Lembro-me como se fosse ontem: cinco segundos antes da meia noite, você me disse que me amava. Logo depois me lançou o melhor beijo do mundo. Naquele dia, eu tinha certeza que teria você pra sempre comigo.

Aquele ano foi o melhor da minha vida por sua causa. Pode até parecer piegas, mas você fez minha felicidade renascer, meu amor voltar. E pensar que eu sempre tive isso, e não via. Mas vamos esquecer isso.

Esquecer. Desde o dia que você se foi, a última coisa que tentei fazer foi te esquecer. Eu lembrava – e ainda lembro – de tudo: as corridas no parque, os sorvetes de algodão doce... Para mim, você era – e ainda é! – muito vivo.

No começo, eu não aceitava. Não aceitava que você não iria mais tomar longos sorvetes comigo, me ensinar a andar de skate... Eu não iria mais ouvir um eu te amo seu! Pensar nesse último item era uma coisa que eu definitivamente não conseguiria fazer. Eu o evitava, adiava... Mas era inevitável. Seria inevitável acordar e não ver seu rosto colado ao meu, seus braços me entrelaçando... É, foi difícil aceitar aquilo.

Depois que você se foi, dei mais valor àquele ditado “Só damos valor quando perdemos”. Por quê? Por que eu discutia com você, te magoava, e você sempre ficou ali, me dando razão, mesmo quando ela quase sempre não existia. Eu não percebia o cavalheiro que tinha. Agora, pode até não valer mais, mas vou fazer algo que meu orgulho proibia: Desculpe. Desculpe por agir como uma completa idiota quando você foi um completo cavalheiro quase nunca se exaltando, quando eu merecia um belo tapa pelo meu comportamento infantil.

Mais uma coisa. Meu orgulho também não me deixava falar isso: Obrigada. Obrigada por me compreender quando ninguém o fazia. Obrigada por me amar incondicionalmente, mesmo com minha teimosia, minhas risadas descontroladas e chatices.

Hoje, dois anos depois da sua morte, te sinto mais vivo que nunca. Eu ainda corro no parque, tomo o sorvete de algodão doce e guardo seu lugar na cama. Por quê? Você é eterno pra mim. E sempre será.