Sobrevivendo escrita por tamiladybug


Capítulo 2
Capítulo 2 - Uma nova amizade e um plano perfeito.


Notas iniciais do capítulo

A Bia ta empolgadinha nesse capitulo.



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No outro dia eu acordei antes que ele e fui tomar meu banho. Enquanto estava no chuveiro pensei em um plano e o colocaria em prática hoje. Ou ele ganhava a minha confiança hoje ou não ganharia nunca mais. Sai do chuveiro e fui preparar o café da manhã. Ele logo desceu as escadas, já arrumado para ir ao trabalho.

- Bom dia, meu amor. – disse ele me abraçando.

- Bom dia. – sorri o meu melhor sorriso. Sentamos à mesa para tomar nosso café.

- Hoje vou chegar tarde.  Vou deixar dinheiro para você comprar as coisas para o jantar.

- Ok. Pode deixar um pouco mais? – eu disse e ele me olhou confuso. – É para comprar um livro para mim.

- Ah, tudo bem eu deixo.

- Obrigada. – sorri.

Ele terminou de tomar o seu café, me beijou e saiu. Terminei de arrumar a casa e resolvi ir à livraria, depois eu iria ao mercado. Entrei na única livraria que conhecia e procurei um vendedor.

- Boa tarde. Você pode me indicar um livro? – perguntei.

- Claro. De que gênero? – perguntou o vendedor.

- Eu queria um romance bem detalhado, sabe, com os mínimos detalhes. – pedi.

- O que? – perguntou o vendedor de olhos arregalados.

- Não precisa ser o mais pornográfico, mas eu queria um desse estilo. E ai? Qual você me indica.

- Vamos ver. – ele continuou com os olhos arregalados e me entregou um livro. – Esse aqui tem toda uma história de romance e aquelas partes, sabe, são bem explicadas com todos os mínimos detalhes, do jeito que você pediu.

- Ótimo, vou levar. Quanto custa?

- Esse é quarenta e cinco reais. – informou. Peguei uma nota de R$50,00 e o entreguei.

- Pode ficar com o troco e obrigada pela indicação.

- Por nada. – ele me olhou até que eu saísse da livraria.

Pronto, agora já tenho uma desculpa para estar empolgadinha hoje de noite, agora vou comprar algumas coisas para o jantar e farei uma coisa bem romântica. O meu plano TEM que dar certo. Entrei no mercado e aquele rapaz do dia anterior continuava a me fitar.

- Olá. – eu disse ao rapaz. – Posso te ajudar em algo?

-Oi. – ele me olhou estranhamente. Ele tinha uma voz bem bonita. – Eu é que teria que te fazer essa pergunta.

- Ah é? Por quê? – perguntei confusa.

- Porque eu trabalho aqui. – explicou. – Meu pai é dono desse mercado e de mais dois na região.

- Hm, que bom pra você. – sorri ironicamente e comecei a andar. Que menino metido, “Meu pai é dono desse mercado e de mais dois na região” e blábláblá. E eu com isso? Não tinha perguntado nada para ele.

- Espera. – disse ele puxando o meu braço direito.

- O que você quer filhinho do dono de vários mercados da região? – perguntei com deboche. 

- Ei, o que eu te fiz garotinha raivosa? – perguntou levantando sua sobrancelha esquerda.

- Nada, a não ser ficar me olhando desde ontem e agora ser um metidinho dizendo que papai tem isso e aquilo, eu não perguntei nada sobre a sua vida. – explodi e ele me olhou com os olhos arregalados. Confesso que fui um pouco ignorante demais. Acho que tudo que eu agüentei do Thomas resolvi explodi com esse rapaz, que não tem nada a ver com o meu sofrimento. – Desculpe! – me arrependi. – É só que, bom, digamos que o meu último ano não foi um dos melhores.

- Desculpa por ficar te observando. É que eu nunca te vi por aqui. – explicou. – Você se mudou faz pouco tempo?

- Não, faz exatamente um ano e um dia. – respondi.

- O que aconteceu? Não gostou da cidade? Por que seu ano não foi bom? – ele olhou a minha cara de confusa. – Desculpe to te enchendo de perguntas e nem me apresentei. Guilherme. – estendeu a mão direita para que eu o cumprimentasse, eu estendi a minha e demos um aperto de mão.

- O meu é... – que nome eu iria dizer? O verdadeiro ou o falso? – Bianca. – escolhi pelo verdadeiro, seria bom que alguém me chamasse de Bia, era mais acolhedor, eu iria me sentir em casa.

- É um prazer conhecê-la Bianca.

- Pode me chamar de Bia se preferir.

- E você pode me chamar de Gui. Agora, será que da para você responder as minhas perguntas?

- Claro, mas eu esqueci quais eram. Uma de cada vez, por favor.

- O que aconteceu para que seu ano fosse tão ruim? Não gostou da cidade ou algo do tipo?

- Claro que gostei da cidade, ela é linda. É que eu não estou na cidade com alguém que eu queria estar.

- Você não veio com a sua família?

- Hm... é complicado, é um história longa e eu não sei se posso confiar em você, acabamos de nos conhecer. – disse mordendo os lábios de nervosismo.

- Eu entendo, mas você pode confiar em mim. Eu serei um amigo fiel.

O que eu tenho a perder com isso?

- Bom, tem outro lugar que podemos conversar melhor? – perguntei.

- Claro, vamos para a minha sala.

Fomos para um escritório pequeno e sentamos em um sofá de dois lugares que ficava na frente de uma mesa com um notebook.

- Então, pode começar.

- Meu nome verdadeiro é Bianca, mas há um ano me chamam de Mariana. – eu disse e ele me olhou confuso. – Vou explicar. Você só me viu ontem porque só ontem o homem que mora comigo me deixou vir ao mercado. Há um ano eu fui seqüestrada.

- O que? – ele me olhou com os olhos arregalados. – Isso é sério?

- É.

- Então vamos à polícia agora. – disse ele tentando me levantar do sofá.

- Calma, não é assim tão fácil. Ele não vai deixar barato, ele vai me querer de volta e eu não confio na polícia, pode ter alguém honesto, mas pode não ter, ele é conhecido. Alguns dias depois que chegamos à cidade ele cumprimentou todos os policiais. Ele me disse que esses policiais estão devendo algumas coisas para ele. – expliquei. Ele caiu no sofá com estado de choque.

- E você é uma prisioneira agora?

- Não, só no começo. Ele me trata como se eu fosse sua esposa.

- Espera ai, ele te obrigou a transar com ele? – ele não se preocupava com as palavras.

- Aham. – respondi com os olhos cheios de lágrimas.

- Quantos anos você tem?

- Na verdade eu tenho 18 anos, mas no RG falso eu tenho 20 anos.

- Ele abusou de você quando você ainda era menor de idade?

- Não, ele só me obrigou quando eu fiz 18 anos. Mas eu o fiz usar camisinha.

- Menos mal.

- É. Agora eu tenho que voltar, já está ficando tarde. – disse levantando, ele me puxou de volta para o sofá.

- Nada disso, você não vai voltar para aquele lugar.

- Mas...

- Não tem “mas”, você fica.

- Deixa eu te explicar uma coisa. – respirei fundo. – Eu estou quase conseguindo a confiança dele, você não pode simplesmente estragar todo o meu trabalho de um ano inteiro.

- Mas e se ele te machucar?

- Ele não me machucou em um ano, você acha que ele vai me machucar agora?

- Ta bom. – ele olhou para o chão e olhou de volta para mim. – Mas e se a gente fugisse, meu pai tem dinheiro, a gente podia fugir.

- E você acha que é assim tão fácil? Eu te disse que ele conhece os policiais e ele já está chegando em casa, sentirá a minha falta e vai atrás de mim.

- Você não pode desistir tão fácil.

- E quem disse que vou desistir? Eu o escutei falando no celular ontem de noite e parece que vai ter uma viagem no mês que vem. Eu posso sobreviver até lá.

- Se cuida. – ele disse me abraçando. – Me promete que vai voltar aqui todos os dias.

- Todos os dias eu não prometo, mas voltarei. – olhei para o notebook dele. – Eu posso voltar amanhã para usar seu note? – perguntei.

- Claro que sim.

- Eu preciso avisar para todos que estou bem. – lágrimas caíram de meus olhos.

- Ta bom, volte amanhã. – disse ele. Levantei-me do sofá e fui comprar as coisas que faltava.

Cheguei em casa antes do anoitecer e fui preparar o jantar, iria fazer arroz e lasanha. Arrumei a mesa colocando duas velas e os pratos. Fui ler um pouco, realmente, o livro era de arrepiar. Quando deu 22h eu fui tomar banho e coloquei a minha melhor lingerie. Desci as escadas e fui ler novamente. Thomas chegou as 22h50 trazendo flores.

- Olá meu amor. – disse ele. Beijou-me e entregou as flores.

- Oi. São lindas, obrigada. – agradeci. – Vai tomar banho, deixei sua roupa separada em cima da cama.

- Ta bom. Como foi seu dia hoje?

- Ah, foi muito bom. – disse colocando as flores em um jarro com água. – Comprei o livro e fui ao mercado comprar algumas coisas para o jantar. Depois fiquei lendo, preparei o jantar e voltei a ler.

- Que bom. Vou lá tomar banho.

- Ok, eu vou esquentar a janta.

Corri para a cozinha para colocar a lasanha no forno e esquentar o arroz. Tinha feito o meu suco preferido, de maracujá. Eu calculei todo o tempo certinho. Assim que coloquei a comida na mesa e acendi as velas ele chegou.

- Uau, jantar a luz de velas e com lasanha. Que delicia. – disse ele sentando-se a mesa.

Tudo estava indo como eu tinha planejado. Jantamos, conversamos e rimos um pouco. Terminamos de jantar e ele foi lavar a louça, eu fui escovar meus dentes e preparar a cama para deitarmos. Ele entrou no quarto e foi para o banheiro escovar os dentes. Eu tirei o meu vestido rapidamente e fiquei deitada esperando ele sair do banheiro.

- Minha nossa. – disse ele olhando para mim. – O que aconteceu com você hoje?

- Foi aquele livro. – eu disse levantando da cama e indo a sua direção. – Ele me deixou entusiasmada. – sorri e comecei a desabotoar sua camisa. – Hoje, sou eu que te quero para mim.

- Você nunca tinha pedido antes.

- Sempre se tem uma primeira vez, mas sem camisinha não rola.

- Ta aqui. – ele me mostrou.

Naquela noite eu tinha lhe dado prazer, me certifiquei de fazer coisas novas, todas as coisas que estavam no livro. Quando terminamos ficamos abraçados.

- Eu te amo tanto. – ele disse

- Eu também te amo. – menti e ele olhou para mim. – Lembra quando você me disse que depois de um tempo eu nunca mais iria querer ir embora? Então, você tinha razão. Você é tão bom comigo, eu só precisava enxergar. – tentei dizer fazendo com que minha voz fosse honesta, mesmo eu pensando tudo diferente do que dizia.

- Fico feliz em saber disso. – ele sorriu e me beijou.

- Você não quer fazer de novo? – perguntei rezando para que ele dissesse não.

- Aquele livro te fez bem em. – disse sorrindo. – Mas não, amanhã terei que acordar cedo. Hoje você foi ótima.

- Que bom que gostou. Fico contente com isso.

- Agora vamos dormir. Boa noite.

- Boa noite.

Eu não sabia aonde poderia colocar tanta felicidade, ele tinha caído, meu plano foi perfeito. Ele estava caidinho, eu deveria ter feito isso antes. Amanhã irei ao mercado e darei a noticia ao Gui, ele vai pirar quando souber o que fiz. Eu iria ter que fazer de qualquer jeito, então por que não fazer melhor?

De manhã eu acordei primeiro que ele. Corri para preparar o café da manhã e levei para ele na cama. Escrevi um bilhete “Ontem a noite foi ótima, estou tomando banho. Beijo, eu te amo” e coloquei uma das flores que ele havia me dado ontem junto do bilhete. Fui tomar banho e quando sai ele estava olhando para mim.

- Gostou do café? – perguntei.

- Claro, estava maravilhoso.  – respondeu.

- O que foi então?

- Nada, eu só estava me perguntando o que foi que te deixou assim, tão carinhosa. – disse ele. Será que meu plano não foi assim tão perfeito?

- Eu já te disse. – sentei em seu lado. – Me dei conta que você é tão bom comigo e eu nunca tinha retribuído. – respondi. Espero que ele aceite essa resposta.

- Que bom que você se deu conta. Eu já não estava mais agüentando as suas chutadas.

- Hey, eu não te chutava. Só no começo, mas depois não te chutei mais, eu só estava preocupada com a minha pureza.

- Claro que sim, mas eu também me preocupava. Tanto que esperei. Esperei porque te amo.

- Eu sei disso e fico feliz. – sorri.

- Vou tomar banho. – disse se levantando da cama.

- Ta bom.

Ele tomou banho e logo saiu para o trabalho. Depois que ele saiu, esperei meia hora e fui para o mercado. Guilherme não estava no lugar de sempre. Fui até a caixa e perguntei:

- Cadê o Guilherme?

- Ele está no escritório. Você é a Mariana? – perguntou ela. Ele deu o meu nome falso.

- Sou eu mesma. – sorri.

- Ele está te esperando, pode ir lá.

- Obrigada.

- Por nada.

Entrei no escritório e ele mexia no notebook.

- Oi. – sorri.

- Até que fim. Eu to procurando sobre você na internet. Seu cabelo era mais bonito. – ele sorriu. – Tem um monte de fotos suas aqui e pessoas te procurando.

- Sério? Deixa-me ver. – pedi. Chorei ao olhar a foto. Estava com saudade de todos. – Daqui a pouco eu falo com alguém que estou bem, mas antes eu tenho que te contar uma coisa. Você não vai gostar muito.

- O que ele fez com você? – perguntou irritado. Era estranho o jeito como a gente se tratava, nos conhecemos só há um dia e nos preocupamos tanto um com o outro.

- Ele não fez nada comigo, mas eu fiz com ele. – disse. Eu já estava corada antes mesmo de contar para ele.

- O que você aprontou? – perguntou.

- Não fica bravo comigo. – pedi. – Eu meio que o seduzi ontem no jantar.

- O que? – disse ele com os olhos arregalados.

- Eu já tinha pensado nisso antes de te conhecer. Eu ia ter que dormir com ele de qualquer jeito. Então eu tomei a iniciativa antes dele. Primeiro fiz um jantar a luz de velas, depois tirei o vestido e fiquei deitada na cama esperando ele. Ai eu pedi para ele deitar-se comigo e depois ainda disse que o amava. Falei também que ele tinha razão quando disse que depois de um tempo eu não iria mais querer ir embora. E hoje de manhã levei o café da manhã para ele. – terminei. Ele me olhava como quem não acreditava no que estava escutando. Esperei um minuto e ele continuava com os olhos arregalados. Ele estava digerindo a história ainda. – Você não vai falar nada?

- Por que você fez isso? Você ta louca?

- Calma. Era o único jeito de conquistar a confiança dele. Eu tinha que fazer isso.

- E agora? Conseguiu o que queria, ele confia em você?

- Confia. – disse e corri para abraçá-lo. – Desculpe. – pedi e me afastei.

- Não tem nada. – ele disse e me puxou para retribuir o abraço. – Fico feliz que você tenha conseguido a confiança dele. Porque eu já estou juntando um dinheiro para te levar de volta para Santos.

- Mentira! – eu disse entre soluços.

- É sério. Eu falei que ia te tirar daquele monstro. Só temos que esperar ele viajar.

- Ai meu Deus. Você é o melhor amigo do mundo! – disse e pulei para lhe dar outro abraço. Eu não sabia se sorria ou chorava.

- Calma Bia. Você não pode ter um treco antes de ver sua família. – disse ele tentando me acalmar.

- Claro que não, se eu morrer a minha mãe me mata. – eu disse caindo na gargalhada.

- E agora? – disse ele balançando um telefone na minha frente. – Está pronta para matar a saudade de seus pais?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Deixem reviews *-*



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