Já se passaram duas semanas, e nada de diferente. Continuo que nem louca, aterrorizada, apavorada, assustada. Logo ao cair da noite, eu posso sentir a brisa fria que percorre os sem vida. Quando ainda existe luz na rua, tudo continua completamente normal, quando ela se vai, começa tudo outra vez.

Perdi as contas das noites em claro que passei, por não conseguir dormir, estava completamente apavorada. Não vou contar o que acontece a ninguém, no mínimo vão achar que sou louca. Mas não consigo suportar mais tudo isso, horrível.

Sabe o que é quando, nem o seu quarto ou sua cama podem servir de abrigo? Não, não sabem. Ficar com os olhos ardendo, por nem conseguir piscar. Ninguém entende a sensação que é, deitar-se e ter que ficar sob as cobertas e acolchoados, pensando que alguém vai ir até você.

Não tem ideia, de como â gente se sente, ao sentar-se na cama e sentir alguma coisa atrás de você, mas quando se vira não vê nada. Caminho pela minha casa, e sinto  que tem alguém atrás de mim, olho, não é nada.

O pavor e o horror te dominam completamente, forçando-o a fazer coisas que não quer. Passar noites sem dormir, para quando são sete da manhã, e tem sol, você deita e dorme e a noite tudo recomeça.

Olha em volta, e sabe que tem alguém ali, tem certeza absoluta; só não pode vê-lo. Todo lugar que você passa, tem alguma sombra, tem alguém, ou algo sem vida. Mas sempre atrás de você. Se escutam passos e barulhos, mas não tem como fugir, você enlouquece.

Não tenho coragem para simplismente me matar. Pegar uma faca e cortar o pulso ou pescoço, achar uma arma e atirar, pular de um prédio ou simplismente me afogar. O pavor pelo qual eu tenho que presenciar todas as noites, pode deixar qualquer um aterrorizado, mas simplismente não tenho coragem para por um fim nisso.

Sei que se eu fechar os meus olhos e me concetrar bastante, quando abri-los, não vai ser apenas um de meus vários pesadelos, será real. Não terminará assim, não sei nem o porque de ter começado, sinto-me insegura, não tenho para onde ir e procurar ajuda.

Minha família é um desastre e meus amigos, não tenho como simplismente ir morar na casa deles. Meu tempo de vida vai passando, e a cada noite piora, a cada noite tem algo novo para eu ficar cada vez mais traumatizada.

Não tem aquilo de "Por que eu?!", simplismente dei azar, podia ter sico com qualquer um. Muito escolheriam se matar ao ter que enfrentar isso todas as noites, mas eu sou a covarde que não consegue fazer isso.

Acabo me entregando ao desespero. Eu grito, a pedido de socorro, mas grito em silêncio; ou podem vir mais deles para cá. Os barulhos em minha volta, conseguiram me deixar louca. Mas agora, mina visão fica embassada, difícil de diferenciar as coisas, mas eu sei que eles estam ali, continuam esperando; só não sei pelo o que.

A única coisa que faço agora é chorar, que nem um bebê recém-nascido, é a única coisa que ele pode fazer, e eu também. A diferença é que, eu não tenho ninguém que venha me consolar e dizer: Calma, vai ficar tudo bem.

Eu poderia pensar que vai ficar tudo bem mesmo, mas não preciso me iludir, sei o quanto isso é real. Sei que não vai simplismente "ficar bem".