Hanz estava em sua sala, quando foi chamado pela Rainha Tatiana.

“Guardião, quero que prepare a documentação do Guardião Mikail Tanner para que ele seja remanejado para a Turquia para prestar serviços para Ibhraim Mazur o quanto antes.”

“Vossa Majestade, o Guardião Tanner trabalha em serviços burocráticos em cumprimento de pena. Não podemos remanejá-lo, ainda mais para trabalhar para um moroi não-real!” Ele estava tão perplexo que sequer percebeu que estava contradizendo a própria Rainha.

Tatiana o olhou nos olhos, chocada com a insubordinação de um dos guardiões mais formais que ela já havia conhecido. Ela não levou em consideração, mas o advertiu.

“Eu não estou lhe fazendo um pedido, eu estou ordenando que remaneje o Guardião Tanner para o Sr. Ibhraim Mazur! É um pedido pessoal e diante das circunstâncias, resolvi atendê-lo. Você prefere uma ordem por escrito?” Hanz entendeu o alerta e resolveu não discutir. Ele só pensava em quem ele mandaria para os arquivos, uma vez que a Rose estava louca e internada em um hospício e Tanner estava sendo remanejado para ser a babá dela.

“Não senhora, não é necessário. Providenciarei a transferência dele agora mesmo!”

“Está dispensado!” Foi só o que a Rainha disse e Hanz fez a reverência e saiu.

Tatiana ficou olhando para a porta, com a mão no telefone, pensando em uma forma de dar a notícia ao Adrian. Ela ficou dessa mesma forma um tempão, quando resolveu ligar para Ambrose.

“Ambrose querido, você acha que pode dedicar um pouco do seu tempo para mim?” Ele lhe respondeu que estava a caminho e ela esperou. Quinze minutos depois, ele entrou pela porta secreta. A abraçou e lhe deu um beijo na testa.

“Ambrose, eu preciso falar para o Adrian o que está acontecendo, antes que ele fique sabendo de outra forma, mas... Meu Deus! Eu não faço a menor idéia do que dizer a ele sem correr o risco de que ele surte!”

“Querida, liga para ele e diga a verdade. A verdade sempre é o caminho mais seguro para se resolver as coisas. Isso não é política, Tatiana, é a vida de Rose e a felicidade de Adrian. São pessoas, não leis! Liga para ele e diga a verdade.”

E foi o que ela fez. Quando ela disse que Rose tinha tentado suicídio, Adrian não quis ouvir o resto e bradava no telefone que estaria de volta no primeiro vôo.

Ele chegou logo ao entardecer do mundo vampírico e foi direto ao quarto de sua tia.

“TIA, ME DIGA QUE ELA NÃO ESTÁ MORTA!!! POR FAVOR, ME DIGA QUE A MINHA LITTLE DAMPHIR NÃO MORREU!!!!” Ele gritava e chorava e parecia estar muito, muito bêbado!

Ela o abraçou com toda força.

“Shh, acalme-se filho! Ela não está morta! Ela não morreu!” Ele chorava muito e a olhou nos olhos, sem dizer nada.

“Querido, ela não está morta, mas ela não está aqui, então, bem, não tem como você visitá-la!”

“Como assim ela não está aqui? Ela já saiu do hospital? Ela não está no quarto dela? Onde é que ela está então?”

“Shh! Adrian, se você continuar a fazer esse monte de perguntas e uma vez e não me ouvir, eu não tenho como te falar o que está acontecendo, filho. Se acalme porque é sério o que eu tenho a lhe dizer.” Tatiana ponderou e esperou ele se acalmar. Ela pediu um café forte para ele. Ele deitou-se no colo dela e chorava baixinho, mas já estava mais calmo.

“Filho, a Rose... Ah! Meu Deus! Não tem uma forma fácil de te dizer isso, Adrian. A Rose enlouqueceu e está internada em um sanatório na Turquia, perto de Istambul!”

Adrian achou que aquilo era uma pegadinha. Ele não queria entender o que havia ouvido de sua própria tia.

“O quê? Isso só pode ser uma brincadeira de muito mau gosto! Como assim a Rose enlouqueceu? Enlouqueceu como exatamente???” Tatiana suspirou e então lhe contou tudo o que houve depois que ele foi embora da Corte. Tudo o que ela havia escondido dele para não fazê-lo sofrer. Ele a olhava indignado.

“Como a senhora pôde não me falar tudo isso antes? Talvez, se eu tivesse voltado, ela não teria... Ela não estaria...” Ele colocou a cabeça no meio das mãos e chorou de novo.

“Eu só sei que o Abe acredita que ela foi inundada com o efeito colateral do espírito de Lissa, que usou muita magia para trazer o Dimitri de volta e a Rose, com toda aquela sombra em volta, perdeu de vez o contato com a realidade. Ela não reconhece as pessoas e reclama o tempo todo de estar ouvido risadas e sussurros. Ela também afirma estar vendo criaturas malignas. Enfim, é muito triste e eu não consegui identificar a tempo. Eu sinto muito, filho. Eu sinto muito mesmo!!!”

Adrian a olhou com um olhar tão decidido que ela nunca havia visto na vida dela.

“Estou indo para a Turquia! Eu vou ajudar Abe a trazer a minha Little Damphir de volta e dessa vez, ninguém nem nada vai me impedir.” Saiu dali tão furioso que eu acho que se alguém de fato atravessasse seu caminho, não ficaria vivo.

Ele só pensava: ‘Como a Lissa pôde abandonar a Rose dessa maneira! Será que ela não foi capaz de ver as sombras tomando conta do corpo e da mente de Rose pela sua aura? E o idiota do Dimitri, onde é que ele estava? Ele não disse que a amava tanto, que ela era a mulher da vida dele? Ele não a perseguiu o tempo todo, só porque ela não queis ser acordada para ficar com ele eternamente? Não é possível que ninguém tenha percebido que a minha Rose estava passando por tudo isso?! Perdido em pensamentos ele deu um encontrão em alguém.

“Guardião Tanner! Me desculpe, é que eu estava distraído!” Mikail o segurou pelo braço.

“Preciso falar com você, Adrian, se não se importa. É importante! É sobre a Rose!” Aquilo realmente o pegou desprevenido.

“Tudo bem, só que ficaremos em um lugar onde eu possa fumar e tomar uns drinques. Será que podemos ir a um bar? Eu não quero realmente ver a cara dos supostos amigos de Rose, que a abandonaram e agora ela está lá...” Sentiu lágrimas escorrendo novamente em seu rosto. Tanner assentiu e foram a um bar próximo onde viram Alberta e sentaram-se juntos.

“Calma, Adrian, Alberta sabe de tudo o que eu tenho para lhe falar!” Tanner disse quando viu a feição de Adrian.

“Adrian, a Rose entrou em depressão logo depois que voltaram da missão de resgatar a princesa Dragomir e acabaram trazendo Dimitri de volta. Embora esse não seja bem o termo...”

“O que você quer dizer com isso??” Perguntou Adrian o interrompendo.

“Ele não voltou a ser damphir. Ele se tornou uma espécie de vampiro. Talvez um moroi, sei lá, o fato é que por esse motivo, ele passou a evitar a Rose e a Lissa ficava quase que o tempo todo com ele. Rose tentou falar com ele inúmeras vezes, mas ele não a recebia. Nem sequer por telefone. Ela parou de comer e eu percebi que ela estava com enormes olheiras e tinha emagrecido e então, passei a trazer alimentos para ela em seu quarto, porque ela não saía para mais nada. Isso nas minhas folgas. Insisti para levá-la ao médico, mas ela se recusa e o que eu não percebi, mais por não saber, é que aquela depressão, além de tudo isso que eu já contei, era por causa dos efeitos do espírito da magia que a princesa utilizou para trazer o Dimitri de volta.” Adrian e Alberta o ouvia atentamente. Não falavam nada. Mikail continuou.

“Então, quando ela surtou e foi falar com a sua tia, ela estava obcecada de que você estava em perigo e por isso não fazia contato com ela! Sua tia desconfiou que ela não estava bem e me remanejou para ficar observando-a e lhe fazendo companhia. Ela mandou chamar Alberta para revezarmos. Sua tia precisou ameaçá-la de mandar escolta real para ela ir ao médico e então eu consegui levá-la. Só que ela não estava tomando os remédios que eu havia comprado e então, eu ia lá três vezes por dia dar-lhe os remédios e fazer com que comesse. Quando Alberta chegou, sua tia determinou que ficássemos em tempo integral com ela e mandou fazer uma busca em seu quarto para retirar tudo o que ela pudesse encontrar e se ferir, a mando do médico, que finalmente, havia detectado a sua depressão. Isso, bem depois que ela surtou dentro do ginásio, antes de ter nossa escolta em tempo integral, porque o médico disse, no primeiro surto que ela havia enfraquecido demais por causa da anemia e por esse motivo surtou!”

“O problema foi que nós fomos chamados na sala de Hanz para arrumar os horários e como ela estava dormindo profundamente e a reunião não demoraria, a deixamos sozinha, foi quando ela conseguiu encontrar um estaca, que eu acho que ela mantinha bem escondida, e cortou os pulsos. Quando ela acordou do coma induzido, ela já não reconhecia mais ninguém e ficou tão agressiva a ponto de deixar inconsciente nove guardiões experientes ao tentar fugir do hospital e por muita sorte, Alberta e eu conseguimos dominá-la! Aí, ela foi transferida para um sanatório em Istambul, Abe me requisitou e estou indo para lá em dois dias!”

“Ok!” Disse Adrian por fim. “Primeiro eu vou tirar umas histórias a limpo e embarcarei com você para a Turquia!” Com isso, Adrian saiu dali, decidido a colocar uns pingos nos ‘is’ com Lissa e Dimitri.