Passato, La Vita Di Annielizzy escrita por LucyGrace


Capítulo 2
Capítulo 1




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Capítulo 1

Eu trago em mim recordações que não sei se são troféus ou fardos
Pois estão somente estampados na memória, mas quem vai saber?
São só velhas coisas ditas e sabidas por todos ou ninguém.
Lembranças perdidas sem sentido, mas juntas pra mim parecem música.

Uma música triste, que encanta os meus ouvidos.

Dizem que o tempo cura as feridas, mas isso é a maior mentira do mundo.

O tempo não cura nossas feridas, só nós faz nos acostumar com elas.

Com o tempo, aprendi a conviver com as minhas, por mais que elas doessem.

Também aprendi que leva muito tempo pra isso acontecer, mas quando acontece, você não sente um alivio, e sim, culpa de não sentir mais falta daquela pessoa especial, pelo menos, não como você sentia antes.

Eu me sinto culpada até hoje, seis anos depois de perder as duas pessoas mais importantes na minha vida. Minha mãe e meu melhor amigo Luke. Ao contrario do que todos pensam quando descobrem, os dois não morreram, só a minha mãe que teve esse destino.

Luke foi meu primeiro e único amigo e depois que ele e seu pai se mudaram, nunca mais fui à mesma.

Tornei-me fútil e arrogante, comecei a não ligar para o que as pessoas pensavam de mim, de certa forma, me tornei o oposto do que era. Virei uma morta-viva, toda junta por fora, mas por dentro, toda destruída por tragédias do passado.

Me chamo Annielizzy Julie O’Connerie, tenho 17 anos de idade e sou filha de Peter O’Connerie, o homem mais rico de toda a Toscana. Por causa desse “problema”, sempre tive de ser uma garota super certinha que respeita as regras, aceita tudo, é educada e vai a baile de negócios com seu pai e sua nova madrasta.

Esqueci de mencionar esse pequeno detalhe.

Meu pai se casou há alguns anos com uma mulher chamada Britany Garleno, agora Britany O’Connerie.

No fundo, sei que ela só se casou com ele por dinheiro e também sei que meu pai só se casou com ela porque a mencionada é jovem, bonita, loira e o mais importante, tem um corpo lindo.

Sim, meu pai é esse tipo de homem. Aos 55 anos, está casado com uma loira de farmácia de 26 anos. Só que é claro que eu não posso falar nada.

Lembra o que falei sobre ser educada? Então, até aí eu não posso dar a minha opinião.

Com o tempo, aprendi que se deve ficar calada quando não dirigem a palavra a você, por que senão, vai se magoar.

Há um ano, meu pai me tirou da escola, para eu poder ter aulas em casa. Nunca gostei de ir para o colégio, porque todas as pessoas que se aproximavam de mim, só queriam ficar comigo por interesse e não por amizade. A não ser pelo Luke.

Ah Luke, porque você teve de ir embora? Porque não ficou aqui comigo?

- Vamos Annie, acorde! – falou Hayley enquanto me chacoalhava levemente. Ontem eu havia passado à noite inteira num dos jantares do meu pai e por causa disso, tive de dormir super tarde, então, porque só hoje, eu não podia dormir mais um pouco?!

- Só mais dez minutos – disse, me enrolando mais nas cobertas. Ouvi um suspiro de derrota vindo da minha babá, anunciando que eu havia ganhado a batalha. Mas eu havia cantado vitória cedo demais. De repente, sinto minhas cobertas sendo puxadas violentamente do meu corpo, me fazendo cair no chão por tentar segurá-las.

Olhei para Hayley brava, mas não consegui segurar a careta por muito tempo. Qual é! É a Hayley, eu não consigo ficar brava com ela.

Levantei-me do chão, tentando recuperar o que restara da minha dignidade.

- Precisava disso? – perguntei me sentando na cama. Apesar do susto, eu ainda estava morrendo de sono.

- Sim, precisava – disse indo para o banheiro do quarto, já pegando as coisas para arrumar o meu banho.

Sabendo que não poderia voltar a dormir, decidi ir escolher a minha roupa.

Como hoje estava mais frio, decidi optar por uma calça jeans, uma blusa de manga comprida amarela com uns desenhos em preto e minha bota preta. Peguei uma lingerie qualquer e deixei tudo na minha cama.

- O banho já está pronto, Annie – disse Hayley saindo do banheiro.

- Obrigada Tia Ley – Ley riu com isso. Eu sempre a chamei assim, ou só Ley mesmo. Ley é como uma segunda mãe pra mim, ela que praticamente me criou desde que minha mãe morreu. Devo muito a ela.

Entrei no banheiro, encontrando tudo pronto.

Tirei o meu pijama, deixando-o em um canto qualquer.

Depois de um banho demorado, coloquei minha roupa e prendi meu

cabelo em um rabo de cavalo. Estava sem vontade de fazer uma maquiagem muito elaborada, então só passei um delineador preto e um rímel, ou seja, o básico do básico.

Dei uma ultima olhada no espelho antes de descer.

A garota que estava na minha frente não se parece nem um pouco comigo.

Meu rosto estava mais pálido que o normal, meus olhos verdes estavam meio opacos, talvez pela noite em claro que eu tinha passado. Se eu não tivesse prendido, meu cabelo castanho claro estaria caindo em ondas nas minhas costas. Aquela com certeza não era eu.

Cadê a garota que sempre tinha um sorriso, mesmo que fosse arrogante, no rosto? Onde foi parar a menina que adorava brincar nos campos de trigo? Cadê? Acho que ela desapareceu junto com seu melhor amigo.

Sem vontade nenhuma, saí do meu refugio e desci para o hall.

Ao passar pela sala de jantar, nem me importei em dizer bom dia a ninguém, meu bom dia era insignificante para eles mesmo.

Fui até o armário da entrada pegar um casaco e optei por um daqueles que se parecem com os que nós usamos para esquiar. Vesti-o e fui andar pelo campo.

Todo dia que posso, vou até o campo de margaridas que fica ao norte da propriedade O’Connerie. Minha antiga casa se localiza lá até hoje, mas está abandonada, pois meu pai nem liga para ela, na verdade acho que ele nem se lembra dos tempos que nós passamos lá, tempo em que nós éramos realmente uma família. Apesar de tudo, foi naquele lugar que eu cresci e sempre me sinto mal quando não vou lá.

Fazer o que? Cada um tem suas esquisitices e acho que essa é a minha.

O resto da semana foi o mesmo de sempre, aulas aqui em casa, dever, jantares do meu pai, suportar a loira de farmácia, como eu disse, nada demais.

A única novidade foi que meu pai contratou um novo empregado, um cara que vai cuidar dos cavalos e começar a me dar aulas de equitação e de natação.

Odeio essas coisas, as duas estragam meu cabelo e ultima deixa a minha pele toda ressecada por causa do cloro. Eca!

Acho que o nome do individuo e Joseph alguma coisa. Nome de pobre não merece ser guardado.  Pelo que Peter disse, ele deve ser no máximo uns dois anos mais velho que eu.  Será fácil fazê-lo se demitir, ou ser demitido. Fácil como respirar.

Só o que eu preciso agora é terminar meu dever de cálculo.



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