Eu e Henry estávamos saindo do portão de saída, pois daqui a pouco ia começar a aula. Eu olhava para trás e via as pessoas rindo, parecia que estavam rindo de mim, perguntei a Henry, que estava andando ao meu lado.

-Tem alguma coisa em mim engraçada?

Ele olhou confuso.

-Não.

-Então porque as pessoas não param de rir.

Ele olhou em volta e viu várias pessoas tentando segurar o riso.

-É impressão sua Annie.

Ele falou isso para tentar me acalmar.

Quando chegamos ao corredor, vi a professora conversando junto com outros professores.

Nós entramos na classe, os alunos já estavam lá, todos rindo e falando ao mesmo tempo. Eu percebi que a menina nova ainda não tinha chegado. De repente, todos pararam. Todos olharam para mim e começaram a rir, igual à vez em que eu vim com os sapatos sujos de coco, mas os risos eram mais altos, parecia que era mais engraçado.

Eu e o Henry estávamos confusos, estava parada na frente da classe olhando para meus sapatos, mas eles não estavam sujos, até que eu senti algo sendo puxado de meu casaco. Virei rapidamente e vi o Henry todo confuso segurando um pedaço de papel com uma fita adesiva na ponta

-Isso estava grudado na suas costas -ele falou e me deu o papel.

Eu li, e estava escrito que eu era estúpida. Fiquei vermelha de raiva. Rasguei o papel ao meio, amassei, joguei no chão, pisei em cima e coloquei no lixo. Todos se calaram nesse instante, eles estavam me olhando com uma cara de como eu sou esquisita, mas eu não dei à mínima. Só sentei na minha carteira com uma cara super brava e contei até dez para não sair batendo em todo mundo.

A menina nova chegou atrasada hoje, então ela não viu a humilhação que eu passei. Tinha reparado nela melhor agora, tinha cabelos loiros lisos, que ondulavam quando chegavam à ponta, ela tinha uma franja bem lisa e seus olhos eram azuis. Quando chegou à classe, sentou em sua carteira e logo começou a me encarar com os olhos estreitos, mas não era parecido com o olhar da mulher no jardim.

Eu conseguia ver pelo canto do olho ela me encarando sem parar, aquilo ma deixava nervosa, eu tinha que falar para ela parar de ficar me olhando.

Quando a aula acabou, eu falei para o Henry que ele poderia ir sem mim ao portão da escola porque eu iria esperar a novata para ter um papinho com ela.

Quando todos da classe saíram, eu fui para o corredor, coloquei as minhas coisas no chão para esperá-la, mas ela demorava para sair da classe, eu acho que ela estava guardando o material.

Quando ela saiu, deu de cara comigo encostada da parede com uma cara séria, eu olhei para ela e falei:

-Oi

Com um sorrisinho falso

-Oi

Ela falou confusa

-Qual é o seu nome?

Eu perguntei curiosa

-Linda e o seu?

Ela falou interessada.

-Annie.

Eu dei outro sorrisinho falso para ela.

-Porque você fica me olhando?

Agora tinha falado séria. Ela não falou nada parecia confusa.

-Eu sei que foi você que colocou aquele coco falso.

Eu nem sabia se era ela mesmo, só tinha falado isso porque o Henry me contou.

Ela continuou com uma cara de desespero e confusão, acho que só fez isso para parecer inocente.

-Você, te conheço ,anda todo dia, era falso?

Quando ela falou isso meu cérebro deu um nó. Eu não tinha entendido uma palavra do que ela falara.

-Do que você está falando?

-Você é aquela menina que anda a pé para escola e todo dia passa em frente a minha casa!

Ela falou tentando esclarecer as coisas.

-Como é a sua casa?

Eu perguntei tentando me lembrar, mas nunca tinha visto ela andando na rua.

-É um sobrado amarelo com uma varanda.

Eu me lembrei de sua casa, ela morava super perto de mim.

-Sei que casa é.

-Eu ficava te olhando na aula porque eu sabia que eu já tinha te visto antes.

Agora tudo estava esclarecido não era ela que tinha colocado o coco e só ficava me olhando porque tinha me reconhecido, o Henry estava enganado sobre ela.

-Então não foi você que colocou o coco falso?

Eu perguntei para ter mais certeza de que não foi ela.

-Não, eu nem sabia que eles eram falsos. Mas porque você achou que fui eu quem colocou?

Ela perguntou curiosa.

-É porque você não parava de me encarar.

-Foi mal eu devia ter falado que te reconheci antes de ficar te encarando.

-Tudo bem.

Eu falei pegando as minhas coisas que estavam no chão do corredor. Eu me virei e fui para o portão da saída onde o Henry estava me esperando.