Minha mãe da escola me levou para o hospital, foi a imagem mais triste que eu já presenciei, eu me senti péssima, me deixou deprimida já a porta do hospital, particular, muitas mães chorávamos na porta, família, crianças, algumas até colavam cartazes, de desaparecidos, muitas crianças, mulheres, homens, idosos, de bebes, e dentro não foi melhor, estava lotado, não tinha mais cadeiras de rodas para me levar, então, um enfermeiro teve que me levar, devo admitir que, o colo do Greg era melhor. Mas eu ao entrar, percebi que estava chorando junto. Eu nunca vi tanta tristeza. Era deprimente, perturbador, e de dar mais que pena, o hospital, não tinha mais leitos, e estava improvisando nos corredores, eu acho que preferia, ir para casa, agora mesmo, com o pé todo fudido. E pegar tudo que eu tinha e dar para essas pessoas, e eu mesma ir lá e procurar por sua família, a cada minuto, eu me sentia pior, eu me sentia culpada de estar ali, tomando tempo de um médico, com todas aquelas pessoas. Eu queria poder fazer algo mais, não ficar ali parada.

Agora eu sei como a minha mãe se sente no trabalho dela.

E de repente, eu senti como se tirassem um peso das minhas costas, e compreendendo o lado da minha mãe, eu não estava mais com raiva.

Minha mãe estava ajudando a salvar essas vidas, ajudar essas famílias.

E de repente e estava soluçando, e chorando, e chorando.

-tudo bem filha?Ta doendo muito, vai ficar tudo bem, calma já ta chegando. Ta doendo muito

Eu não conseguia parar de balançar a cabeça em sinal negativo, eu já não enxergava nada,eu não acredito que fui tão egoísta, e olha essas pessoas. Eu só não acredito.

Quando eu cheguei em casa,minha mãe me deixou no sofá da sala, e foi pra cozinha fazer um miojo.

Ela ligou o DVD pra mim, pois a TV ainda não tinha sinal na cidade.

Eu comi o miojo e o filme acabou, minha mãe estava no banho. Eu queria o meu notebook, que estava no quarto,e eu precisava subir as escadas. E o tempo foi passando, e minha mãe estava no banho, na verdade eu acho que passou uns 5 minutos, mas eu não tava com saco de esperar, então tive uma idéia brilhantemente humilhante.

Eu comecei a subir a escada engatinhando. Com os pés para fora dos degraus. Quando cheguei  lá em cima, meu joelhos já estavam doendo. Mas eu continuei até o meu quarto, foi nesse caminho que eu me arrependi de ter escolhido o quarto mais longe. O corredor era longo e tinha outras 6 portas. Eu continuei engatinhando, e quando cheguei eu me sentei com um suspiro de alivio, e sentindo os meus joelhes pulsares de dor, e meu pé agora também. Eu  fui engatinhando em direção a minha cama, mas ai eu passei por cima emeu joelho foi bem nela, e eu senti uma dor e segurei um grito. A argolinha ainda estava ali. Então não foi apenas imaginação. Ou foi e ... E? Não tem mais explicações, apenas se eu ainda estiver sonhando... Mas eu senti dor, então era real?

Ou, eu era como a outra Alice, e no final, eu acordo e tudo acaba? Isso é real? Ou apenas outro sonho?

Isso não é possível, é imaginação. É apena...

-Alice?

Eu olhei para traz e minha mãe estava ali me olhando com uma cara curiosa. E uma toalha enrolada no cabelo.

-Falando sozinha?

-É, é que...

-Como você chegou ai?

-Eu engatinhei...

Ela riu

-Eu queria ter visto.

-Eu estou bem se é o que quer saber.

- Bom ainda são 4 da tarde. E eu queria saber se você vai ficar bem sem mim por 2 horinhas, pois, eu to muito mal te pedindo isso. Mas precisam muito de mim e ...

-Claro mãe, você pode ir.

-Você tem certeza?

-Claro que sim, vai logo.

-Mas você vai ficar bem?

-Vai mãe.

-Você promete não sair do quarto?

-Claro mãe.

-Ai você vai ficar bem mesmo?

-Vo, pode ficar calma, eu não vou sair do quarto.

-Tudo bem, mas cuidado, só dessa vez, me desculpa. Tchau querida.

-Tchau mãe.

Ela já tinha ido para o quarto dela e pegou uma escova de cabelo, e desceu. Ouvi o carro dar partida e ir embora.

Será que aquilo era um sonho? Ou eu precisava urgentemente ser internada num hospício?

Eu resolvi abrir o alçapão de novo. E um cheiro de algodão doce e uma musica me atingiu direto. Era tão bom.

Eu me inclinei para ver o que estava lá em baixo. Eu fui inclinando e minhas mãos escorregaram. E acabai caindo. Eu comecei a gritar.

Quando comecei a cair, logo, a coisa mais estranha aconteceu como se o mundo virasse de cabeça para baixo, e a gravidade também, eu estava caindo, e de repente eu parei, e comecei a cair para o outro lado. E foi como se o mundo tivesse virado de cabeça para baixo.