Skip Beat - enquanto o Amor Durar escrita por Mirytie


Capítulo 11
Capítulo 11 - Num dia de chuva


Notas iniciais do capítulo

Desculpem o atraso pessoal
Enjoy ^^



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Dizem que num dia de chuva, tudo acontece.

Bem, ao ver o homem à sua frente e a mão do Ren a apertar a sua por baixo da mesa, Kyoko começava a achar que era verdade.

- Então, está a dizer que o Corn que eu conheci em Kyoto era, na verdade, filho do meu "pai"? - peguntou Kyoko.

...

11 Horas Antes

Kyoko estava na cama a ouvir a chuva a bater na janela, enquanto se aconchegava no meio dos cobertores.

Havia muito tempo que ela não tirava um dia para ela. Desde o começo da sua vida com Shotaro em Tokio, para dizer a verdade.

Tinha trabalhado como uma escrava para ele e depois, quando ele a deixara, ela fizera o seu melhor para entrar para o mundo da fama.

Não tivera descanso depois disso, entre os trabalhos da Secção Love Me e a sua estreia.

Mas, finalmente, naquele dia de chuva, depois do telefonema do director a avisar que as gravações iam ser adiadas e a mensagem de Tsuruga-san a dizer que ele tinha um trabalho demanhã, Kyoko podia fechar os olhos e ficar a relaxar durante mais um par de horas.

Pelo menos era o que ela achava até receber uma mensagem que dizia: "Vou a caminho. Estou aí em dez minutos."

E dez minutos foi.

- Um tipo estranho veio ter comigo para perguntar coisas sobre o Ren. - avisou Kanae sentada numa mesa em frente a Kyoko, com um copo de chá quente nas mãos - Ele perguntou-me onde é que ele vivia. Mas eu não lhe disse nada. Kyoko...acho que tu és a próxima.

- Porquê fazer perguntas sobre o Tsuruga-san? - perguntou Kyoko inocentemente - O que é que há demais para saber?

- Foi o que eu pensei. Mas, Kyoko, alguma vez pensaste porque é que o passado do Ren está tão bem guardado? - salientou Kanae - Deve haver alguma coisa que eles querem esconder.

- Se há, não é nada connosco. Tsuruga-san tem direito à sua privacidade. - lembrou Kyoko - Lá por ser uma estrela, não quer dizer que todos têm que saber do seu passado.

- É o que eu acho. - concordou Kanae - Mas este tipo parece ser um profissional e já deve ter algumas pistas. Eu só vim aqui para te avisar, Kyoko. Não deixes que ele te tire informação nenhum. O Ren merece que estejas do lado dele, agora.

- Eu sei. - disse Kyoko determinada - Da minha boca não sai nada.

- Bem, era só isso que queria dizer. - Kanae pousou o copo de chá, pegou na mala e levantou-se - Pedi para o presidente investigar quem está por detrás disto. Quem quer que seja, escavou a própria supultura ao fazer isto.

Sem dizer mais nada, Kanae saiu do restaurante, deixando Kyoko a pensar, enquanto o chefe cozinhava e a mulher sentava-se ao lado dela.

- Parece que o rapaz precisa da tua ajuda. - comentou a mulher - Mais do que teu senpai, ele é teu amigo. Tens que apoiá-lo, neste momento, mesmo que aches injusto que ele também te tenha mentido a ti.

- Eu não...

- Achas, sim. - disse a mulher interrompendo Kyoko - Vejo que te preocupas bastante com esta pessoa. Fá-lo perceber que estás lá quando ele precisa e ele verá que pode confiar em ti, mesmo com o seu segredo mais negro.

Kyoko queria confiar nele, queria estar lá para ajudá-lo mas não sabia se podia fazê-lo. Sabia agora, que aquilo que sentia por ele era mais do que uma simples amizade. Seria melhor se não pensasse nele durante algum tempo.

...

Mas ali estava um homem que não se importava com o que ela queria e, tal como Kanae tinha previsto, ela era a próxima.

- Boa tarde. O meu nome é James e sou um detective particular. Menina Kyoko, poderia dar-me um minuto. - pediu James sentando-se numa mesa ao canto do restaurante, vazio depois da enchente do meio-dia - Acho que seria do seu interesse.

Com um pouco de medo, Kyoko pegou no telemóvel, sentou-se à frente do homem e, inconscientemente, mandou uma mensagem a Ren.

- Bem, o que é que eu posso fazer por si? - perguntou Kyoko, sabendo a resposta.

- Tenho conhecimento que é bastante chegada ao actor e modelo Tsuruga Ren, correcto? - quando Kyoko acenou, James continuou - Se pudesse, poderia dizer-me o que sabe sobre o homem?

- Ele é o meu senpai. - respondeu Kyoko - É um bom modelo e um excelente actor. Acho que também o posso chamar de amigo.

- Só isso? - perguntou James.

- Só isso. - disse Kyoko, sorrindo inocentemente.

- E o que é que me pode dizer sobre Huzuri Kuu? - perguntou James, mudando de assunto - Com certeza, sabe quem ele é.

- Claro que sei! Ele é o meu pai! - ao ver o homem chocado, Kyoko corrigiu - Não no sentido óbvio. Ele é o meu pai no mundo da representação. Mas o que é que o meu pai tem a ver com Tsuruga-san?

- Bem, eu suspeito que Tsuruga Ren...

James parou ao ouvir a porta abrir-se e olhou para trás. Vendo o homem encharcado em suor e chuva, a única coisa em que James conseguiu pensar foi: "Oops!"

Ren entrou, fazendo uma rápida vênia aos donos do restaurante, e foi sentar-se ao lado de Kyoko, ficando a olhar para James sem dizer nada. Mas, mesmo no silêncio, James conseguiu sentir a aura assassina que Ren emanava, por isso decidiu deixar as conclusões para depois e seguir outro caminho.

- Estava agora mesmo a falar de si, senhor Tsuruga. - disse James sorrindo, especificando o óbvio - Chega em boa altura.

- O que eu não percebo é... - começou Ren sem sequer se dar ao trabalho de sorrir - ...se quer tanto saber mais sobre mim, porque é que não veio ter directamente comigo? Porque é que tem que incomodar as pessoas que me são queridas?

Kyoko sentiu a mão de Ren agarrar a dela por baixo da mesa, como se soubesse que ela tinha medo daquele homem e do que ele podia descobrir.

- Isso é confidencial...tal como o nome do meu cliente. - respondeu James, calmamente - Eu só estou aqui para vos comunicar o que descobri.

- Força. - incentivou Ren, com os dedos entrelaçados nos de Kyoko.

- A minha pesquisa levou-me até Kyoto porque, como não tinha nada com que trabalhar com as informações do passado do senhor Tsuruga, comecei pela que todos achavam ser, a namorada dele. - explicou James - Mas em Kyoto achei uma coisa que pensei não ter muita importância, mas que me surpreendeu bastante.

- E isso seria? - perguntou Ren, nervoso por James ter viajado até Kyoto. O que teria ele encontrado.

- Corn. - disse James, vendo a cara de Ren empalidecer. Era exactamente aquele expressão que ele quisera ver. Perfeito!

- O que é que tem o Corn? - perguntou Kyoko, agora confusa - O que é que o Corn tem a ver com Tsuruga-san?

- Ainda não sei bem, menina Kyoko. Sei que o Corn foi um rapaz que conheceu em Kyoto, em tempos dificeis, certo? E depois de ele desaparecer, deixando apenas um pedra como lembrança, a menina nomeou-o com o nome do rapaz "Corn", correcto? - James continuou sem deixar tempo para respostas - Mas a menina era pequena na altura. Seis, sete anos? E se pronunciou mal o nome do rapaz? E se o nome do rapaz for, na verdade, Kuon?

- Não vejo qual é a grande diferença? - confessou Kyoko - Corn ou Kuon...só sei que me ajudou em tempos dificeis e continua a ajudar. E por isso, estou agradecida. Mas, Tsuruga-san nunca foi a Kyoto.

- Sim! - confirmou James com um sorriso - O actor Ren Tsuruga nunca foi a Kyoto. Siga a minha linha de pensamentos, menina Kyoko. E se o "Corn" fosse, na verdade, o filho desaparecido de Hizuri Kuu, Hizuri Kuon? Tenho informações que me dizem que a familia Hizuri foi passar férias a Kyoto quando a menina tinha seis ou sete anos.

James calou-se um pouco para deixar a ideia assentar na cabeça de Kyoko, enquanto Ren agarrava a sua mão, com força.

- Então está a dizer que o Corn que eu conheci em Kyoto era, na verdade, o filho do meu "pai"? - perguntou Kyoko - Hizuri Kuon?

- Exactamente! - exclamou James, contente.

- Agora faz tudo sentido! - gritou Kyoko levantando-se da cadeira rapidamente - É óbvio que o pai dele era o Hizuri Kuu! Quem mais perfeito para ser o rei das fadas!? E era por isso que o Corn...perdão, Kuon, se sentia sufocado com as mãos do pai! O Kuon não está desaparecido! Ele deve estar a governar o mundo das fadas, neste preciso momento. - Kyoko sentou-se outra vez, agora a sonhar - Mas o meu pai, rei das fadas? Não estava à espera desta...

- Está a brincar, não está? - perguntou James a Kyoko, mas ela já estava no seu mundinho, por isso ele virou-se para Ren, que agora sorria cintilantemente - Ela está a brincar, não está?

- Receio que não. - respondeu Ren, levantando-se - Por hoje ficamos por aqui. - disse Ren oferecendo a mão para James se levantar - E, se tiver mais dúvidas sobre o meu passado, agradeço que venha ter comigo.

- Compreendido. - disse James um pouco confuso com a reacção de Kyoko - Até à próxima, senhor Tsuruga. - depois murmurou para si - E acredite, vai haver um "próxima".

...

Kyoko não parava de cantarolar "Kuon, Kuon, Kuon..." deixando Ren um pouco embaraçado. Por isso ele dera uma desculpa a Kyoko, deixando-a no seu quarto a olhar para a pedra que ele lhe tinha dado há dez anos atrás.

- Aqui está. - anunciou Ren, entrando no quarto de Kyoko e sentando-se na beira da cama, ao lado dela - Costumavamos beber isto na América quando estava um dia chuvoso e frio, como está hoje.

Kyoko pegou na caneca de chocolate quente com dois marshmallows a boiar na superficie e natas a cobrir tudo.

- Era uma das únicas coisas que a minha mãe conseguia fazer sem mandar alguma coisa pelos ares. - disse Ren, rindo ao ver Kyoko com um bigode de natas - Perfeito!

- Não goze comigo! - protestou Kyoko batendo no ombro de Ren.

Ren tirou alguma da nata no lábio de Kyoko e lambeu-o, continuando a rir da cara embaraçada dela.

- Mas, quem diria, certo? O meu "pai" ser pai do Corn? Não, Corn não. Agora é Kuon. - disse ela, ainda extasiada com a ideia - E Kuon não é um nome muito mais bonito do que Corn? É mesmo adequado para um príncipe

Ren pousou a caneca de chocolate quente no tabuleiro que tinha "roubado" da cozinha e olhou para ela, com um misto de dor e solidão no olhar.

- Kyoko... - murmurou ele.

E porque ela olhou para ele com um sorriso e não com reprimenda, Ren levantou-lhe o queixo com a mão e beijou-a levemente.

Não tinha sido sua intenção estragar o momento intímido que eles estavam a ter, mas Ren não podia evitar pensar que ela estava a falar dele de cada vez que dizia "Kuon" alegremente, com aquele tom irritante que o fazia querer desvendar tudo o que ele escondera de todo o mundo.

Ele ia recuar e pedir desculpa, mas ela empurrou-o antes que ele pudesse. Mas, em vez de olhos flamejantes, ele via lágrimas que ameaçavam escorrer pela cara corada de Kyoko.

- Porque é que está a fazer isto? - perguntou Kyoko, levantando-se de rompante - Porque é que me está a confundir?

- O quê? - Ren não percebeu, mas levantou-se também.

- Não se faça de burro! - disse Kyoko, esforçando-se para não chorar - Eu sei que não gosta de mim!

- O quê!?

- Está-me só a usar para ficar melhor? - perguntou Kyoko desviando o olhar - Assim poderá ser perfeito para aquela que ama! Eu não sou uma ferramenta!

- O quê? - Ren cada vez ficava mais confuso - Não ponhas palavras na minha boca, Mogami-san! Eu nunca disse tal coisa!

- Não precisa! Eu sei porque eu sou o Bo! - disse Kyoko, vendo Ren recuar um passo - Está apaixonado por uma rapariga da minha idade, por isso tentou-me usar para ganhar coragem!? - as primeiras lágrimas começaram a cair - Desculpe se estou a desrespeitá-lo mas é a verdade! E, apesar de ser a sua kohai, eu não quero ser usada deste jeito! Se está apaixonado por uma colegial, vá dizer-lhe e aguente as consequências mas não me confunda mais!

- Sim, eu apaixonei-me por uma colegial! - gritou Ren agarrando-a pelos ombros, para que ela não lhe podesse virar costas - Estou apaixonado por ti.

Durante alguns momentos, eles limitaram-se a ficar ali, um a olhar para o outro e a ouvir o relógio a andar vagarosamente, até que Ren se afastou com uma mão na cara.

- Não, eu não aguento mais isto. - confessou ele - Não consigo estar ao teu lado desta maneira. Esperei durante bastante tempo para ter a certeza que não irias fugir de mim quando te dissesse mas... - Ren olhou para ela - ...esse tempo algum dia vai chegar? Ouviste o homem, não ouviste? Eu não sou o que aparento ser e se tu soubesses a verdade, provávelmente odiarias aquilo que um dia fui...e o que sou hoje. E tu... - Ren suspirou profundamente - Tu não consegues tirar o Sho Fuwa da cabeça. Desde o inicio, nenhum de nós foi destinado para ficar com o outro.

- Tsuruga-san...

- Não, Kyoko. - interrompeu Ren - Acabou. Por favor, também não me chames mais de senpai e tenta evitar-me o máximo possivel.

Ren foi até à porta e parou para olhar mais uma vez para trás. - A culpa não é tua, Kyoko. Mas eu não aguento mais ter de te ver todos os dias e pensar "Quem é que vai ficar com ela, no meu lugar?" ou "Porque é que na cabeça dela só existe o Sho Fuwa?". Por isso, pelo menos até eu ter esquecido estes sentimentos, não te aproximes de mim.

Ela queria dizer alguma coisa e, ao vê-lo lá parado sem dizer nada, sabia que ele estava à espera que ela dissesse alguma coisa. Mas as palavras não saiam e assim, ele foi-se embora.

Vagarosamente, Kyoko voltou à cama, pegou na caneca que ele lhe tinha dado e bebeu-a como se fosse a sua última refeição. Depois passou um dedo pelo bigode de natas, olhou para ele e começou-se a rir, histéricamente.

Só quando se deitou por baixo dos cobertores é que percebeu que as gargalhadas tinham-se transformado em soluços.


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Notas finais do capítulo

Acho que ficou um pouco curto mas está intenso =P
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