A Estranha escrita por S_elly
Eles entraram na casa iluminada e Pearl notou que Frankie estava evitando seu olhar.
- Se eu pudesse te ofereceria um chocolate quente agora. – ela disse e ele riu.
- Dizem que o que vale é a intenção.
- Mas a intenção não é boa como um chocolate quente.
- É, você tá certa. – Frankie riu – Mas nós podemos voltar para minha casa e lá eu preparo chocolate quente para nós.
- Hum, mas eu não vou dormir aqui?
- Hoje não, aqui nem tem comida, nem água.
- Ah – ela murmurou como se fosse obvio demais.
Eles desceram pelo elevador em silencio junto com uma senhora se aparência simpática que perguntou as horas à Frankie.
- 15 para meia noite. – ele respondeu surpreso.
- Obrigado, jovem.
O elevador se abriu no térreo e os três saíram.
Pearl ainda não se perdoara por ter feito Frankie recordar aquela que parecia a história mais sombria da qual ela se recordava e ele notou isso quando a garota desceu da moto e foi caminhando para a porta da casa.
Estava tudo escuro dentro da casa o que o fez deduzir que sua Liz e Jeremy estavam no quarto.
- Vem cá – disse Frankie antes de eles entrarem.
- O que? – perguntou Pearl andando até ele.
- Não quero que se sinta mal por hoje, sabe, a história, não quero que ache que por sua causa fui obrigado a relembrar a história, eu lembro todos os dias dela e quer saber? Precisava mesmo falar disso com alguém, acho que até hoje não chorei o suficiente... – a voz de Frankie sumiu enquanto o vento fazia as arvores dos jardins dos vizinhos farfalharem.
Pearl jogou os braços em volta de Frankie que retribuiu o abraço.
- Eu lamento tanto... não queria que tivesse que sofrer com isso.
- Está tudo bem agora. Já passou – Frankie se encontrou acariciando os cabelos de Pearl, desejando não ter lhe contado a história.
Eles ficaram mais de um minuto envolvidos no abraço e a sensação que sentiram mais cedo naquela noite, quando estavam na sacada do apartamento de Pearl, voltou instantaneamente nos dois e de repente estavam de desvencilhando do abraço.
- Vamos entrar – murmurou Frankie corando, mal sabia ele que Perl também estava corando fortemente.
Ambos entraram na casa silenciosa e Frankie guiou Pearl até a cozinha.
- Volto em um segundo.
- Ok.
Frankie subiu as escadas sabendo que sua irmã provavelmente ainda estaria acordada esperando por ele. Acertou em cheio.
- Liz?
- Frank, finalmente.
- Hum, desculpa, é que a lanchonete estava lotada hoje e eu acabei ficando mais um pouco.
- Tudo bem, boa noite. – ela disse e Frankie se sentiu um tanto culpado por mentir para ela, o que era uma sensação nova para ele.
- Boa noite – ele fechou a porta do quarto da irmã e voltou as escadas.
- Voltei. – ele murmurou sorrindo para Pearl – Agora, que tal aquele chocolate quente?
- É uma ótima idéia. – Peral disse, se antes da viagem de moto ela já estava tremendo de frio, agora ela mal podia sentir os pés e as mãos e tentava com todas as forças controlar o queixo que insistia em querer bater.
Frankie preparou duas canecas grandes de chocolate quente.
Pearl tomou um gole e pareceu que tinha acabado de receber um sopro de vida enquanto o chocolate esquentava cada extremidade do seu corpo. Mas então uma lembrança veio a cabeça dela: Uma garotinha que não podia ter mais de 8 anos vestida numa roupa branca, ela estava sorrindo, cercada por outras crianças vestidas com a mesma roupa que ela, elas riam e conversavam muito alto enquanto bebiam grandes canecas de chocolate quente.
- Pearl? – Frankie estalou os dedos como se tentasse chamar a atenção da garota que parecia voar muito longe dali. – Tudo bem com você? Olha, eu sei que não sou tão bom na cozinha, mas...
- Não é isso, está ótimo – ela disse levantando a caneca para beber outro gole – É outra coisa... Deixa pra lá.
Mas tarde naquela noite enquanto Pearl se preparava para dormir a imagem voltou a cabeça dela e ela sentiu o coração apertar e uma lagrima quente rolou pelo rosto dela sem ela entender o motivo.
Os dias seguintes pareceram se passar voando, Pearl se mudou para o apartamento no sai seguinte, Frankie levou algumas coisas com o torradas e cereais para Pearl, levou também um galão de água.
Depois de ela ter se estabelecido, Frankie passou a ir todos os dias, depois do serviço comunitário, para o apartamento de Pearl, ele sempre levava algo para comerem, desde comida japonesa, até batatas fritas e hambúrguer.
Quando Liz perguntava aonde ele passava as breves horas entre o fim do serviço comunitário e o inicio do expediente na lanchonete, ele apenas balançava a cabeça evasivamente ou fingia um bocejo e engatava uma conversa sobre qualquer outro assunto. Liz não estava tão preocupada, porque Frankie parecia mudado, ela percebeu que ele não aparecia mais bêbado a um bom tempo, não era escoltado pela policia até em casa, parecia mais saudável e mais feliz que nunca e ela tinha absoluta certeza que isso estava ligado a uma garota, mas preferiu não por o irmão na parede, pelo menos não por enquanto.
Frankie ouvira Pearl dizer que queria poder fazer algo durante o dia, um trabalho por exemplo, mas ela não tinha nenhum documento, o que Frankie poderia resolver, mas ela não quis.
- Pearl , são só alguns documentos, é temporário, sabe, só até você lembrar...
- Frank, eu não gosto nem um pouco de ver você envolvido com essa gente, sei que documentos falsos são ilegais e pessoas que fazem coisas ilegais, não me parecem uma boa companhia e alem do mais podemos ser pegos e ai o que vamos fazer?
Frankie achou melhor mudar de assunto depois disse e não voltaram mais nesse assunto. Frankie bem que gostou de ver ela se preocupar com ele.
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