O Rei das Fadas escrita por Mirytie


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Este é o dia em que Kyoko encontra Corn pela primeira vez.
Enjoy ^^



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A mãe estava a gritar com ela, outra vez.

Os seus dias passavam-se assim, entre a sua casa e a escola, Kyoko não sabia o que preferia.

Os seus melhores momentos eram passados com a familia Fuwa e com o seu príncipe Shotaro.

Voltar a casa depois de testes era especialmente doloroso porque a sua mãe estava sempre demasiado ocupada para reparar no esforço que Kyoko tinha feito para a impressionar.

- Podes deixar-me um pouco sozinha, pirralha!? - gritou a mãe quando Kyoko lhe pediu para ver o boa nota que tinha tirado no último teste.

Num piscar de olhos ela estava sozinha em casa outra vez. Apenas uma criança assustada e carente com as lágrimas nos olhos e os lábios a tremer.

Kyoko nunca gostara de chorar mas, de alguma maneira, as lágrimas acabavam por cair.

Ela saiu de casa e olhou para o caminho que ia dar a casa de Shotaro. Sabia que podia ir para ali e aquelas pessoas deixariam-na entrar com um abraço e um sorriso compreensivo mas Shotaro não gostava que ela chorasse à sua frente.

Foi aí que ela lembrou-se daquelas árvores grandes que haviam à beira da casa de Shotaro e estendiam-se para lá do horizonte.

Ela e Shotaro já tinham ido para lá brincar, um dia mas tinham-se acabado por perder até o pai de Shotaro chegar. Kyoko pensava que tinha sido uma fada a guiar o pai de Shotaro até onde eles estavam.

- É isso. - murmurou Kyoko tentando conter as lágrimas - Se eu for lá pode ser que uma fadinha me ajude.

A correr, Kyoko continuou a percorrer aquele caminho até já estar escondida no meio das árvores, rodeada pelo mundo com que sonhara tantas vezes naquelas noites que adormecera a chorar.

Não, agora tinha que encontrar o sitio que seria só seu e que ela usaria para não assustar Shotaro.

Finalmente, depois de correr e tropeçar algumas vezes ela viu o reflexo de um rio que brilhava, parecendo guiá-la.

Foi ao sair das sombras das árvores que ela o viu, virado para o rio. Ela deu mais um passo calcando uma folha seca que lhe chamou a atenção.

Quando ele se virou, olhando para ela com os cabelos loiros iluminados pelo pôr-do-sol e o rio a brilhar atrás de si, ela perdeu a respiração durante alguns segundos.

- Tu...tu és uma fada? - perguntou ela fazendo-o sorrir.

...

Aquele rio e a paisagem que o rodeava fascinavam-no por conseguirem acalmá-lo de uma maneira rapida e suave.

Aquele lugar era como se fosse um refúgio particular que mais ninguém conhecia a não ser ele.

Estava tão chateado com aquelas férias como com as pessoas daquela cidade aborrecida. Queria voltar para casa mas o seu pai fazia anos naquele mês e pediu para passar a ocasião especial na sua terra natal.

E porque é que ele não tinha ficado na América? Os seus pais podiam viajar sozinhos e deixá-lo a cuidado de um familiar ou de um amigo, mas o seu pai quis que ele os acompanhasse para "ver a beleza da vida natural", segundo ele. Como a mãe lhe pedira com uns olhos que não o deixavam dizer não, ele aceitara.

Ele nunca ia para ali depois das quatro da tarde mas, por qualquer razão, naquele dia, decidira ficar mais um pouco, deixando-se ficar quando o sol começou a descer.

Tinha ouvido alguma coisa a mexer-se na pequena floresta atrás de si mas pensou que era algum animal ou apenas o vento. De qualquer maneira, estava hipnótizado pelo rio que tomava cores que ele nunca tinha visto.

Depois ouviu aquele estalido e olhou para trás vendo a rapariguinha de lágrimas nos olhos a olhar para ele com surpresa. Se ele acreditasse nisso e soubesse o que iria acontecer dali a dez anos, provavelmente pensaria que aquilo tinha sido obra do destino. Mas agora só pensava que o seu esconderijo privado tinha sido  invadido por uma míuda irritante de seis anos...

Até ouvir as doces e inocentes palavras que ela disse a seguir: "Tu és uma fada?"

Ele sorriu, vendo-a abrir a boca de espanto.

- És tão lindo! - disse Kyoko chegando-se mais perto - Só podes ser uma fada!

Ele acocorou-se para ficar do tamanho dela. - Eu chamo-me Kuon. E tu?

- Eu chamo-me Mogami Kyoko! - gritou ela, super excitada por ter encontrado uma fada. Agora ninguém poderia gozar com ela. Nunca mais!

- Mogami-san, porque é que estás aqui? - perguntou ele fazendo uma festa na cabeça dela antes de se endireitar - Não é perigoso para meninas da tua idade andarem cá fora a estas horas?

- Mas a minha mãe gritou comigo. - os lábios dela começaram a tremer outra vez - E não tenho para onde ir...

Kuon sentou-se numa pedra e observou-a a começar a chorar sem fazer nada, sem se mexer, esperou que ela acabasse para falar.

- Mogami-san. - chamou ele atraindo a atenção dela que ainda soluçava - Sabes porque é que nós nascemos com a habilidade de chorar? - quando ela abanou a cabeça firmemente, ele continuou - Porque, não importa o quão triste nós estejamos, depois de chorar, sentimo-nos sempre melhor, certo?

Para Kyoko, desde aquele dia, Kuon era o sitio para onde ela corria sempre que ficava triste. Não importava o lugar, logo que ele estivesse lá, Kyoko podia relaxar e confiar nele.

- Eu volto amanhã! - gritou Kyoko quando Kuon lhe disse que estava na hora de ir para casa - Tu vais estar aqui, não vais?

- Sim. - respondeu Kuon vendo-a pular de alegria - Mas não podes contar a ninguém que este lugar existe, está bem?

Ela parou imediatamente, esticando o dedo mendinho. - É uma promessa!

Ele riu-se e entrelaçou o seu dedo com o dela. - E em troca, podes voltar quantas vezes quiseres e eu ouvirei o que tens para dizer.

Kyoko começou de novo aos saltinhos, despedindo-se dele cheia de sorrisos.

Pela primeira vez desde há muito tempo, depois de a mãe gritar com ela, Kyoko não tinha adormecido a chorar e, talvez pela primeira vez desde que se lembrava, tinha passado a tarde toda sem pensar em Shotaro.


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Notas finais do capítulo

Isto é um tipo de Sidestory da história que estou a escrever chamada "Enquanto o amor durar".
Se não estiver bom, digam. ^^
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