Sobrevivendo escrita por tamiladybug


Capítulo 6
Capítulo 6 - Gripe e verdades


Notas iniciais do capítulo

Ooooooi gente, to de volta (: arrumei algumas coisinhas, poucas, mas que fizeram uma diferença.



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- Acorda querida. Vamos almoçar. – ele encostou em mim. – Nossa você está ardendo em febre!

- Eu to com frio e falta de ar. – reclamei.

- Eu vou buscar um remédio para você, se você não melhorar vai tomar um banho gelado. – disse ele todo preocupado.

- E se eu não melhorar? – perguntei. Queria saber se ele teria coragem de me levar ao hospital com um RG falso.

- Se você não melhorar, ai terei que chamar um médico. – disse ainda mais preocupado. É claro que ele não iria me levar ao hospital. – Mas não vamos pensar nisso. Você vai melhorar rapidinho. Vou pegar o remédio, já volto.

- Ok. – disse, em seguida eu tospirrei: tossi e espirrei.

- Saúde. – gritou ele do corredor.

Eu estava me sentido um lixo por dois motivos: primeiro, era ter sido tão idiota e ter acreditado que o Guilherme iria me ajudar; e o segundo, era estar com o corpo doendo tanto, a minha cabeça explodindo, a falta de ar e o frio insuportável que nem dava pra raciocinar direito sobre o primeiro motivo.

- Está aqui, toma. Você tem que melhorar em uma hora, se não, vai para o chuveiro gelado. – disse ele, me entregando o remédio. Eu não disse nada. Para falar a verdade, não tinha o que dizer. Ele iria fazer o possível e o impossível para não chamar o médico.

Ele me mandou almoçar para ver se eu melhorava. Uma hora se passou e a minha febre não baixou, ele me mandou para o chuveiro gelado. Na verdade não sei se aquilo foi bom, fiquei com mais frio do que estava antes.

- Me deixa medir a sua temperatura. – pediu ele com o termômetro na mão. Passou alguns minutos e ele tirou o termômetro debaixo do meu braço. – Não baixou, vou chamar o Dr. João.

- Tá bom. – eu disse me encolhendo. Ele pegou o celular dele e saiu do quarto. Meia hora depois o médico chegou.

- Então, Mariana não é? – perguntou Dr. João.

- Isso. – menti.

- O que tu estás sentindo? – perguntou ele, retirando seu estetoscópio de dentro da maleta.

- Muito frio, dor de cabeça e dor no corpo. – respondi.

- Estás tendo secreção no nariz, espirro, falta de ar ou tosse?

- Sim, eu estou com tudo isso.

- Tire a coberta e sente-se. – ele pediu, eu obedeci. – Vamos ver como estão seus pulmões. – disse ele. Colocou o estetoscópio no lado direito das minhas costas e na hora eu me arrepiei, já que aquilo era bem gelado. – Respire fundo – pediu –, agora solte. – ele repetiu o mesmo processo no lado esquerdo das minhas costas. – Bom, seu peito está chiando. Vou te passar um xarope expectorante. – ele se virou para o Thomas que estava parado na porta. – Tu tens inalador?

- Tenho sim. – respondeu Thomas.

- Então – ele se virou novamente para mim. –, tu vais tomar inalação uma vez por dia se estiveres com falta de ar, o dia que não estiveres tu não precisa tomar. Vou passar pra ti um antitérmico para abaixar essa febre e um analgésico para passar essas dores. Tu vais tomá-los de oito em oito horas. – ele dizia e escrevia a receita na mesma hora. – Mas nem pense em pegar friagem, tome banho cedo e não muito quente, pois quando tu sair do banheiro vai pegar uma corrente de ar e isso não vai melhorar em nada o seu estado. – ele olhou para mim. – Tu estás se sentindo mal desde quando?

- Hoje, quando acordei.

- E saiu de casa?

- Sim.

- Nem pense em fazer isso outra vez. Seu sistema imunológico está baixo. Com gripe não se brinca! Tu podes pegar uma pneumonia. – ele estava me dando bronca. Isso não era justo, eu só havia saído porque o Thomas pediu. – Tu estás proibida de sair nos próximos seis dias. Se daqui a quatro dias tu continuar tendo febre, me liga. – ele se levantou e se dirigiu a porta, onde Thomas estava. – Vai comprar esses remédios, ela precisa tomá-los logo. Quando voltar prepare a inalação dela. Qualquer coisa pode me ligar.

- Obrigada doutor.

- Por nada. – ele me olhou. – Até logo Mariana, se cuida.

- Pode deixar. – sorri com esforço. – E obrigada.

- Vou comprar seus remédios. Volto logo.

- Tá bom.

Thomas e Dr. João saíram. Meus olhos teimavam em ficar fechados, logo adormeci. Nem deu tempo em dormir direito e Thomas já estava de volta com o aparelho inalador na mão.

- Já vai dar quatro horas, então, primeiro tome a inalação para podermos contar às oito horas certas do remédio. – disse me entregando o inalador.

Eu não gostava de tomar inalação, na verdade, nunca gostei. Sempre quando ficava com falta de ar, minha mãe me obrigava a tomar, funcionava, mas eu não gostava. Terminei, logo tomei o xarope e os remédios.

No dia seguinte já não havia febre. Thomas desmarcou seus compromissos para cuidar de mim. Assistimos a um filme no quarto e comemos pipoca. Mastiguei bem, pois comer pipoca com dor de garganta não combina, mas estava irresistível. Eu fiquei de molho o dia inteiro, só saia da cama para ir ao banheiro e tomar banho. Passaram-se quatro dias depois que o doutor veio me examinar e Thomas se sentiu na obrigação de ligar para ele, para agradecer e dizer que eu estava bem. Dois dias depois disso eu já estava completamente curada.

- Oi. – Thomas me acordou. – Como está se sentindo hoje?

- Bem, muito bem. – sorri.

- Que ótimo. Tá com saudade de sair na rua?

- Claro, faz uma semana que não vejo ninguém além de você.

- Pois é. – ele sorriu.

- Que tal se você for comprar algo, uma revista, uma roupa, um livro ou alguma outra coisa que você queira?

- É, pode ser.

- Então, ai você poderia passar no mercado para comprar alguma coisa para o jantar.

- E você não pode fazer isso? – perguntei irritada. Realmente eu não estava pronta para ver o Guilherme.

- Não, eu vou chegar tarde, o mercado já vai estar fechado. Por quê? Algum problema?

- Claro que não. – menti. – Eu só estou cansada de ir lá.

- Hm, então é isso, vou deixar o dinheiro em cima da mesa.

- Ok. Você comprou média?

- Não. Você vai querer?

- Vou.

- Então eu vou te deixar mais dinheiro. Me deixa ir logo, porque já estou ficando atrasado para o trabalho.

- Tá bom.

Ele me deu um beijo na testa e saiu.

 Eu fui tomar banho e me vesti bem devagar. Eu nunca tinha ido à padaria, era sempre o Thomas que comprava a média, mas eu sabia que ela ficava há uma quadra daqui. Quando cheguei lá fui para o balcão fazer o meu pedido:

- Duas médias, por favor.

- Duas... o quê? – perguntou a moça.

- M-É-D-I-A-S, duas médias. – repeti devagar.

- O que é média? – perguntou ela. – Isso que tu pediu não tem aqui não, tchê! – disse a moça confusa.

- Média é pão! Aquilo que está ali na cestinha. – respondi. Como ela não sabia o que era média? Ela só podia estar tirando uma onda com a minha cara!

- Bah, tchê! O que tem na cesta é cacetinho e não média. – disse ela, me olhando com desdém.

- Ah, me desculpe. Então você pode me dar dois cacetinhos? – perguntei envergonhada. Todos que estavam na padaria estavam dando risada da minha cara.

- É pra já, guria.

Paguei pelos “cacetinhos” e fui para casa. Eu estava realmente envergonhada. Como que pão francês podia se chamar em cada lugar de um jeito?

Tomei o café da manhã e fui logo ao mercado. Eu esperava que o Guilherme estivesse no escritório, assim eu não iria precisar “esbarrar” com ele no corredor. Entrei e foi um alivio, ele não estava lá. Fui pegar batata, carne, ovo e coca-cola. Eu estava morrendo de vontade de comer bife com ovo frito e batata frita. Peguei tudo rapidinho, fui para o caixa e passei as minhas compras. Quando estava saindo do mercado alguém puxou o meu braço e eu olhei para trás.

- Como você some por quase uma semana, vem até aqui e nem vai falar comigo? – perguntou Guilherme, me soltando.

- Eu estava gripada. – respondi.

- Verdade?

- É verdade! Eu melhorei ontem, por isso não vim antes. E não fui falar com você por achei que estava ocupado.

- Que bom que você está melhor. Vamos ao meu escritório. Eu tenho que te explicar o que aconteceu aquele dia e você tem que me contar muitas coisas, guria. – disse ele. Enquanto nós íamos ao escritório eu pensava no que iria falar para ele. Entramos no escritório e eu não esperei para começar a falar:

- Você mentiu para mim! – o acusei, largando as compras no sofá.

- Eu nunca menti pra você. – disse ele na defensiva

- Ah é? E que tal você ter me dito um nome falso Henrique? – eu estava completamente irritada com ele. – Eu confiei em você! Eu te disse meu nome verdadeiro e não o falso.

- Eu nunca menti sobre o meu nome. – ele me olhou estranhamente. – Meu nome é Guilherme e também Henrique. Meu nome é Guilherme Henrique. Feliz? Quer olhar no meu RG para ver se eu estou falando a verdade ou não? – perguntou ele pegando sua carteira.

- Não. Não precisa. – eu disse, mas continuei com raiva dele. – Você conhece o Thomas e nunca me disse.

- Eu não sabia que ele era o mesmo Thomas que você contava.

- E de onde você o conhece?

- Ele é conhecido do meu pai. Eu nunca iria imaginar que ele era teu seqüestrador.

- Hm... Mas e sobre você ter dito que iria fugir comigo? Era tudo mentira não era?

- O que? Fugir contigo? – ele juntou as sobrancelhas parecendo confuso. – Espera ai. Você não está pensando que... Não! Eu não vou largar tudo aqui para fugir contigo. Quando eu disse que ia fugir, foi querendo dizer que eu ia te levar de volta para casa e não que ficaria lá para sempre.

- Hm. – foi tudo o que eu consegui dizer com o enorme bolo que aumentava cada vez mais em minha garganta e sem que eu percebesse, lágrimas começaram a escorrer em meu rosto.

- Você tá chorando? – perguntou ele preocupado.

- Não! – gritei e fui me sentar no sofá.

- Você ficou triste comigo, né? – perguntou ele, indo se sentar em meu lado. – Me desculpe. É só que eu não posso deixar tudo aqui, sabe? Meu emprego, minha família, meus amigos, minha namo... – ele parou no meio da palavra.

- É, sua namorada. Eu sei. – enxuguei as lágrimas de meu rosto e me virei para olhá-lo nos olhos. – Sei lá o que passou pela minha cabeça. É que quando você disse que eu não iria ficar livre de você tão fácil e que eu era legal e linda eu achei que você queria dizer que... Deixa pra lá. – disse me levantando. – Eu sou uma idiota mesmo.

- Eu não menti em nada do que disse. Eu vou te visitar e você vai poder me visitar também quando quiser.

- Claro. – as lágrimas começaram a cair novamente. Por que elas não me obedeciam? – Quer saber? Ah, deixa pra lá. Eu vou pra casa!

- Bia... – começou ele se levantando. Quando estava chegando perto de mim, alguém abriu a porta.

- Surpresa meu amor. – gritou Paula. – Me desculpe. – ela pediu. – Interrompi alguma coisa?

- Ah... claro que não. – me apressei em dizer e enxuguei as lágrimas. – Obrigada pela dica Guilherme Henrique. Mas eu acho que prefiro o produto antigo, ele era mais eficiente. O novo não me agrada em nada. – peguei minhas compras.

- Pode deixar que eu irei providenciar. Volte semana que vem.

- Ok. Obrigada. – disse e fui em direção a porta. – Tchau. – disse para Paula.

- Tchau. – respondeu ela.

Fiquei do lado de fora da porta para me recuperar e foi o suficiente para escutar:

- Quem era ela Gui? – perguntou Paula.

- Ah, era só uma cliente. Não tinha o produto que ela sempre compra ai ela veio reclamar.

- Hm. Ela é bonita.

- Não se preocupe, é só uma cliente, talvez eu nem a veja mais.

- Que ótimo.

Isso foi o suficiente para me deixar ainda mais mal. Ele não queria mais me ver, ele tinha deixado bem claro. Eu segui para a saída do mercado.


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Notas finais do capítulo

Mereço reviews? Obrigada a todos que voltaram a me acompanhar *o* beeeijos



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