Atlantis - os Dois Reinos escrita por LadySpohr, Tay_martins


Capítulo 24
Fim de uma etapa...Começo de outra


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, eu demorei, o Davi queria me espancar,sim, e provavelmente vocês também, mas está aí!
Uhulll, Ariana!



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Encontrei minha irmã tocando piano no salão principal da escola, estava tudo vazio, exceto por ela, minha maravilhosa irmã, com seus cabelos de ouro caindo pelas costas. Me sentei em uma das cadeiras e fiquei ali em silêncio, só admirando seus dedos percorrendo as teclas, e seus olhos azuis concentrados na partitura. Era muito bom ouvir Pour Elise sem se preocupar com pessoas tentando te matar... bom, pelo menos não por enquanto.

Depois do que houve com o Barton parece que todos estavam podendo ter um pouco de normalidade em suas vidas, bem, o mais normal que a vida de alguém como nós poderia ser.

Minha irmã parou, e notei que não era somente eu que a observava, Adrian estava no canto mais afastado da sala, meio na penumbra, e sorriu quando se pegou observado por mim. Eu fiz o mesmo pra ele. Realmente, Betina tinha o dom.

Enquanto ela tocava Dawn - que aposto que ela estava tocando só porque sentira minha presença – mergulhei nas lembranças das ultimas semanas de aula. O dia seguinte era um sábado, o sábado da formatura, e eu teria que dançar na Quadrilha. Não, não é festa junina não, é apenas tradição, trinta alunos dentre todos os últimos anos são escolhidos pra dançar a Quadrilha: quinze garotos e quinze garotas, para meu horror, meu nome saiu no sorteio da Patrícia, a nossa líder do Conselho Estudantil, eu adoro dançar e o faço bem, mas sozinha, sem ninguém olhando e tentando me dizer qual será meu passo seguinte. Muitas vezes vinha ali mesmo, na sala onde estava ouvindo Betina tocar o piano, e colocava um cd com músicas tranquilas e ficava rodopiando, meus pés sobre o assoalho, girando, rindo...

Sorri com a lembrança, mas logo me desanimei ao lembrar da festa. Multidões me dão medo, e vai que eu tropeço e todos riem? Pensa que vexame...

O som parou novamente e ergui a cabeça. Betina estava me observando atentamente, com um sorriso em seus lábios rosados. Era mesmo uma vergonha, ela tão deslumbrante, e eu um farrapo daquele jeito, não podíamos ser irmãs, sério.

_ No que minha adorável irmã mais nova está pensando? - indagou, girando o corpo no banquinho no qual estava sentada.

_No baile de amanhã – suspirei, enfiando as mãos nos cabelos – Vai ser um vexame...

Ela bufou, uma mecha de seus cabelos esvoaçando.

_Oh, cale a boca – ela riu – Eu já espiei você dançando aqui – ela abriu os braços, num gesto que abrangia o salão – Você é maravilhosa.

Meneei a cabeça.

_Veremos se sou mesmo amanhã. Ainda bem que os ensaios já acabaram.

Oh, sim teve ensaio!!!!!!! E eu implorei a Patricía pra ensaiar só com ela, que aceitou a proposta, gentilmente, vendo o meu pânico! Graças a Deus, ou eu estaria perdida.

_Você vai se dar bem, tenho certeza – Betina piscou um dos olhos pra mim e voltou-se novamente para o piano – O que quer ouvir agora?

Pedi Mozart, mas não sei porque comecei a me sentir meio triste, então acenei um tchau pra ela e Adrian, e saí de lá, meio sem rumo. Acabei indo parar no meu dormitório, onde minhas colegas davam últimas provas em seus vestidos e máscaras. Fiquei admirando-as por um tempo, dando opinião quando alguma delas me pedia, pra mim todas estavam lindas. Minha roupa estava comprada, assim como a máscara. O vestido era curto e roxo, com uma cinta de laço preta, assim como a máscara, que tinha penachos lindos no lado esquerdo, os sapatos, bom eram sapatos, altos, com os laços de seda. Nada demais, não quis prová-los de volta, porque sabia que ficaram bons.         Saltei da minha cama e fui dar um passeio em busca da Úrsula, fui até o dormitório dela, mas suas colegas de quarto disseram que não a haviam visto.

Suspirando, e sem rumo, acabei no lugar onde meus pés acabavam sempre me levando, meu banco no pátio, mas parei a meio caminho, quando notei que ele estava ocupado.

_ Ariana, sabia que acabaria aqui, parece ser seu ponto de reflexão – Adrian disse, de costas pra mim, sem ao menos se mexer.

_Bem, costuma ser – respondi, com um sorriso, então dei as passadas finais e me sentei ao lado dele – Mas parece que terei de dividi-lo hoje.

_Sei que você não se importa – ele sorriu, era a primeira vez que eu via Adrian expressar alguma coisa, na verdade, nunca o notei muito antes de ir tentar me salvar do Johan, junto com minha irmã – Na verdade, estou aqui mesmo para lhe dizer alguma palavras Ariana, notei que está um pouco triste...

Respirei profundamente, e brinquei um pouco com a barra da saia do meu uniforme. Era o último dia que eu iria usá-lo.

_É por causa de sua amiga? - ele perguntou em um tom de voz que fez lágrimas se formarem em meus olhos.

Assenti com a cabeça, e ergui meus olhos pra ele. Adrian sorria de um jeito sábio.

_Ela é um Oráculo, Ariana, o caminho dos Oráculos nunca é fácil e por vezes ele é solitário, o que ela tem é um dom, mas também em certo modo uma maldição, ela precisa de um tempo, creia-me, ela te ama, só precisa disso pra entender ela mesma.

Passei alguns segundos sem responder, apenas pensando no que ele disse sobre minha amiga. Ele tinha razão, o dom que Úrsula tinha não era de todo agradável, porque às vezes algumas coisas não devem ser vistas.

_Você tem razão – finalmente eu disse – Bem, sempre me perguntei o que você é, Adrian, Oráculo, Obscuro ou Mensageiro?

_Sou da casta dos Obscuros, Ariana – ele respondeu com ar solene – Assim como aquele rapaz ali – ele apontou na direção do corredor e quando girei minha vista naquela direção, vi Dante e Elleonor andando por ali, tranquilamente, rindo de alguma coisa. Senti uma pontada estranha no peito, mas desviei a vista e resolvi ignorar – Não gosto daquela garota, apesar dela ter sido útil.

Ergui as sobrancelhas um tanto surpresa. Não havia rancor na voz dele, apenas um tom de constatação.

_Por quê? - perguntei, arregalando os olhos – Poxa, ela salvou eu, Dante, Betina e Úrsula de morrermos!

_Eu acho que você, Betina e Úrsula terem sido salvas foi apenas um bônus, ela estava preocupada mesmo em salvar a quem está a acompanhando no corredor – ele abanou a mão – E de fato, não confio em lemurianos, eles dizimaram minha família, fui o único que restou, e o destino colocou sua irmã em meu caminho, sempre fomos amigos, assim como você e Úrsula o são – Adrian passou as mãos nos cabelos negros, seus olhos castanho-escuro brilhando – Já se perguntou sobre a história desta escola Ariana?

Pisquei, confusa.

_Hum, sei que fui fundada em 1800, por uma família da nobreza italiana – forcei meu cérebro a lembrar – Eram os Ant...

_Antonielli, minha família, Ariana – Adrian agora sorria – Foi fundada pelos meus ancestrais, e é minha herança.

_Quê?? Você é dono da escola??? - guinchei, uma das minhas mãos subindo ao peito.

Adrian riu.

_Sou, mas gostaria que esta informação não fosse passada adiante.

_Mas você não era só o … - apontei as flores mais próximas de nós ali no pátio.

Ele riu ainda mais.

_É, também, sou formado em Botânica Ariana, é mais do que natural eu cuidar do jardins de minha propriedade – ele se espreguiçou, o tecido de sua camiseta branca se esticando nos braços. Humm, pra alguém que só lidava com plantas ele tinha ótimos braços – Bem, acho que devo ir e cuidar do meu jardim privado, na minha casa mesmo, nos vemos no baile amanhã, Ariana – ele piscou um dos olhos escuros e bonitos e sorriu – Betina e eu somos os padrinhos da Quadrille.

Revirei os olhos.

_Pelo menos você tem par.

Adrian riu, passou por mim, arrepiando meus cabelos com sua mão grande e se foi, sumindo pelo corredor.

Quem diria hem, Adrian era o dono do lugar onde eu fui criada, e também o refúgio de meus outros amigos atlantis.

Olhei pro céu, que começou a chuviscar numa tipíca precipitação de verão. Me deixei tomar as gotas mornas e sorri. Adrian realmente sabia acalmar um coração tempestuoso.

Então percebi que não tinha perguntado qual era o dom de Obscuro dele.

***

A festa estava espetacular, o salão da escola parecia um daqueles lugares que só se vê em filmes, as luzes piscavam e a música fazia com que os vidros das janelas tremessem, não que eu tenha tido tempo de olhar muito, já que a Quadrille ia começar. A Quadrille era assim como a escola, uma dança do século XIX que nunca fora esquecida, não numa instituição tão antiga. O garoto à minha frente se curvou quando a música começou e eu fiz o mesmo, mas de modo mais feminino, e então em vez de alguma catástrofe acontecer, como eu cair em cima de alguém, ou sei lá, meu sapato escorregar e eu me esborrachar no chão, a dança fluiu naturalmente em mim, e comecei a rir e sorrir, como sempre fazia quando dançava.

Vi Úrsula na ponta mais distante da fila de alunos, e notei que ela deu um tchauzinho pra mim, enquanto rodopiava com seu vestido longo e sua máscara preta, com um bonito laço num dos lados. Minha irmã estava como par de um garoto mais baixo que ela agora, com quem parecia estar conversando tranquilamente, estava de vestido branco, e com uma máscara de renda azul, linda como sempre foi. Na próxima troca de pares, bem na hora que minha música favorita começou, Breakaway, uma mão conhecida pegou a minha e finalmente me dei ao trabalho de reparar em meu par, os olhos verdes por trás da máscara preta e simples me encararam.

_Oi, Dante – cumprimentei, dando uma volta até ir ficar do seu lado esquerdo – Você não está usando gravata.

_Não gosto delas – foi a resposta dele, com um dar de ombros.

_Tanto faz – eu ri – Bem, espero que esteja se divertindo – vi que ele quase pisou em um dos meus pés e mordi a boca pra não rir – Ou pelo menos tentando.

Seus olhos verdes se arregalaram ao notar o que quase tinha feito aos meus inocentes dedos, mesmo numa música mais lenta.

_Não se pode ser bom em tudo, mas...eu acho que consigo – lá estava um sorriso, convencido, como sempre.

_Boa sorte com isso – a música acabou, assim como meu ânimo pra dançar, já tinha pulado e curtido que chegue – Boa noite de formatura, Dante – me curvei, como era o protocolo e saí, no meio de uma música da Rihanna.

Eu estava feliz, e triste ao mesmo tempo. Saí do salão e fui até um dos jardins principais, que estava todo enfeitado com foquinhos, tanto por causa da festa, como por causa do Natal, que estava se aproximando. Olhei as estrelas no céu, piscando, alegremente, como se até mesmo elas estivessem felizes.

Fim de uma etapa, pensei, começo de outra.

Era o fim de uma vida onde eu entendia muita pouca coisa de mim mesma, e início de outra onde o que eu tinha era sinal de que a morte estava no meu encalço.

Sorri pra lua no céu.

_Ela que venha, mas que fique certa, eu não sou fácil de matar.


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Notas finais do capítulo

Agora ela só volta na despedida final! Xoxo!



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