Capítulo I

Haruhi’s POV.

Pode não parecer, mas minha rotina começa bem cedo. Primeiro eu acordo, tomo um banho de trinta minutos, e depois mais trinta minutos com um banho de perfume. Depois, vou para o espelho, e começo a ajeitar meu cabelo. Leva em média uma hora para ele ficar “legal”. Às vezes dou uma desfiada nas pontas com Gillette. Logo depois passo um creme no rosto, ajeito meu uniforme, coloco os sapatos e vou ao ponto de ônibus, tomando uma garrafa de água. Quando o ônibus chega, eu jogo a garrafa no lixo mais próximo e passo minha carteirinha de estudante. Então é aí que encontro meu grupo de amigos com quem costumo sair. E também com algumas gatinhas que já fiquei.

– E aí, Haruhi!! – exclamou Joey, um delinqüente pegador do meu colégio. É o mais velho da turma.

Sentei-me ao lado deles.

– Yo, Haruhi! – cumprimentaram Jack e Riku, dois velhos amigos. São irmãos de consideração. Vivem andando juntos, e também costumam falar ao mesmo tempo.
– Yo, pessoal. – respondi a todos, soltando o meu sorriso encantador.

O ônibus parou em um ponto. Aquele ponto. Onde entraria a estrangeira mais disputada da cidade. Ela entrou como sempre, com seus fones de ouvido e com seu olhar de quem está entediado. Sentou-se, afastada de todos, e começou a ler um livro. Ela nunca conversa com ninguém. Uma vez Joey tentou conversar com ela, mas ela simplesmente tirou o fone e disse “Hã? Desculpe, mas você está atrapalhando minha preciosa música”. Lembrando disso, resolvi tirar sarro.

– E aí, Joey?! Vai dar oi pra ela? – riram todos.

– Não, valeu. – recusou Joey, fechando a cara.

Depois de muitos minutos conversando, finalmente o ônibus chegara ao colégio. Descemos todos, e como sempre, recebi aquela minha recepção favorita.

– Haru-chan! – gritou Miyu (Uma garota bonitinha do segundo ano), correndo para me abraçar. – O-ha-yo!!

– Oh, bom dia, Miyu-chan! Tem algum presentinho para mim hoje? – sorri.

Miyu deu de ombros.

– Huuuuuuuunpf! ~ Lá vem você com isso novamente. Sabe, um dia, uma garota vai recusar você e colocará você para baixo! Você irá acabar sozinho! Mas deixando isso de lado, eu trouxe um presentinho pra você sim... – dizia ela, empolgada, tirando uma caixinha embrulhada de sua maleta. – Feliz dia dos namorados! Bem, é claro que você vai receber mais do que esses por aí...

– Valeu, Miyu-chan! – peguei a caixinha e a coloquei dentro de minha mochila. – Então, até mais.

– Até mais. – despediu-se Miyu com um sorriso bem aberto.

A aula estava entediante.
Bem, eu sento ao lado de Yuka-chan e da Yuri-rin... E na frente de Yuri-rin, está May. Como sempre, cochilando e ouvindo música. O professor virou-se, irritado, jogando o giz na testa de May, fazendo-a acordar.

– Ei, garota!! A sala é pra estudar, não pra ouvir música e dormir!! – gritou ele, irritado.

– Oh... Whatever. – disse ela, desligando o mp3.

Todos nem se quer riam, ou diziam alguma coisa. Todos adoravam aquele sotaque engraçado e aquele jeito certinho de falar inglês.
Olhando mais para baixo, pude ver, na mochila de May (Que estava aberta) várias embalagens de chocolate. Essa gringa é realmente popular, pensei comigo mesmo. Não sei se era por ser de outro país – ou por sua personalidade quieta.

Mas é realmente uma gracinha seu lado sério e preguiçoso. Preciso dessa garota na minha lista. Apenas uma noite – ou um dia – está bom demais da conta! Não é amor. É apenas mais uma pra eu me gabar. E eu ganharia a aposta, que estava durando há mais de um mês. Só para popularizar mais ainda minha reputação.

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May’s POV

Eu estou apaixonada. Por duas pessoas.
Uma, é um estudante normal da minha escola. E a outra... É ele. Minha maior inspiração. Minha fonte de vida. Minha razão de viver. Não é uma pessoa qualquer... É nada mais e nada menos que KURT COBAIN, vocalista do Nirvana. Seus olhos azuis... Seus louros cabelos, às vezes cobrindo seus olhos... É tão cativante.

Minha rotina começa bem tarde. Como eu entro na escola às 08h30min, me divirto (Em outras palavras, durmo ou cochilo) o máximo que posso. Acordo lá pras 07h30min, coloco Nirvana pra rodar no PC e vou tomar um banho de cinco minutos. Volto, visto aquele uniforme estranho (Mas que é uma gracinha), e como um pão com geléia de feijão. Quando vejo que finalmente estou atrasada, vou para o ponto correndo e entro. E lá eu vejo aquele garoto. KAZU, o super delinqüente, punk e com fama de mal. Com aquela aura sombria dele... Ah! ~

Aquele seu moicano azul... E sua camisa do Sex Pistols... Ele me mata! E pra falar a verdade, só vou pra escola por causa dele. E, mais para trás... Tem o banco dos garotos que estão incluídos no meu caderno de anotações. “Os garotos mais idiotas e ridículos de Tokyo, by May Cobain”

Primeiro, o principal deles. – Haruhi.
Como se não basta um nome completamente afeminado e ridículo, esse garoto infeliz que não aparenta estar no primeiro ano (Justamente na minha sala) conseguiu ter o recorde do cara que mais pegou garotas no colégio. Suspeito que alguns garotos também.

O segundo, o ajudante. – Joey.
Um infeliz delinqüente com a aura menos pesada que a do meu Kazu. Sempre anda por aí com uma katana de madeira que só “Deus-sabe-o-porque”. Tentou bater um papo comigo, mas eu estava no meu momento de empatia ouvindo Soundgarden no meu mp3. Por ter atrapalhado minha linda música, desejo morte a esse infeliz.

“Os terceiros”, os estranhos. – Jack e Riku
Sim, os terceiros. Esses são dois infelizes que a amizade é TÃO grande que não aceitam não terem nascidos irmãos. Agem como irmãos gêmeos. Vestem-se do mesmo jeito, e até o cabelo tem que ser igual. Falam ao mesmo tempo (Uma técnica ninja muito idiota) e pelo visto nenhum dos dois tem uma opinião própria.

Do outro lado ficam as “putinhas” – perdoem-me pelo termo, mas é a verdade – onde só pensam em garotos. E o principal alvo, é obviamente Haruhi, que pra PIORAR, entra na onda. E parece gostar. O mundo é assim. Uma chave que abre várias fechaduras é uma chave-mestra. E uma fechadura que abre com qualquer chave não serve pra nada.

E depois de cinco minutos o ônibus finalmente chega ao colégio.

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Eu estava decidida. Iria me declarar. Deixei uma carta no armário de Kazu, dizendo “Me encontre depois do treinamento do clube de corrida. M Cobain.” Agora só estou esperando os resultados.

Hoje é o dia dos namorados – o dia mais esperado pelas garotas (e por alguns garotos também) – para presentear o admirador com um simples... Chocolate. Bem, os feitos à mão até que valem à pena. Nesse dia eu sempre ganho vários chocolates, e desde o ano passado é assim. Tem um grupo de garotas que sempre fazem chocolates para me presentear. É uma gracinha. Uma coisa legal de morar no Japão é que tudo é fofo.

Mas não comerei nenhum deles – só alguns. Vou compartilhar com meus pais e com meu irmão. Ah vá que como tudo isso! E as espinhas?! Tô fora. Canso de passar manteiga pra disfarçar as espinhas. (Atitude Rock N’ Roll! Manteiga, yeah!)

Mas o que importa é que está tudo pronto.
Estou preparada para um “Sim”, mas não preparada para um “Não”.

Eu nunca namorei, sabe. O pessoal do Brasil – país que eu morava – É meio tapado. Pra você namorar alguém lá ou você tem que ter MUITA sorte (Ou ser uma pessoa muito especial – admiro pessoas especiais que namoram, são incríveis.) ou ser uma cocota dada. Aqui não muda muito – tem MUITA menina dada por aqui – Mas eu passei minha vida inteira sendo iludida com mangás shoujo.

Caraca... Que resposta será que vou receber? Há!! Com certeza sim, não tem nenhum garoto que não goste de mim!