Diario de um Semideus 2 - As Portas da Morte escrita por H Lounie


Capítulo 20
Dilacerando corações




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– Já é de manhã? – Perguntou Nico, desnorteado como o resto de nós.

– É o que você acha, Di Angelo? – Lançou Sr. D, mordendo um pedaço de sua rosquinha de chocolate como se o fato de termos aparecido do nada fosse absolutamente normal. O que para ele certamente era.

– O senhor não havia ido embora? – Perguntei, me arrependendo no mesmo instante de ter feito isso.

Ele me olhou frio e seus olhos brilharam em um roxo assustador. Algo perigoso e divino estava prestes a acontecer. Fechei meus olhos esperando pelo pior, mas ao invés disso, Sr D apenas falou: Zeus me ordenou que voltasse.

Preferi não dizer nada, era a melhor forma de me manter viva.

Meio segundo depois e os comentários explodiram por todo o refeitório. Depois de responder a milhares de perguntas e repetir a história várias vezes, finalmente nos foi permitido comer um pouco.

– E quanto a esse acampamento romano, onde ele fica? – Perguntou Nick, sentado ao meu lado na mesa.

– Não sabemos, na realidade nem sabemos se é um acampamento. Mas é quase certo que Percy está lá. Como uma troca, Jason foi mandado para cá e Percy para lá, um plano de Hera. Jason disse que Percy pode estar em apuros, digamos que o pessoal romano não é muito amistoso. – Fiz uma careta e ele sorriu, me abraçando.

– Fiquei preocupado com você. – Falou sorrindo. – Mas como sempre você deu um jeito de sobreviver.

– Eu sempre dou, não é mesmo? - Sorri. - Então o silêncio dos deuses acabou?

– Ao que parece sim. Papai esteve aqui ontem a noite, não nos disse nada sobre você, ele só pareceu triste quando perguntamos, falou algo sobre temer sobre o seu futuro e só.

– Papai esteve aqui? – Perguntei, levantando-me do banco e derrubando a rosquinha que tinha na mão. Na mesma hora, senti vários olhares em mim. – Acho que perguntei alto demais.

Sorri para todos e voltei a sentar.

– Como assim papai esteve aqui? O que mais ele disse? O que veio fazer?

– Calma Lyra, calma. Ele disse que só veio fazer uma visita, agora que está história toda de silêncio acabou.

– Eu só queria tê-lo visto também.

– Está reclamando do que? Até ontem você era a única que o conhecia. – Ele sorriu.

– Lady Ártemis e as caçadoras estão aqui! – Gritou Alec, filho de Atena, entrando no refeitório e escondendo-se entre os irmãos na mesa.

– Ah, que ótimo, já estava com saudades. – Resmunguei sarcástica. – Como elas chegaram tão rápido?

– O que quer dizer? – Joe, que sentava a minha esquerda, perguntou.

– Estivemos com elas ontem à noite, ou melhor, durante essa madrugada.

– Devem ter chegado da mesma forma eu vocês então. – Deu de ombros, voltando sua atenção para as panquecas com calda de chocolate.

– Impossível, Hera disse que não traria as caçadoras.

As caçadoras rumaram para a mesa que cabia a elas, enquanto Ártemis sentou-se com Dionísio e Quíron. Sr D. parecia estar despejando sobre Ártemis todas as reclamações sobre estar no acampamento. A deusa simplesmente assentia, parecendo entediada demais.

– Ei Quíron! – Gritou um filho de Ares. – Teremos capture a bandeira essa noite?

– Eu acredito que, bem... Devido à visita das caçadoras...

As caçadoras e os filhos de Ares pareceram animados ao extremo.

– Sempre essa mesma babaquice. – Resmungou Sr. D. – Todo esse blá, blá, blá de capturar a bandeira e tudo mais. Será que são incapazes de pensar em outra coisa?

– E no que está pensando Dionísio? – Retrucou Ártemis. – Quer dar uma festa à fantasia no acampamento?

– Não seria má idéia. – Respondeu o deus. – Quantos de vocês preferem uma festa?

O deus olhou a todos com uma expressão que parecia com ‘Digam caça a bandeira e serão mortos’, de modo que apenas as caçadoras, o chalé de Ares e alguns filhos de Hécate foram contra o deus do vinho.

– Ótimo então, teremos uma festa. – Quíron falou como quem anuncia um funeral.

– Fabuloso! – Gritou Drew, sendo seguida pelas irmãs. – E qual seria o tema desta festa? Porque obviamente todos precisam se vestir adequadamente.

– E festa precisa de tema menina? – Sr D lançou-lhe um olhar de desprezo que me fez rir.

– Drew talvez você tenha uma...

– Absolutamente Quíron. – A menina levantou, interrompendo o centauro. – Essa festa poderia ser uma homenagem a deusa do amor.

O refeitório explodiu em vaias, apenas alguns incentivos puderam ser ouvidos e quase todos vinham da mesa de Afrodite.

– O que? Vocês não concordam? Vocês devem concordar!

Assim que Drew falou, muitos começaram a assentir, como se aquilo fosse uma ordem.

– Não dêem ouvidos a ela. – Falei, vendo muitos se virarem para mim, seus rostos demonstrando duvida.

– Não se meta, menina morta. A festa deve ser em homenagem a Afrodite.

– Veja como fala Barbie falsificada. E todos devem escolher o tema da festa, você não pode obrigá-los a aceitar o seu.

Um coro de ‘eu concordo’ pode ser ouvido quando terminei de falar.

– Quíron, você não concorda comigo? – Falou, piscando os olhos.

– Bem eu...

– Ah, Quíron, você não pode concordar com o que ela está falando, se for assim, você deve homenagear Apolo também.

– De fato me parece uma excelente idéia Lyra, eu...

– Não mesmo, afinal, por que homenagearíamos Apolo? - Perguntou Drew com as mãos na cintura.

– Isso é algo a considerar Lyra, Drew talvez...

– Como assim Quíron? Meu pai é, entre outras milhares de coisas, o deus da música. O que é uma festa sem música?

– Você tem razão, então...

– AFRODITE! - Gritei ela.

– APOLO! - Gritei.

– JÁ CHEGA! – Berrou Sr. D. – Está decidido, será uma festa em homenagem a mim, que sou o deus das festas.

– Como assim? – Drew e eu falamos em uníssono.

– Assim, ora. – O deus cruzou os braços. – E mais, a idéia da festa foi minha.

– Mas a do tema foi minha. – Drew choramingou. – Nada mais justo do que homenagear minha mãe.

– O que sua mãe tem a ver com festas? Melhor mesmo é homenagear o meu pai, que é um ótimo deus.

– Ser um deus multiuso não significa ser um ótimo deus.

– Repita se tiver coragem. – Ameacei, já levando a mão ao arco.

– Ei, garotas, sem briga. Sr D, será que não podemos homenagear esses dois deuses de alguma forma?

– E me deixar de fora? – O deus fechou a cara. – Nem pensar. A festa é minha.

– Quanta infantilidade. – Lamentou Ártemis. Não sabia se ela se referia apenas ao Sr D ou a todos nós. Apostava alto na segunda opção.

– Os três então? – Pediu Quíron.

– Que seja. – O deus do vinho levantou-se, retirando-se da mesa. – Mas devem aprontar tudo para esta noite.

Drew voltou para a sua mesa, já fofocando com as irmãs e distribuindo tarefas.

– O que foi aquilo Lyra? – Perguntou meu irmão Will.

– Aquilo o que?

– Essa cena toda. – Joe apontou para frente da mesa principal.

– Não sei do que estão falando. – Dei as costas a eles, parecendo uma perfeita imitação de Drew, e saí do refeitório.

Fiquei na arena até perto da hora do almoço, ajudando os recém chegados a se acostumarem com o arco e flecha.

– Adivinha quem é? – Uma mão cobriu meus olhos, me fazendo sorrir.

– O que eu ganho se acertar? – Perguntei com um sorriso malicioso nos lábios.

– O que você quiser. – Sussurrou em meu ouvido.

Tirei suas mãos dos meus olhos e me virei para trás sorrindo, prendendo o garoto em um abraço apertado.

– Onde esteve Luke?

– Conversando com Quíron, contando detalhes a ele sobre a missão e sobre a conversa com aquele seu amigo peixe. Mal consigo acreditar Lyra, você tem um peixe apaixonado por você?

Luke fez uma cara de nojo, só para depois sorrir, retribuindo meu abraço.

– Algum problema com isso? – Perguntei em meio a gargalhadas, imitando sua careta.

– Detesto concorrência, mesmo que ele seja um peixe. – Falou baixinho, apertando os braços ao redor de minha cintura.

– Ele não é um peixe, é um garoto muito legal. – Levei a mão ao seu cabelo, enrolando os dedos nos fios cor de areia. - E é muito bonito. – Disse, ficando na ponta dos pés para poder falar ao seu ouvido.

– Ainda é um peixe. Um peixe fofoqueiro. – Sua voz vacilou ao me sentir se aproximar.

– Não seja tão mal Luke.

– Quem é que esta sendo mal aqui, hum?

Ele me girou em seus braços, até que eu estivesse de costas para eles, mas ainda assim presa ao seu abraço.

– Está presa e condenada a ficar comigo aqui. – Ele voltou a sussurrar em meu ouvido, me provocando arrepios.

– Aqui?

– Tem razão, aqui não.

Andamos até estar à beira da floresta. O sol estava alto, já devia ser quase meio dia. Luke sentou-se embaixo de uma árvore e me puxou com ele.

– Pronto, agora sim está presa. – Sorriu, passando os braços ao meu redor, enquanto eu deixava um beijo em seu rosto, feliz por aquele momento.

– Vou precisar de um herói para me salvar?

– Vai chamar o homem peixe?

– Ele não é um herói. – Balancei negativamente a cabeça, sorrindo.

– Mas aposto que ele tentaria salvar você.

– Talvez eu nem queira ser salva. – Admiti, baixando os olhos.

– Isso é bom.

– E talvez eu nem precise, sou capaz de fugir sozinha.

– Isso não é bom.

– Sabe o que seria bom? – Lancei-lhe um sorriso malicioso.

– O que? – Perguntou levantando um sobrancelha.

– Isso.

Então eu o beijei. Com toda vontade, como se aquilo estivesse planejado há anos. Talvez fosse uma forma de descobrir o que eu realmente sentia por ele. Talvez fosse uma forma de esquecer Nico, ou apenas um desejo há muito escondido. Eu não sabia dizer o que era, apenas podia dizer que realmente gostei e que realmente desejava mais.

Luke retribuía o beijo com a mesma vontade que eu. Era carinhoso, um tanto urgente e apaixonado. Nenhum dos dois parecia querer que aquele momento chegasse ao fim.

– Acho que está na hora de ir para refeitório. – Falei, por fim me afastando em busca de ar.

– Precisamos mesmo? – Luke reiniciou o beijo, com mais pressa dessa vez, como se não fossemos ter outra oportunidade.

– Sim precisamos.

– Ou talvez você tenha apenas se arrependido do que fez.

– Eu não disse isso Luke, e eu não me arrependo.

– Tem certeza? Tem certeza de que não está tentando fugir de sua paixão que atualmente não é correspondida por aquele garoto estranho?

– Luke, o que está fazendo? – Me soltei de seu abraço, colocando-me em pé. – O que deu em você?

– Em mim nada Lyra, eu só perguntei, mas sua reação não era bem o que eu esperava. No fim acho que tenho razão.

– Se você acha isso. – Virei as costas, pronta para sair. Aquele definitivamente não era meu dia.

– Espere, Lyra. O que eu fiz agora? Desculpe-me, eu apenas falei o que estava pensando, são apenas palavras.

– As palavras são uma das armas mais poderosas que existe, Luke. Você deve saber usá-las. – Comecei uma corrida sem rumo , um tipo estranho de ressentimento surgindo em mim, uma vez que me senti rejeitada. – Não devia magoar alguém perigoso.

– Perigosa, você? – Perguntou desdenhoso, correndo atrás de mim. Eu provavelmente não conseguiria fugir dele se ele realmente quisesse me acalçar.

– As pessoas que foram feridas por aqueles que gostam são as mais perigosas, pois sabem que podem suportar qualquer coisa. – Luke deixou de me seguir quando eu recitei a fala que Gaia havia nos dito no dia em que voltamos.

Assim que voltei ao chalé me permiti chorar. Afinal foram tantas coisas nos últimos tempos. Fui até meu criado e peguei meu diário, escrevendo nele tudo o que sentia.

Saí do chalé horas depois, só depois de lembrar que tinha uma festa e que graças a mim meu pai seria um dos homenageados. Lavei meu rosto diversas vezes, não queria que percebessem que estive chorando aquele tempo todo, não queria que Luke me visse daquele jeito.

– Esteve chorando? – A voz rouca me chamou enquanto eu passava pelo chalé 13.

– Não é da sua conta. – respondi seca.

– Calma, eu só perguntei, não precisa ser grossa. Mas sua reação demonstra que estou certo. – Será possível, minhas reações me entregam tanto assim? – O que houve?

– Já disse que não é da sua conta.

– E eu já disse para não ser grossa.

– Então não seja intrometido.

– Ele magoou você, não foi? – Disse Nico depois de algum tempo.

– Do que está falando? – Me fingi de desentendida, sabia exatamente do que ele estava falando.

– Luke. – Ele riu. – Luke magoou você. Eu sabia.

– Vai rir de mim agora? Não basta me evitar e se afastar de mim como se eu tivesse uma doença contagiosa e agora vai rir de mim? – As lágrimas voltaram e eu não fiz questão de contê-las.

– Eu não evito você Lyra, você foge de mim. Se afasta cada vez mais.

Ele pegou minha mão, me olhando nos olhos.

– Não chore mais. – Disse, passando a mão por meu rosto, afastando as lágrimas.

O silêncio prevaleceu por vários minutos. Sua respiração receosa e ao mesmo tempo urgente era tudo o que se podia ouvir.

– Ainda tem duvidas quanto a mim Nico? Será que seu rancor é assim tão profundo que não é possível existir uma brecha para a reconciliação? – Perguntei, essa questão girava em minha mente dia e noite. Parecia-me o único motivo.

– Não vê Lyra? Você está sendo sepultada viva. – Gritou, levando as mãos à cabeça, parecendo relutante ao me dizer aquilo, como se soasse completamente horrível para ele também. - E sabe o que mais? Esse é o resultado de seu auto julgamento, você provocou isso a si mesma. Você decidiu continuar assim.

As palavras fugiram, apenas as de Nico continuavam em minha mente e eu não sabia como rebatê-las, em parte porque o que ele disse era verdade, o tempo todo eu estive cavando minha própria cova, me enroscando mais e mais com coisas sem importância, mas que somadas culminam em um único caminho para mim. Mantive-me tão ocupada com o que achei que tinha importância que esqueci de todo o resto e se estou sozinha agora, é reflexo disso. O tempo todo estive queimando minha própria casa.

– Estamos separados por muito mais que meu rancor, estamos separados porque você decidiu assim. Porque você decidiu amar a duas pessoas. Faz parecer que eu sou egoísta demais em querer ter você só para mim. Há tempos estou à beira da insanidade, consumindo-me em frustrações e situações que misturam desejo, ódio e raiva, me perguntando como você pode agir tão naturalmente quando eu estou mergulhando lentamente nesse pesadelo. Sua indiferença acaba aos poucos com a minha compreensão.

– Me desculpe. – Minha voz não passava de um sussurro. – Não chamaria o que sinto de indiferença, mas se é assim que vê. Me desculpe.

Ouvi um xingamento baixo perto de nós, um estalar de dedos e cheiro de rosas no ar.

– Meu raio de sol, quer saber a verdade? – Nico falou sorrindo. - Eu preciso de você. Passei muito tempo tentando negar a verdade, tentando fingir que essa que voltou não era você, mas chegou a hora de parar de mentir para mim mesmo. Eu preciso de você.

Os deuses devolveram meu Nico. Eu olhava para ele com admiração, com desejo, feliz como nunca estive.

– Você... Você está falando sério?

Não esperei ele responder, saltei em seu pescoço, prendendo-o em meu abraço.

Combinamos de nos encontrar novamente na festa, passei o resto da tarde ajudando nos preparativos e escolhendo as músicas. Quando já era noite, voltei para o chalé, depois de um banho demorado vesti um shorts curto e uma camiseta branca e comprida, calcei uma sandália rasteira e me dirigi novamente para a praia, que agora estava transformada, repleta de corações gigantes, claves de sol penduradas em barracas cercadas por videiras.

Procurei por Nico em todo lugar, mas nem sinal dele. Luke também não estava ali, mas para isso eu nem ligava. Depois de meia hora, eu comecei a ficar preocupada, porém logo o vi. Corri ao seu encontro, louca para abraçá-lo, quando uma figura encobriu minha visão. A garota surgiu em minha frente e correu na direção de Nico, saltando sobre seus braços. Era Drew, e ela estava beijando Nico.

Senti minha visão enegrecer e por pouco não desmaiei. Nico parecia enfeitiçado, olhando para Drew como um bobo.

– NÃO! Você. Não. Devia. Ter. Feito. Isso. – Falei cada palavra pausadamente, deixando evidente minha raiva. Drew esteve manipulando-o a quanto tempo?

– O amor é a linha que o manipula. Incrível, não acha? Não se sente mal por não ser capaz de fazer isso? – A filha de Afrodite sorriu triunfante, virando-se para mim lentamente. – Me sinto mais poderosa do que nunca. É a minha vez de dirigir a peça, Lyra.

– E ao fim dela eu verei você se engasgar com o próprio veneno. – Senti meus olhos já úmidos pelas lágrimas de raiva que pretendiam escapar.

Outros campistas se aglomeraram para ver o que acontecia, enquanto Drew e eu continuávamos na mais estranha discussão jamais ouvida.

– A quanto tempo faz isso? – Falei firme, ela apenas sorriu.

– Isso importa? Aposto que ele nunca deu a mínima para você realmente. Acho que a promessa de amor eterno foi quebrada. – Riu saltitante.

– Nenhuma promessa foi quebrada, pois comigo jamais existiu ilusão. – Contrapus. – É a única forma de conseguir que alguém ame você Drew?

– Consegue ouvir as próprias palavras e sentir o quão absurdas elas soam Lyra?

– Eu não vou deixar que você continue com isso.

– Você quer lutar por ele menina morta? Acha que pode me vencer? – Ela estalou os dedos, e dois dos meus irmãos se aproximaram dela, como se estivessem no mesmo estado de transe que Nico. – Que tal se eu transformar você em uma ajudante minha? Acho que vou colecionar filhos de Apolo. O que acha?

Continuei firme, tentando não demonstrar que aquilo me deixou abalada.

– Quanto a isso eu não sei, mas eu coleciono um arsenal apropriado para forjar possibilidades múltiplas de ataque. Mas aposto que isso está muito longe de sua capacidade, não está? Quero dizer, você só vai poder se defender se tiver guerreiros ao seu controle. – Lancei-lhe um olhar cínico, e um sorriso carregado de ódio. – Caso contrário, todos aqui poderão testemunhar como se acaba com uma vagabunda intrometida, não é ótimo? Vou por um fim no seu alternativo e desesperado modo de chamar atenção.

– Eu não tenho medo de você! Você está morta! – Ela gargalhou.

– É o melhor que pode fazer Drew? – Me aproximei, fazendo-a recuar alguns passos.

– Morta! Morta! Uma aberração que não deveria existir. Eu sim sou o que de melhor pode existir para ele, como a verdadeira filha de Afrodite que sou, você jamais chegou aos meus pés Lyra. Jamais. Eu tenho pena de você e mais: Eu conquisto quem eu quero.

Nico continuava a olhar a garota com admiração, aquilo me revirava o estomago.

– Ele é meu. – As palavras saíram tão poderosas que até Drew parecia estar assentindo ao que eu acabara de falar. Os olhos de Nico despertaram aliviados, senti seu olhar em mim pela primeira vez, mas não retribui, continuava a encarar Drew. Sua compostura vacilou, provocando um sorriso de satisfação em meu rosto.

– Já chega Lyra, ela pode... – Começou Luke, surgindo detrás dos outros campistas que observavam a tudo em silêncio. Eu sequer lhe dei ouvidos.

– Minha satisfação é o suficiente para continuar. – Sorri maliciosa.

– O que está acontecendo aqui? – Quíron gritou em meio aos campistas.

– Ele é meu. – Repeti, minha voz soando extremamente poderosa, lancei a que julguei ser uma olhar desafiador à Drew. – Você é uma péssima líder Drew! Transformou o chalé de Afrodite em uma ditadura! Os filhos do amor deveriam ser amorosos, não? Espalhando amor e beleza! Não apenas carregando e exibindo uma boa aparência que para nada serve, a não ser para fazer vocês se sentirem melhores que os outros. Silena sim sabia o que estava fazendo, cometeu erros, e quem não? Mas no fim lutou por seus amigos. No seu lugar eu tentaria acertar as coisas, antes que seja... O que? O que foi?

Todos os campistas a minha volta assentiam e me olhavam com admiração. Drew parecia pronta a discutir quando algo a fez soltar um grito de horror. Quíron surgiu ao seu lado, uma expressão de espanto igual a da filha de Afrodite surgindo em seu rosto. O acampamento todo ficou em silêncio enquanto Quíron dobrava as patas dianteiras, enquanto todos os outros campistas, inclusive Drew - mesmo que parecesse relutante – se ajoelhavam.

– Saudações Lyra Callegaris, filha de Afrodite, senhora das pombas e deusa do amor.


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