Perspectiva escrita por mamita


Capítulo 11
MUDANÇAS




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PDV Rosálie

Eu não esperava que Edward me dissesse aquilo, sempre achei que ser bela era uma maldição. Mas aquele sentimento narcisista brotou em mim e eu o acolhi, adorava ser admirada. Só me lembrei depois que não podia mais dar corda aos meus pensamentos, o telepata estava entre nós. Ouvi seus dentes trincarem quando pensei isso, ele não gostava de ser restringido, não quando queria uma informação.

Assim que chegamos à casa senti a tensão diminuir e ouvi um suspiro de Esme. Carlisle a abraçou e disse muito ternamente:

- Tudo bem querida, estamos todos bem. Ninguém se machucou, nem irá se machucar. Eles irão cumprir o tratado. Pode relaxar agora.

Ela se aninhou em seu abraço e deu outro suspiro, ele sorriu com os lábios encostados em seus cabelos e olhou para mim. Foi como se as palavras desenterrassem todos os meus temores, como uma avalanche minha mente apresentou uma série de imagens distorcidas reais e imaginárias. Royce rasgando minhas roupas, me rasgando, Esme próxima aos dentes dos lobisomens, Os dentes afiados deles rasgando meu corpo, Emmet dilacerado, o olhar desesperado de Esme ao perceber a proximidade de Edward deles, A voz de Carlisle distorcida pela dor das mordidas, Edward caído sem as mãos.

Eu tentava conter meus pensamentos, mas era inútil, eles me assaltavam violentamente. Então eu comecei a chorar, era completamente irracional, involuntário e descabido. Emmet atravessou a sala em um átimo me abraçando e perguntou ao Edward o que estava acontecendo. Não sei o que ele respondeu, pois tudo se tornou pior, mais amedrontador, mais cruel. Só sei que ele me conduziu ao quarto e me deitou em nossa cama, depois Esme entrou me abraçou e começou a me consolar. Quando estava controlada, ouvi a conversa entre os três no andar de baixo:

- Eram imagens terríveis, algumas que aconteceram e outras que ela imaginou. Edward disse.

- Não precisa ter receio Edward, eu já sei de tudo. Ela me contou. O que ela estava pensando? Emmet quis saber.

- Bom, acho que alguma coisa nos lobos fez o cérebro dela pensar em rasgar, dilacerar. Ela começou a se lembrar do monstro rasgando suas roupas e então ela começou imaginar a gente sendo rasgado, dilacerado, ferido. Eu senti pânico quando vi a proximidade da Esme no momento em que me defendeu como se fosse ela. Era um medo esmagador, Carlisle com a voz distorcida, eu sem minhas mãos. E nem sei se existe palavra para descrever o que ela sentiu quando imaginou você ferido. Foi muito intenso. Edward explicou.

Carlisle até então calado, tentou explicar o que estava acontecendo comigo.

- Algumas pessoas, só reagem à crise, depois que ela já está fora do perigo. Essas pessoas geralmente paralisam ou se defendem mantendo o controle. O cérebro concentra-se em superar a crise e por isso desconsidera fatores como risco ou perdas.

Depois que tudo está sob controle é que a pessoa se dá conta do perigo que estava correndo e imagina o que poderia ter acontecido, só então se desespera. De certa forma isso é bom, pois a mente não entra em pânico e fica mais apta a reagir e pensar em estratégias para sair do problema.

- è eu só me movi para mais perto de vocês, por que senti as mãos dela esfriarem e percebi que ela estava pensando em uma posição defensiva ao perceber que Esme estava exposta. Emmet falou.

- Ela pensou em defesa sim, e era mais ou menos o que você fez Emmet. Ela adora a Esme, entrou em pânico quando a viu tão próxima a eles. Acho que aconteceu alguma coisa na véspera do casamento que as aproximou.

Esme se certificou que eu estava controlada e depois saiu. Eu sabia do que precisava, eu precisava desesperadamente esquecer e havia uma forma muito eficaz para isso. Eu saí do quarto e fui procurá-lo, evitei o Edward por saber que ele sabia o que iria fazer. Quando o encontrei eu o beijei docemente e disse que queria caçar. Ele pareceu não desconfiar de nada. Assim que nos afastamos o suficiente para que ninguém, nem mesmo o telepata, pudesse saber o que estávamos fazendo eu o seduzi. Primeiro reduzi a velocidade, depois chamei seu nome e perguntei fazendo biquinho:

- Sabe o que eu gostaria de ganhar de aniversario de meio ano de casamento amor?

- Diga-me e será seu Rose. Ele respondeu com cavalheirismo.

- Um beijo de meu maridinho.

Ele se aproximou e me beijou, eu o encostei a uma árvore e aprofundei o beijo, depois desci minhas mãos pelo corpo dele e mordisquei sua orelha. Ele fechou os olhos e gemeu baixinho e eu soube que estava fazendo o certo.

Eu fui beijando seu pescoço e passei para o tórax, depois fui desabotoando sua camisa e beijando o lugar que ficava exposto. Senti seu sorriso de covinhas brotar e suas mãos erguerem meu corpo para que nos beijássemos novamente. Tudo foi muito sensorial, diria até que animalesco, por mais incrível que pareça em momento nenhum senti vergonha. E o medo foi embora tão repentinamente como chegou.

Voltamos depois de algumas horas e Carlisle e Esme haviam saído também. Eu fui tomar um banho e ouvi a conversa entre meu irmão e meu marido.

- Então, o presente que lhe dei está sendo útil? Edward quis saber.

- Bom até agora não o utilizei muito, as coisas precisam ter seu tempo. Mas me deu algumas idéias bastante interessantes. Emmet respondeu.

Depois Edward riu de alguma coisa que o Emm pensou e eu fiquei muito intrigada sobre o tal presente, eu nunca o vi.

Esme e Carlisle só voltaram no outro dia e eu não queria imaginar que eles fizeram o mesmo que eu e o Emmet. Depois eles nos chamaram para uma conversinha, nós fomos um pouco temerosos. Mas era a melhor coisa que eu podia ouvir, eles compraram uma casa para nós dois próxima a deles em Hoquiam, mas longe o suficiente para termos um pouco de privacidade.

Senti um alívio enorme, a idéia de ficar sozinha enquanto o Emmet trabalhava estando tão perto dos lobos me angustiava, mas eu não teria coragem de confessar isso. Edward me lançou um olhar de pesar, eu sabia que ele tinha visto meus pensamentos e eles apresentaram parte da violência que sofri que ele jamais teve conhecimento. Ele pareceu me compreender pela primeira vez. Ele sorriu para mim como se confirmasse meu pensamento.

Ficou acertado que nos mudaríamos em algumas semanas, até lá eles ficariam conosco. Mas eu me concentrei em arrumar nossas coisas o mais rápido possível. Só então eu percebi que era uma amadora perto de Esme, eu parecia uma atrapalhada, ela conseguiu guardar tudo em caixas etiquetadas em tempo recorde até para vampiros.

Edward e Carlisle saíram para reconhecer as fronteiras várias vezes, Emmet os acompanhava quando podia. Edward fazia cara de nojo quando estávamos curtindo um ao outro. Um dia ele e meu marido voltaram com um enorme sorriso no rosto, eles acharam um campo, uma espécie de clareira, para jogar beisebol, só precisavam de uma tempestade.

PDV Edward

Não consegui perceber bem os pensamentos de Rosálie sobre o que lhe disse, assim que passamos o rio e sua imagem se refletiu sobre ele ela passou para uma contemplação narcisista. Já estava começando a desconfiar que esta era sua estratégia para esconder seus pensamentos de mim. Ouvi em seus pensamentos que ela estava se resignando a ser mais cuidadosa perto de mim e sem querer meus dentes trincaram de raiva. Mesmo sendo um pouco cansativo ser telepata, era um tanto quanto legal saber o que os outros pensavam, especialmente se você estava envolvido nestes pensamentos.

Ao voltarmos podia ler os pensamentos de todos, Carlisle estava admirado com o espécime de lobisomens que encontramos, Emmet estava irritado por não poder voltar à praia que ele e Rose estimavam. Carlisle sentiu que Esme ainda estava muito tensa com a situação e se preocupava com nossa segurança, ela temia que eles não cumprissem o tratado.

Ele se aproximou dela, a abraçou e disse que estávamos bem. Rose olhou para ele e este lhe sorriu e de repente tudo mudou.

Rosálie pensava em como seus cabelos ondulavam de forma absolutamente perfeita nas pontas quando de repente um flash de imagens me invadiu. Ela tinha perdido o controle, eu podia ver seus pensamentos. Primeiro eram os homens que a violaram, eles rasgavam suas roupas. Depois eram os lobos rasgando o corpo de Emmet, nossos corpos, o frágil corpo de Esme. Eu senti um esmagador peso sobre meu peito, e senti muita dificuldade para respirar, e não era apenas a privação do olfato, era como se eu fosse humano novamente e o ar me fizesse falta. Era medo, um imperioso pânico alterando meus sentidos, ela estava em pânico. Mas apesar disto, ouvi sua voz de sinos recitarem uma espécie de mantra:

- Não vou ser subjugada pelo medo. Ninguém se feriu. Ninguém pode me ferir, nem ao Emmet, nem à minha família. Tudo vai ficar bem.

Emmet a abraçou e me perguntou o que estava acontecendo, eu disse apenas que ela estava com medo, então ele a conduziu ao quarto, depois Esme foi consolá-la. Começamos a conversar, e eu contei o que vi. Ela começou a se lembrar da sensação de não sentir medo e eu fiquei constrangido com o método dela para isso, ela pensava em coisas indecorosas que fez com Emmet e como isso era uma bálsamo para sua memória. Ela o convidou para caçar, mas sei que tinha outras intenções, ia ser difícil conviver assim. Se morar com um casal era difícil, imagine com dois. Além do mais Carlisle e Esme eram bem mais cuidadosos, minha mãe ficava muito envergonhada com meu acesso aos seus pensamentos e eu mais ainda quando tomava conhecimento deles em um momento romântico dos dois.

Depois que saíram vi a idéia que Esme estava tendo e me chateei, ia ter que morar perto da azedinha de novo. Eles saíram e que fiquei sozinho, resolvi sair para correr, eu adorava a sensação, era como se eu voasse. Passei muito perto do casal, is ser muito difícil olhar para a Rose com os mesmos olhos, maldito Emmet e sua paixonite. Acho que vou morrer de vergonha.

Cheguei a uma clareira, inacreditavelmente simétrica e arredondada. O posicionamento das flores parecia ser proposital, era absolutamente mágico. O silêncio ajudava a dar um tom idílico ao lugar, eu me senti em paz, e também um pouco só. Por um momento que pensei que talvez fosse bom ter uma companheira também, experimentar o amor por meus olhos e não no pensamento dos outro. Mas onde ela estaria? Como eu a encontraria? Como teria certeza que é amor? Eu fiquei um tempo lá, só sentindo a gloriosa presença do silêncio.

Retornei um pouco antes do novel casal. E Esme e Carlisle só voltaram no dia seguinte, com a novidade que eu não queria, íamos morar perto dos pombinhos. Coitada da minha pureza.

Esme deu a notícia e o alívio da Rose era visível até para quem não podia ler pensamentos. Me lembrei das imagens dela sendo violada e olhei com pena para ela, ela entendeu o motivo rapidamente e concluiu que eu a tinha compreendido ao menos uma vez. Eu sorri confirmando isso.

Os dias seguintes forma tranqüilos, percorri a região com Carlisle e Emmet conferindo as limitações do nosso território. Ele nos acompanhava quando não estava trabalhando ou alimentando o romance com a Rose. Se conviver com um casal já era difícil, imagina com dois. Eu achava que a paixonite aguda deles durante o namoro fosse amenizar com o matrimônio, mas piorou. Era uma rasgação de seda e elogios, olhares românticos e troca de carinho quase insuportável. Ele alimentava o narcisismo dela ressaltando detalhadamente sua beleza e ela da mesma forma o admirava silente (menos para mim que posso ler sua mente). O pior era compartilhar os pensamentos e as memórias dos momentos íntimos, este se tornou um pouco obsessivo para o Emmet. Eu sempre me afastava, tentando preservar minha mente, acho que meus pais só fazem isso quando estou longe (ainda bem, ia ser muito mais estranho).

Após um tempo eu e Emmet resolvemos explorar o território na direção contrária aos limites Quileutes, e achamos um descampado perfeito para praticar beisebol, ficava depois de uma queda d’água. Eu não era fã do esporte, em meu tempo humano eu me dedicava à música, mas Emmet me influenciou a gostar de atividades físicas, já que Esme enlouquecia se lutássemos de verdade. Ele até desenvolveu uns bastões de ferro para suportar nossa força ao rebater as bolas. O ruim é que como erámos apenas dois ficava meio chato, ele arremessava e eu rebatia e vice e versa, nunca avançávamos nas bases. Decidimos que tentaríamos convencer Carlisle a jogar era só esperar uma tempestade com trovões, coisa muito comum nesta região. O barulho provocado pelas tacadas era muito forte, podia levantar suspeitas.

Dois dias após o achado uma tempestade se anunciou, e fomos falar com o Carlisle. Emmet começou:

- Carlisle que tal exercitar alguma coisa além do cérebro para variar? 

- Como? Carlisle falou franzindo a testa.

- Jogar Beisebol. Ouvimos Rose e Esme rirem no andar de baixo.

- Bom, Emmet eu não sou muito prático com esportes. Bom, não os atuais.

- O que você jogava quando ainda era vivo. Qual o esporte praticado nos tempos de Jesus?

Carlisle fingiu uma cara de indignação, mas pude perceber o quanto ele achou graça do comentário.

- Eu não sou tão velho Emmet. No meu tempo, os jogos costumavam ser uma espécie de preparação para a caça ou guerra. Fazíamos circuitos de cavalaria com obstáculos, daqueles com bonecos de palha e geringonças com bolas e machados. Treinávamos a pontaria com fundas e flechas tentando acertar o menor alvo ou o que estava mais longe. Era divertido.

Emmet tentou visualizar Carlisle de cavaleiro fazendo as atividades que descreveu e foi hilário, não consegui conter as gargalhadas. Carlisle me olhou inquisidor e eu apontei para o Emmet dizendo:

- Ele estava tentando imaginar. Imagine você o desastre.

Emmet insistiu:

- Já tem boa pontaria, é só trocar as flechas pelas bolas. Não precisa ser nenhum Babe Ruth, também não somos profissionais.

- Quem? Carlisle quis saber.

- Você não conhece o maior jogador de beisebol de todos os tempos? Em que mundo você vive?

- Nos tempos de Jesus. Eu me intrometi na conversa e todos riram até as meninas que ouviam tudo lá de baixo.

- O cara é uma lenda, ele revolucionou o esporte, sua técnica é incomparável, será difícil alguém desbancá-lo. Pena que não é vampiro, teve que se aposentar há pouco tempo.

Dessa até mesmo Carlisle riu. E resolveu nos acompanhar. Aliás, fomos todos já que Rose e Esme decidiram ver o jogo. Com mais um jogador ficou mais divertido, já que um arremessava, um rebatia e outro anotava as corridas. Então o terceiro jogador mudava de time a cada jogada. Claro que tivemos que explicar várias vezes as regras, por que as meninas estavam decididas a entender tudo, eu percebi que Rose se interessou muito, devíamos chamá-la para jogar da próxima vez.

No fim até Carlisle era um grande fã de Babe Ruth, tamanha a empolgação do Emmet ao falar dele, ele mostrou um gesto que ele sempre fazia antes de rebater e o Carlisle começou a imitar dizendo que gostou muito. Ele disse que lhe lembrava quando conferia a tensão do arco antes de lançar a flecha.

- Velho. Emmet falou.

- Não importa minha idade, não envelheço. E jogo melhor do que você. Carlisle rebateu.

Todos rimos, inclusive o Emmet e depois fomos para casa com a promessa de voltarmos várias vezes para praticar. Se havia uma coisa que o Carlisle adorava era aperfeiçoar a prática.

Voltamos para Hoquiam depois de quatro semanas em Forks, a casa de Rose e Emmet ficava á uns oito quilômetros da nossa e eu me esforçava em não saber o que acontecia por lá.

Será que eles estavam usando o meu presente?


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Notas finais do capítulo

Não sei muito bem escrever comédias, mas o Emmet pede isso. Espero que tenha me saído bem.