O Exercício das Pequenas Coisas escrita por Imogen
Notas iniciais do capítulo
http://imogen.projetosonho.com/
Draco entrou no quarto procurando disfarçar todo o seu aborrecimento, mas o esforço foi inútil, pois imediatamente Hermione o colocou contra a parede, questionando sua atitude. Era complicado porque ele não tinha como se defender. Era culpado e isso estava claro.
Sem saída deixou que a garota conduzisse a discussão e procurou responder seus questionamentos o mínimo possível; Sabia que tal atitude a deixaria enfurecida, mas era a melhor maneira de afastá-la da verdade. Não conseguia sequer imaginar a possibilidade de perdê-la, mas aquela noite selou o início da retomada das lembranças de Hermione e de uma contagem regressiva para que ela os deixasse.
Pouco a pouco, a garota ia recuperando seu passado. Lembrou-se de Hogwarts e de várias discussões entre ela e Draco. Não conseguia entender como poderia ter se apaixonado por ele, mas também não se sentia a vontade para fazer novas perguntas. Dias se seguiram povoados de angústia. Ela se via diante de milhares de peças de um quebra-cabeça que não conseguia encaixar.
Sentia medo, mas não falava. Agarrava-se cada vez mais aos filhos e ao próprio Draco, tentando se convencer de que o presente era tudo o que importava, mas era difícil. A tensão era visível nos olhos dela; “Certamente estava se lembrando de algo, mas por que não falava nada?” - perguntava Draco a si mesmo observando o comportamento de Hermione.
Acordou cedo naquela manhã e se sentiu feliz por poder senti-la em seus braços. Ela ainda dormia, mas ele não resistiu e a abraçou, aproximando ainda mais seus corpos.
- Harry… - disse a garota quase sussurrando, ainda de olhos fechados, fazendo com que Draco sentisse como se tivesse levado um soco.
Ele estava completamente abalado e a soltou bruscamente fazendo-a despertar do que parecia um sonho, mas que na verdade era tudo real. Abriu os olhos e viu Draco mirá-la por alguns segundos, antes de se levantar nervoso passando a mão pelos cabelos. Não era necessário perguntar, a expressão era suficientemente clara.
Hermione sentia sua cabeça doer e lágrimas corriam sua face. Agora podia se lembrar claramente de Harry, do seu desespero e da decisão de desistir de viver. Mas havia algo que ela ainda não conseguia entender… Por quê? Por que ele a havia enganado daquela maneira? Sentiu-se traída novamente.
Não disse nenhuma palavra, caminhou até o armário, vestiu uma roupa qualquer e aparatou. Estava feito. Ela o havia deixado e ele não tinha nenhum direito de tentar impedi-la. Ainda que seu coração estivesse quase parando de bater, tamanha a dor que sentia, sabia que ele era culpado.
Longe dali, Hermione aparatou em seu apartamento que estava entulhado de mensagens de seus amigos e de Harry, é claro, mas não se interessou em lê-las apenas se jogou na cama e chorou.
Dias se passaram e os garotos estavam inconformados com a ausência da mãe. Draco havia novamente se entregado ao fire whisky e respondia com agressividade quando os filhos perguntavam por Hermione. Magoava-os dizendo que ela escolheu ir embora e deixá-los.
- Mentira! Ela foi embora por sua causa! E é você que não quer que ela volte! - gritava Adrian enfrentando o pai.
- Ela não é a mãe de vocês! Ela não quer vocês, então parem com isso! - berrava Draco embriagado, deixando os meninos arrasados.
Mas Adrian tinha resolvido que iria trazer sua mãe de volta e decidiu ir procurá-la mesmo sem a ajuda do pai. Arrumou uma pequena mochila e se preparava para deixar a mansão, quando foi surpreendido pelo pai.
- O que pensa que está fazendo? - perguntou Draco com raiva.
- Vou buscar a minha mãe! - respondeu seguro.
- E posso saber como pretende fazer isso, se nem ao menos sabe onde ela está? - perguntava Draco irônico.
- Eu vou procurar até encontrar. - respondeu encarando o pai.
- Você não entende… Ela não vai voltar! Ela nunca vai querer voltar! - disse Draco magoado.
- Vai sim! Por que ela ama a gente! Eu só preciso falar com ela e ela volta. - argumentou o garoto.
- E o que você diria a ela? - quis saber.
- Que não quero ficar longe dela e que vou me comportar e que ela não precisará mais ir embora porque eu vou cuidar dela. - falou decidido fazendo Draco pensar.
- Vá para lá para cima e fique com seu irmão, vou sair e posso demorar! - disse Draco, pegando um casaco e deixando o filho um tanto confuso.
Enquanto isso, Hermione era surpreendida por uma visita inesperada.
- Onde você estava? - perguntou Harry enquanto se sentava em uma poltrona.
- E por que quer saber? - perguntou a moça num tom indiferente.
- Eu me preocupo com você! - respondeu sério.
- Mesmo? - questionou irônica.
- Pare com isso, Hermione! Gina e eu… Aquilo não foi importante. - começou o moreno.
- Não foi importante? Creio que esteja completamente enganado; Foi muito importante, suficiente para que eu decidisse, por exemplo, que não desejo ter nenhum dos dois em minha vida.
- Você está magoada agora, mas com o tempo vai perceber que…
- Perceber que você é tudo o que eu tenho? Que é a minha única chance de ter uma família novamente? - perguntou Hermione transtornada. - As coisas mudam senhor Potter. Você não pode mais me oferecer o que eu desejo.
- E quem poderia? - desdenhou Harry.
- Eu. - respondeu Draco que havia acabado de aparatar e escutava o final da conversa.
A situação estava realmente tensa. Hermione não esperava por Harry e muito menos por Draco e não sabia como agir.
- Malfoy? O que esse cara faz aqui? - perguntou Harry segurando com força o braço de Hermione.
- Não é dá sua conta! - respondeu a castanha se soltando e deixando Draco orgulhoso.
- Como não é da minha conta? Nós somos noivos, temos um compromisso! - esbravejou Harry.
- Não tenho mais nenhum compromisso com você. E ainda que tivesse, você não tem moral para me cobrar nada! - revidou Hermione fazendo com que Draco ganhasse ainda mais segurança.
-Ótimo, agora que a situação de vocês já foi esclarecida, será que poderia nos dar licença, é que eu estou tentando pedir Hermione em casamento. - disse o loiro sorrindo para a garota que o olhava incrédula.
- Você dormiu com o Malfoy para se vingar de mim, por causa da Gina? - acusou Harry.
- Você dormiu com a Weasley? Que mau gosto, Potter! Mas em todo caso, eu já pedi com educação uma vez, mas você não está colaborando e vejo que terei de ser mais enfático: pare de desperdiçar nosso tempo e vá embora! - falou Draco sem paciência, dando início a uma briga.
- Parem com isso! Se querem se matar, que façam isso em outro lugar! - gritava Hermione tentando separar os dois. - Saiam daqui e me deixem em paz!
- É isso mesmo que você quer? Vai desistir da nossa vida, do nosso futuro? Podemos passar uma borracha nisso tudo e recomeçar; Sempre fomos -começou Harry.
- Amigos. Sempre fomos ótimos amigos, mas nunca existiu um amor verdadeiro e isso ficou muito claro quando vi você com a Gina. Por favor, não torne as coisas mais difíceis… - disse a castanha, fazendo com que Harry decidisse sair de cena definitivamente.
Hermione sentia-se mal, tudo aquilo estava sendo demais para ela; Estava fraca e extremamente pálida e caminhou com certa dificuldade até a poltrona da sala e somente neste instante, se deu conta de que Draco continuava ali.
- Vá embora, por favor! - pediu com a voz fraca, fechando os olhos numa tentativa de amenizar a tontura que sentia.
- Não vou embora a não ser que venha comigo! Vim aqui para te levar para casa e não volto sem você. - falou Draco decido.
- Por causa dos meninos… - completou Hermione.
- Eles estão sofrendo muito com a sua ausência, mas não é por eles que eu estou aqui… Estou aqui antes de tudo, porque eu te amo e não consigo e nem quero ficar longe você… Estou aqui para te pedir que seja minha mulher para sempre e que volte para a sua casa e para os seus filhos que também te amam. - disse o loiro se aproximando e tomando os lábios da garota.
Após algum tempo, se separam sem ar e Hermione se afastou, tentando esconder as lágrimas que teimavam em cair. Ainda sem encará-lo, respirou fundo e decidiu esclarecer os fatos:
- Porque fez isso? - perguntou ainda magoada.
- Porque eu te amo! - respondeu olhando diretamente nos olhos da garota.
- Por que me levou para sua casa e mentiu para mim? - questionou se afastando.
- Eu vi quando você saiu do bar e se atirou na frente daquele carro… Tudo foi tão rápido e quando eu soube que você tinha perdido a memória achei que poderia ferir o Potter. - confessou.
- Então tudo não passou de uma vingança contra Harry. - disse suspirando derrotada.
- Começou assim… Mas depois que eu te conheci tudo mudou. Eu não me importo mais com o Potter, me importo com você! Nunca te pressionei por informações sobre ele ou sobre qualquer pessoa! - defendeu-se.
- Se aproveitou do acidente, mentiu para mim, envolveu duas crianças inocentes sabendo que iriam se apegar… Não sei se posso perdoar isso! - disse sincera.
- Você está certa; Eu realmente sou culpado de todas essas acusações, mas estou sendo sincero agora… Eu posso te fazer feliz e você sabe disso; Esses últimos dois meses foram maravilhosos e eu não quero que isso acabe. Diga que não se sente assim e que não me quer na sua vida e eu prometo que te deixo em paz. - falou seguro.
- Eu não tenho essa opção. Mesmo que eu quisesse, já não tenho como te tirar da minha vida… - respondeu a moça com um olhar enigmático, deixando o rapaz confuso. - Eu estou grávida.
Aquela notícia completamente inesperada em meio a uma conversa tão difícil causou um enorme impacto em Draco, que durante alguns segundos não conseguiu esboçar nenhuma reação, para depois abrir um enorme sorriso e abraçar Hermione.
Ele a abraçava de forma carinhosa e protetora, fazendo com que ela se desarmasse e decidisse esquecer o que havia acontecido; Não adiantava tentar se enganar, o amava, amava aquelas crianças e não poderia ser feliz longe deles, principalmente agora. Olharam-se nos olhos e se entregaram a um beijo que começou delicado e carinhoso, mas logo se tornou intenso e cheio de paixão.
- Venha, vamos para casa! Tem dois pestinhas loucos para te ver! - disse Draco abraçando ainda mais a garota e aparatando.
- Mãe! Mãe! - gritavam Eric e Adrian, enquanto desciam as escadas e corriam ao encontro de Hermione e a abraçavam com força.
- Ai, que saudades dos meus filhotes! - dizia a garota enquanto abraçava e beijava as crianças.
- Mãe, você vai ficar aqui com a gente, né? - perguntava Eric agarrado a castanha.
- Claro que vai! Eu nunca mais vou deixar que ela vá embora. - disse Adrian sério, arrancando um sorriso Hermione.
- Não se preocupem, eu não vou a lugar nenhum! - prometeu Hermione, sentindo-se completamente feliz por finalmente realizar o seu sonho e poder ter uma família.
Fim
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
http://imogen.projetosonho.com/