La Mia Amata escrita por Chocotan Yuu


Capítulo 9
Capitolo Octavo - Promessa


Notas iniciais do capítulo

Peço minhas sinceras desculpas por não ter postado nos últimos dois (ou mais?) dias de publicações.
Confesso que não havia nem começado a escrever este capítulo, mas aqui está. Apesar de ser um único capítulo, espero que possam perdoar com um capítulo um pouco grande e também recheada de um tantinho mais de romance desse casal principal!
So. Chega de enrolar.
Uma boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/124304/chapter/9

“Eu e Luce fizemos uma promessa. Apenas uma.

Na realidade ela acabou modificando em uma promessa, e mais tarde a tal sofreu algumas modificações. Mas uma única coisa é imutável.

Não consegui manter a promessa.

E não posso fazer nada para consertá-la.”




Capitolo Octavo – Promessa




Sou a atual chefa da Família. Sou a Giglione Septima”.

Aquelas palavras não paravam de pipocarem dentro da minha cabeça. De fato, o que Luce confessou para mim foi um choque que eu não esperava. Poder de prever o futuro? Chefa de uma máfia? Sinceramente ainda não consigo aceitar muito bem. Não que eu negue a aceitar, mas é uma mistura doida de aceitação e negação...

Eu deveria ter saído desse cativeiro que chamam de enfermaria hoje mesmo, mas acabei me trancando aqui pela vontade própria, para poder pensar. Eu queria ficar sozinho e para ser franco, ficar em um canto pensando não era o principal motivo, mas no fim, quando percebi, eu já estava deitado naquela cama por horas... Bem, era um
local isolado, a prova de qualquer ruído, e além do mais era tranquilo. Acho que esse sossego trazia a tona os meus pensamentos mais aguçados do momento.

Deixei a porta trancada para o caso se Colonello viesse me infernizar, era eu e meus pensamentos por tempo infinito. E já vasculhei e pensei tanto que a minha cabeça estava para explodir.

Pensei em ter escutado algumas batidas, umas duas ou três vezes, mas não sei dizer se foi algo da minha cabeça ou se realmente alguém havia batido mesmo. Mas ignorei mesmo assim.

Um pequeno detalhe – Luce não apareceu hoje.

Não estou surpreso. Afinal, acho que até uma pessoa como ela tomaria esse tipo de atitude depois de uma conversa tão tensa como ontem.

Luce. Chefa daquela Família Giglione. Poderes únicos. Futuro.

– Quer saber, chega. – arranquei o meu habitual chapéu para poder coçar os meus cabelos com movimentos de frustração. Talvez tenha sido bruto, porque senti que baguncei ainda mais os meus cabeços. – Não vou chegar a nenhum lugar assim.

Joguei o meu corpo na cama. O lençol estava aquecido pelo sol e o colchão macio acariciava as minhas costas e os meus ombros tensos de tanta irritação. Suspirei algumas vezes em intervalos de tempos variados. Fiquei a encarar o teto, mas logo fechei os olhos. Pude sentir o valsar das folhas e a brisa suave do lado de fora, apesar de total cegueira. O sol tentava a aquecer com suavidade o meu rosto.

Confesso que estava conseguindo curtir a pequena tranqüilidade, porém mais uma vez as lembranças de ontem invadiram a minha mente.

Voltei a abrir os olhos lentamente, com uns leves pontadas de frustração.

Por que eu estou pensando nisso?

– Chega. Vou dormir para tirar isso da minha cabeça. – revirei-me na cama, deitando por cima de um dos meus braços. Suspirei pelas narinas e fechei os olhos forçadamente.

Não demorou muito para que eu começasse a pegar no sono, mas...


Você consegue se proteger?


Pensar que até nos últimos momentos antes de adormecer, ainda pensava naquele assunto... Mas que coisa irritante.

Enquanto sentia o meu consciente se dissipando entre a sonolência, lá distante ouvi algumas batidas na porta. Não sei definir se foi uma parte do sonho, ou não. Mas pude sentir um toque suave no meu rosto e um aroma peculiar envolvendo-me com suavidade. Um a leve fragrância de doce. Isso posso dizer que foi um sonho sem nenhum pingo de incerteza... Mas confesso que foi realmente real demais para ser um sonho.




Quando despertei já havia escurecido por completo.

Eu pensei que era à noite, mas depois de confirmar o horário no ponteiro do relógio era mais tarde do que eu esperava. Tentei me levantar da cama, mas um peso de chumbo pressionava o meu corpo para a cama. Uma preguiça completa com pingo de sono. Incrível, dormi por toda a tarde e a noite e ainda estou com sono!

Fiquei deitado por minutos à toa. Se começava a pensar em algo mal chegava ao fim, pois logo ele sumia, e nem chegava a lembrar bem o que estava passando pela minha cabeça há alguns minutos. Depois de tanto esforço finalmente sentei-me, mas ainda sentia a cabeça flutuando. Levei a minha mão até os meus cabeços, bagunçando-os ao bocejar. Rastejei-a da testa até o meu rosto, deslizando até a maçã do rosto. Inconscientemente pensei nos toques suaves do meu sonho. Mas logo balancei a minha cabeça, dissipando os meus pensamentos.

– Foi um sonho. Acorda... – murmurei e levantei-me com um rangido da cama. Pensei em ir tomar um banho para despertar de vez, mas senti uma sede de arder a garganta. Fome nem tanto ao comparar com essa seca.

Cobri os meus ombros como o paletó e arrastei os meus pés até a porta. Não era a minha intenção de abri-la devagar, pouco me importava de fazer barulho se já que esta enfermaria era distante e até posso dizer, isolada dos demais cômodos, mas no fim acabei abrindo-a com cautela. Mas quando dei o primeiro passo o meu pé tocou em alguma coisa, e provocou um leve barulho de talheres se chocando com algo.

– Talheres? – pensei na mesma hora. Por corredor estar escuro custei para poder enxergar as sombras de uma mesa depositado bem do lado da porta.

Havia em cima desta uma bandeja de comida. Um creme de moluscos e frutos do mar, salada de rúcula, um molho italiano, pães, manteiga e um copo d água. Uma refeição do lado da “minha” porta?

–... Não acredito que ela fez isso. – suspirei e quase que imediatamente o rosto dela surgiu na minha mente. Suspirei outra vez, porém mais profundamente. Continuei a admirar aquela bandeja, mas depois de um tempo a ergui com uma das mãos e comecei a andar, rumando-me até a cozinha.

No meio do caminho até cheguei a tomar aquele copo d água, mas não surtou muito efeito, pois estava morna, também porque a minha garganta estava pedindo por mais. Mas sinceramente... Ela continua a me tratar como se eu fosse doente? Como assim? Se eu ficar com fome eu posso bem ir até a cozinha e fazer algo para comer.

É prestativa? Sim.

Uma atitude típica dela? Sim.

Mas mesmo assim não me sinto bem. Não totalmente.

Quando parei diante da porta da cozinha, aquela fraca luz que pude enxergar pela abertura me fez franzir a testa. Abri a porta e lá encontrei as costas familiares.

Minha nossa!! O que está fazendo aqui numa hora dessas? – o tom da sua voz era de espanto. Levou uma das mãos até o meio do peito, suspirando profundamente.

– Eu é que pergunto. – deixei a bandeja na mesa e a encarei. – Luce. – o seu fraco sorriso ficou ainda mais suave, a ponto de soltar leves risadas.

– Não. Não é nada demais. Vim atrás de um copo d água. – dizendo assim ela ergueu um pouco o seu copo, pude ver que ainda estava meio cheia. Curiosamente ela olhou para o meu copo vazio e depois voltou a me olhar. – Ah, não me diga que meio atrás de água também? Vamos, me dê o seu copo. – antes mesmo de eu esticar o braço para pegar o copo ela já estava a alguns passos de mim. Em poucos segundos ela pegou-o e despejou a água da jarra que carregava com a outra mão, e sorrindo, devolveu-me. – Toma. É natural, mas está um pouco gelado.

– Não... Está ótimo. – falei quando literalmente engoli de uma vez aquela água. Senti-me bem melhor. Mas o pior que eu estive pensando estava acontecendo.

Esse clima meio estranho entre nós. É um tanto estranho, pois Luce continua agindo como o de sempre, e pelo menos que eu saiba ou tenha percebido, eu também. Mas algo está estranho... Ou talvez eu seja o único que estava estranhando.

Fiquei concentrado demais no meu copo que mal olhava, mas por um segundo desviei o meu olhar e a observei. Arqueei uma sobrancelha, pois ela olhava para algo de trás de mim.

– O que você... – dei uma olhada por de trás do ombro. Era a bandeja com a comida fria.

– Ah, não... é que vejo que você não beliscou nem um pouco. – ela comentou com meio sorriso. – Pelo jeito você não comeu nada hoje, tem certeza que está bem? Não quer comer algo? – o que ela falou-me fez lembrar como eu estava aborrecido agora há pouco. Pensei em me calar e deixar isso para lado, mas tive a necessidade de falar.

– Olha aqui. Eu não sei o porquê de você ter trazido essa refeição. Saiba bem que eu não sou doente e... – como se estivesse apertado um botão algo surgiu na minha mente, Até senti um “clique”. Luce estranhou o meu silêncio repentino, não é de se surpreender, até eu estranharia se eu visse uma pessoa como eu calando de repente. – Calma aí... Você... Não trouxe outras bandejas de comida... Trouxe? – Luce piscou algumas vezes, e mais uma vez pude ver o seu sorriso.

– Só as refeições principais, o café da manhã e o almoço. E esta bandeja é a da janta, mas como você estava dormindo, eu deixei-a em cima da mesa como as outras.

Tudo bem. Eu não estava imaginado em tolices pelo efeito do sono quando pensei em ter escutado batidas na porta.

– Realmente, você... – levei uma das mãos até o rosto, tampando a visão com a palma. Balancei a cabeça. – Você é... Você é...

– “Intrometida”? “Pareço uma mãe chata”? É? Eu acertei? – não era exatamente essas palavras, mas era quase isso. Talvez eu tenha deixado escapar um pouco do espanto, pois ela abriu um sorriso imediatamente. – Acertei!! – e logo caiu em suaves gargalhadas.

Arregalei os olhos momentaneamente, não durando nem se quer por cinco segundos. Não demorei a desviar o olhar para o lado oposto, bem pouco. Era realmente estranho de ela provocar queimaduras na minha face. Coisa estranha.

Para tentar me distrair, levei a bandeja até o balcão, e fui direto para as prateleiras, atrás de alguma panela. E como imaginado, isso chamou a atenção dela.

– Você está com fome, não está? Fique aí sentado, por favor. Não comeu nada hoje, vai acabar desmaiando. – parei com a minha busca e virei o meu rosto, e a encarei com a sobrancelha levantada. A minha expressão era suficiente para dizer o que eu estava querendo insinuar. “Como?”. Ela exclamou brevemente e depois, um pequeno riso. Pigarreou de leve e “corrigiu”. – Bem, pensei que poderia... Desmaiar. – pude ver ela erguer um pouco o olhar para cima, o que me fez bufar. Não queira saber como é frustrante saber que a sua reação de desgosto acaba animando outra pessoa. – Vamos, vou preparar um lanchinho para você. – ela veio logo atrás de mim, e rapidamente pegou uma frigideira. Mas roubei-a das mãos e voltei a guardá-la. Luce me olhou confusa.

– Não. – o monossílabo que acabei de falar só a deixou ainda mais perdida. Suspirei. – Não precisa preparar nada. Eu só quero... Uma panela para esquentar aquele creme de moluscos. – falei enquanto voltava a buscar a maldita panela. Por vários segundos senti o olhar dela cutucando-me, até o momento que eu voltei a olhá-la. Ela continuava a me fitar quase sem piscar. Até os olhos dela cerrarem um pouco ao sorrir.

– O.k. Então vou esquentar o creme.




Não sei se foi pela fome ou qualquer outra coisa, o creme de moluscos estava delicioso. Claro que não ataquei o prato, degustei lentamente, Apesar da cremosidade, o sabor dos frutos do mar estava bem destacado. Dava para sentir o doce das chalotas, o leve sabor de manteiga, e a salsinha picada aprofundava o sabor, e perfumava ao mesmo tempo. Comi umas três fatias de pão e não deixei sobrar nenhuma folha de rúcula. Eu estava renovado, sentia-me bem.

– Como não posso oferecer uma sobremesa, aqui está o espresso. entregou-me uma xícara de café preparado na hora.

– Obrigado. – a trouxe para perto de mim, e senti o aroma do café tocando-me a face. O cheiro estava tentador.

– Ora, o senhor está bem sincero hoje. Aconteceu alguma coisa? – pensei que ela falaria aquele apelido, mas graças, ela não falou.

– Tenho meus modos. Posso ser ríspido, mas não esqueço os bons modos... – falei enquanto dava os primeiros goles. – Afinal, tenho o meu lado cavalheiro. – o que eu falei acabou despertando a curiosidade da Luce, pois ela arregalou os olhos.

– Reborn? Você? Você um... – ela levou uma das mãos até a boca, abafando um pequeno e único riso.

– Pense no que quiser. Não vou negar o que eu sou. – irritei-me, confesso. Na realidade, ofendido. Mas não tenho direito de me aborrecer, afinal, se olhar para as minhas atitudes do cotidiano é bem difícil de acreditar que eu posso me comportar como um cavalheiro.

– Olha, quando você me impressionar com o seu “cavalheirismo”, pode ter certeza que vou dar algum prêmio para você! – ela falava enquanto ria. Descansei a minha xícara no prato e a olhei desconfiado.

– Para quê o prêmio.

– Ora, por você...

– Tudo bem. Tudo bem! Que seja. Você vai me premiar por eu ter te impressionado com o meu “cavalheirismo”, certo? – dei uma pequena ênfase como ela fez. Luce apenas afirmou com um aceno de cabeça.

– Exatamente! – ela riu um pouco mais audível. Mais uma vez desviei o olhar, retornando a tomar o último gole do espresso. Mas o que chamou a atenção foi que pouco a pouco os risos dela morriam, deixando que um longo silêncio prolongasse. Levantei o eu rosto e deparei com uma face familiar, mas ao mesmo tempo inusitada da Luce. Ela sorria, mas de forma tão fraca que quase não notava. Os seus olhos não sorriam como normalmente. Pensar em até perguntar, mas não demorando ela movimentou os lábios. – Sabe, Reborn... Sobre a nossa conversa de ontem... – ela estava concentrada demais ou distraída demais com o líquido negro da xícara, mas lentamente olhou-me com aquele fraco sorriso. – Vejo que não está tão abalado.

Continuávamos a fitar um ao outro, até que uma hora desviei, suspirando.

– Aparentemente, é? – falei sem muita emoção, tomando outro gole.

– A meu ver. – ouvi um fraco riso.

– Mas confesso que fiquei surpreso por saber que você é uma Giglione Septima. Como você disse ontem, na minha opinião você não tem cara de ser uma mafiosa. – não senti as palavras se engatarem na minha garganta, o incrível é que saíam normalmente sem esforço. Desta vez pareciam contribuir com alguma coisa.

Pude escutar um riso abafado.

Todos dizem a mesma coisa. – ela achou graça no que eu falei. – No mundo da máfia o número de homens ainda é maior do que as mulheres. Não entendo o porquê desse machismo, afinal, tem muitas mulheres com potencial altíssimo para encarar “este” mundo. Não vou dizer que é absurdo, uma blasfêmia ver uma mulher sendo uma chefa de Família, mas... Cá entre nós, é um pouco raro. – ela falou piscando o olho discretamente, e depois caiu na risada. Mas pouco a pouco o tom foi diminuindo, até que cessou por completo. Ela voltou a olhar para a xícara ainda cheia de espresso. Sorria levemente. – Não sou tão forte como Lal-san. A minha aparência e o meu jeito não são bem enquadradas como uma mafiosa... Mas – neste momento ela ergueu os olhos e de primeira encontraram com os meus. As pupilas não dilataram, nenhum músculo movimentou ou se quer ela piscou. Olhou-me diretamente nos olhos, bem fundo dos olhos e falou. – Posso garantir que tenho um poder de liderança inigualável. As minhas filosofias podem serem diferentes de outros chefes, mas afirmo ao dizer que são melhores do que todos eles.- senti um leve calafrio e ate fiquei um pouco intimidado com aquele par de olhos marinhos tão fixados em mim. Cheguei a ficar tenso até, engoli seco. E não tinha dúvida nenhuma, eu estava de cara a cara com uma chefa da Família Giglione. Os olhos da Luce finalmente se movimentaram para me analisar, e depois de piscar algumas vezes, ela abafou um riso. – E também porque tenho um carisma sem igual, não acha? – e completou com uma brincadeira, voltando a rir.

Sinceramente eu não sei dizer se ela estava rindo com a própria brincadeira ou se ela achou engraçada a minha expressão “perplexa”. Mas enfim...

– Não vou afirmar nada. – falei na defensiva, mas ela logo reagiu.

– Você acabou de pensar que tenho um pouco de carisma, não é? – não se ela usou o “poder” de prever o futuro para perguntar, mas aquilo me pegou desprevenido. Arqueei uma sobrancelha, mas ela abriu um sorriso. – Pensou! Eu sabia!!

Não. Não pensei.

... Será que negar adiantaria?

Mas é claro que não, idiota. Talvez ela diria que eu estava pensando sim, para ter revidado com negação tão rude, com certeza eu estava pensando. Assim ela diria, ou simplesmente ela poderia dizer que estava escrito na minha cara ou algo parecido. Que seja...

– Ai... Como eu ri! – disse depois de rir por um bom tempo, suspirando profundamente. Ela aconchegou-se melhor na cadeira e colocou a xícara de chá em cima da mesa. – Eu sei que não tenho cara de mafiosa, todos diriam que pareço ser uma pessoa normal. Uma italiana de uma pequena vila ou até mesmo de uma fazenda, cuidando de afazeres da casa como outras mulheres... Confesso que até gostaria de ter uma vida assim. Simples, mas bem vivida. – a cada palavra que ela pronunciava, pude ver que os olhos dela brilhavam, cintilavam a cada adoração que começava a impregnar nas simples palavras. Mas não tardou para continuar a falar. – Mas não digo que não gosto de ser uma chefa de máfia. Claro que não é uma tarefa nada fácil, requer muita responsabilidade... Mas eu gosto de todos os membros da minha Família. Todos nós somos unidos, literalmente somos uma família, e eu sou a mármore para manter essa união firme e forte. Não posso fraquejar, sempre tento ser a melhor cheda possível... Claro que nem todos os dias são fáceis, temos dias duros... Mas estando junto com todos os meus companheiros me faz sentir bem. – os olhos dela afinaram mais uma vez. A sua expressão era doce, suave até. Não sei completamente como é a ligação entre ela e a sua Família, mas com base no que ela acabou de contar, posso afirmar que... Ela é uma boa chefa.

É do tipo raro de encontrar. Há tantas Famílias com chefes tão podres neste mundo...

– Então eles sempre estavam a dispor para te proteger, é? – perguntei depositando a xícara vazia na mesa. Bem, se pensar que eles eram unidos e se importavam com o outro... É, talvez.

Luce me olhou e ao sorrir afirmou com balançar de cabeça, de cima para baixo.

– Sim. Digo que às vezes eles eram até um pouco exagerados. – ela abafou um riso. – Teve uma vez que eles não desgrudaram do meu pé em nenhum momento! Dois deles até disseram que viriam comigo nesta missão com os I’prescelta Sette! – ela continuava a sorrir, divertindo ao vasculhar as lembranças. Mas continuei rígido. Calmo e sério.

–... Por que eles pensaram que você não estaria bem sozinha? – Luce parou de rir no mesmo instante. Ela ficou perplexa por alguns instantes, e lentamente voltou a sorrir.

– Porque eles pensaram que eu não estaria bem sozinha. – ela respondeu letra por letra. Com um sorriso torto, vagamente.

Cheguei até a me hesitar, mas continuei mesmo assim.

– Você consegue se proteger? Sozinha? – dei uma pausa. – Você garante?

Por um momento ela ficou parada, até abriu a boca para falar, e parece que ela iria dizer – Sim, eu consigo, mas não demorando muito voltou a fechá-la. Parecia ter percebido em algum detalhe que a fez mudar de ideia. Ela sorriu tristonha e balançou a cabeça, desta vez para os lados, da direita para esquerda.

– Não... – ela deslizou a mão, do seu peito até a barriga, um pequeno percurso para poder juntar as mãos. – Não... Não consigo.

Fiquei até surpreso, pois eu jurava que ela estava bem segura de si. Por um instante até pensei que estava vendo um lado da fraqueza dela.

Os seus olhos estavam afinados, parecia olhar para o chão, mas ela não encarava nada. Via o nada. Tentava ao máximo sorrir, mas os músculos mal mexiam, deixando o sorriso sem força, muito forçado. Não era nem preciso perguntar para confirmar que ela estava perdida em seus pensamentos, e isso estava a afastando ainda mais deste lugar.

Vendo-a assim tão frágil e vulnerável remoeu o meu interior. E antes que eu pudesse perceber, já estava falando.

Te protegerei. - ela reagiu na mesma hora, olhando-me com feição um pouco surpresa. Ela parecia indagar e até cheguei a escutar um “o que”, mas foi muito baixo como um sussurro. Ergui os olhos e a fitei. – Até essa missão terminar... Irei te proteger. – Luce poderia estar surpresa, mas não estava tão quanto eu. Claro que eu não demonstrei isto na expressão, mas mentalmente estava questionando e me debatendo.

Por quê?

De onde as palavras surgiram? Como saíram?

Estou cometendo loucuras?

Ficamos em um completo silêncio. Talvez estivéssemos ocupados demais com os nossos próprios pensamentos. Luce continuava a me fitar, nem se quer piscava, e os olhos dela ondulavam e estavam agitados. Eu não conseguia sequer desviar o olhar. Claro que se eu desviasse ou falasse algo eu poderia me arrepender, mas essa linha imaginária que uniam os nossos olhares estava me matando. Não importava o quão esforço fazia, não conseguia desviar. Estava preso demais para poder escapar.

– Você vai me proteger? – ela balbuciou ainda fitando-me.

Não me movimentei, mantive-me quieto. Um riso dela me pegou desprevenido.

– Espero que o senhor não seja daquelas pessoas que me escoltam em todos os lugares! – depois de escutá-la consegui entender o porquê das risadas. Inspirei para expulsar o pequeno ar quente dentro dos meus pulmões.

– Você acha que eu sou assim? – perguntei de forma neutra.

– Bem, dependendo da situação...

– Vou agir do meu modo. – a interrompi e voltei a fitá-la. Por um segundo ela me olhava com olhos curiosos, mas logo toda a feição dela ficou mais macia, mostrando-me um sorriso.

– Então é uma promessa. Espero que a cumpra, hein? – uma palavra me incomodou.

Promessa?

Que raio de promessa? Eu fiz?

– Espere aí – retruquei na mesma hora. – Eu impus uma proposta. Isso não é necessariamente uma “promessa”.

– Você disse que “iria”. – desta vez quem acabou interrompendo foi Luce. Estava cara a cara comigo. – Além do mais, analisando a sua frase que acabou de dizer há minutos, é óbvio que é nada mais que uma promessa.

Eu a encarava com cara fechada, e ela, com o maior sorriso. Diria até um pouco soberba. Eu poderia ficar a encarando por horas até ela mudar de ideia, mas algo em mim dizia que desta vez não iria funcionar de jeito algum.

Depois de alguns instantes, eu suspirei.

–... Promessa, é? – falei sem nenhuma expressão.

– Sim. – Luce abriu um sorriso de vitória. – Vê se não a descumpre, Reborn.






Sabe, Luce.

Eu nunca tive a intenção de quebrar essa promessa.

Mas no fim a culpa foi minha. Do meu egoísmo e pela minha falta de maturidade.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Fin.
A meu ver ficou tão lindinho. Taxa de glicose não subiu muito, mas aumentou um pouco. É isso que eu desejava!
Será que a leitura foi do gosto das mademoiselles e monsieurs?? Espero que sim.
Por fim eu criei a vergonha na cara de organizar os acontecimentos dos próximos capítulos. A autora analisou, e pelo jeito o fim ou metade desse projeto ainda não está visível, então, ainda há muito capítulo para frente!
Espero que continuem a acompanhar este humilde fanfic. O panda pede de joelhos!
So, adieu até o próximo capítulo!
p.s: Promessa é... PROMESSA em italiano =w=
-
Review? Olha que ajuda a saúde da autora aqui u-u



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "La Mia Amata" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.