Agora, se todos os meus anos novos tenham que ser com Tanaka, que venham todos! Pois esses vão ser os melhores da minha vida.