Love Hurts escrita por yunhotothejae


Capítulo 1
Love Hurts




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Love Hurts

As cores de vários tons que se mesclavam no céu, indicavam que a noite estava se aproximando. O alaranjado do pôr-do-sol, aos poucos ia dando espaço para a escuridão da noite, e a lua pálida se tornava cada vez mais visível.

O olhar de Miles estava perdido no horizonte do céu, até onde seus olhos lhe permitiam ver, enquanto o outro estava de olhos fechados, limitando-se a sentir a brisa fria tocar seu rosto de forma suave. Agradava-lhe aquela sensação, e gostaria de presenciá-la o tempo inteiro.

Alex estava encostado ao parapeito da sacada do apartamento no qual passara tantos momentos com o outro. Pensava sobre seus sentimentos. Aqueles sentimentos dolorosos que não se esvaem de forma alguma, tornando tudo tão cansativo, tão rotineiro; aqueles sentimentos que causam amargura, aflição, ansiedade; aqueles sentimentos os quais nenhum coração, por mais duro e forte que seja, agüenta.

Lembrava-se saudoso do que um dia tivera com Kane. Poderia até dizer que foram felizes. Entretanto, os momentos de alegria não eram suficientes para impedir que aquela relação desgastante acabasse de uma vez por todas. Ele estava cansado, estava esgotado. Logo ele, que costumava dizer que nunca se deixaria machucar por uma paixão. Oh, como estava enganado. Redondamente enganado.

Às vezes indagava a si mesmo como se deixava enganar pelas mentiras contadas por Miles, mas sabia que a verdade era que ele queria se deixar enganar, tapando os olhos para a realidade - que muitas vezes esteve em sua frente, pronta para ser enxergada. Porém, o amor que tanto vendara seus olhos estava sumindo aos poucos. A necessidade de ser feliz se tornava cada vez maior do que a vontade de estar ao lado de Kane.

A tensão pairava cada vez mais sobre o ar nada acolhedor do local. Miles abriu os olhos, encontrando os do outro, que o fitavam sofregamente. O amava, mas não sabia como demonstrar, ou talvez, simplesmente não quisesse. Era doloroso para si, saber que ele era o culpado da distância que havia se formado entre os dois. Era como se de repente, houvesse sido criada uma barreira invisível, impedindo-os de se aproximarem. Mas não importava o quanto doesse, não demonstraria. Sabia que não conseguiria.

- O que vamos fazer, Alex? – perguntou em tom baixo, trazendo o olhar do outro para si. Miles suspirou longa e pesadamente, com o rosto livre de qualquer expressão. Por alguns minutos, não se ouviu mais do que o gemido do vento ao roçar nas folhas secas das árvores, prontas para caírem, dando lugar para as novas. Uma situação bem parecida com a da vida real, pode-se dizer.

- Eu não sei. – respondeu simplesmente. E de fato, não sabia o que fazer. Inclinou a cabeça para cima, respirando tão fortemente a ponto de fazer doer os pulmões. Só então, percebeu que há muito havia deixado de fazer aquilo. Ao lado de Miles, apenas colocava o ar para dentro e para fora, sem perceber o quão maravilhoso era o simples ato de respirar.

Sentia raiva. Raiva de Miles, raiva de si mesmo, raiva da situação. Alex levou a mão até o bolso traseiro da calça, retirando de lá o seu companheiro mais fiel dos últimos tempos, que o seguia por todas as partes e conseguia lhe acalmar sempre que precisava: Um maço de cigarros. Prendeu um entre os lábios. Acendeu o cigarro, tragando longa e preguiçosamente.

- Pode me dar um? – o mais novo pediu ao ver Turner deleitar-se com a fumaça mal-cheirosa que adentrava seus pulmões. Alex soergueu uma das sobrancelhas, levando o olhar de seu cigarro para Miles.

- O quê? – disse seco, um leve tom de sarcasmo em sua voz. Soltou a fumaça pelo nariz e passou a mão livre pelos cabelos, deixando um sorriso amargo nascer em seus lábios. – Vai querer acabar com meus cigarros também?

Mais silêncio. Mais clima pesado. O silêncio que um dia chegara a ser tão agradável, agora era como uma lâmina, cortante para os ouvidos de ambos. Ouviam um zumbido insuportável e ensurdecedor. Completamente torturante.

- Está na hora de você ir, Miles. – o menor tragou mais uma vez, virando a cabeça para o lado oposto do outro, o que usou como pretexto para soltar a fumaça, mas na verdade, era apenas uma tentativa bem sucedida de evitar os olhos frios do, até então, namorado.

- Ir para onde? Eu moro aqui. – falou após uma risadinha debochada – a qual Alex julgou ser irritante. Uma interrogação permaneceu no ar por breves instantes, até que Kane percebesse o verdadeiro significado das palavras do outro. Precisava ir. E então, deu uma última olhada na paisagem, sabendo que nunca mais a veria. Já era noite, o céu antes claro, agora estava negro, sem estrelas. Apenas a lua prateada iluminava a varanda com seu brilho forte.

O maior virou-se para Alex, esperando encontrar seu olhar de súplica – ainda que soubesse que não aconteceria -, porém, ele continuava virado de costas para si. Não pôde evitar reparar no belo contraste que os cabelos faziam com a pele branca de seu pescoço. Teve vontade de chamá-lo e dizer algo para impedir aquilo, mas seu orgulho – sem motivo – foi maior, e ele apenas girou os calcanhares para sair do apartamento.

Era isso. Tinha chegado o fim da linha para ambos.

Alex respirou fundo. Estava sozinho de agora em diante. Continuou com o olhar fixo no horizonte, como se estivesse fora de órbita, perdido em um mundo só seu.

Jogou o cigarro no chão, pisando no mesmo para que apagasse e assentiu para o nada, fechando os olhos, satisfeito. Entregou-se ao devaneio, ponderando se algum dia, realmente o tivera. Em seu pensamento, nunca tivera Miles. E nunca teve o amor correspondido.

Mas o seu amor continuou ali, firme e forte, machucando cada vez mais.

Love hurts, love scars. Love wounds and marks.

FIM


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