Opostos! escrita por Mariana Macalli


Capítulo 5
Capítulo 5- Momentos!




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[Continuação...]

Ela cozinha bem de mais, nunca comi um macarrão tão bom assim. Que a minha mãe não ouça isso, mas a Felippa fez um molho melhor do que os que a minha mãe faz. Bom de mais. Mas eu notava que ela queria que eu falasse de uma vez, então terminei de comer, a levei até a cama novamente e a sentei em minha frente, agora muito mais próxima do que a ultima vez que fizemos isso.

            -Felippa. Eu jamais imaginei que você me contaria o que contou, quando você dizia que desejava acabar com tudo, nada mais importava, e todo esse seu drama, eu tinha a certeza que você me diria, que era por um cara que não te queria, ou o teu ex que tinha te deixado, as lideres de torcida tinha tem tirado do time, ou qualquer coisa fútil. Quando eu cheguei à escola há 7 meses atrás, ninguém me disse o motivo de você ser tão mórbida, apenas me disseram que você era do time da escola de vôlei, e tinha um cara que você estava gostando, mas que não dava atenção, e que do nada você saiu do time, e não olhou mais para ninguém. Imagine o que eu pensaria sobre tudo. Mas isso nem vem ao caso agora que eu sei o que você passou e passa. Eu posso dizer que eu sinto muito, que não queria que nada disso tivesse tirado a sua alegria de viver. Queria eu ter chegado a você, logo que cheguei à escola e ter dito que você estava sendo infantil e que deveria seguir com a sua vida em frente. Que provavelmente seus irmãos estavam querendo bater em você, pela maneira que estava pensando, e como estava agindo. Mas eu não o fiz, achei apenas que você sofria por algo banal. Mas hoje eu digo, grito se precisar. Você foi e está sendo infantil. Se você tivesse morrido, e de algum lugar pudesse ver seus irmãos, e eles agissem da maneira que você estava agindo, aposto que iria querer voltar só para bater neles, até que eles criassem vergonha e continuassem a viver.... A minha história não é melhor ou pior a do que a sua. Eu nasci com leucemia, ninguém sabe explicar como começou ou o porquê existiu. Se o medico da minha mãe afirmou que ela era a grávida mais cuidadosa que ele tinha conhecido. Mas aconteceu. Segundo os médicos eu tinha menos de dois anos de vida; mas eu venci ninguém consegue explicar cientificamente, mas vivi. Depois disso os médicos não tinham mais previsão. A qualquer hora, eu poderia morrer. Mas mesmo assim consegui viver até os 15 anos, sem me preocupar com nada disso. Mesmo vivendo muito tempo no quarto, fraco, eu tinha vida, além disso. A minha irmã Julia, mais velha do que eu, sempre me contava como era a vida além daquele quarto. Me vazia viajar com as histórias que no fundo eu sabia que não eram tão verdadeiras assim. Mas aos 15 anos, minha doença começou a avançar rápido de mais, e eu só tinha uma chance, a do transplante. A única pessoa compatível era a minha irmã, e ela não pensou duas vezes antes de aceitar e fazer isso, por mim. Mas devido a uns problemas genéticos que a minha família tem, o transplante poderia custar à vida de um dos dois, ou a de ambos. Mesmo assim a minha rima não desistiu de nada. E acabou que o transplante para ela deu errado, e ela morreu. Fiquei sabendo disso dias depois, mas eu estava “curado”.... Senti-me culpado por meses, tendo a certeza que a vida não valia mais a pena, achando que eu era o responsável por tudo que tinha acontecido, até voltar para casa e ver uma carta da minha irmã. Nela a minha irmã implorava para que eu continuasse a viver, que eu fizesse jus à morte dela; que eu não a fizesse se arrepender de ter dado a vida por mim, para que eu a jogasse fora. Dizia que ele morreria feliz, sabendo que eu viveria com ela sempre no meu coração... Dentre outros assuntos... Dali para frente, eu vi que a vida era mais do que o meu remorso, meu medo, e a minha tristeza. E comecei a viver, e vivo até hoje, mostrando a minha irmã que ela pode ficar feliz por tudo. Eu sei que você pode me dizer “Você teve a carta dela, eu não!”, mas você os conhecia melhor do que qualquer um deveria saber como eles se sentiriam se você continuasse da maneira que estava. E eu te peço, mude esse seu jeito, sai dessa deprê sem sentido. Viva, curta, namore, dance, beije, sai com as amigas, sai comigo. Faça loucuras, seja a louca sem cura que eu sei que você era.

Felippa

Eu não sabia como agir. Eu não sabia o que pensar. Estava com vergonha, uma enorme vergonha. Eu agindo feito uma besta, infantil, sem noção, querendo acabar com tudo; e o Dudu ali, lutando contra a vida, e sabendo que está ali vivo, mas a irmã morta, por ele. Eu queria apenas me colocar em um buraco, e sumir da face da Terra.

Mas eu tinha que erguer a minha cabeça, e eu sabia disso logo após eu ter contato tudo a ele. Enquanto eu falava, eu notava que estava sendo histérica por “pouca” coisa, que meus irmãos deveriam estar com vergonha de tudo que eu fiz.

            - Nossa... Sinto-me envergonhada com tudo isso... Eu aqui reclamando da vida, enquanto você aí, vivendo perfeitamente.

            - É por isso que eu faço parte do grupo, apoio aos que sofreram traumas, porque eu sofri, mas superei. Mas você me promete o que eu pedi?

            -Eu vou me levantar dessa. Vai ser difícil seguir sem ter alguém como eles do meu lado. Mas eu te prometo superar tudo.

            -Você não estará sozinha, eu te prometi aquele dia que ficaria com você sempre, é o que eu vou fazer. Sempre. Eu juro.

Sorri para ele e o abracei forte. Era um abraço bom, sincero, caloroso, cheio de carinho e amor. Era do que a gente precisava. Eu e ele.


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