O cano da arma deslizou em seu pescoço, fazendo-o inclinar a cabeça para trás, suando frio. Fechou os olhos com força, sentindo seu coração disparar. Sentiu uma corrente de ar gelada transpassando sua pele alva exposta, com a camisa branca já rasgada; seu peito subia e descia de acordo com sua respiração ofegante. O receio que mesclava-se com a raiva tomava conta de sua mente aos poucos, até não restar nada senão o ódio que havia acompanhado sua alma durante tantos anos.

"Por que você faz isso?"

Alois sorriu atrás dele, passando seus braços pelo pescoço de Ciel enquanto continuava com a arma voltada para ele, sentindo seu corpo estremecer sob seu toque. A tensão no recinto era sufocante; ele sabia, um disparo e tudo estaria terminado.

"Porque eu posso." Essa sempre era a resposta de Trancy quando alguém ousava lhe perguntar por que fazia as coisas que fazia. A sensação de poder era algo único para ele; nada conseguiria substituir a emoção de ter o controle sobre a vida de alguém, sentindo a última respiração deixando seus corpos. Os olhares suplicantes, o desespero, o prazer. Para ele, tudo transformava-se em uma coisa só.

"Você não entende, não é, Ciel?" O menor foi empurrado para a parede gélida à sua frente, sentindo o corpo de Alois prensando-o. Não deixava transparecer nenhum sinal de resistência, mantinha-se imóvel; recusava-se a demonstrar fraqueza. Alois arrastava as unhas vagarosamente sobre a pele do outro, deixando marcas vermelhas. Ciel não se movia.

"Você é meu."