asas Negras escrita por Milena


Capítulo 2
Capítulo 1 - Parceiro Errado


Notas iniciais do capítulo

"Perdida em meus pensamentos senti como se estivesse sendo observada, senti calafrios, olhei de um lado para outro, não tinha ninguém no ponto de taxi, só eu. Uma onda de pânico me atingiu, o instinto dizia que eu precisava correr."



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Londres, Inglaterra

Janeiro de 2011

O celular me acordou seis e meia da manhã, tocando Liberty Walk da Miley Cyrus, mas meu corpo se recusava a acordar.

“Só mais cinco minutinhos...” pensei comigo mesma, já voltando ao meu sono tranqüilo.

– Ashley! Levante-se agora! Se quiser carona é melhor levantar, ou vai de metrô.

“De metrô não!” Corri para o banheiro rapidamente, consegui tomar banho em tempo recorde, entrei no closet e vesti minha calça jeans, um suéter, calcei minhas botas pretas e peguei meu casaco. Desci as escadas correndo e me joguei na mesa da cozinha.

– Nossa, quinze minutos... Tempo recorde. – Disse minha mãe colocando meu café na mesa.

– Você já está saindo? – Perguntei com a respiração ofegante. Deus consegui me arrumar em quinze minutos! Para mim isso era um milagre.

– Não. Na verdade hoje não vou trabalhar, vou ficar em casa e rever uns projetos.

– E porque me acordou desesperada? – Respirei fundo. Ufa, não estava atrasada, só irritada com a minha mãe...

– Por nada, foi engraçado... – Tomou um gole de café, rindo sozinha – Tenho que terminar uma planta de um hotel, não vou poder te levar para escola. Vã junto com Scott e diga que depois darei para ele um cupcake.

Minha mãe é Erika Stoner, famosa arquiteta londrina, suas obras e monumentos estão espalhados pela cidade, ela quase não tem tempo para mim, nem para sua própria vida. Desde que meu pai morreu há três anos, ela só vive para o trabalho, para compensar a falta dele, ela me enche de mimos, cartão de crédito com um limite bem grande, passeios ao shopping intermináveis.

– Acertou o ponto fraco do Scott! – Ri junto com ela – Agora já vou mãe.

Levantei e peguei uma maçã, dei um beijo na minha mãe e sai correndo para o elevador, o ruim de morar na cobertura é que demora um eternidade para chegar em outro andar. Cheguei ao segundo andar e saí quicando do elevador, tropecei na porta e cai em cima de alguma coisa fofa.

– Sai de cima de mim Ashley! – Gritou Scott rindo de mim.

– Desculpa! Foi mal!

Ele ficou me olhando com um cara de quem diz “Como é?” então percebi que estava com a maçã na boca e o que eu falei saiu mais ou menos assim “Diixculllfa! Fuuuooi baal!”. Tirei a maçã da boca e arremessei no lixo

        – Ótima cesta... Agora sai de cima!

– Chato! – Disse dando um soquinho no seu braço. O que não fez muito efeito por que o Scott é gigante, tem um metro e noventa, e eu apenas um e sessenta e cinco.

        – Você cai em cima de mim e eu é que sou chato? Você é uma pessoa muito engraçada!

        Ri e entrei de novo no elevador. Eu estava indo para mais um dia na minha vida monótona, na minha adorada escola United High School, na qual eu tinha pouquíssimos amigos. Quando entrei na sala da primeira aula – Sociologia, que por um acaso eu odeio – vi um aviso escrito no quadro: “Trabalho em duplas”. Sentei ao lado de Carolline e perguntei o que era aquilo.

        – Não tenho a menor idéia! Ele simplesmente chegou e escreveu isso no quadro... – Carolline é minha melhor amiga desde a quinta série, desde que me trancaram no banheiro no primeiro dia de aula e ela abriu a porta para mim, foi assim, simples e rápido.

        – Podemos escolher as duplas?

        – Não tenho a menor idéia, mas espero que sim. Se for sorteio e eu tiver que ficar com a Angélica, a menina da caspa, eu vou me matar!

         Dessa eu tive que rir, ia falar que sentar com a Angélica era o sonho da vida dela quando o Sr.: Grander se levanta e diz

        – Carolline dupla com a Angélica. – Disse sem pausa

– Porque professor? Senhor? – Perguntou Carolline revoltada

– Porque eu mandei, agora vá! – Meio a contra gosto ela se levantou e sentou-se ao lado de Angélica.

Aos poucos as duplas foram formadas, Scott ficou com William o que foi incrível, por que só ele ficou com um par que ele queria. No final sobrou apenas eu da sala sem um parceiro.

– Ashley dupla com Matheus.

– Professor, senhor, como vou fazer dupla com uma pessoa que não está aqui?

Ele apenas se virou para mim e disse com desdém

– Está sim, estou vendo ele bem ali. – Ele apontou para o fundo da sala. Realmente ele estava lá, na ultima cadeira, bem no fundo. – Vá logo antes que eu tire um ponto seu.

Levantei e segui em direção a mesa, quanto mais me aproximava, mais eu sentia calafrios, mas segui em frente. Sentei ao seu lado, o olhar dele estava perdido no vazio.

– Oi. Meu nome é Ashley Stoner. E o seu? – Foi se eu não tivesse dito nada, esperei e ele não falou sequer um “oi” – Não vai me dizer nada sobre você?

Ele olhou para mim e pareceu se assustar quando me viu, eu gelei ao ver aqueles olhos completamente negros me fitando.

– Sou o parceiro errado para você. – Continuei olhando para ele não entendendo nada. – Há! – soltou uma risada – Você está avisada.

– Se você não está gostando de sua parceira, então somos dois. – Virei-me para frente para ver a explicação do trabalho.

– Bem a tarefa de vocês, 3º ano é bem simples, vocês vão ter que ir a todos os parques que encontrarem e fazer um relatório sobre o comportamento das pessoas nesse local.

“Trabalho doido” pensei comigo mesma “O professor pirou de vez”

– Concordo com você. – Matheus disse ao pé do meu ouvido

– Concorda com o que? – Ele leu minha mente? Impossível! Devo ter pensado alto.

Ele apenas riu e voltou para frente. Esse garoto é doido! Não tem uma boa educação e ainda por cima ainda fica falando coisas sem sentido.

– Então é isso, usem os últimos minutos para debater sobre o que vocês irão fazer. – O professor se sentou e voltou a ler sua revista de esportes.

Virei-me para Matheus, ele estava com os braços cruzados sobre o peito e com os pés em cima da mesa, a visão do conforto. Ele era lindo, tinha músculos bem definidos, mas não era exagerado, tinha cabelos negros, e um rosto incrivelmente perfeito, apesar da beleza tentei não perder o foco.

– Quando vamos fazer o trabalho? Pra mim qualquer dia serve.

– Tanto faz. – Ele deu de ombros, olhou para mim e deu um sorrisinho, me deu calafrios olhar de novo dentro daqueles olhos... Azuis!? Isso mesmo, os olhos dele estavam azuis bem escuros, como o fundo do mar. Desviei o olhar na mesma hora, que garoto doido!

– Vai colaborar?

– Provavelmente não... – Ele colocou fones de ouvido e fechou os olhos.

Cansei. Guardei meus livros, fechei a mochila e me levantei para ir embora. Aquele garoto passou dos limites! Mal educado e doido! Completamente doido, ia reclamar ao professor com certeza, quando estava indo em direção ao professor, seguraram meu braço. Virei e vi Matheus segurando meu pulso, o toque dele era frio, me causou arrepios.

– Não vá. Gosto da sua companhia. – Disse olhando nos meus olhos, aqueles olhos me fizeram tremer outra vez.

– Vai colaborar?

– Prometo que serei bonzinho... – Ele me soltou, então percebi que quando ele deixou de me tocar eu senti um vazio intenso dentro de mim.

– Então eu fico. – Sentei de volta, arranquei uma folha do meu caderno e peguei uma caneta. – Quando podemos fazer isso?

– Sempre desafiando o perigo... – Ele quase sussurrou – Nunca muda... Mas, é não é possível, ela...

– Desculpe o que você disse?

– Nada... Eu... Preciso ir. – Ele levantou e botou a mochila nas costas – Se precisar me liga – Ele anotou o numero na parte de cima do meu livro – Mas se você quer um bom conselho. Fique longe de mim.

Sem dizer mais nada, ele saiu da sala me deixando a ver navios. Bastou um minuto pra Carolline se materializar na minha frente.

– Então... – Ela se sentou ao meu lado – Conte tudo sobre o senhor bonitão

Eu ainda estava sem fala, sem entender nada, como um garoto chega em mim falando um monte de coisas sem sentido, é incrivelmente lindo e me diz que eu tenho que ficar longe dele? Sinceramente ele era completamente doido e misterioso.

– Desculpa Carol, eu não estou me sentindo bem... Vou pedir uma licença, à tarde te ligo, tudo bem?

– Tudo bem amiga... Mas eu ainda quero saber tudinho sobre o Senhor Matheus!

– Carol, faz um favor para mim? – Eu estava pirando – Tenta descobrir o sobrenome do Matheus... É importante. – Eu não estava realmente bem.

– Espiã Carol a postos capitã! Mando uma mensagem para você. – Ela me olhou de cima a baixo – Agora vá logo, porque você está ficando verde.

Sai da sala e fui à secretaria, a Senhora Hender ficou preocupada, mas eu disse a ela que tudo bem, só precisava ir pra casa. Ela me deu a licença e me mandou descansar. Enquanto esperava um taxi fiquei repassando coisas na minha cabeça: Primeiro: Ele me mandou ficar porque gostava da minha companhia. Segundo: Ele foi embora sem dizer absolutamente nada. Terceiro e mais estranho: Ele disse que sempre desafio o perigo, que eu nunca mudo. Como assim? Ele nem me conhece direito! E desafiando o perigo? Está certo que eu não sou uma pessoa muito comportada, do tipo que já tentou descer uma ladeira com um carrinho de compras, mas como ele saberia disso?

Perdida em meus pensamentos senti como se estivesse sendo observada, senti calafrios, olhei de um lado para outro, não tinha ninguém no ponto de taxi, só eu. Uma onda de pânico me atingiu, o instinto dizia que eu precisava correr. Mais calafrios. Um vento forte começou de repente, então alguma coisa segurou meu braço. Não agüentei, sai correndo olhando para trás, não tinha ninguém, continuei correndo e teria continuado senão tivesse trombado com alguém. De novo, segunda vez no dia, fui jogada em cima da pessoa em que trombei.

– Ai meu Deus! Desculpa! – Comecei a levantar quando vi em quem eu tinha trombado – Matheus?

– Ai minha cabeça... – Ele começou a rir de mim – Você sempre derruba as pessoas?

– O que você está fazendo aqui? – Levantei rapidamente

– Tentando pegar um taxi? – Disse levantando-se também, Matheus era do tipo atlético, um pouco alto demais, devia ter uns um metro e noventa por ai. – Se você não me derrubar de novo é isso que eu vou fazer.

– Desculpa é que... – Achei que não devia contar pra ele sobre o que tinha acontecido, podia me achar louca.

– É que?

– Não... Não foi nada. – Senti mais calafrios, o que era estranho, pois tinha sentido a mesma coisa um pouco antes.

– Ashley? Está tudo bem mesmo?

– Eu... É estranho... – Minha vista foi sumindo, não via mais nada

– Ashley? Ashley?

Foi a ultima coisa que eu ouvi antes de desmaiar.


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Notas finais do capítulo

Consegui postar!! Deixem reviews, falem se está bom, se gostaram, se odiaram e se querem que eu continue... A opnião de vocês é mt importante! Bjus!



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